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A análise do contexto institucional, operacional e teórico do patrimônio mundial, a revisão teórico-metodológica sobre indicadores e os exemplos anteriormente expostos, possibilitaram a reflexão e a construção da metodologia de desenvolvimento dos indicadores desta pesquisa.

Primeiramente, observando os princípios básicos que orientam os passos metodológicos da construção de indicadores, duas perguntas são orientadoras para a especificação destes (Wong 2006, 106): a) Que passos metodológicos devem ser envolvidos no processo de desenvolvimento de indicadores? b) Que procedimento específico deve ser feito em cada uma dessas etapas?

A estruturação do indicador de avaliação do estado de conservação sustentável de sítios urbanos patrimoniais (Isc) segue a abordagem de base teórica (Carley 1985). Entende-se que este tipo de abordagem possibilita construir as relações entre as variáveis passíveis de mensuração do estado de conservação. Assim, destacam-se na metodologia de desenvolvimento do Isc três etapas em procedimentos específicos: 1) a estrutura analítica; 2) a ponderação dos indicadores; e 3) a interpretação dos dados obtidos.

1) A estrutura analítica do Isc é a chamada “top down” (Wong 2006, 109-112; Bellen 2006, 51) pois é uma abordagem científica mais homogênea quanto aos indicadores e índices propostos, adequada à pesquisa em questão.

2) No caso da ponderação, esta pesquisa utilizará o método Delphi (a partir de juízo de valores dos participantes) e análises estatísticas quanto aos resultados do método (minimizando os juízos de valores na análise dos resultados) para a ponderação do indicador proposto.

3) Na interpretação dos dados, a pesquisa usa como processo e validação a análise em uma cidade patrimônio da humanidade. Defende-se que a interpretação dos valores obtidos deverá ser feita por meio da comparação

FASE 2

Modelo de desenvolvimento

do Isc.

Figura 1: As fases da metodologia de pesquisa da Tese.

Fonte: a autora, 2011. FASE 1 Definição temática e dimensões para mensuração. FASE 3 A ponderação do indicador (definição dos pesos). FASE 4 Aplicação em um sítio urbano patrimonial e sensibilidade. no tempo, das mudanças e permanências, mas que no caso dessa tese, considerando o tempo de pesquisa, essa comparação não poderá se feita. Assim, a interpretação observa as possibilidades de respostas frente ao instrumento criado.

A pesquisa, então, estruturou-se em quatro fases (observando a simplicidade deste número reduzido de passos, segundo a literatura) conforme descritas a seguir:

a) FASE 1: Definição operacional da temática a que se refere o estudo em questão e especificação das suas dimensões. Correspondeu à investigação do universo teórico e operacional das temáticas em estudo, fundamentalmente para construção do referencial teórico para construção do indicador proposto. Faz parte do conteúdo do capítulo 2 e 3.

b) FASE 2: Modelo de desenvolvimento. Referiu-se à construção das relações entre as dimensões e variáveis do estado de conservação sustentável de cidades patrimônio mundial, e a elaboração do indicador do estado de conservação sustentável. Desenvolveu-se o modelo hierárquico dos conceitos da fase 1 e a estruturação do questionário de pesquisa a ser aplicado via método Delphi. Faz parte do conteúdo dos capítulos 2, 3 e 4.

c) FASE 3: A ponderação do indicador. Refere-se às duas rodadas do Delphi para obtenção de consenso, e culmina na análise ponderada (definição dos pesos das variáveis) dos resultados obtidos. Esta se dividiu em duas etapas. A primeira relacionou-se à proposição e validação do Indicador proposto: as expressões

matemáticas, a elaboração de questões orientadoras, a aplicação do método Dephi para parametrização do sistema de indicadores, e a análise das respostas dos especialistas. A segunda etapa foi a apresentação de reorganização dos pesos dos subindicadores quando necessário, possibilitando a adequação às realidades e especificidades dos universos a serem avaliados. Faz parte do conteúdo do capítulo 4.

d) FASE 4: Aplicação em um sítio urbano patrimonial e sensibilidade. Refere- se à construção do instrumento de coleta de dados para alimentação do sistema de indicadores proposta, aplicação empírica do instrumento de coleta de dados, alimentação do sistema de indicadores do estado de conservação sustentável proposto e análise de sensibilidade à pontuação total obtida. A sensibilização do indicador com a tabela de estruturação matemática dos indicadores de desempenho a partir da ponderação dos atributos do sítio patrimonial e a nova leitura do Isc faz parte do capítulo 4. Uma cidade patrimonial foi escolhida para esta etapa: o Sítio Histórico da Cidade de Olinda, em Pernambuco, patrimônio mundial brasileiro. A aplicação no SHO faz parte do conteúdo do capítulo 5.

Além das fases estruturadoras da metodologia, apresentam-se os métodos e procedimentos que se desdobram em cada uma dessas fases. O diagrama a seguir (ver figura 2) apresenta estes.

a) Passo 1: Definição do conceito/temática do indicador. Faz parte da fase 1 do desenvolvimento da pesquisa. Trata-se da pesquisa bibliográfica por meio do método de análise documental do referencial teórico. Este, além dos textos clássicos da área da conservação do patrimônio, concentrou-se nos estudos e experiências publicadas nos últimos cinco anos.

b) Passo 2: Especificação das dimensões e variáveis para operacionalização. Também faz parte da fase 1 do desenvolvimento da pesquisa. Este passo é a construção teórica da tese. Inicia-se no passo anterior, e efetiva-se na investigação das declarações de significância por meio do método de análise de conteúdo.

FA SE 1 FA SE S 2 e 3 FA SE 4 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DA TEMÁTICA CONSERVAÇÀO URBANA SUSTENTÁVEL Passo 1: definição do conceito/ temática do indicador. REFERENCIAL TEÓRICO DA CONSERVAÇÃO URBANA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA DIMENSÕES E VARIÁVEIS DO INDICADOR DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO SUSTENTÁVEL Passo 2: Especificação das dimensões e variáveis a serem operacionalizadas. Passo 3: Construção do modelo hierárquico das dimensões e variáveis do indicador. VARIÁVEL 2 Passo 4: Ponderação

do indicador por meio de consulta aos especialistas usando método não estatístico (DELPHI). PONDERAÇÃO DO INDICADOR DESENVOLVIMENTO QUESTIONÁRIOS ESPECIALISTAS Passo 5: Elaboração dos instrumentos de

coleta de dados. ELABORAÇÃO DOS

INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Passo 6: Aplicação no

estudo de caso para análise da sensibilidade do indicador proposto. APLICAÇÃO EM SÍTIO URBANO/ SENSIBILIZAÇÃO DO INDICADOR PROPOSTO CONTATO COM OS STAKEHOLDERS DO SÍTIO URBANO PATRIMONIAL. ANÁLISE DE CONTEÚDODAS DECLARAÇÕES DE SIGNIFICÂNCIA CULTURAL DIMENSÃO 1 DIMENSÃO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 2: O passo a passo na construção do indicador de avaliação do estado

de conservação sustentável de cidades patrimoniais. Fonte: a autora, 2011.

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA

APLICAÇÃO

c) Passo 3: Construção do modelo hierárquico das dimensões e variáveis do indicador. O procedimento neste passo faz parte da fase 2 e 3 do desenvolvimento da pesquisa. Trata-se de um passo fundamental para operacionalização do indicador, pois transforma os conceitos/temáticas em expressões matemáticas, expressando as relações entre as variáveis e dimensões do indicador.

d) Passo 4: Ponderação do indicador por meio de consulta aos especialistas usando método não estatístico (Delphi). Este passo também faz parte das fases 2 e 3 do desenvolvimento da pesquisa. O primeiro procedimento foi a construção do questionário para, por meio do método Dephi, submeter aos especialistas. Este foi montado a partir de afirmações que expressavam o modelo hierárquico. As respostas destas afirmações vinculavam-se a uma escala social e de atitudes do tipo Likert (Trochim 2006). Após as duas rodadas do Dephi, os resultados foram analisados por meio de procedimentos estatísticos para a determinação dos pesos do sistema de indicadores, proposto para o Isc.

e) Passo 5: Elaboração dos instrumentos de coleta de dados. Faz parte da primeira etapa da fase 4. Divide-se em duas partes: a) a estruturação do modelo de análise das respostas dos sujeitos envolvidos, e b) a construção do questionário, segundo o sítio urbano em análise. A primeira parte estrutura- se segundo estatística básica de médias ponderadas. A segunda parte envolve a listagem e ponderação dos atributos do sítio urbano (feita por meio de um grupo de especialistas no sítio em questão) e a estruturação dos questionários a serem aplicados com os sujeitos envolvidos (seguem uma estrutura comum, com alternativas de respostas a serem quantificadas na análise).

f) Passo 6: Aplicação no estudo de caso para análise da sensibilidade do indicador proposto. Faz parte da segunda etapa da fase 4. Divide-se na elaboração dos instrumentos para levantamento da opinião dos stakeholders, a aplicação dos questionários junto aos sujeitos envolvidos, a análise dos

resultados obtidos e na interpretação destes. Na aplicação dos questionários utilizou-se a entrevista direta (individual), indireta (utilização de e-mail) e folders (instrumento a ser preenchido). Na interpretação dos resultados foram feitas simulações sobre a sensibilidade do indicador para análise do resultado final da aplicação (esta parte é descrita no capítulo 4).

Por fim, o pressuposto da construção do indicador de avaliação do estado de conservação sustentável de sítios urbanos patrimoniais é que este tenha três qualidades: viabilidade, confiabilidade e validade. Além disso, destaca-se que o indicador criado é uma das ferramentas para a ação de conservação sustentável, e deve ser cuidadosamente utilizado entre outros instrumentos de avaliação, necessários na gestão da conservação urbana.

2. CONSERVAÇÃO URBANA SUSTENTÁVEL DE CIDADES PATRIMÔNIO