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“ O que conta não é o que um museu tem, mas o que pode fazer com aquilo que tem” George Brown Good, 1888

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desenvolvimento. Um museu para todos com tendências atuais de um museu participativo onde as pessoas aprendem de maneira diferente. Lugar de conhecimento, lazer e cultura que combina os interesses de muitas minorias diferentes”.

- Festival APROXIMA-TE

O APROXIMA-TE, é um festival pioneiro que agregou, em 4 dias, a oferta existente no campo da educação patrimonial e artística, com ações dirigidas às famílias, escolas e profissionais do sector. O espaço onde decorreu o festival foi o MUHNAC que se encheu com os serviços educativos de instituições públicas e privadas, departamentos de educação e cultura de municípios, empresas e associações prestadoras de atividades extra e de enriquecimento curricular. Paralelamente, também existia uma programação cultural com foco na educação patrimonial. A programação recorreu a vários meios expressivos para transmitir conteúdos patrimoniais ao público infantil e juvenil: dança, poesia, narração oral, literatura histórica, música, performances/teatro, visitas interpretadas e uma variedade de ateliers em contínuo. Estive presente 3 dias do festival como voluntária, onde prestei várias tarefas de apoio à equipa da organização. No entanto, a mais relevante foi no último dia do evento, ter ficado a prestar informações aos visitantes sobre os monumentos e museus da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). A DGPC tem a seu cargo a gestão direta de 23 monumentos e museus, onde se incluem 5 monumentos inscritos na lista do património mundial da UNESCO e 15 museus nacionais35. A possibilidade de estar neste stand foi muito enriquecedora em termos de conhecimento quer a nível de contato com o público interessado nestas ofertas educativas, quer pelo acesso direto às dinâmicas dos serviços educativos dos museus. A participação neste festival simplificou a recolha de informação sobre serviços educativos e alguns materiais pedagógicos (alguns até disponíveis para oferta aos visitantes). Proporcionou a comunicação com os colaboradores/responsáveis de serviços educativos de diversas instituições, tais como: Cinemateca, Museu da Água, museus da gestão da EGEAC, Jardim Zoológico, Museu Marítimo de Ílhavo, Fundação de Aljubarrota, Parques de Sintra, Arquivo Municipal de Lisboa, Museu de Lisboa. Foi uma experiência positiva que recomendo a quem estiver interessado em desenvolver esta temática.

70 - Acesso Cultura

A Acesso Cultura36 é uma associação que promove a melhoria das condições de acesso – nomeadamente físico, social e intelectual – aos espaços culturais e à oferta cultural, em Portugal e no estrangeiro. A participação como voluntária nesta associação iniciou em 2015 e desde então vou colaborando com tarefas possíveis de realizar à distância. Até ao momento prestei o meu contributo em algumas solicitações que ajudam a Acesso Cultura a cumprir com a sua missão e objetivos. Esta associação organiza formações nas áreas ligadas à acessibilidade; realiza auditorias e consultorias técnicas em espaços culturais (em construção ou existentes), no sentido da promoção e aplicação dos princípios de acessibilidade e apoio na implementação das consequentes recomendações; organiza seminários, conferências e workshops, com o objetivo de criar um fórum de debate e de promoção de boas práticas; participa em projetos que procurem promover a reflexão e as boas práticas relativas à acessibilidade e divulga notícias e estudos relativos à acessibilidade. Esta colaboração foi muito gratificante neste projeto, pois acabou por ser uma forma de estar atenta às boas práticas desenvolvidas nos espaços museológicos no que diz respeito à acessibilidade. A nível pessoal também foi um prazer enorme dar o meu contributo para a criação de uma sociedade mais inclusiva.

2 Recolha de dados

Foram realizadas um total de 4 entrevistas, duas aos diretores dos museus do IST, e duas aos responsáveis dos serviços educativos dos museus da Universidade de Lisboa e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Estava prevista uma terceira entrevista ao responsável do serviço educativo do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, mas por motivos alheios à nossa vontade, não foi possível realizar. No entanto, também foi possível a recolha de informação sobre o espaço museológico e suas atividades educativas, através de uma conversa durante uma visita guiada ao respetivo museu.

O método utilizado para as entrevistas, foi o da entrevista semiestruturada, com questões abertas e fechadas, baseadas em dois guiões distintos:

a) Destinado aos diretores dos museus. Este foi constituído por 8 partes (Anexo 2), que visou recolher informação sobre:

36https://acessocultura.org/

71 - Apresentação do diretor do museu; - Funcionamento e Orgânica do museu; - Público-alvo e programação;

- Divulgação e imagem; - Financiamento/receita - Serviço educativo

b) Destinado aos Coordenadores responsáveis dos serviços educativos dos museus da Universidade de Lisboa e Porto. Neste caso o guião da entrevista foi constituído por 4 partes (Anexo 3), que visou recolher informação sobre a estrutura geral do serviço, a metodologia de trabalho e a relação com o público: - Funcionamento do serviço educativo

- Atividades/Público

- Relação entre o serviço educativo e as escolas - Acessibilidade

Para além das entrevistas, as conversas informais com os responsáveis e colaboradores dos museus foram fontes de informação indispensáveis e muito importantes para a construção do projeto. Gostaria igualmente de salientar algumas reuniões e a participação em várias atividades e eventos, que estão elencadas no Anexo 4. As reuniões com membros ligados aos museus com cargos de direção, foram sem dúvida momentos de aprendizagem e crescimento na área da museologia e outras áreas afins ligadas às instituições museológicas. Estes encontros provocaram uma tomada de consciência do papel dos serviços educativos dentro de um museu e como se posicionam face aos outros serviços existentes num museu. A participação nas atividades e eventos realizados nos museus no IST permitiu recolher dados para o diagnóstico e posterior análise e reflexão sobre a qual se orientou a conceção do projeto. A presença nestas atividades permitiu de igual modo um contato e um envolvimento mais direto com os museus do IST, como com as pessoas que a eles estão ligados direta ou indiretamente. De certa forma acabou por também “divulgar” este projeto e perceber qual a recetividade e sensibilidade por parte da comunidade académica, sobre a criação do serviço educativo para os museus do IST.

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3 Tratamento de dados

Depois das entrevistas realizadas foi necessário transcrevê-las (Anexos 5, 6,7 e 8) para posteriormente fazer a análise de conteúdo. Decidiu-se que só as entrevistas dos Diretores dos Museus do IST seriam tratadas através da análise de conteúdo, uma vez que só usaríamos estas entrevistas para o diagnóstico. As informações recolhidas com as duas entrevistas e o registo da conversa aos responsáveis dos serviços educativos dos museus Lisboa, Porto e Coimbra, serviram para ajudar a construir a parte prática do projeto.

Foi criada uma grelha estabelecendo uma ligação com o guião inicialmente elaborado para que fossem utilizados os mesmos termos e organização. Tendo por base este método, foi bastante mais fácil elaborar a própria grelha, inserindo os indicadores e as unidades de registo da entrevista em cada bloco de categorias e respetivas sub- categorias. Esta grelha é importante porque permitiu fazer uma leitura mais sistemática e objetiva de todas as entrevistas, onde estão expressas todas as ideias e opiniões dos entrevistados, sem ser necessário ler a transcrição da entrevista (Anexos 9 e 10).

Na próxima parte, dedicada à apresentação de um projeto para o serviço educativo dos museus do IST, tentaremos desenvolver uma triangulação entre as três fontes de informação ao longo do estudo: o aprofundamento teórico em torno da educação em museal; a análise que nos permitiu caraterizar os museus e as dinâmicas desenvolvidas, principalmente educativas, e os dados recolhidos através das entrevistas.

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1 Origem

Foram colocadas algumas questões de partida para este projeto:

- Uma das funções museológicas dos museus é a função educativa. Até que ponto os museus do IST cumprem essa função?

- Qual o papel dos museus na comunidade onde se insere? - Como se caraterizam os utilizadores dos museus?

- Que impacto têm as exposições sobre os visitantes na divulgação da cultura científica? - Existe algum programa educativo nos museus, sendo este um complemento essencial para a educação nas escolas?

Ao procurar encontrar as respostas entendemos que a criação de um serviço educativo, com um Plano Educativo/Programação Cultural, constitui a chave para o funcionamento de qualquer museu. Apuramos que nestes museus têm sido realizadas não de forma contínua e sistemática, algumas atividades educativas, palestras, lançamentos de livros, exposições temporárias e outros. Assumimos desta forma que os Museus do IST têm uma ação educativa pontual (Camacho, 2007).

A fim de apresentar uma proposta exequível, foi necessário observar, analisar e perceber o funcionamento dos museus do IST. Dessa forma desde setembro de 2015, temos vindo a acompanhar a atividade destes museus, com o objetivo de elaborar uma proposta para a melhoria do seu funcionamento e que contribuísse para estes desempenharem as suas funções museológicas. Como base teórica para a elaboração do estudo seguimos as linhas orientadoras da Sara Barriga37 para a estruturação e gestão de um programa coerente que responda aos desafios quotidianos do serviço educativo (Barriga e Silva, 2007).

37 Barriga, S. (2007) Plano de ação educativa: alguns contributos para a sua elaboração, Serviços Educativos na Cultura, Setepés

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