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Nota 01: Sigla dos PCs: Verified Carbon Standard (VCS); Chicago Climate Exchange (CCX); Climate Action

4. Monitoramento Atribuição dos participantes do projeto Relatórios serão submetidos à EOD (nesse

2.2 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DOS COBENEFÍCIOS DOS MERCADOS DE CARBONO

2.2.1 Metodologia UNFCCC

A UNFCCC na tentativa de avaliar a contribuição do MRC ao desenvolvimento sustentável realizou dois estudos – UNFCCC (2011) e UNFCCC (2012) - para avaliar os projetos de MDL no mundo. Para determinar como um projeto de MDL contribui para o desenvolvimento sustentável foi elencada uma lista de indicadores de desenvolvimento sustentável contra a qual um projeto avaliado deve demonstrar a natureza da sua contribuição. Trata se de uma proposta inovadora já que segundo Bumpus e Cole (2010) cabem as autoridades nacionais designadas determinarem os critérios para que o projeto de MDL contribua para o desenvolvimento sustentável, não havendo, portanto critérios e indicadores de uma forma unificada e consensual para avaliação de todos os países hospedeiros.

O estudo do UNFCCC (2011) determinou uma lista de 15 indicadores, enquanto que no UNFCCC (2012) foram reduzidos a 10 indicadores, que cobrem as dimensões do desenvolvimento sustentável: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e desenvolvimento social. Ambos abrangem a maioria dos critérios usados por outros estudos realizados (OLSEN; FENHANN, 2008; ALEXEEW et al., 2010; BOYD et al., 2009; OLSEN, 2007). Outrossim, em ambos os estudos foi realizada a análise documental dos DCPs dos projetos de MDL no mundo.

O referido estudo de 2011 demonstrou que os cobenefícios mais frequentes em 2250 projetos de MDL avaliados são a criação de emprego (23 % ou 516/ 2250) e redução do ruído, odores, poeira ou poluição (17 % ou 374/2250), segundo Figura 05. Já o estudo UNFCCC (2012) no qual foram analisados 3864 projetos de MDL no mundo, os resultados são bem semelhantes ao ano anterior, com dinamização da economia local, incluindo a criação de emprego e redução da pobreza (29% ou 1112/ 3864), a redução da poluição (22% ou 837/3864) e a promoção da energia renovável (19% ou 738/ 3864) (Figura 06). Tal resultado corrobora com os argumentos de Olsen e Fenhann (2008) que constaram padrão similar na análise de projetos de MDL demonstrando que a geração de emprego foi o cobenefícios mais encontrado, seguido da contribuição para o crescimento econômico e melhor qualidade do ar.

Figura 05 – Número de projetos de MDL por cobenefícios avaliados, segundo indicadores da UNFCCC (2011)

Fonte: UNFCCC (2011)

Figura 06 – Número de projetos de MDL por cobenefícios avaliados, segundo indicadores da UNFCCC (2012)

Fonte: UNFCCC (2012)

Nos dois estudos da UNFCCC é clara a predominância de cobenefícios associados às dimensões econômicas e ambientais para a maioria dos projetos. A dimensão social fica atrás

170 516 197 79 108 374 151 258 245 9 9 52 10 41 3

Benefício financeiro direto / indireto para a economia local e / ou regional Geração de empregos locais / regionais Desenvolvimento ou difusão local da tecnologia importada Investimento em infraestrutura local/ regional Utilização eficiente dos recursos naturais Redução de ruído, odores, poeira ou poluentes Melhoria e / ou proteção dos recursos naturais Melhoria na utilização de energia Promoção de energias renováveis Melhoria das condições de trabalho e / ou direitos humanos Promoção da educação Melhoria das condições de saúde e segurança Redução da pobreza Envolvimento da Comunidade Local Empoderamento das mulheres, o cuidado das crianças e dos frágeis

1112 446 147 837 738 311 120 96 10 5 Dinamização da economia local, incluindo a criação de emprego e …

Desenvolvimento ou difusão local da tecnologia Melhoria da infraestrutura Redução da poluição Promoção de energia confiável e renovável Preservação dos recursos naturais Melhoria das condições de saúde e segurança Envolvimento da Comunidade Local Promoção da educação Empoderamento das mulheres, o cuidado das crianças e dos frágeis

sendo sinalizada em sua maioria pela melhoria das condições de saúde e segurança e pelo envolvimento da população local.

Os resultados de UNFCCC (2012) corroboram para os estudos de Olsen e Fenhann (2008) ao evidenciarem que os cobenefícios mais preponderantes nas declarações constantes nos DCPs dos projetos são a geração de emprego, seguido da contribuição para o crescimento econômico e redução da poluição (especificamente a melhoria da qualidade do ar).

Ademais, embora quase todos indicadores de desenvolvimento sustentável tenham sido reivindicados pela maioria dos tipos de projetos, UNFCCC (2012) observa que projetos semelhantes, isto é, do mesmo escopo setorial, tendem declarar cobenefícios semelhantes em prol do desenvolvimento sustentável. Ademais, assim como os autores Karakosta et al. (2013), Alexeew et al. (2010) que realizaram pesquisa com base em análise documental sendo os resultados consolidados e analisados por escopo setorial, UNFCCC (2012) também apresenta, tendo encontrado os seguintes resultados: os projetos de eficiência energética apontam cobenefícios mais expressivos na dimensão econômica particularmente na dinamização da economia com reflexos na geração de emprego e redução da pobreza. Já os projetos do escopo de reflorestamento declaram com maior frequência o cobenefício de preservação dos recursos naturais. Já o cobeneficio de melhoria da saúde e da segurança, constante na dimensão social, é apontado pelos projetos do escopo de manejo e tratamento de animais assim como de troca de combustível. Para UNFCCC (2012), tal fato decorre da atividade do projeto que propicia condições de trabalho mais seguras com a aquisição e adoção de maquinários mais seguros (biodigestor e fornos mais apropriados).

De forma geral o estudo da UNFCCC (2012) aponta para uma estabilidade dos cobenefícios declarados ao longo do tempo, não tendo mudado a sua distribuição ou preponderância. Os cobenefícios econômicos têm-se mantido relativamente constante ao longo do tempo, sendo a dinamização da economia local, incluindo a geração de emprego e redução da pobreza tendo apresentado crescimento de 26% em 2006 para 31% em 2011. O cobenefício de redução da poluição aumentou de 15 % em 2005 para 24% em 2012, sendo que os cobenefícios da dimensão social tiveram uma queda de 11% para 6% no mesmo intervalo de tempo.

O estudo concluiu que diante das inúmeras reivindicações declaradas nos DCPs dos projetos de MDL há uma forte evidência de contribuição para o desenvolvimento sustentável no país de acolhimento. Já para Boyd et al. (2009), anos após a implementação do MDL, é possível observar que o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável nem sempre é atendido. De acordo com esses autores, isso se deve já que o critério a ser estabelecido está

sob a responsabilidade dos governos dos países hospedeiros os quais nem sempre os definem de forma clara e mensurável, se preocupando apenas atrair investimento através de projetos do mercado de carbono.

Sendo assim, há muito espaço para melhorias nas metodologias utilizadas para avaliação dos projetos de MDL quanto à sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Bumpus e Cole (2010) corroboram para esse argumento, ressaltando que deve-se exigir transparência e análises imparciais nos relatórios de acompanhamento, verificação e validação dos projetos. Os autores citam exemplo do governo do Peru e Honduras, em que as autoridades locais solicitam acompanhamento dos cobenefícios no relatório de monitoramento que por vezes solicitam cobenefícios específicos e de forma clara.

2.2.2 Outras metodologias de avaliação dos cobenefícios dos projetos no mercado de