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5. Enquadramento Didático da Intervenção

5.1. Metodologias e Estratégias de Ensino

Nos próximos dois pontos deste subcapítulo faz-se referência à metodologia de ensino e estratégia de trabalho empregues nas aulas de intervenção pedagógica, descrevendo-as e enquadrando-as face à instrução do professor.

5.1.1. Aprendizagem Baseada em Projetos (Project-Based Learning)

A aprendizagem baseada em projetos é uma abordagem pedagógica inspirada por John Dewey. O principio desta forma de aprendizagem assenta assim no desenvolvimento de projetos que refletem o processo de aquisição de conhecimentos e competências dos alunos. Os projetos fazem parte do processo de ensino- aprendizagem veiculado pelo professor, levando os alunos a tomar contacto direto com os objetos de aprendizagem. Estes aprendem fazendo, assumindo um papel ativo na construção das suas respetivas aprendizagens. A metodologia de ensino baseada em projetos leva os alunos a assumirem-se como protagonistas do processo pedagógico, potenciando a autonomia destes face ao professor. O professor remete-se para um papel de tutor ou facilitador das aprendizagens dos alunos, desempenhando uma ação indireta na instrução destes. Noordin, Nasir, Ali & Nordin (2011) referem desta maneira que “(…) teachers just guide them in order to make sure they are on right path and the teachers don´t teach them in detail on how to do things as students must work in group to complete the task given to them” (p.7).

O Project-Based Learning (PjBL) afirma-se como uma metodologia de ensino eminentemente construtivista que apela à interação social dos alunos no fomento das suas respetivas aprendizagens. Os conhecimentos e as competências destes brotam de

forma natural, resultando da conjugação entre experiência e interação social. Esta metodologia de ensino perspetiva os alunos como um todo, procurando incidir sobre as suas competências técnicas e não técnicas. Com o PjBL é requisitado aos alunos que estes tenham um desempenho aceitável em termos técnicos ao mesmo tempo que sejam capazes de dominar as interações sociais que surjam no desenrolar do projeto. O PjBL pressupõe assim o trabalho em equipa e as apresentações públicas dos alunos, potenciando a capacidade de comunicação e de argumentação destes. É desta forma referido pelos autores Noordin et al. (2011) que, “(…) as students work on a project, team work skills will be developed because everything will be discussed and negotiated in groups” (p.7). Mais, estes mesmos autores ainda afirmam que, “(…) their verbal communication skills are also improved since they need to communicate with each other and make a final presentation” (p.7).

O aprender através de projetos procura desta forma estabelecer uma ponte de ligação com o mundo real, sendo esta metodologia especialmente pertinente para áreas do ensino eminentemente técnicas. A aprendizagem baseada em projetos constitui assim uma das metodologias de ensino mais completas postas à disposição dos professores, permitindo a estes desenvolver nos alunos um largo espectro de competências. Competências estas que são avaliadas essencialmente com recurso à avaliação contínua, incidindo sobre a execução de todo o projeto. A avaliação neste tipo de metodologia regula as aprendizagens dos alunos, fomentando o desempenho escolar destes. O PjBL afirma-se como uma das metodologias de ensino de relevo no ensino da informática, apresentando como principal fraqueza o consumo de recursos. Esta metodologia garante assim alunos mais motivados e comprometidos para com as suas respetivas aprendizagens, implicando um consumo de recursos e disponibilidade de tempo que nem sempre esta ao alcance do professor. Referem, por fim, os autores Noordin et al. (2011) o seguinte, “(…) the students reported that this teaching method was fun as they found it made it easier from them to understand and improve their self- motivation to proceed with their learning process” (p.5). O PjBL promove assim um estilo de ensino eminentemente prático, onde a técnica associada às ciências da computação se sobrepõe à teorização de conceitos na promoção de um ensino contemporâneo para com o universo associado às tecnologias de informação e comunicação.

5.1.2. Programação em Pares (Pair Programming)

A programação em pares ou Pair Programming visa levar os alunos ou programadores a arquitetarem soluções de software em pares. Esta estratégia de trabalho distingue-se da programação individual pelo facto de acrescentar ao ato de programar a interação social. O interagir socialmente integra-se no processo de conceção dos novos algoritmos, conferindo uma maior qualidade ao software produzido. Referem assim Chong, Plummer, Leifer, Klemmer, Eris & Toye (2005), “(…) studies of pair programming in university programming classes have shown that pair programming yields better design, more compact code, and fewer defects for roughly equivalent person-hours” (p.1). Isto significa que o Pair Programming encerra consigo um melhor dispêndio de recursos, tornando-se mais eficiente para com os problemas identificados. O ato de programar torna-se mais aprazível, conferindo ao ensino da programação uma socialização que seria difícil de alcançar doutra forma. O ensinar a programar depende da forma como o professor perspetiva as aprendizagens dos alunos, podendo a pedagogia do professor concentrar-se mais na componente individual ou social das aprendizagens destes. O levar os alunos a aprender por descoberta conduz necessariamente à componente social das aprendizagens, levando- os primeiramente a interagir com o par de trabalho no processo de construção do conhecimento. Chong et al. (2005) mencionam desta maneira que, “(…) collaboration affords a mutual apprenticeship, where through the collaboration each participant learns some of the technical skills and methods of their collaborator” (p.2). O conhecimento dissemina-se pelo par de trabalho, no fomento de um processo de abstração simbiótico para com os algoritmos produzidos por estes. A criatividade e a capacidade de argumentação encontram-se associadas a esta estratégia de trabalho, que incita ao consenso nas estratégias de programação aplicadas na solução de software. Programadores e alunos tornam-se assim mais confiantes para com as soluções obtidas, ganhando um gosto renovado pela programação. Williams, McCrickard, Layman & Hussein (2008) expõem o seguinte, “(…) pair programming has been shown to create an environment conducive to active learning and collaboration, to help lower student frustration with challenging problems, to increase programming self-confidence, and to increase interest in information technology” (p.451). O Pair Programming torna-se um aliado de peso das metodologias de ensino diretas, fomentando aprendizagens e um estilo de programação baseado na dialética do par de trabalho. Potencia a resiliência e a capacidade de retenção em disciplinas onde a

exigência e o rigor mental levam um número considerável de alunos a desistir, levando-os muitas vezes a sentir a “pressão” do colega na direção do sucesso. McDowell, Werner, Bullock & Fernald (2006) mencionam desta maneira que, “(…) it appears that pairing bolsters course completion and consequently course pass rates, and contributes to greater persistence in computer science-related majors” (p.95). A pedagogia do professor pode adaptar-se a um horizonte alargado de públicos incidindo, por exemplo, nas caraterísticas particulares de um público feminino que valoriza a colaboração e a interação social na estruturação dos seus métodos de trabalho. É vital para a democratização das tecnologias de informação e comunicação que se formem mais mulheres nesta área, conferindo-lhe uma visão que até à data tem sido subjugada pela predominância masculina. Nesta linha de pensamento é referido por McDowell et al. (2006) o seguinte, “(…) the continued underrepresentation of women in computer science underscores the need for strategies that foster women’s interest and promote their success. Pair programming appears to be one such approach” (p.95). Esta forma de programar não tem ainda impacto significativo no enviesamento das classificações dos alunos, podendo e devendo o professor incorporar nos seus critérios de avaliação momentos de avaliação individuais. Relatam assim McDowell, Werner, Bullock & Fernald (2002), “(…) despite the fact that pair-programming results in improved programs, when used to teach programming it appears not to affect the extent to which students master course material and are able to independently apply their knowledge to new problems” (p.40). As suspeitas pré-concebidas que são atribuídas classificações indevidas a um dos elementos do par de trabalho deixam assim de ter fundamento, quando na avaliação são considerados aspetos de cariz individual.

O programar com recurso à estratégia de trabalho do Pair Programming leva a que um dos elementos assuma o papel de piloto e o outro o de navegador, na promoção de um estilo de programação eminentemente social. O piloto fica responsável pelo nível tático da programação, cabendo-lhe a tarefa de digitar o código referente à programação de um dado algoritmo. Ao navegador, por seu turno, é incumbida a tarefa de rever o código, corrigindo os erros e dando sugestões ao piloto acerca da estratégia de programação a adotar por este. Piloto e navegador colaboram ativamente em todos os aspetos relacionados com a elaboração de uma dada arquitetura de software, levando a que todo o código produzido seja alvo de revisão pelo par de trabalho. McDowell et al. (2002) afirmam assim que, “(…) code produced by only one partner is discarded, or reviewed collaboratively before it is integrated”

(p.39). Ambos os elementos são coautores do software produzido, implicando que com base na estratégia de trabalho do Pair Programming exista uma rotação regular de papéis entre estes. Chong et al. (2005) mencionam desta maneira o seguinte, “(…) they are in constant communication, asking and answering questions of each other. The two programmers may switch roles frequently in the course of a programming session” (p.2). Piloto e navegador deverão assim trocar periodicamente de papéis, na promoção de um estilo de programação que seja eficaz para com os objetivos de desempenho e de aprendizagem destes. O Pair Programming torna, por fim, a programação mais objetiva, dando aos programadores uma visão estratégica do software a produzir.

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