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Metodologias/modelos seguidos no Pré-escolar

No documento Educação pré-escolar (páginas 70-73)

minha ação

5.1. Metodologias/modelos seguidos no Pré-escolar

A educadora Maria não fundamentava a estruturação do seu trabalho pedagógico numa única metodologia de suporte ao desenvolvimento curricular e ao seu trabalho em sala de aula, “uma vez que considera que nenhuma delas reúne todos os aspectos com

que mais se identifica” (Projeto Curricular de Turma, 2010/2011:13). Assim, recolhia

de cada uma das metodologias que estudou, os aspetos nos quais se revia mais e com os quais tem obtido melhores resultados ao longo dos seus anos de prática profissional.

“O modelo curricular situa-se, assim, ao nível do processo de ensino-aprendizagem e explicita orientações para a praxis pedagógica nas suas várias dimensões curriculares. Aplicando à gramática construtivista os modelos pedagógicos definem: o tempo como dimensão pedagógica; o espaço como dimensão pedagógica; os materiais como “livros de texto”; a escuta e a interacção como promoção da participação guiada; a observação e documentação como garantes da presença da(s) cultura(s) da(s) criança(s) no acto educativo; a planificação como criação da intencionalidade educativa; a avaliação da aprendizagem como regulação do processo de ensino- aprendizagem; a avaliação do contexto educativo como requisito para a avaliação da criança e como auto-regulação por parte da educadora; os projectos como experiência da pesquisa e gestão dos grupos como garantes da pedagogia diferenciada” (Formosinho, 2007:34).

Desta forma, partindo da construção deste Projeto Curricular de Turma como documento orientador das práticas, contextualizado, abrangente e aberto, algumas metodologias como o “Modelo Curricular High Scope”, o “Movimento Escola

Moderna”, a “Metodologia de Trabalho de Projeto”, “Modelo Pedagógico de Reggio Emilia”, surgiam como que “entrelaçadas” na estruturação do seu trabalho pedagógico

(PCT:13).

No decorrer da minha intervenção dei seguimento às metodologias que a educadora executava no seu dia-a-dia, pois eram do meu agrado. Irei passar a mencionar

71 os principais instrumentos que utilizámos no desenvolvimento do nosso trabalho com o grupo de crianças.

A influência do Currículo High Scope notava-se um pouco ao nível da organização dos espaços, pois todas as áreas estavam devidamente etiquetadas e alguns materiais também. Isto favorecia a autonomia e responsabilidade das crianças, tendo acesso aos materiais existentes da sala e conhecendo as áreas existentes na mesma. Esta preparação inicial da sala foi da responsabilidade da educadora, já as decisões seguintes, como as atividades diárias, eram da competência de todos, através da gestão partilhada de poder, que exige cooperação recíproca entre adultos e crianças.

No decorrer do meu estágio, com o consentimento das crianças, alterei a área das Ciências com a área da Escrita, sendo que esta mudança já tinha sido sugerida por uma criança. Assim, em primeiro lugar, falei-lhes sobre a possível alteração de um espaço com o outro, e toda a mudança foi decidida em conjunto. A explicação que lhes dei foi que a área das Ciências se encontrava num espaço que achava não ser o mais indicado a nível de luminosidade e devido à área das Ciências se encontrar demasiado lotada, pois naquele momento encontravam-se lá os girinos, os bichos da seda, as sementeiras de feijões e algumas plantas. Outro dos aspetos que me levou a meditar na mudança das áreas foi o nível de luminosidade. A área da escrita localizava-se num espaço com mais claridade, e como naquele momento tínhamos na área das Ciências sementeiras de feijões e plantas, era mais favorável mudarmos, pois estas necessitavam de luz.

Quanto ao Movimento da Escola Moderna Portuguesa, a sua influência situava- se ao nível do ambiente educativo, que assentava numa base democrática, de partilha de poder entre todos os elementos do grupo. Também alguns dos diversos instrumentos de gestão partilhada que utilizávamos (mapas e quadros de responsabilidade) inspiravam- se, nesta linha metodológica, embora tenham sido sujeitos a algumas adaptações. São eles, a planificação semanal de propostas de atividades, avaliação semanal, quadro mensal de presenças, quadro de registo do tempo, definição do número de crianças por área e definição conjunto, das regras essenciais para o funcionamento do Jardim de Infância.

Privilegiei bastante a planificação semanal. Começando por fazê-la em grande grupo, progressivamente, foi-se tornando um trabalho realizado em pequeno grupo. Todas as crianças, davam as suas opiniões e sugestões acerca de atividades que queriam desenvolver ao longo da semana, sendo que esta era feita no início da semana, partindo- se dos interesses e motivações das crianças para a aprendizagem. Também a avaliação

72 semanal comecei por fazê-la em grande grupo, passando depois a realizá-la em pequeno grupo, tornando-se mais consistente e proveitosa. Na avaliação semanal as crianças davam sempre sugestões para a semana seguinte, mencionavam quais as atividades que tinham corrido bem ou mal e o porquê, sendo sempre muito justas e rigorosas com o que diziam.

O quadro mensal de presenças e o quadro mensal do registo do tempo é que eram realizados em grande grupo, logo no principio da manhã. Aqui alteraria o processo, pois acho que não haveria necessidade de todos estarem sentados a ver os amigos marcarem as presenças. Acho que este momento deveria ser mais autónomo por exemplo, à medida que chegavam iam marcando a presença.

Este é um modelo que atribui uma grande relevância ao papel do grupo enquanto agente do seu desenvolvimento, estabelecendo uma forte ligação com o seu quotidiano.

Ilustração 3: Mapas e quadros de responsabilidade

A Metodologia de Trabalho de Projeto era usada sempre que um grupo de crianças, fosse qual fosse o número de elementos que o compusessem, manifestasse um interesse que pudesse ser ampliado nesse formato de investigação participativa. A inspiração no modelo de Reggio Emilia e no modelo do Movimento da Escola Moderna

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Portuguesa traduziu-se na enorme influência da dinâmica quando realizámos este tipo

de trabalhos. O papel do adulto e da criança nas tarefas que realizámos em trabalho de projeto foram disso um bom exemplo, sendo a criança autora e não apenas participante nos dois projetos que desenvolvemos enquanto pertenci àquele grupo.

Ao Modelo Pedagógico de Reggio Emilia fui também buscar um dos seus pilares essenciais, a Pedagogia da Escuta, que denotava a importância de dar voz à criança, de escutá-la para saber o que diz e como pensa. Ao longo do meu estágio registava as “vozes das crianças” como forma de compreender e documentar os seus processos de desenvolvimento, valorizando as suas competências participativas e o direito a serem ouvidas acerca daquilo que lhes dizia diretamente respeito. Também o papel do educador se enquadra muito neste modelo, na medida em que o considera como ouvinte e observador privilegiado, mediador dos desejos e das necessidades das crianças e não como protagonista; o protagonismo pertencerá às crianças, como ativas e competentes, que realizavam tudo através do diálogo e da interação com os outros, tomando decisões e fazendo as suas próprias escolhas.

Procurei, como é óbvio, adotar uma prática pedagógica baseada no construtivismo, que propunha que as crianças participassem ativamente na sua própria aprendizagem, através de experimentação direta, da pesquisa em grupo, do estímulo à dúvida e do desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos fomentadores de uma almejada Pedagogia da Participação.

No documento Educação pré-escolar (páginas 70-73)