• Nenhum resultado encontrado

Parte II- Prática Pedagógica

Capítulo 5- Contextualização do Ambiente Educativo

6.3.2 A Mistura de Água com Areia e a Mistura de Água com Arroz

grande curiosidade relativamente aos fenómenos do mundo que as rodeia. Por essa razão, a área do Conhecimento do Mundo tem como principal finalidade estimular essa curiosidade, através da exploração de situações que proporcionam a estruturação de um pensamento crítico e reflexivo.

Atendendo que a prática experimental constitui uma componente fundamental para o desenvolvimento desse espírito crítico e reflexivo, considero ter proposto atividades significativas para o desenvolvimento das crianças do grupo com o qual desenvolvi a minha ação pedagógica, pelo facto de ter conseguido atribuir, às mesmas, uma intencionalidade educativa que foi ao encontro dos objetivos expressos na área do Conhecimento do Mundo.

Como exemplo do mencionado, destaco a concretização de uma atividade experimental que possibilitou selecionar qual o material mais eficaz para separar uma mistura de água com areia e outra de água com arroz. Saliento que a finalidade desta

atividade foi proporcionar que as crianças previssem e experimentassem diferentes filtros e coadores, de modo a verificarem qual o que funcionava melhor para separar as misturas enunciadas.

Como planificado, esta atividade teve início com o um diálogo que permitiu a identificação das questões-problema que incentivariam a procura de respostas por meio da prática experimental. Neste sentido, apresentei um copo que continha uma mistura de água com areia e outro que continha uma mistura de água com arroz, questionando o que deveria ser feito para separar totalmente a areia e o arroz da água. Após terem refletido durante uns instantes, as crianças começaram a explorar, sob minha orientação, um conjunto de estratégias e materiais que poderão ser utilizados para coar e/ou filtrar (passar, cuidadosamente, a água de um copo para outro, um coador com rede, um filtro de café e um espremedor de laranjas). Deste modo, saliento que foi partindo dessa mesma exploração que promovi a formulação de hipóteses relacionadas com o facto de as estratégias e dos materiais apresentados serem ou não capazes de separar, totalmente, a água da areia e a água do arroz, uma situação que resultou na identificação das questões- problema desta atividade experimental: Serei capaz de separar uma mistura de água com

areia? e Serei capaz de separar uma mistura de água com arroz?

Aquando da formulação das diversas hipóteses, procurei valorizar as ideias expressas pelas crianças, uma vez que, de acordo com Figueiroa (2013), é deste modo que o educador consegue incentivar o grupo para a vivência das fases que deverão integrar uma determinada atividade experimental. Além do referido, orientei o registo dessas mesmas hipóteses pois, de acordo com Silva, Marques, Mata e Rosa (2016), a criança deverá registar as hipóteses formuladas com o intuito de as confrontar com o resultado observado por meio da atividade experimental. Uma vez que este se tratava de um grupo de EPE, importa destacar que achei fundamental desenvolver um sistema de registo que fosse executado, sem dificuldade, por todas as crianças da sala da Fantasia. Neste sentido, solicitei que cada uma das crianças preenchesse uma tabela, no qual deveria ser colocada uma bola verde, caso considerasse que o material fosse capaz de separar totalmente a areia da água e/ ou o arroz da água, uma bola amarela, se não soubesse a resposta, ou uma bola vermelha, caso considerasse que o material não fosse capaz de separar totalmente a areia da água e/ ou o arroz da água.

Apresentadas e registadas as hipóteses, coloquei nas mesas de atividades o material necessário para a execução de cada uma das experiências. Aquando da respetiva planificação, achei pertinente dividir as crianças da sala da Fantasia por dois grupos, uma vez que era minha intenção assegurar uma aprendizagem cooperativa. De acordo com Lopes e Silva (2008), a aprendizagem cooperativa deverá ser encarada para além de um simples trabalho de grupo, pois a mesma proporciona a aquisição e o desenvolvimento de competências sociais e cognitivas. Por esse mesmo motivo, optei por atribuir, a cada criança, uma função específica, com o objetivo de assegurar uma responsabilidade individual e uma interdependência positiva em ambos os grupos. Além disso, esta foi uma estratégia que obrigou os membros de cada grupo a trabalhar em equipa e a compartilhar, não só os recursos materiais disponibilizados, como também uma análise e uma interpretação dos resultados observados aquando da execução das atividades experimentais. Assim, enquanto numa das mesmas as crianças ficaram encarregues de efetuar as experiências para a mistura de água com areia, as restantes tiveram que efetivar as experiências para a mistura de água com arroz.

Depois de formados os dois grupos, as crianças da sala da Fantasia iniciaram a atividade experimental proposta. Para cada um dos materiais que foram testados, importa mencionar que procurei adotar o mesmo procedimento, no sentido de orientar, de forma mais eficaz, os grupos na execução das experiências propostas. Neste sentido, depois de ter enunciado qual a situação que deveria ser recriada, solicitei a opinião das crianças acerca dos possíveis resultados, uma situação que permitiu a recapitulação de algumas das hipóteses formuladas. Posto isso, cada grupo efetivou a situação enunciada, tendo

como principal objetivo um confronto entre as hipóteses formuladas e o resultado observado por meio da experiência.

Figura 14- Experiências efetivadas pelas crianças

Durante a concretização da atividade experimental, pude constatar que as crianças da sala da Fantasia apresentaram uma postura adequada à metodologia científica, ou seja, procuraram questionar, colocar hipóteses, prever como encontrar as respostas, experimentar e observar os resultados que permitiram obter as respostas às questões- problema apontadas. Saliento que, no decorrer de todo este processo, as crianças apresentaram-se sempre bastante interessadas e empenhadas em participar, de forma ativa e contextualizada, em todas as experiências desenvolvidas.

Terminada a experimentação da estratégia e dos materiais propostos, promovi um diálogo que resultou numa partilha efetiva dos resultados observados por ambos os grupos. Como forma de se registar esses mesmos resultados, importa esclarecer que orientei o preenchimento, em grande grupo, de uma tabela apresentada na cartolina de consolidação dos conhecimentos e aprendizagens, uma situação que acabou por resultar na identificação e no registo das respostas às questões-problema colocadas.

Depois de partilhadas as vivências e as conclusões obtidas pelos dois grupos, entreguei as tabelas que continham as previsões de cada criança, proporcionando um confronto efetivo entre as hipóteses formuladas inicialmente e o resultado observado por meio da atividade experimental. Saliento que, neste momento de consolidação, pude constatar a concretização efetiva dos objetivos delineados para esta atividade experimental pois, para além de ter assegurado a vivência de algo que era do agrado e do interesse das crianças, consegui que todo o grupo adotasse uma verdadeira postura de

cientista, o que resultou na aquisição de um conjunto de saberes, competências e capacidades essenciais à formação de qualquer criança na fase do Pré-Escolar.

Como forma de finalizar esta atividade experimental, achei pertinente expor, na entrada da sala da Fantasia, o cartaz que incluía, não só uma apresentação das fases que integraram a atividade experimental, como também os conhecimentos e as aprendizagens adquiridas por meio da mesma. Saliento que esta foi uma decisão que procurou dar a conhecer, à comunidade educativa, tudo o que foi vivenciado pelas crianças, uma vez que os pais e as famílias têm o direito de conhecer as necessidades pedagógicas dos seus educandos, as conquistas e as atividades que vão sendo exploradas no quotidiano do estabelecimento educativo (Silva, Marques, Mata & Rosa, 2016).

Figura 15- Cartaz afixado na entrada da sala da Fantasia

Deste modo, considero que esta foi uma atividade experimental que acabou por adquirir uma pertinência indiscutível para a formação de futuros cidadão críticos e reflexivos pois, para além de ter possibilitado que as crianças da sala da Fantasia fossem os principais sujeitos de toda a ação que foi desenvolvida, consegui ter evidências claras de que as tarefas propostas proporcionaram a adoção de uma postura enquadrada com os princípios defendidos pela metodologia científica.