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O estágio curricular obrigatório II e III está em desenvolvimento desde março/2009 com previsão de encerramento em dezembro próximo, no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil no município de Florianópolis.

Como já visto anteriormente, o Programa tem como finalidade retirar as crianças e adolescentes, de 0 a 16 anos incompletos, de todas as formas de trabalho considerado penoso, insalubre ou degradante, ou seja, aquele trabalho que coloca em risco a saúde e segurança das crianças e adolescentes.

No início a estagiária, mergulhou no estudo de documentos e das portarias do Programa, seu objetivo e os bairros de abrangência. Através do PETI as práticas se dirigiram ao acompanhamento as atividades dos profissionais de Serviço Social na realização dos atendimentos com as famílias, nas visitas domiciliares, nas entrevistas, nos encaminhamentos para a rede de proteção à criança e ao adolescente, observações sobre o ambiente familiar, bem como a realidade comunitária e o convívio social dos sujeitos do trabalho social. As informações e as reflexões eram registradas por meio de documentação do Programa – relatórios, cadastro, fichas de acompanhamento, assim como da documentação de estágio – diário de campo, relatórios e o projeto de intervenção. Todos esses processos interventivos se realizarama partir de demandas dos usuários. O objetivo dessa intervenção é restabelecer aos usuários seus direitos e a tomada de consciência desses sujeitos sobre seus direitos.

É fundamental destacar que o trabalho com as famílias, são voltados às ações socioeducativas e de geração de trabalho, contudo este Programa ainda não oferece atividades nessa área, embora esteja proposto na portaria (n° 458 de 04 de outubro de 2001) 27, que estabelece as normas e diretrizes do Programa.

O PETI em Florianópolis passou por algumas mudanças, o que facilitou o atendimento das famílias, a divisão das regiões por profissional de Serviço Social ficando assim distribuído: Região Sul, Norte, Continente e Central.

Desta forma, ao ser inserida no PETI de Florianópolis, a estagiária passou a compor com uma assistente social a responsabilidade pela abrangência das famílias da Região Sul.

O Serviço Social é uma profissão que atua em vários campos na área social,

27 Portaria SEAS/MPAS nº. 458, de 04 de outubro de 2001, estabelece Diretrizes e Normas do Programa

produzindo mudanças inseridas em dois níveis macro e/ou micro social. No que se refere ao nível micro, à intervenção profissional está ligada diretamente aos usuários através do programas e projetos sociais. Enquanto no nível macro sua atuação é no planejamento de execução e avaliação de políticas públicas voltadas à garantia dos direitos sociais.

A intervenção do Serviço Social é o principal fator que contribui para a inclusão das famílias no PETI, que realiza através da visita domiciliar em virtude das situações de trabalho infantil.

Segundo Iamamoto (1997), o processo de trabalho do Serviço Social é pautado no instrumental técnico-operativo, não compreendendo apenas as técnicas utilizadas para realização do serviço, mas também são considerados os aspectos ético-político e teórico- metodológicos, que compreendem os conhecimentos, valores, herança cultural, habilidades. Possibilitando um melhor direcionamento das ações a serem desenvolvidas.

De acordo com Souza (2006, p.262) “existe uma cultura arraigada na sociedade que a criança e o adolescente devem seguir o modelo de vida de seus próprios pais, mesmo que em condição de exploração”.

A cultura que enobrece o trabalho contribui para a existência do trabalho precoce, e para que criança e adolescente continuem exercendo esse tipo de atividade. O trabalho infantil ao longo da história traz consigo alguns mitos e verdades que produzem a valorização da questão de forma equivocada na formação cultural. No quadro a seguir, é possível visualizar alguns mitos e verdades que cercam o trabalho infantil.

MITOS VERDADES

− A criança que trabalha fica mais esperta − Trabalhar desde cedo garante o futuro

− Trabalho exige níveis de contratação inadequados às crianças e adolescentes, consequência o estresse e depressão. • O trabalho da criança ajuda

financeiramente a família, ou seja, que essa atividade é indispensável para o sustento da família

− 48% das crianças e adolescentes trabalham sem receber nada e o restante recebem valores irrisórios;

− A responsabilidade pela manutenção da família é dos pais. Não é justo responsabilizar a criança pelo sustento da família. A responsabilidade pela garantia dos direitos da criança e do adolescente é da família, da sociedade e do Estado.

− Trabalho precoce traz experiências para

trabalhos futuros • As crianças não escolhem a profissão e são forçadas a trabalhar em qualquer atividade. • A melhor forma de aprender algo para o

futuro é através da escola, da participação comunitária e integração familiar.

• É melhor trabalhar do que usar drogas- relacionando o uso de drogas à desocupação

− As pesquisas demonstram que o trabalho não evita o consumo de drogas. Existem dados que confirmam o uso de drogas por trabalhadores precoces como forma de alienação das difíceis condições materiais de existência.

− Trabalho (não deve ser a única alternativa de uso do tempo livre da criança e do adolescente; a criança precisa de proteção). • Trabalho precoce evita a criminalidade • Em São Paulo, 90% dos detentos do antigo

Presídio do Carandiru trabalharam quando eram crianças.

− É melhor trabalhar do que roubar • Se isso é verdade milhões estariam de desempregados estariam roubando, e não é o que acontece.

Quadro 01: Os mitos e verdades do trabalho infantil Fonte: André Viana Custódio28

Percebeu – se através do quadro acima, que os mitos e verdades deixam claro que o trabalho precoce, não gera desenvolvimento na vida de uma criança ou adolescente. Ele gera entraves no convívio da criança e bloqueios à inserção do profissional do adolescente, deixando sequelas no desenvolvimento físico, intelectual e emocional. Negando o direito de viver a infância, tempo de brincar e, por meio do imaginário estabelecer a relação com a concretude da realidade, organizar-se diante do mundo. Através das relações e iniciativas de arte, cultura, orientação pedagógica, da mesma forma a adolescência se encaminha para o efetivo exercício da cidadania.

O processo de trabalho na prática de estágio oportunizou a abordagem sobre a temática do trabalho infantil focalizando os mitos e verdades. O interesse em construir este trabalho no viés desta análise de mitos e verdades sobre o trabalho infantil se fez na experiência da prática de estágio obrigatório, pois, foi a temática que motivou a elaboração do projeto de intervenção da estagiária com objetivo de identificar os mitos e verdades sobre o trabalho infantil por parte das famílias da Região Sul inseridas no Programa.

Motivação que emergiu durante as visitas domiciliares, onde foi possível verificar que os pais tinham um motivo para justificar o trabalho precoce. Esta passou a ser a indagação da estagiária, a saber, quais eram realmente os mitos e verdades do trabalho infantil na percepção das famílias da Região Sul de Florianópolis? Em virtude dessa temática, os

28 CUSTÓDIO, André Viana. A exploração do trabalho infantil doméstico no Brasil: limites e perspectivas para

sua erradicação. 2006. 282 f. Tese (Doutorado em Direito) - Curso de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

procedimentos inerentes ao PETI eram acrescidos sua intervenção com as famílias buscando analisar os mitos e verdades que envolvem o contexto das famílias acompanhadas.

Tomando como ponto de partida as entrevistas realizadas com as famílias da região sul inseridas no PETI, no período do estágio curricular obrigatório que a acadêmica realizou, acrescentou indagações pertinentes a temática em tela. Para operacionalizar as reflexões e a consequente sistematização, a coleta de dados se tem comobase nos registros de atendimento, na fichas cadastrais29 e entrevistas com as famílias da região sul.

Diante das percepções apresentadas e da compreensão das dimensões ético-políticos, teórico-metodológicos e técnico-operativos do Serviço Social abordadas anteriormente, a estagiária centrou a intervenção com as famílias incorporando ao roteiro de entrevistas previstas do PETI, questões relacionadas ao trabalho infantil no contexto familiar, a importância do trabalho infantil para as famílias e o impacto da inserção das crianças no PETI, na ótica das famílias.

As entrevistas foram realizadas no período de set/2009, de um universo de 50 com amostra de 10 famílias, destaca - se que as entrevistadas são todas mulheres, mães e avós. Cabe salientar que as entrevistas foram autorizadas, sendo preservada a identidade de todas as beneficiárias.

A análise das percepções das famílias no que se refere ao trabalho infantil segue na presente sessão e vêm contribuir e subsidiar o trabalho do Serviço Social dentro do Programa para compreensão da relação das famílias com o trabalho precoce, as políticas sociais voltadas a esse público alvo, assim como qualifica a realidade que se encontram essas famílias inseridas no PETI.

Afirma Custódio e Veronese (2009) que a condição de pobreza da população brasileira, a reprodução da exclusão social, os baixos níveis de salários, o acirramento da exploração do trabalhador, a precarização da condição de trabalho das relações de trabalho, a concentração de riqueza, a estrutura excludente do mercado de trabalho e muitos outros fatores despontam como elementos favoráveis para exploração do trabalho infantil.

Neste sentido os relatos possibilitam analisar o trabalho infantil no contexto familiar mediante os depoimentos das famílias entrevistadas:

A “[...] meu marido tava preso, ele tinha que trabalhar pra me ajudar a dar comida pras meninas, ele trabalhava no estacionamento [...]”.

29 Estes cadastros encontram-se sob forma de prontuário e ficam arquivados em pastas por nome de cada bairro

B “[...] porque tinha bastante dificuldade ela não tem pai, não tem mãe, eu já sou uma pessoa de idade, tenho bastante dificuldade de sustentar a família, ela tem outra irmã pequena, eu tive que botar ela a trabalhar numa lanchonete [...]”.

C “[...] porque eu era sozinha, separada então tinha que me ajudar, ele começou a venderbala, aí foi uma vizinha minha né, que me falou que tinha esse projeto das crianças de menor vender bala e depois que ele começou a ganhar o PETI ele parou [...]”.

D “[...] a R quando a gente morava na Vila União na época, e eu estava me separando do pai do B ele ela vendia bala com a avó dela na frente do Angeloni, às vezes comigo na feira, eu estava grávida de oito meses, foi a necessidade do alimento, então conseguir um projeto de criança e adolescente em Coqueiros onde elas tinha a alimentação e atividades só o fato delas poder fazer as refeições já ajudava [...]”.

E “[...] porque eu trabalhava fora, ele na época saía pra catar latinha, ele queria ajudar, e faltava as coisas dentro de casa, ele tinha dó porque ele me via trabalhando muito e tinha muita dificuldade [...]”.

Pode-se dizer com as falas das beneficiárias do Programa, que a organização familiar atualmente está sendo configurada por um número maior de mulheres chefes de família.

No entanto, ao querer compreender melhor a dinâmica familiar de como essas famílias fazem para se manter, pode-se observar a questão econômica familiar que aponta para uma maioria em condição de vulnerabilidade econômica.

A realidade desses depoimentos também demonstra que as famílias de baixo rendimento econômico estão vulneráveis a inserir crianças e adolescentes no mercado de trabalho, muitas vezes por força das circunstâncias cometem o ato de retirá-las da escola. No entanto, a situação de pobreza de vulnerabilidade social em que vive as famílias inseridas no PETI faz com estas recorram à mão-de-obra dos filhos.

Segundo Custódio e Veronese (2009), as famílias têm o dever de sustento, guarda educação e cuidado das crianças e adolescentes, devendo mantê-los afastado de qualquer condição de exploração do trabalho infantil.

Em outros depoimentos percebe-se esta questão que os autores estão colocando, a inserção indiretamente das crianças e adolescentes no mercado de trabalho, onde ocorre

convivência dos pais diante da violação dos direitos voltados às famílias. Ainda nessa relação de pobreza X trabalho infantil é oportuno adentrar com muita cautela para não culpabilizar a família por tudo que acontece, analisando que as duas beneficiárias estão inseridas numa realidade socioeconômica, enfim, estão mergulhadas no caso brasileiro extremamente capitalista e excludente.

Podemos perceber isso diante dos seguintes depoimentos:

F “[...] Eles não estavam trabalhando, eu levava eles junto comigo pra vender cachorro quente, porque eu não tinha com quem deixá-los, não tinha creche, eu não tinha uma outra renda, eu estava morando praticamente na rua com meus filhos numa barraca de campe, eu fui recolhida aqui pelo Conselho Tutelar, nós ficamos na Casa de Passagem por 12 dias e depois disso não nos deram mais nenhuma alternativa era voltar pra casa que tava no chão ou ir pra rua com meus filhos, fora isso não tinha muito o que fazer[...]”.

G “[...] no caso ele não começou a trabalhar e sim ele ia junto comigo porque não tinha com quem deixar [...]”.

Ainda Custódio e Veronese (2009) a ausência de políticas públicas para crianças e adolescentes e de apoio socioassistencial às mulheres torna ainda mais grave essas condição de trabalho precoce. As políticas públicas atuantes em nossa sociedade hoje se tornam ineficazes em relação às necessidades demandadas da população.

Sob esta perspectiva, a política social básica incluiu os programas de atendimento articulando com a prestação de serviços especializados como forma de garantia e efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, e também estabeleceu uma política que subsidiária de assistência social para aqueles que dela necessitam, visando promover a emancipação da criança, adolescente e de sua família. (CUSTÓDIO E VERONESE, 2009, p.144).

O trabalho infantil doméstico é um dos trabalhos difíceis de serem visualizados, por ser realizado dentro da própria casa, onde o acesso é limitado. É considerado um trabalho invisível perante a sociedade. O trabalho precoce doméstico acontece por meio da exclusão econômica e situação de vulnerabilidade social em que vive nossa população.

Custódio (2006, p.87) vislumbra que:

Em essência, o trabalho infantil doméstico integra o contexto mais abrangente da exploração do trabalho infantil, mas adiciona a condição de

gênero, colocando a criança e o adolescente numa perversa situação de exploração restrita ao campo da individualidade, sob o manto protetor do espaço doméstico, melhor dizendo: ocultador dessa exploração.

O trabalho infantil caracteriza-se por atividades repetitivas que obstaculizam o seu desenvolvimento. Os aspectos ergonômicos, as condições de insalubridade e periculosidade de ambiente doméstico expõem a criança e adolescentes aos riscos de saúde e a integridade. Destaca-se que o trabalho doméstico não é considerado trabalho e nem a atividade de babá.

H “[...] eu não vejo como trabalho, mas tá auxiliando em horário de folga, que não estivesse fazendo trabalho da escola, lavava uma louça, varria a casa e uma vez o outra lavava a louça do bar não no atendimento [...]”.

I “[...] trabalhar não, ela assim só lava uma louça de vez em quando, não fazia serviços pesados”.

É importante salientar que esses dois relatos, no momento da entrevista as duas mães em suas falas e no olhar foram expressamente sinceras, suas filhas estudam tem um bom rendimento escolar. Nesse caso as beneficiárias aceitaram a ser incluídas no programa, pelo fato do valor da bolsa ajudar nas despesas das meninas (passe escolar, materiais de aula).

Os trabalhos realizados na própria casa é o mais difícil de ser identificado, pois estão ocultos no ambiente domésticos e no pensamento daqueles que utilizam a mão-de-obra infantil, considerando apenas como ajuda. (CUSTÓDIO, 2006, p.106). Outra análise: o apelo consumista presente em todas as classes, Também impõe a necessidade de compra através do trabalho.

Na fala da J ela coloca que o trabalho de babá não pode ser considerado trabalho infantil, e sua filha tinha o desejo de consumir coisa pra si mesma, e a própria mãe incentivava, pois, a adolescente tinha que ter responsabilidades.

J “[...] na real eles não trabalham a K tava cuidando de um filho de uma amiga minha em casa, pra comprar as coisinhas pra ela, era um tipo de incentivo né pra ele ir aprendendo as coisas no passar do tempo, apreender com uma responsabilidade, um aprendizado pra ela [...]”.

K “[...] eu acho um absurdo, tanto que até hoje assim eu sei que muitos hábitos da minha filha têm haver comigo por não ter cobrado mais dela, não ter exigido mais dela, mas eu achava assim que porque eu com nove anos tinha que trabalhar de babá na casa dos outros então eu achava que eu não tenho que obrigar a minha filha com nove/oito anos a tá no tanque esfregando roupa eu achava que poderia tá fazendo isso pra ela, e hoje eu sei que isso atrapalhou no convívio dela com a gente porque ela não tem responsabilidade, talvez não digo um trabalho fora mais com relação a dentro de casa de repente deveria ter cobrado mais dela ter pedido mais ajuda, ter incentivado ela que me ajudasse mais[...]”.

A K entra em contradição, pois não concorda com o trabalho precoce, mas queria que a filha tivesse mais responsabilidades a partir dos afazeres domésticos.

A concepção básica deste mito que o “trabalho traz responsabilidade” Custódio (2006) busca descobrir este mito, argumentando que o discurso que está por detrás dele está voltado ao individualismo e ao capital. Sendo assim, o trabalho precoce não acumula experiência para trabalhos futuros, mas sim, provoca males às crianças e adolescentes e também às famílias e à sociedade.

As crianças e os adolescentes ao verem o sofrimento dentro de casa buscam alternativas para sobrevivência familiar. O trabalho precoce está condicionado a questões econômicas, sociais, portando é possível observar quando as crianças e adolescentes se inserem nas atividades

L “[...] porque eu trabalhava fora, ele na época saía pra catar latinha, ele queria ajudar, e faltava as coisas dentro de casa, ele tinha dó porque ele me via trabalhando muito e tinha muita dificuldade[...]”.

Silva (2008) salienta que é na fase da adolescência que começa a surgir a vontade de tornar independente, de ter dinheiro para adquirir “roupas da moda”, calçados e outros objetos consumistas.

M “[...] eles queriam comprar as coisas pra eles e meu dinheiro não dava [...]”. Nesse depoimento evidencia o desejo dos adolescentes em consumir objetos pessoais através do trabalho precoce. Corroborando com Custódio e Veronese (2007, p.92), pode se afirmar que:

O desejo de consumo do núcleo familiar, construído socialmente como necessidade, pode ser um fator de estímulo para a inserção precoce dos filhos no mundo do trabalho, embora não seja o fator primordial ou determinante, mas apenas um componente de reforço do processo, num contexto social mais amplo.

O trabalho precoce é algo existente nas famílias, que foram entrevistadas, assim perguntou-se aos responsáveis pelas crianças e adolescentes o que achavam sobre o trabalho precoce. Percebeu - se nas falas de algumas beneficiárias que o trabalho precoce fez parte da infância e juventude de cada uma delas, como demonstram os depoimentos.

K “[...] em tudo, eu que o diga, eu com nove e dez anos escutei cantadinha, e piadinha de patrão, e fora o assédio e tudo. Eu não deixei de estudar, mas comprometeu bastante a minha educação porque já era mais difícil. Eusempre fui uma aluna nota 10 e pra mim depois que eu comecei a trabalhar o rendimento caiu 50% . Eusei que já não era mais pela falta de vontade, era porque eu não tinha mais capacidade, eu tinha uma tripla jornada, cuidava dos irmãos de manhã, estudava tarde e trabalhava à noite. Então, era meio complicado dá conta de fazer os três. Eu acho assim que eu sempre disse se eu puder dar pra eles garantir os estudos deles e dá um curso, alguma coisa do tipo , enquanto eu puder manter eles estudando, fazendo isso, eu digo vou tentar pelo menos daqui a pouco. Lá perto de casa a maioria de 14 e 15 anos estão lá trabalhando de pedreiro, tinham que trabalhar estudavam à noite e depois chegavam em casa , estavam cansado .Eu acho meio complicado [...]”.

E “[...] eu acho que a criança tem que estar no colégio, mesmo porque eu nunca estudava. Só um ano. Meus pais eram muito pobres, tinham muitos filhos. Aí, eu tinha que trabalhar pra ajudar a sustentar meus irmãos. Na verdade eu trabalhava só de faxineira, pra outro tipo de serviço eu já não posso por não ter estudo, não concordo com trabalho precoce [...]”.

J “[...] Olha eu comecei a trabalhar com oito anos, não me arrependo a gente aprende muitas coisas, sabe a juventude de hoje o caminho é ir pras drogas eu não quero isso jamais