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4.5 FUNÇÕES META E ESTÁGIOS DE MATURIDADE

4.5.4 Mobilidade

Ao examinar, por um lado, a análise da evolução da sociedade proposta por Resnick (2006) (Figura 4) e, por outro, as tecnologias móveis começando a ser inseridas em ambientes educacionais, propomos a ampliação da definição: de sociedade da criatividade para a sociedade da criatividade e da mobilidade

(Figura 22). Isto porque a tecnologia móvel trouxe à sociedade de nativos digitais a possibilidade de aprender em qualquer lugar e a qualquer momento: é a sociedade dos aprendizes nômades.

INDUSTRIAL 1980 INFORMAÇÃO 1990 CONHECIMENTO 2000

CRIATIVIDADE & MOBILIDADE

Figura 22 - Ampliação da evolução da sociedade proposta por Resnick (2006)

O desenvolvimento de ferramentas de aprendizagem que apóiam experiências em aprendizagem móvel tem sido o objeto de muitos grupos de estudo (LIN, 2004; NAISMITH ET AL., 2004; CHAN ET AL., 2005; CORLETT ET AL., 2005; MEIRELLES ET AL., 2005). A sistematização das características destas ferramentas em ecossistemas pode ajudar a analisar como elas apóiam a mobilidade do aprendiz. Ao examinar os atores no Ecossistema Digital de Aprendizagem acima introduzido, do ponto de vista da mobilidade e, levando em conta as novas visões da aprendizagem móvel, apresentadas na Seção 2.8, o modelo permite explorar a mobilidade nos espaços físicos e a mobilidade nos espaços sociais. Já focando nos conteúdos, o modelo de ecossistema investiga a mobilidade nos espaços conceituais (Tabela 13) (FICHEMAN; LOPES, 2008b).

Tabela 13 - Estudo da mobilidade em fatores bióticos FATORES BIÓTICOS

ESPÉCIES HUMANA (ATORES) DIGITAL (CONTEÚDOS)

POPULAÇÕES Aprendizes, professores, tutores, engenheiros, técnicos, etc. Textos, imagens, sons, vídeos, animações

COMUNIDADES Escolar, familiar, museu, lan-house Navegadores, ferramentas de autoria, jogos, agentes de software APRENDIZAGEM

MÓVEL Mobilidade em Espaços Físicos Mobilidade em Espaços Sociais Mobilidade em Espaços Conceituais

No Ecossistema Digital de Aprendizagem proposto, as tecnologias e as teorias educacionais formam o meio ambiente, por meio do qual ocorrem as interações entre comunidades de atores e conteúdos. Diferentes tecnologias permitem acessar diferentes conteúdos e apóiam diferentes tipos de interações. Do ponto de vista da aprendizagem móvel, o estudo das tecnologias de hardware, software e de rede permite examinar a mobilidade de diferentes aspectos: mobilidade da tecnologia, mobilidade nos espaços conceituais e mobilidade nos espaços físicos (Tabela 14).

A classificação das tecnologias de hardware e de rede contribui para esclarecer como estas influenciam experiências de aprendizagem, assim como sua importância na mediação das interações. Apresentamos aqui uma sugestão de classificação destas tecnologias do ponto de vista da aprendizagem móvel, e identificamos como o estudo de cada tipo permite examinar a mobilidade sob diferentes aspectos: mobilidade do espaço físico, mobilidade do espaço conceitual, mobilidade do espaço social e mobilidade da tecnologia.

Tabela 14 - Estudo da Mobilidade em Fatores Abióticos

TECNOLOGIA DESCRIÇÃO APRENDIZAGEM MÓVEL

HARDWARE Desktop, Laptop, Tablet PC,

PDA, Telefone celular Mobilidade da Tecnologia SOFTWARE Realidade Virtual, Realidade

Aumentada, Simulação, Inteligência Artificial

Mobilidade em Espaços Conceituais

REDE LAN, WAN, WIFI Mobilidade em Espaços Conceituais Mobilidade em Espaços Físicos Mobilidade da Tecnologia

A classificação das tecnologias de hardware em relação à aprendizagem móvel foram discutidas na Seção 2.8 com a apresentação da representação de tecnologias em dois eixos principais pessoal-compartilhado e portátil-estático (NAISMITH et al., 2004).

Quanto à classificação de tecnologias de software, acreditamos que estas não têm direta influência nas atividades de aprendizagem móvel, pois podem ser utilizadas em espaços físicos variados, com equipamentos diferentes e tecnologias de rede disponíveis.

No entanto, ferramentas de aprendizagem apóiam diretamente atores em suas interações com conteúdo, pois a interface do usuário é responsável por estas interações. Sugerimos aqui uma classificação do acesso às tecnologias segundo dois aspectos: espaço físico e espaço de tempo. O espaço físico pode ser fixo (indoor) ou flexível (outdoor); o espaço de tempo refere-se à disponibilidade de acesso, sendo este limitado ou ilimitado como mostrado na Tabela 15, onde mapeamos as pesquisas de aprendizagem móvel de acordo com estes dois aspectos (FICHEMAN; LOPES, 2008b).

Tabela 15 - Classificação de acesso às tecnologias e sua relação com aprendizagem móvel Espaço Físico

Tempo FIXO (INDOOR) FLEXÍVEL (OUTDOOR)

LIMITADO Mobilidade em Espaços Sociais (A) Mobilidade em Espaços Físicos (B) Mobilidade da Tecnologia

ILIMITADO Mobilidade em Espaços Conceituais (C) Mobilidade em Espaços Sociais

(D)

Mobilidade em Espaços Físicos Mobilidade em Espaços Conceituais Mobilidade em Espaços Sociais Mobilidade da Tecnologia

Uma exposição interativa num museu, por exemplo, apóia experiências de aprendizagem que ocorrem em um espaço físico fixo, num espaço de tempo limitado (Tabela 15-A). Um bate papo virtual com especialista refere-se à uma atividade que ocorre em espaços físicos diferentes (participantes distribuídos), durante um tempo limitado (Tabela 15-B). Um quiosque pode disponibilizar o acesso a conteúdos diferentes por tempo ilimitado (Tabela 15-C). Um sistema LMS (Learning Management System) é uma ferramenta acessada de espaços físicos diferentes, em tempos diferentes (Tabela 15-D).

Quanto às tecnologias de rede, estas compõem o ambiente que apóia as interações entre atores e entre atores e conteúdos e permitem que atores interajam e colaborem utilizando mídias digitais em diferentes espaços conceituais (Tabela 16).

Tabela 16 - Mobilidade da Tecnologia de Rede

REDE ESPAÇO FÍSICO TECNOLOGIA APRENDIZAGEM MÓVEL

LAN Mesmo Fixa Mobilidade em Espaços Conceituais

WAN Diferente Móvel Mobilidade em Espaços Conceituais

Mobilidade em Espaços Físicos

WIFI

e outras tecnologias sem fio

Diferente Móvel

Mobilidade em Espaços Conceituais Mobilidade em Espaços Físicos Mobilidade da Tecnologia

As interações entre atores e conteúdos são alteradas na presença ou ausência de tecnologias de rede, pois estas permitem ou não acessar conteúdos remotos. Em uma rede local (LAN – Local Area Network), por exemplo, usuários podem interagir com conteúdos armazenados em diferentes equipamentos, fisicamente ligados por tecnologias de rede, permitindo acesso a diferentes tipos de conteúdo, portanto mobilidade em espaços conceituais. Por outro lado, uma rede de longa distância (WAN – Wide Area Network) disponibiliza o acesso a conteúdos remotos, e com isto um usuário que se desloca de um espaço físico ao outro (com acesso a rede WAN) pode acessar os conteúdos de espaços físicos diferentes, o que implica mobilidade em espaços físicos. O surgimento das tecnologias sem fio aliadas às tecnologias de longa distância vêm aumentando a mobilidade alcançada quando atores com equipamentos móveis (laptops, PDAs, telefones celulares) acessam conteúdos remotos enquanto se movimentam entre locais diferentes. A Tabela 16 sintetiza a nossa visão de como diferentes tecnologias de rede podem apoiar diferentes experiências de aprendizagem móvel, mostra como redes de longa distância expandem o suporte à mobilidade de redes locais e como as redes sem fio têm aumentado o leque de aspectos de mobilidade acrescentando a mobilidade da tecnologia (FICHEMAN; LOPES, 2008b).

Num ecossistema em desenvolvimento, o aprendiz circula com tecnologia móvel e interage com ferramentas digitais. Já num ecossistema maduro, a mobilidade se refere à mobilidade do aprendiz que se desloca entre espaços físicos, sociais e conceituais, interagindo com conteúdos digitais.