2.6.1 Definição
O termo manipulação pode ser definido como uma técnica específica na qual a
cápsula articular é alongada por meio de uma manobra brusca na articulação, mas, esta
definição é tão ampla que pode ser aplicada a qualquer técnica manual aplicada à
articulação em uma disfunção que movimente as duas superfícies articulares (EDMOND,
2000).
Edmond (2000) ainda define a mobilização articular em um sentido mais restrito
como sendo um movimento lento e passivo realizado em uma superfície articular
A mobilização articular é usada para alongar ou liberar determinadas estruturas
de modo a restaurar a mecânica articular normal com menos trauma que no alongamento
passivo. Refere-se às técnicas usadas para tratar disfunções articulares como rigidez,
hipomobilidade articular reversível ou dor (KISNER e COLBY, 1998).
De acordo com Edmond (2000) a mobilização articular promove o movimento
ideal, sem dor e mantém a extensibilidade da articulação e de outras estruturas
periarticulares e/ou aumenta a extensibilidade quando restrições periarticulares estão
presentes.
A avaliação é de extrema importância para identificação do problema, para
verificar as estruturas que podem estar causando a sintomatologia ou a diminuição da
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amplitude de movimento (KISNER e COLBY, 1998).
O terapeuta deverá estar apto a escolher técnicas adequadas e seguras para o
tratamento da limitação funcional do paciente, pois, o uso indiscriminado de técnicas de
mobilização articular quando não são indicadas é potencialmente prejudicial para as
articulações do paciente (KISNER e COLBY, 1998).
2.6.2 Técnicas
As técnicas manuais de mobilização articular são uma forma de amplitude
passiva de movimento usada para aprimorar a artrocinemática articular (HARRELSON e
LEAVER-DUNN, 2000).
De acordo com Harrelson e Leaver-dunn (2000) o movimento articular é
constituído por movimentos fisiológicos e acessórios:
O movimento fisiológico (alongamento) representa a maior parte da amplitude e
pode ser medido com um goniômetro. Os movimentos fisiológicos ocorrem nos principais
planos de movimento, ou seja, na flexão-extensão, abdução-adução e rotação.
O movimento acessório (mobilização), também chamado de artrocinemática é
necessário para a amplitude fisiológica normal de movimento, ocorre simultaneamente
com o movimento fisiológico e não pode ser medido com exatidão, este movimento é
descrito pelos termos rotação, ondulação e deslizamento.
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2.6.3 Problemas Relacionados à Restrição do Movimento Articular
As restrições na cápsula articular pode ser acompanhadas por uma limitação na
amplitude de movimento articular, as restrições são geralmente resultado de
imobilização ou inflamação das estruturas articulares e de outras estruturas adjacentes
à articulação (EDMOND, 2000).
Quando uma articulação é imobilizada ocorre diversas mudanças na cápsula
articular, o conteúdo intracelular de água diminui e conseqüentemente há uma
diminuição na distância entre as fibras que constituem a cápsula articular, estas
alterações ocasionam um aumento na formação de ligações transversas entre as fibras
e adesões capsulares (EDMOND, 2000).
Com a imobilização ocorre proliferação fibroadiposa, que provoca adesões
intra-articulares, alterações bioquímicas em tendões, ligamentos e nos tecidos
capsulares da articulação, assim como, contraturas articulares e enfraquecimento
ligamentar. Com lesões ou degeneração da cápsula, ocorre diminuição do feedback
proprioceptivo que poderá ocasionar alterações nas respostas de equilíbrio do indivíduo
(KISNER e COLBY, 1998).
A imobilização e a inflamação quase sempre ocorrem simultaneamente. A
inflamação produz hipertrofia do revestimento sinovial da articulação por causa da
invasão de fibras de tecido conjuntivo, isto resulta em fibrose do revestimento sinovial e
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conseqüentemente contraturas articulares. Devido tal similaridade entre as duas
respostas, a mobilização articular é indicada no tratamento de hipomobilidade articular
conseqüente de uma inflamação (EDMOND, 2000).
2.6.4 Efeitos Fisiológicos
Acredita -se que a mobilização articular possa reverter os problemas da
imobilização. Edmond (2000) relata que a mobilização promove movimentos entre as
fibras capsulares, aumenta o conteúdo de água intersticial e a distâncias entre as fibras.
Os efeitos da mobilização articular incluem alívio das restrições capsulares,
ruptura das aderências e separação de tecido impactado, facilita a cicatrização e restaura
a ampli tude de movimento, além de proporcionar o movimento e a lubrificação para a
cartilagem articular normal (HARRELSON e LEAVER-DUNN, 2000).
A analgesia e a diminuição da tensão muscular são conseguidas pela
estimulação das fibras de condução rápida, de forma a bloquear as pequenas fibras
dolorosas e através da ativação dos mecanorreceptores dinâmicos, a fim de produzir o
relaxamento reflexo (HARRELSON e LEAVER-DUNN, 2000).
2.6.5 Sistema de classificação
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mobilização, que estão classificadas como:
Grau I: movimento de pequena amplitude no início, usado quando a dor e o
espasmo limitam o movimento no início de sua amplitude;
Grau II: movimento de grande amplitude dentro da amplitude média de
movimento, usado quando o espasmo limita o movimento mais precocemente com uma
oscilação rápida do que com uma oscilação lenta, ou quando o aumento lento da dor
restringe o movimento durante sua amplitude;
Grau III: movimento de grande amplitude vai até o limite patológico na amplitude
de movimento, é usado quando o indivíduo sente dor, a resistência devido ao espasmo,
tensão do tecido inerte ou a compressão tecidual limitam o movimento próximo do final da
amplitude;
Grau IV: movimento de pequena amplitude exatamente no final da amplitude de
movimento, usado quando a resistência limita o movimento, porém dentro desta
classificação o indivíduo não tem dor nem espasmo muscular;
Grau V: é uma propulsão rápida e de pequena amplitude que ocorre no final da
amplitude de movimento, geralmente é acompanhada por um ruído feito estalido
denominado manipulação.
2.6.6 Duração e repetições
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mobilizações com duração de até 30 segundos com uma a três oscilações por segundo
(HARRELSON e LEAVER-DUNN, 2000).
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2.6.7 Mobilização patelar
Os tecidos musculares, incluindo a unidade funcional inferior e os estabilizadores
passivos patelares, têm uma função chave na biomecânica patelar. Para corrigir
desequilíbrios nos tecidos moles peripatelares, necessita-se de uma combinação entre
mobilidade e treinamentos muscular (VEZZANI, 2003).
A mobilização da patela pode ser realizada por meio dos deslizamentos
látero-medial ou craniocaudal, dependendo da patologia e dos objetivos. O deslizamento
superior aumenta a extensão do joelho, o deslizamento inferior aumenta a flexão do
joelho, o deslizamento medial alonga o retináculo lateral, o deslizamento lateral alonga as
estruturas mediais retraídas, com isso contribuem para o ganho ou manutenção da
amplitude de movimento do joelho (VEZZANI, 2003).
No documento
GISELLE DE ALBUQUERQUE
(páginas 75-81)