CAPÍTULO 3 GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETO
3.1 Ferramentas gerenciais para a gestão do processo de projeto
3.1.1 Modelagem do processo de projeto e Estrutura do Desdobramento do Trabalho
A modelagem do processo do projeto é de extrema necessidade para sua efetiva gestão. Tanto autores nacionais como internacionais apontam a necessidade do uso desta ferramenta, o que deve ser realizado em diferentes níveis de detalhamento.
TZORTZOPOULOS (1999) na sua dissertação de mestrado define o processo de projeto dividido em três níveis hierárquicos: etapas, atividades e operações. Na análise de cada etapa apresenta o fluxograma de atividades. Trabalhos similares com o mesmo objetivo de modelar o projeto têm sido apresentados por ROMANO (2003) e BORDIN (2003). Na Figura 3.1 é apresentado um exemplo de fluxograma de atividades para a etapa de estudos preliminares de uma edificação.
Embora este fluxograma esteja em nível de atividades e eventos, ainda não é suficiente para a gestão destes, pois nele não são representadas todas as dependências entre as mesmas, nem é possível explicitar quais as informações específicas que servem de dados de entrada/saída entre eles, o que poderá ser obtido com o EDT, explicada mais adiante.
As principais vantagens advindas da modelagem do processo do projeto são:
− Ajuda a representar o processo com todas suas etapas, atividades e operações, o que leva a um entendimento do processo e comprometimento maior por parte dos participantes do mesmo;
− Serve para analisar estratégias de desenvolvimento de projeto;
− Serve de apoio para estabelecimento do plano de funções e responsabilidades;
− Serve de apoio para definir requisitos de entrada/saída entre atividades;
Figura 3.1. Fluxograma da etapa de estudos preliminares.
Estudo Preliminar de Arquitetura
Análise e controle do estudo preliminar de arquitetura
Estudo preliminar de estrutura
Análise, controle e compatibilização de estudos preliminares complementares Estudo preliminar de instalações hidro-sanitárias Aceitação do estudo preliminar de arquitetura Estudo preliminar de instalações elétricas/dados ELÉTRICAS/DADOS
Novo estudo preliminar de arquitetura Requerimentos para novo estudo preliminar
de arquitetura
Análise e controle de novo estudo preliminar de arquitetura
Compatibilização de novo estudo preliminar de arquitetura e complementares
Requerimentos para anteprojeto de arquitetura e complementares
Requerimentos para novo estudo preliminar
de arquitetura Requerimentos para novo estudo
preliminar de arquitetura
não sim
sim
Aceitação para anteprojeto
não
ESTUDO PRELIMINAR BÁSICO
ESTUDO PRELIMINAR AJ
USTADO
SAIDA PROCESSO
Outros estudos preliminares
Junto à modelagem dos processos é realizada a Estrutura do Desdobramento do Trabalho, conhecida como Work Breakdown Structure, que é usada para definir e explicitar as atividades do processo, com os seguintes dados relevantes para cada uma delas: o responsável, duração, requisitos, fornecedores e interfaces entre outras.
Os níveis do desdobramento podem estar na seguinte seqüência de desagregação: processos, etapas, atividades e operações. No quadro 3.1 é mostrada uma tabela referida ao EDT do estudo preliminar indicado na Figura 3.1 no nível de atividades.
A partir desta modelagem e da realização da EDT, que devem cobrir todas as etapas do processo de projeto, já é possível desenvolver atividades de gestão como planejamento do processo, com emprego de ferramentas como o Método do Caminho Crítico, Matriz da Estrutura de Projeto e a Técnica de Planejamento Analítico de Projeto indicadas nos itens posteriores.
Quadro 3.1. Estrutura do Desdobramento do Trabalho (EDT) para atividades do estudo preliminar.
QUADRO DE ATIVIDADES
Atividade Responsável Dura-
ção (dias)
Atividade
precedente para realizar a atividadeInformações auxiliares
Estudo preliminar de arquitetura Arquiteto 21 Contratação do arquiteto Programa de essidades e escopo do estudo de arquitetura, levantamento plano-altimétrico do terreno, dados do terreno. Análise do estudo
preliminar Coordenador de projeto 3 Estudo preliminar arquitetura Programa necessidades, levantamento do terreno, índices de projeto.
Aceitação do estudo
preliminar Proprietário, Coordenador de projeto 1 Análise do estudo preliminar de arqui- tetura
Estudo preliminar da estrutura
Projetista de estrutura 5 Estudo preliminar de arquitetura
Programa e escopo do estudo do projeto estrutural Estudo preliminar das
instalações hidráulicas Projetista de instalações hidráulicas 5 Estudo preliminar de arquitetura Programa e escopo do estudo do projeto hidráulico Estudo preliminar das
instalações elétricas Projetista de instalações elétricas 5 Estudo preliminar de arquitetura Programa e escopo do estudo do projeto elétrico Compatibilização de
estudos preliminares Coordenador de projeto 7 Todos os estudos preliminares Requerimentos para
novo estudo preliminar de arquitetura Proprietário, Coordenador de projeto 1 Compatibilização de estudos pre- liminares
Novo estudo preliminar
de arquitetura Arquiteto 10 Requerimentos para novo estudo Escopo do estudo de arquitetura, levantamento do terreno, dados do terreno. Compatibilização de
novo estudo preliminar
Coordenador de projeto 3 Novo estudo pre- liminar Escopo do estudo de arquitetura, estrutura e complementares. Aceitação de novo estudo preliminar Proprietário, coordenador de projeto 1 Compatibilização e novo estudo pre- liminar
Requerimentos para anteprojeto de arqui- tetura
Proprietário,
3.1.2 5W + 1H
Esta ferramenta é muito conhecida na administração de processos e serve como uma lista de verificação das definições que devem ser consideradas para a realização dos mesmos. No quadro 3.2 é apresentado um exemplo da aplicação do 5W + 1H num subprojeto das instalações hidrossanitárias: furação na estrutura do pavimento.
Pode-se dizer que esta ferramenta é muito prática a nível operacional, pois ajuda a definir e entender o trabalho a ser realizado por meio das questões: o quê?, por quê? e como?, podendo ser muito útil na elaboração de procedimentos operacionais. No restante dos questionamentos, as informações são similares às obtidas na Estrutura do Desdobramento do Trabalho.
Quadro 3.2. 5W + 1 H no projeto de furações na estrutura de concreto de pavimento tipo.
PERGUNTA IMPLICAÇÃO
WHAT – O QUÉ? Planta da forma de estrutura do pavimento tipo em escala 1:50 com indicação de furos horizontais em vigas e furos verticais em lajes para passagem de prumadas e ramais hidráulicos com cotas acumuladas a partir de pilares ou vigas de referência. As cotas verticais dos furos em vigas devem indicar o eixo do mesmo em relação ao fundo da viga.
WHO – QUEM? O responsável destes projetos será o projetista de instalações hidrossanitárias
WHEN – QUANDO? Após o recebimento do projeto de forma estrutural do pavimento tipo e do projeto executivo de arquitetura com indicação das peças sanitárias e espaços para shafts
WHY – POR QUÊ? Porque sem este projeto as furações deixadas de forma inexata poderão ocasionar problemas na montagem posterior das instalações, elevando os custos pelo desperdício de material e re-trabalho realizado
WHERE – ONDE? Escritório do projetista
HOW – COMO? Esta descrição corresponde ao processo operacional particular do responsável, que poderia ser assim:
- Verificar concordância entre projeto de forma e executivo; - Marcar eixos de saídas de peças sanitárias no piso;
- Marcar furos padronizados nos eixos das saídas em função das bitolas; - Marcar furos padronizados para prumadas em função do agrupamento e posição delas;
- Analisar cotas de interseção de ramais com vigas e marcar furos de passagem nelas;
- Colocar cotas acumuladas nos eixos das furações;
- Fazer quantitativo de passagens por medidas e alturas diferentes; - Colocar legenda de furos padronizados;