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6.2 MÓDULO ANTÔNOMO E REMODELAGEM DOS PROCESSOS DE TRABALHO

6.2.4 Modelagens dos processos de trabalho perioperatório em Business Process Model

Em seu trabalho, o pesquisador identificou a existência de alguns fluxogramas no Serviço. Estes discriminavam os processos de trabalho das equipes envolvidas com o gerenciamento da programação cirúrgica no HRG (Figs. 4, 5, 6, 8) e, também, ações mais específicas do SMPO (Figs. 7, 9, 10). Tratava-se de esquematizações simples, voltadas a orientar as equipes assistenciais do perioperatório quanto às condutas a serem adotadas quando da avaliação e manejo do paciente candidato a cirurgia na instituição.

O mais genérico dos fluxogramas (Fig. 6) representava como ponto de partida do processo de avaliação e manejo perioperatório institucional a realização da avaliação do paciente por um cirurgião de umas das especialidades cirúrgicas da instituição e a recomendação, por parte deste, de intervenção cirúrgica e/ou procedimento à condição de saúde manifestada por este. Com isto, o paciente seguia por uma extensa rede de avaliações até sua admissão no CC para a realização da cirurgia. Alhures, havia a representação de um trâmite extenso pelo SMPO e, em alguns casos, por outras especialidades clínicas (cardiologia, nefrologia etc.). Ademais, demonstrava que após a passagem do paciente pelo CC, o mesmo era, então, encaminhado a uma enfermaria pós-operatória e, em alguns casos, à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Por fim, espelhava o encerramento do trânsito intra- hospitalar com a avaliação pós-operatória, após a alta, nos ambulatórios de egressos do SMPO e das especialidades cirúrgicas.

Todos os fluxogramas acima (Figs. 4 a 10) foram reavaliados pelo pesquisador, por membros do SMPO, das unidades cirúrgicas e de serviços relacionados ao cuidado cirúrgico na instituição. De início, em função do recorrente processo de ajuste organizacional presente na instituição, alguns sofreram atualizações. Por outro lado, a fim de melhor entender o processo, identificou-se a necessidade de se construírem novos fluxogramas. Mais adiante, identificou-se a necessidade de transposição dos fluxogramas existentes e dos que surgiram para notações que melhor espelhassem os processos, como os diagramas, mapa de processos e modelos. Esses poderiam refletir mais adequadamente o momento organizacional e se prestarem aos fins deste estudo.

Para o desenvolvimento desta fase do projeto, o pesquisador identificou a necessidade da aplicação de um instrumento que, de forma mais fácil, ágil e prática, permitisse melhor compreensão dos processos organizacionais já estruturados e encaminhasse novas soluções. A

fim de acelerar a revisão dos fluxogramas existentes, suportar o desenvolvimento de novos e também possibilitar a transição para diagramas, entre outros, a ferramenta que se mostrou mais adequada como técnica de análise e mapeamento de processos aplicáveis ao contexto do Serviço em análise foram as Reuniões JAD (Joint Application Design).

Coincidentemente, à medida que a pesquisa progrediu, identificou-se a existência na SES de uma coordenação voltada à implementação e desenvolvimento da metodologia de gestão de processos na rede. Essa coordenação, denominada Central de Competências em Gestão de Processos (CCGP), membro da Subsecretaria de Planejamento, Regulação, Avaliação e Controle (SUPRAC), tem o papel de atuar como a guardiã de metodologias em gestão de processos de trabalho, ser fonte de aconselhamento e orientação para as unidades organizacionais, um agente de coordenação para todos os trabalhos de mapeamento e redesenho de processos, um acompanhador dos resultados e um apoiador na implementação do ciclo de gestão de processos (BLUMM et al., 2014).

Outra atribuição da CCGP/SUPRAC é desenvolver e atualizar os Manuais relativos à Gestão de Processos de Trabalho da SES/DF (BLUMM et al., 2014). Em seu manual publicado em 2014 preconiza-se a adoção uso do padrão Business Process Modeling Notation (BPMN), bem como a adoção de ferramentas de modelagem dos processos, como o BizAgi Process Modeler, quando da implementação da gestão de processos no Serviço.

Feliz coincidência desta pesquisa, por coadunar e consubstanciar algumas de suas proposições, foi ter sido agraciada, no seu fechamento, com a publicação do Documento de Referência do Escritório de Processos da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal – EP-SES/DF (DISTRITO FEDERAL, 2018), reformulação do manual em tela por apresentar reorientações nas políticas de gestão de processos na SES-DF.

Partindo dessas diretrizes, houve um esforço deste pesquisador para que grande parte da iniciativa de desenvolvimento das modelagens dos processos de trabalhos envolvendo as entidades ligadas ao processo cirúrgico no HRG e o SMPO ocorresse à luz das diretrizes editadas no primeiro Manual de Gestão de Processos da SES (BLUMM et al., 2014).

A abordagem dos processos de avaliação e manejo perioperatório por meio da modelagem BPMN, além de se alinhar às diretrizes institucionais, constitui-se na estratégia moderna e útil ao entendimento dos processos de trabalho do Serviço em estudo, bem como se apresenta potencialmente como a base estruturante de um protótipo de RES perioperatório.

Destarte, como resultado da abordagem acima e da extensa devassa, além de publicar e revisar fluxogramas existentes, encaminhar novos e propor diagramas (Figs. 39 a 43), o pesquisador idealizou e estruturou cinco modelagens BPMN de processos de trabalho do perioperatório (Figs. 44 a 48). Essas, além de tentar tornar mais assimilável a complexidade da dimensão da avaliação e manejo perioperatório, têm o potencial de aplicação prática no Serviço em estudo, e se prestam a suportar o desenvolvimento das bases do protótipo de um RES perioperatório. Compreendem:

a) Mapa de Processo: Protocolo A - Macroprocesso Realizar a Avaliação e Manejo Perioperatório Anestésico (Fig. 44);

b) Mapa de Processo: Protocolo B - Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente candidato a cirurgia eletiva (Fig. 45);

c) Mapa de Processo: Protocolo C - Realizar avaliação e manejo do paciente internado com indicação de cirurgia (Fig. 46);

d) Mapa de Processo: Protocolo D - Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente em pós-operatório (Fig. 47);

e) Mapa de Processo: Protocolo E - Realizar avaliação e manejo pós-operatório do paciente internado na instituição (Fig. 48).

Figura 44 - Mapa de Processo: Protocolo A - Macroprocesso Realizar a Avaliação e Manejo Perioperatório Anestésico.

Figura 45 - Mapa de Processo: Protocolo B - Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente candidato a cirurgia eletiva.

Figura 46 - Mapa de Processo: Protocolo C - Realizar avaliação e manejo do paciente internado com indicação de cirurgia.

Figura 47 - Mapa de Processo: Protocolo D - Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente em pós-operatório.

Figura 48 - Mapa de Processo: Protocolo E - Realizar avaliação e manejo pós-operatório do paciente internado na instituição.

Fonte: Elaboração do Autor.

A Modelagem BPMN – Mapa de Processo: “Protocolo A - Macroprocesso Realizar a Avaliação e Manejo Perioperatório Anestésico” (Fig. 44) objetiva demonstrar como a UAMP- HRG se posiciona frente à demanda de avaliação e manejo perioperatório de um paciente que se torna candidato à cirurgia/anestesia no HRG. Interessa na modelagem endereçarem-se protocolos (B, C, D e E) de acordo com o posicionamento do paciente em relação à demanda, observando-se se que o que vai se aplicar é uma consulta tradicional (atendimento em regime

ambulatorial) ou um parecer anestésico (paciente internado na instituição) e em que momento do perioperatório esta se daria (antes da cirurgia/anestesia ou no pós-operatório).

Para cliente candidato à cirurgia eletiva (programável), não internado na instituição, a modelagem BPMN desenvolvida para gerir o processo é representada pelo “Mapa de Processo: Protocolo B - Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente candidato a cirurgia eletiva” (Fig. 45). Trata-se da modelagem mais complexa no contexto de um SMPO, pois representa praticamente sua atividade-fim. Traz, no seu corpo, o complexo conjunto de interações entre as entidades e entre os atores envolvidos na gestão e realização de anestesia/cirurgia na instituição; as especificidades dos papéis desenvolvidos por alguns destes; regras de decisão etc. A diagramação cobre o período que vai desde a geração das agendas ambulatoriais para atendimento pelas especialidades à alta hospitalar e segmento pós- alta. No seu interstício se especificam: o diagnóstico da condição de saúde do paciente que motivou a cirurgia/procedimento; os sistemas de referência e contrarreferência intrainstitucional para interconsultas, gestões administrativas do processo (GRCA, secretarias de unidades cirúrgicas e CC) e hotelaria (enfermarias cirúrgicas e UTI); a realização de exames complementares pré-operatórios; a pormenorização de algumas consultas especializadas (enfermagem, farmácia e anestesiologista); a sistemática da interação em consultas multiprofissionais (enfermagem, farmácia e anestesiologista); sistemas de suporte a decisão.

Já para o cliente candidato à cirurgia eletiva (programável) e internado na instituição, a modelagem BPMN desenvolvida para gerir o processo é o “Mapa de Processo Realizar avaliação e manejo do paciente internado com indicação de cirurgia”. Na verdade, grande parte desta clientela poderia ter sido contemplada com tratamento cirúrgico de urgência, mas diversos fatores impediram que isto ocorresse (indisponibilidade de sala cirúrgica, pessoal, insumos, entre outros). A diagramação apresenta a interação entre os atores (cirurgiões, servidores da enfermagem, anestesiologistas) envolvidos na avaliação e manejo pré- operatório desses pacientes, cobrindo o período que vai desde a solicitação de interconsulta (Parecer pré-anestésico) até a emissão do Risco Anestésico. Destaca a importância da documentação eletrônica no RES no desenvolvimento do processo.

O “Mapa de Processo Realizar avaliação e manejo ambulatorial do paciente em pós- operatório” é a diagramação BPMN modelada para o seguimento após alta hospitalar do paciente. Este orienta o processo de trabalho ambulatorial das especialidades anestésico e cirúrgicas quando da consulta pós-operatória. A modelagem apresenta a interação entre os

atores (cirurgiões, servidores da enfermagem, anestesiologistas) envolvidos na avaliação e manejo pós-operatório dos pacientes, especifica seus papéis no processo, e procura cobrir os processos de trabalho que ocorrem desde a alta da hotelaria institucional (enfermarias cirúrgica e UTI) à alta definitiva em relação ao tratamento anestésico-cirúrgico, encaminhando, inclusive, questões (complicações anestésico-cirúrgicos) decorrentes das intervenções das equipes assistenciais.

Por fim, para o cliente já operado em fase de recuperação em uma de suas enfermarias, mas que por alguma intercorrência que possa ser relacionada à anestesia ou por algum outro motivo carece de uma interconsulta com o anestesiologista, a modelagem BPMN desenvolvida para gerir o processo é o “Mapa de Processo Realizar avaliação e manejo pós- operatório do paciente internado na instituição”. O mapa apresenta a interação entre os atores (cirurgiões, servidores da enfermagem do centro-cirúrgico, anestesiologistas) envolvidos na avaliação e manejo pós-operatório desses pacientes, cobrindo o período que vai desde a solicitação de interconsulta (Parecer pós-anestésico) até a conclusão de sua realização, com ou sem a realização de um procedimento anestésico específico. Destaca a importância da documentação eletrônica no RES no desenvolvimento do processo.

6.3 O SISTEMA DE INFORMÁTICA DA SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO