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Figura 09 Portadores de informação na urbanização, comparando-se a cidade difusa e

monótona à esquerda, e a cidade compacta e diversa à direita.

Fonte: Rueda (2002: 10).

Quanto à construção de indicadores para a cidade e seu metabolismo21, Rueda (1999: 11) afirma que um indicador urbano “(...) é uma variável dotada de significado agregado com relação a um fenômeno, além da sua própria representatividade”. Assim, conforme o autor, a diferença entre os sistemas de indicadores e de um índice urbano fica explicita nos seguintes termos:

Un indicador urbano es pues una variable que ha sido socialmente dotada de un significado añadido al derivado de su propia configuración científica, con el fin de reflejar de forma sintética a una preocupación social con respecto al medio ambiente e insertarla coherentemente em el proceso de toma de decisiones.

21 Na química, o metabolismo (do grego metabolismos, μεταβολισμός, que significa

"mudança", troca) representa a mudança na natureza molecular no interior dos corpos ou organismos vivos (PRIBERAM, 2010). Termo exportado para o campo do urbanismo, o metabolismo urbano pode ser entendido como o sistema urbano e significa as transformações ocorridas no espaço intraurbano, possibilitando produções e reproduções espaciais das partes, alterando estruturas e adequando às condicionantes do meio, contudo, mantendo o organismo vivo da urbe.

(...) Un índice urbano posee las mismas características que el indicador pero su carácter social es aún más acentuado, dada la aleatoriedad que rodea todo proceso de ponderación. El beneficio obtenido se traduce en una mayor síntesis de la información relevante y una mayor eficácia como input en la toma de decisiones.

El sistema de indicadores urbanos es un conjunto ordenado de variables sintéticas cuyo objetivo es proveer de una visión totalizadora respecto a los intereses predominantes relativos a la realidad urbana de que se trate.

(RUEDA, 1999: 11)

Por esta abordagem, Salvador Rueda trabalha os indicadores no marco de análise em que se realiza, ou seja: Pressão-Estado-Resposta, conforme proposta dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), baseado no conceito de causalidade. A pressão fica gerada como consequência das políticas ambientais, setoriais e econômicas perante a alteração dos recursos naturais pelo impacto das atividades humanas. Os sistemas urbanos exploram os sistemas de suporte extraindo deles a matéria prima e, por sua vez, os materiais e energia extraídas do entorno chegam às cidades transformadas em bens de consumo. O modelo de gestão é que organiza os fluxos e o consumo, aumentando ou diminuindo os impactos por antecipação. (Figura 10)

PORTADORES DE INFORMAÇÃO EM UMA URBANIZAÇÃO DE CIDADE DIFUSA

PORTADORES DE INFORMAÇÃO EM UMA URBANIZAÇÃO DE CIDADE COMPACTA

Figura 10 Esquema gráfico da unidade sistema-retorno.

Legenda: (1) Os sistemas urbanos exploram os sistemas de suporte extraindo matérias primas e exercendo uma primeira pressão sobre eles. Esta exploração exercerá maior ou menor impacto na organização dos sistemas de suporte (complexidade do entorno), em função de sua intensidade e da fragilidade do próprio entorno (sensibilidade); (2) Os materiais e a energia extraídos do entorno chegam à cidade mais ou menos transformados e elaborados (matérias primas e bens de consumo) de modo que permita a esta manter e aumentar, caso necessário, sua organização (complexidade do sistema); e (3) Os modelos de gestão (são os que podem aumentar ou diminuir nossa capacidade de antecipação), organizam os fluxos e o consumo de recursos. Os modelos determinam o grau de exploração do entorno e o impacto antrópico que provocam sobre o próprio sistema urbano (Tradução Nossa). Fonte: Adaptado de RUEDA (1999: 15)

Rueda (1999: 15) detalha o modelo de gestão na unidade sistema-entorno como uma relação entre o metabolismo urbano, a ordenação do território e o seu funcionamento. Assim, tal sistema realiza-se por meio de fluxos: A) a pressão na exploração das matérias primas sobre o suporte do entorno; B) a transformação dos materiais e energias desse entorno de modo a manter ou aumentar a complexidade do sistema e; por último, C) os modelos de gestão que organizam estes fluxos e determinam o grau de exploração do entorno como os impactos antrópicos deste e do sistema urbano, sendo este vital à permanência e sustentabilidade do sistema urbano.

4.3 DESMEMBRAMENTOS TEÓRICOS PARA O BRASIL URBANO

SUSTENTÁVEL

“No dizer de Oliveira Vianna (1956: 55), „[...] O

Urbanismo é condição moderníssima da nossa evolução social. Toda a nossa história é a história de um povo agrícola, é a história de uma sociedade de lavradores e pastores. É no campo que se forma a nossa raça e se elaboram as forças íntimas de nossa civilização. O dinamismo da nossa história, no período colonial, vem do campo. Do campo, as bases em que se assenta a estabilidade admirável da nossa sociedade no período imperial‟”.

SANTOS, 2009: 19

Entre as décadas de 1940 a 1950, ocorre no Brasil uma alteração do cenário territorial decorrente, nesse período, da industrialização (SANTOS, 2009: 30). Contudo, o sentido da industrialização não pode ser remetido de forma estrita como significado de criação de atividades industriais nos lugares, mas sim como um processo social mais amplo e complexo, de alteração da conjuntura nacional e formação de mercado interno. Surge, assim, um intrincado sistema produtivo subdividido entre primário, secundário e terciário, impulsionado pelo consumo e pela vinda de imigrantes (iniciadas um século antes, em substituição da mão-de-obra escrava), com mão-de-obra atuante, inclusive, na indústria européia, e decorrente do período entre-guerras mundiais e, principalmente, do pós-Segunda Guerra Mundial. Período este que ocorre a integração territorial nacional segundo Santos (2009), almejada desde a fase colonial brasileira.

Há assim um processo de urbanização iniciado, integrado à escala nacional – não mais regional – e apoiado por um crescimento contínuo e sustentável das

(2) SISTEMA CIDADE