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3 METODOLOGIA DESIGN SCIENCE RESEARCH

4.2 Abordagens generalistas

4.2.1 Modelo de Delisle

O Autor Robert Delisle organizou um modelo de processo PBL (DELISLE, 1997) com base no processo PBL implementado com sucesso em vários níveis educacionais e descritos em diversas fontes (BARROWS e TAMBLYN, 1980; BARROWS, 1985; PROBLEM-BASED LEARNING INSTITUTE, 1994).

Ele afirma que, devido à grande liberdade que a aprendizagem baseada em problemas (PBL) traz para os aluno, é vital que seja planejado com muito cuidado o processo pelo qual os alunos irão seguir, para que os mesmo são passem de uma etapa para outra sem que seja construída uma plataforma estável.

O processo PBL descrito por Delisle é organizado nas seguinte etapas: 1) conectar-se ao problema, 2) configurar a estrutura, 3) visitar o problema, 4) revisitar o problema, 5) produzir um produto ou desempenho e 6) avaliar o desempenho e o problema.

Na etapa 1 de conexão com o problema é feita a apresentação do problema aos alunos, que em seguida é lido e interpretado o problema. É recomendável que o problema apresentado esteja conectado a coisas com as quais os alunos se importam, ou seja, os alunos precisam sentir que o problema é relevante e vale a dedicação de tempo e esforço deles. Isso tornará a unidade PBL mais eficaz.

A formulação do problema, segundo Delisle, precisa ser desestruturada para que os alunos possam, à medida que realizam as pesquisas, descubrir a complexidade do problema e compreender que pode haver diversas soluções. Dentro da formulação do problema o professor deve selecionar o conteúdo e as habilidades a serem desenvolvias, determinar que recursos (tecnológicos ou de conhecimento)

darão suporte à investigação do problema, contextualizar textualmente o problema, desenvolver uma pergunta central de pesquisa e definir a estratégia de avaliação. Delisle sugere um checklist para apoiar o desenvolvimento do problema em que o professor responde sim ou não para cada uma das seguintes perguntas: Os conteúdos estão apropriados? Foram determinadas as disponibilidades de recursos? O desenvolvimento está adequado ao aluno? Está baseado nas experiências dos alunos? Está baseado no currículo? Permite uma variedade de estratégias de ensino e aprendizagem? Está pouco estruturado? Permitirá motivação? Desenvolveu uma questão focada? Estão determinadas as estratégias de avaliação?

A etapa 2 é preparar a estrutura para a resolução do problema pelos alunos. A estrutura irá assegurar que nenhum aspecto fundamental seja negligenciado. O professor deve lembrar aos alunos que são eles os responsáveis pela resolução do problema e recomenda que sejam feitas anotações. Sugere ainda que haja voluntários para atuar como gravadores, registrando tudo o que está sendo discutido em grupo. O professor deve estimular que os alunos discutam sobre as ideias apresentadas pelos alunos concordando ou discordando das ideias. Para essa atividade Delisle propõe uma tabela que possui 4 colunas no cabeçalho: Ideias, Fatos, Questões de Aprendizagem, Plano de Ação.

Então, os alunos devem fazer o preenchimento da primeira coluna com suas ideias de possíveis soluções ou caminhos para resolução do problema. A participação de todos durante a geração de ideias deve ser estimulada e assegurada pelo professor. Delisle reforça que mesmo parecendo não recomendável pensar em soluções antes de pesquisar, ele afirma que tal estratégia se assemelha a do pesquisador, propondo uma hipótese e que listando suas ideias, os alunos poderão ver quais pesquisas precisam fazer para determinar qual solução é a melhor.

A segunda coluna a ser preenchida é a de fatos, na qual os alunos informam o que eles sabem sobre o problema. Os fatos podem surgir de conhecimentos prévios ou das discussões de grupo que ocorreram no dia. Essa coluna serve como um pool de recursos ou um banco de conhecimento do qual os alunos extrairão informações para resolver o problema. O professor poderá mediar as discussões sobre o que pode ser um fato e o que não é. Caso haja dúvidas se é um fato ou não, o professor pode também sugerir a equipe que mova o palavra ou frase para a próxima coluna.

A terceira coluna se chama questões de aprendizagem ou pesquisa. Nela serão registradas as perguntas e dúvidas que os alunos possuem a respeito do

problema ou itens que precisam de mais elaboração, definição ou pesquisa. O professor poderá sugerir questões de pesquisa para os grupos. Essas questões de pesquisa servirão de base para as pesquisas e poderá sugerir áreas para a realização de uma pesquisa mais aprofundada.

Por fim, a coluna plano de ação é aquela na qual os alunos registraram as ações voltadas para como será realizada a pesquisa, em quais livros, sites, artigos serão utilizados para busca das respostas ao problema. Os alunos desenvolverão um plano contendo as estratégias e os recursos necessários para procederem a pesquisa. O professor pode sugerir materiais de apoio para as pesquisa, se julgar necessário.

Após os alunos terem preenchido a tabela na etapa anterior, tem início a etapa 3 com o grupo elegendo a melhor ideia de solução para o problema. O professor, então, orienta que o grupo selecione uma ou mais perguntas de pesquisa que darão suporte à resolução do problema ou perguntas que os intrigam pessoalmente. Eles revisão a coluna 4, que contém os recursos os quais vão utilizar na pesquisa. O professor deve informar quanto tempo os alunos terão para realização da pesquisa. Ao logo do processo de pesquisa, o professor deve se reunir com os grupos o tempo que julgar ser necessário para orientá-los. Ao final do período de pesquisa o professor reúne novamente a turma toda para dar início a etapa 4.

Na etapa 4, os alunos se reúnem em sala para revisitar o problema. O professor recebe os relatórios produzidos pelos alunos e avalia os recursos que foram utilizados, o tempo despendido e a eficácia geral do seu plano de ação. Depois desta análise o professor deve dar a chance aos alunos de contar com uso de fatos, confirmação ou refutação das ideias registradas na primeira coluna. Neste momento, os alunos podem ter ideias novas de soluções ou novos questionamentos. O professor pode decidir por dar mais tempo para que os grupos investiguem essas novas ideias ou questões.

O grupo, então, decide pela ideia de solução que julga ser melhor e mostrando que funcionaria, ou que é verdadeira para seus princípios e crenças – mesmo que não tenha sucesso ao ser construída. Nesta etapa os alunos desenvolvem suas habilidades de análise e tomada de decisão. E por ter que defender suas ideias com fatos e persuadir o professor e seu colegas de grupo que sua solução é viável, desenvolve ainda mais suas habilidades de comunicação e fala persuasivas.

Na etapa 5 (produção de produto ou desempenho), os grupos transformam a ideia escolhida em solução de fato. Isto permitirá que o professor possa avaliar os

objetivos de conteúdo e o domínio das habilidades selecionadas. A construção de um produto proporciona um senso de propósito a toda a tarefa de PBL. Este produto pode assumir diversas formas conforme o professo acordará com os grupos. Geralmente é este produto que será avaliado pelo professor para medir o sucesso do aluno no cumprimento dos resultados de aprendizagem.

A etapa 6 (avaliação do desempenho e do problema) é o fechamento do processo PBL. Em PBL o processo de avaliação é contínuo e ocorre em todas as etapas da resolução do problema (desde da apresentação do problema até a entrega do produto final), à medida que o professor observa as habilidades dos alunos, tais como comunicação, organização, trabalho em equipe, dentre outras. No processo de avaliação, os alunos se autoavaliam, avaliam seu pares, e também avaliam a qualidade do problema em si. Delisle (1997) sugere uma série de modelos para cada uma destas avaliações.

Delisle (1997) ressalta também a importância do professor analisar sua própria habilidade em orientar os alunos em vez de instruí-los diretamente. Para isso, ele sugere modelos de avaliação para este fim.