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4.8 QUALIDADE DA PESQUISA

5.1.8 Modelo de Prestação de Serviços

Ao longo da análise documental realizada nos editais de contratação do serviço de desenvolvimento de software, ganhou destaque um novo elemento regulador não previsto originalmente no modelo de pesquisa: o modelo de prestação de serviços.

O modelo estabelece os procedimentos para a gestão contratual e para o controle da execução dos serviços realizados pelo fornecedor, que devem ser definidos preliminarmente à contratação, tendo em vista a impossibilidade de mudança desses procedimentos após celebração do contrato – este é considerado lei entre as partes – pois no âmbito das licitações públicas não se pode subjugar o fornecedor com obrigações não previstas, e não conhecidas, antes da contratação (BRAGA; HERNANDES, 2010). Nesse sentido, as evidências indicam o uso de roteiros – sequenciamento das atividades – para a execução dos serviços, os quais servirão como referência para a gestão contratual.

Apesar de as evidências indicarem certa semelhança na estrutura textual e descritiva das atividades relacionadas à gestão contratual, não se encontrou a padronização dos procedimentos – cada organização pública estruturou seu roteiro singularmente, apesar das similitudes. O edital IPHAN-012/2011 proporciona evidência no estabelecimento do modelo elaborado e escolhido pelo órgão contratante, negritando-se os termos mais relevantes:

Caracterização do modelo de prestação de serviços

Os serviços de tecnologia da informação decorrentes dessa contratação deverão ser prestados sob a forma de um Projeto de Desenvolvimento de Sistemas e Implantação e envolverá, necessariamente, atividades de planejamento,

monitoramento e execução do desenvolvimento, implantação de solução informatizada e treinamento de um grupo de usuários, no prazo previsto de 21 (vinte e um) meses.

O projeto deverá ser executado de forma iterativa e incremental, por meio de ciclos, executados mediante Ordem de Serviço, que resultarão produtos ou serviços utilizáveis pela CONTRATANTE ao fim de cada ciclo. As Ordens de Serviço serão dimensionadas por meio de pontos de função brutos.

O modelo de prestação de serviços na forma de projeto visa a:

a) Estabelecer equilíbrio econômico-financeiro entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, possibilitando que ambas possam programar a gestão físico- financeira do projeto por meio do Plano de Projeto;

b) Estabelecer cadência no projeto, ao definir ciclos com tamanhos adequados aos prazos de execução;

c) Possibilitar flexibilidade no desenvolvimento e na seleção das funcionalidades do SICG, desde que preservado o limite estimado de pontos de função brutos estabelecidos pela contratação;

utilizáveis desde as primeiras semanas de execução do projeto;

e) Possibilitar maior controle por parte da CONTRATANTE em relação aos resultados esperados e permitir a remuneração adequada ao serviço efetivamente executado;

f) Garantir maior integração e comprometimento entre equipe da CONTRATADA e da CONTRATANTE;

g) Garantir maior comprometimento da CONTRATADA com os resultados por meio de remuneração baseada em níveis de serviço e a aplicação de sanções para descumprimento do disposto no Termo de Referência; e

h) Estabelecer mecanismos de gestão contratual que claros para a CONTRATADA, e efetivos para a CONTRATANTE.

No âmbito do serviço de construção de SI ganha destaque como roteiro de atividades a Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas (MDS) ou Processo de Software (PS), que é utilizada em complemento ao modelo de procedimentos descritos em edital, além de ser peça obrigatória na contratação desse serviço, conforme jurisprudência do TCU (BRASIL, 2008a). Apesar dessa obrigatoriedade, O MDS ou PS não foi referenciado em todas as fontes de evidência. O edital DPF-011/2009 dá destaque ao uso de sua MDS na execução dos serviços, conforme excerto apresentado a seguir, negritando-se as expressões mais relevantes:

2. ESPECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS

2.1. Todos os serviços a serem contratados devem ser executados de acordo com normas, procedimentos e técnicas adotadas pela CTI/DPF e de acordo com as melhores práticas contidas no modelo CMMI (Capability Maturity Model Integrated) e MPS/BR (Melhoria de Processos do Software Brasileiro).

2.2. Poderão ser contratados os serviços abaixo relacionados, sendo que a contratação corresponderá ao todo de uma ou mais fases do ciclo de vida do projeto, de acordo com a Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas (MDS) da CTI/DPF, observando os percentuais de esforço previstos para cada fase.

[..]

3. MODELO DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS

[...]

3.2. Metodologia de desenvolvimento de sistemas

3.2.1. A MDS da CTI/DPF é aderente aos paradigma de desenvolvimento de software do mercado (análise orientada a objeto e análise estruturada).

3.2.2. A MDS da CTI/DPF prevê a entrega de artefatos obrigatórios, considerados partes integrantes dos serviços executados pela CONTRATADA.

3.2.3. O modelo de desenvolvimento da CONTRATADA deverá suportar, para a prestação de serviços objeto deste CONTRATO, o ciclo de desenvolvimento de sistemas da MDS definida pela CTI/DPF, com a produção e entrega de todos os artefatos estabelecidos.

3.2.4. A metodologia adotada pela CTI/DPF, bem como os modelos de artefatos, serão entregue, em definitivo, quando da assinatura do CONTRATO.

3.2.5. Durante o período de realização do certame tais documentos estarão à disposição das licitantes para conhecimento prévio e avaliação, como forma de subsidiar na formação e elaboração das propostas.

3.2.6. Para cada serviço contratado poderá ser definido, entre a CTI/DPF e a empresa CONTRATADA, o nível de documentação exigido para sua execução. 3.2.7. Todos os artefatos entregues para a CTI/DPF deverão ter registro da avaliação da qualidade, por parte da equipe de controle de qualidade da CONTRATADA, assegurando a conformidade dos padrões e requisitos exigidos.

3.2.8. A equipe de controle de qualidade deve ser distinta daquela responsável pelo serviço executado e o custo da avaliação deve estar embutido no custo do serviço, não cabendo remuneração adicional.

3.2.9. Os serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas, solicitados pela CTI/DPF à CONTRATADA, estarão, obrigatoriamente, sob a liderança técnica da CONTRATADA, seguindo preferencialmente as orientações do PMBok (Project Management Body of Knowledge) do PMI (Project Management Institute), para gerenciamento de projetos.

3.2.10. A contratada deverá empregar na execução dos serviços técnicas compatíveis com a certificação CMM (Capability Maturity Model) e/ou CMMI (Capability Maturity Model Integration), qualquer delas nível 2 (dois) ou superior,

reconhecido pelo SEI (Software Engineering Institute), ESI (European Software Institute) ou CRIM (Centre de Recherche Informatique de Montreal) ou compatíveis com a certificação MPS-BR (Melhoria de Processos do Software Brasileiro) de nível D ou superior, reconhecida pela SOFTEX.

Assim, o modelo de prestação de serviços torna-se instrumento de grande valor para a correta, e transparente, gestão contratual, revelando-se elemento de grande relevância no âmbito da contratação do serviço de desenvolvimento de software.