O modelo dinâmico é composto das mesmas estruturas empregadas pelo modelo
cinemático, com exceção dos motions. Ele simula a fisiologia do movimento de pinça lateral a
partir da aplicação de torques externos que emulam os efeitos dos esforços exercidos pela
musculatura, tendões e ligamentos da mão humana nesse movimento. Nele, a ação da força
gravitacional será desconsiderada.
Há uma grande diversidade de trabalhos que estudam os esforços musculares e de
tendões empregados nas posturas de pinças. No entanto, todos os trabalhos encontrados pela
autora, até o momento, consistem em medições de forças e momentos em equilíbrio estático da
mão. A ausência de dados fez necessária a elaboração de uma metodologia de obtenção de
torques variantes no tempo necessários para causar o movimento de pinça lateral no modelo
quando aplicados aos seguimentos da mão.
O processo de obtenção do modelo dinâmico foi organizado dentro das etapas seguintes:
1 – Aquisição de imagens do movimento de pinça lateral;
2 – Obtenção das trajetórias angulares dos seguimentos descritas no tempo a partir do
processamento de imagens com o software Halcon;
3 – Obtenção dos torques em função de deslocamentos, velocidades e acelerações
angulares via Euler Lagrange;
4 – Cálculo de deslocamentos, velocidades e acelerações angulares a partir do
processamento de dados da etapa 2;
nas etapas 3 e 4;
6 – Inserção dos torques para composição do modelo dinâmico.
3.4.1 Aquisição de imagens do movimento de pinça lateral
A execução do movimento de pinça lateral foi filmada com o objetivo de gerar dados
que possibilitassem a medição das trajetórias angulares dos seguimentos da mão humana
durante a execução do movimento de pinça lateral. As imagens foram adquiridas nos planos
frontal e sagital. No primeiro, as imagens foram focadas no movimento do primeiro metacarpo
e falanges proximal e distal do polegar. O polegar se moveu de forma semelhante ao necessário
para a formação da pinça lateral. Enquanto isso os demais dígitos foram mantidos estáticos.
Analogamente, na filmagem em plano sagital o polegar foi conservado em posição estática e os
demais dígitos se deslocaram conforme o exigido para a composição da pinça. Foram feitas
marcações no metacarpo e falanges proximal, medial e distal do indicador. A Figura 29 e a
Figura 30 apresentam as marcações e planos utilizados para aquisição de imagens.
Figura 29 – Aquisição de imagem em plano frontal para medição das trajetórias
angulares descritas pelos seguimentos do polegar
Figura 30 – Aquisição de imagem em plano sagital para medição das trajetórias
angulares descritas pelos seguimentos do indicador
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
3.4.2 Processamento de imagens para a obtenção das trajetórias no tempo das articulações
O software de processamento de imagens MVTec HALCON foi utilizado na obtenção
de dados de trajetória angular a partir das imagens do movimento de pinça obtidas na etapa
anterior. A separação da região de interesse (retas de marcação) dos demais elementos presentes
nas imagens sob análise foi feita através da limiarização simplificada (thresholding) em
conjunto com um critério de seleção por tamanho de área. A imagem é adquirida em RGB e é
primeiramente convertida em escala de cinza. A partir do histograma da imagem é escolhido
um tom de cinza como ponto limítrofe. Os pixels com tons de cinza menores que o tom limítrofe
serão incluídos na região de interesse e todos os pixels com tons de cinza maiores que o limítrofe
serão excluídos da análise. No entanto, detalhes indevidos à análise, como por exemplo sombras
das dobras dos tecidos moles, poderão ser separados juntamente com as regiões de interesse.
Para evitar que isso ocorra um critério de seleção por tamanho de área foi utilizado em conjunto
com o threshold na separação dos marcadores. Nesse critério, as regiões devem ter uma
quantidade de pixels dentro de um limite pré-estabelecido para sua seleção como região de
interesse. Dessa forma, as marcações devem ter espessura com dimensão superior às dimensões
do sombreamento das dobras da mão. Após selecionar as regiões, o software as aproxima por
retas e fornece o ângulo em graus entre as retas e a horizontal da imagem, conforme ilustra a
Figura 31-A (indicador) e a Figura 31-B (polegar). Para obtenção dos ângulos em questão, o
software calcula a média entre todos os pontos da região do traçado. Disso, se configura um
vetor 2D. A partir do produto escalar entre esse vetor e o vetor unitário na horizontal da imagem
se obtém a posição angular da marcação. Os dados de ângulos de cada região no tempo são
então exportados para utilização nas etapas seguintes.
Figura 31 – Interface do HALCON após a seleção das regiões de interesse e
fornecimento dos ângulos que as marcações fazem com a horizontal
(A) (B)
Fonte: Arquivo pessoal da autora.
3.4.3 Obtenção dos torques via Euler Lagrange
A partir da dinâmica de manipuladores é possível calcular os torques externos aplicados
na direção das coordenadas generalizadas com o intuito de mover os seguimentos do
manipulador com deslocamentos, velocidades e acelerações pré-estabelecidos. Uma das
ferramentas utilizadas na determinação dos torques é a formulação de Euler Lagrange,
apresentada na Equação 2 (OLIVEIRA, 2016).
𝑑
𝑑𝑡