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2.2 Estado da arte

2.2.3 Modelos dinâmicos

Léon et. al., 2013, desenvolveu um modelo biomecânico da mão completa para análise

dos movimentos de garra na manipulação de diversos objetos. Com esse propósito, a mão foi

modelada como cinco cadeias abertas esqueléticas de corpos rígidos conectados entre si por

juntas, que determinam o comportamento cinemático de cada parte do corpo. Como a pele é

um tecido flexível que sofre deformação quando exerce determinada intensidade de força sobre

o objeto agarrado, foi usado um modelo de contato suave em sua modelagem. Nele, as polpas

dos dedos são corpos deformáveis. O restante da mão e o objeto agarrado são modelados como

corpos rígidos, para simplificação do sistema. Foram consideradas a força normal de contato,

tangencial de atrito e momento torcional de atrito nas polpas dos dígitos. Os valores de rigidez

do tecido deformável e coeficiente de atrito entre a pele e outros objetos foram obtidos da

revisão de literatura realizada pelos autores. O comportamento e estrutura de tendões, músculos

extrínsecos e intrínsecos e ligamentos foram modelados com base em estudos e modelos

matemáticos disponíveis na literatura. A postura de garra é gerada na simulação a partir de um

algoritmo que usa dois outros modelos. O primeiro é um modelo de contato, que verifica se

houve contato entre o objeto e os dígitos usando um setpoint de penetração máxima no tecido

das polpas dos dedos. O segundo promove a variação angular das articulações a partir da postura

natural da mão. O controle neural é simulado por um algoritmo que calcula o equilíbrio de

forças via Lagrange. São calculadas as forças necessárias da ativação de músculos e tendões

para suportar as cargas externas durante o movimento. Como ferramenta computacional foi

usado o OpenGRASP. Trata-se de um toolkit hospedado no OpenRAVE desenvolvido pela

equipe da autora. Ele é capaz simular movimentos de manipuladores robóticos durante a

execução de garras (LÉON, 2013). A Figura 15 apresenta algumas das posturas finais de garra

do modelo de Léon.

Figura 15 – Modelo de mão desenvolvido por Léon (2013) no OpenGRASP mostrando

diferentes posturas finais de garra

Fonte: Léon (2013, p. 157).

Saikia et. al., 2014, simulou seis movimentos de preensão e pinças de uma mão humana

autor. O iCub é um simulador projetado pela RobotCub capaz de reproduzir a estrutura física e

comportamento dinâmico de robôs humanoides. O modelo de mão utilizado possui dimensões

correspondentes às da mão de uma criança de 3,5 anos e 16 DOF. Um dos módulos elaborados

no decorrer do projeto, Kinematics Solver, usa de cinemática inversa para calcular os ângulos

das juntas dos dedos para cada uma das seis garras (power, pinch, palmup, hook, oblique e

precision). O modelo calcula os ângulos das articulações MCF e IFP dos dedos indicador e

médio e replica o resultado da articulação IFP para a IFD. Para o polegar são calculados os

ângulos de oposição do polegar e da articulação MCF, que é reproduzido para a articulação IF.

São assumidos os mesmos ângulos para as articulações MCF, IFP e IFD dos dedos anular e

mínimo. Um segundo módulo, Low-level Motion Controller, controla os corpos para criar as

posturas das garras a partir dos ângulos determinados pelo módulo anteriormente descrito.

Como resultado foram fornecidos os ângulos calculados para cada um dos movimentos de garra

(SAIKIA, 2014). A Figura 16 apresenta a pinça trípode realizada pelo simulador.

Figura 16 – Simulador realizando a pinça trípode ao obter o sinal de um servidor

Fonte: Saikia (2014, p. 640).

Musiolik, 2008, desenvolveu em sua dissertação um modelo matemático da mão

humana para avaliação dinâmica de um dispositivo de reabilitação desse membro. Ele usa

abordagem de múltiplos corpos com coordenadas naturais em seu estudo. Os dados cinemáticos

necessários para descrever o movimento da mão foram obtidos por meio de medições

amostral consiste em um indivíduo assintomático. O autor cria também um modelo

computacional de um novo dispositivo de reabilitação do membro superior utilizando o

modelador Unigraphix 5.0, A Figura 17 apresenta o protótipo do dispositivo e seu protótipo

virtual. O dispositivo será utilizado na terapia de indivíduos com paralisia parcial das mãos

causada por Acidente Vascular Cerebral (MUSIOLIK, 2008). Os comprimentos das ligações

utilizadas no modelo projetado na pesquisa estão presentes na Tabela 9, que faz referência às

numerações de ligações apresentadas na Figura 18.

Figura 17 – Dispositivo de reabilitação modelado por Musiolik. A) Protótipo físico, B)

Protótipo virtual

(A) (B)

Fonte: Musiolik (2008, p. 35).

Tabela 9 – Comprimento das ligações do modelo elaborado por Musiolik

Ligação Descrição da ligação Medida da

ligação [m]

Razão de proporção em relação à

ligação 1 [%]

1 Anelar - metacarpo 0,45 100

2 Polegar - metacarpo 0,26 57,65

3 Indicador - falange proximal 0,24 52,55

4 Médio - falange proximal 0,25 56,32

5 Anelar - falange proximal 0,24 53,88

6 Mínimo - falange proximal 0,20 43,46

7 Polegar - falange proximal 0,17 38,36

8 Polegar - falange distal 0,15 33,26

9 Indicador - falange medial 0,15 33,26

10 Indicador - falange distal 0,12 26,83

11 Médio - falange medial 0,17 38,36

12 Médio - falange distal 0,12 26,83

13 Anelar - falange medial 0,17 37,25

14 Anelar - falange distal 0,12 26,83

15 Mínimo - falange medial 0,12 26,83

16 Mínimo - falange distal 0,12 25,72

Figura 18 – Numeração das ligações do modelo elaborado por Musiolik

Fonte: Musiolik (2008, p. 65).

Buchholz et. al., 1992, projetou um modelo cinemático analítico da mão humana para

avaliar os ângulos de abertura das articulações durante os movimentos de pinças cilíndricas

transversal e diagonal. Essas últimas diferem no posicionamento do polegar. Na pinça

transversal o polegar é posicionado em torno do objeto agarrado, enquanto na pinça diagonal

ele é aduzido de forma que seu eixo permanece paralelo ao eixo do objeto segurado. O método

usado é baseado em um algoritmo que determina o ponto de contato entre duas elipses. Para

isso, aproxima-se os seguimentos das mãos por elementos elipsoides tridimensionais unidos

por juntas e o objeto segurado possui geometria cilíndrica. O modelo flete as articulações

individualmente no sentido proximal para distal até que algoritmo de contato elipse-elipse

indique o contato de todos os seguimentos com o objeto cilíndrico, conforme a ilustração

presente na Figura 19. Segundo a revisão da bibliografia realizada pelo autor as articulações

interfalangeanas (IF, IFD, IFP) possuem um DOF (extensão/flexão), as metacarpofalangeanas

apresentam dois DOF (extensão/flexão e adução/abdução) e carpometacarpiana conta com três

DOF (extensão/flexão, adução/abdução e rotação). No entanto o modelo é capaz de predizer

apenas os movimentos de extensão/flexão. Dessa forma, considerou-se a inexistência do

movimento de adução/abdução das articulações MCF dos dedos indicador, médio, anelar e

mínimo durante os movimentos das pinças sob estudo. As medidas angulares de

adução/abdução das articulações MCF e CMC do polegar, assim como sua rotação, foram dados

de entrada do problema. A deformação de tecidos provocada pelo contato com o objeto

segurado é simulada no algoritmo por um fator de penetração pré-definido. Ao final da

execução do algoritmo de contato, a matriz de transformação homogênea é aplicada para

determinação dos ângulos de extensão/flexão. Um estudo in vivo ocorreu em paralelo para

fornecer dados experimentais comparativos. Mediu-se os ângulos de extensão/flexão de seis

pacientes durante as pinças transversal e diagonal com seis cilindros diferentes, totalizando em

36 dados de comparação para comparação. A diferença média entre os dados experimentais e

teóricos foi de aproximadamente 5,8%. Os resultados das articulações IFD apresentaram maior

variação devido à sua dependência com as predições dos ângulos das juntas IFD e MCF

(BUCHHOLZ, 1992).

Figura 19 – Exemplo planar do algoritmo de controle de garra de Buchholtz

Fonte: Buchholtz (2008, p. 154, modificada).

Rocha, 2011, desenvolveu um modelo biomecânico tridimensional do membro superior

incluindo mãos e cotovelo. O projeto engloba a geração de geometria do sistema ósseo e tecidos

moles do membro, além do gráfico das órteses de mão, Figura 20, e cotovelo, Figura 21. Esses

modelos gráficos foram elaborados a partir de software de animação gráfica e de imagens

médicas. A partir deles foram geradas malhas para análise de esforços e deformações em

elementos finitos. Os modelos elaborados foram utilizados para aperfeiçoamento da órtese de

membro superior e posicionamento de pinos para redução da fratura supracondilar do úmero.

Os modelos foram validados por dados experimentais presentes na literatura e por avaliação

experimental durante o trabalho (ROCHA, 2011).

Figura 20 – Modelo biomecânico da mão desenvolvido por Rocha portando órtese

Fonte: Rocha (2011, p. 91).

Figura 21 – Modelo biomecânico da cotovelo desenvolvido por Rocha portando órtese

Fonte: Rocha (2011, p. 69).

Synek et. al., 2012, apresenta a modelagem do movimento da articulação

trapézio-metacarpiana por meio do contato entre as superfícies e principais tecidos de estabilização que

a compõem. A articulação é modelada em múltiplos corpos utilizando para isso o software

SIMPA, onde as geometrias inseridas foram baseadas em imagens de ressonância magnética.

No modelo, o trapézio é fixado, o primeiro metacarpo não apresenta restrições e está sob o

efeito de forças de contato, musculares e tendões que agem no domínio do tempo. Os ossos

foram modelados como corpos rígidos e a cartilagem entre eles como corpo flexível. As forças

musculares foram modeladas por equações presentes na literatura. Os resultados obtidos foram

comparados com a literatura disponível de forma quantitativa e qualitativa. A última analisa

quais músculos foram responsáveis pelos esforços e em quais direções (abdução/adução ou

flexão/extensão). A análise quantitativa analisou os deslocamentos angulares em comparação à

literatura (SYNEK, 2012). A Figura 22 apresenta o modelo biomecânico completo contendo

nove elementos de força do ligamento (azul), onze elementos de força muscular (roxo) e um

elemento de força de contato (vermelho/verde) apontando para o metacarpo.

Figura 22 – Modelo biomecânico contendo elementos de força do ligamento de força

muscular e um elemento de força de contato

3 METODOLOGIA

O presente trabalho consiste no desenvolvimento de um modelo biomecânico da mão

que simula a fisiologia do movimento de pinça lateral. O modelo foi desenvolvido em ambiente

de múltiplos corpos usando o software Altair MotionView

®

como ferramenta computacional.

A metodologia foi dividida na montagem de dois modelos: modelo cinemático e modelo

dinâmico da mão de um indivíduo assintomático. Ambos os modelos utilizarão estruturas em

comum, como gráficos, corpos, pontos, juntas e marcadores. Serão apresentados na presente

seção a metodologia adotada na modelagem das estruturas comuns aos modelos e de cada

modelo. Para melhor entendimento da relação existente entre os modelos, foi elaborado o

fluxograma presente na Figura 23.

Figura 23 – Fluxograma de metodologia de obtenção do modelo biomecânico da mão e

sua aplicação

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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