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6. ANÁLISE E DISCUSSÃO

6.2 Modelagem de equações estruturais

6.2.2 Modelo estrutural da amostra portuguesa

A primeira etapa para estimação do modelo estrutural considerou os 358 casos da amostra portuguesa e os 42 itens dos sete constructos objetos desta investigação.

A segunda etapa compreendeu a retirada de variáveis do modelo estrutural proposto (variável por variável), considerando as cargas externas de todas as variáveis observadas que compõem o constructo (variável latente), uma vez que tais cargas externas devem ter valores iguais ou superiores a 0,700, conforme indicado por Hair Jr. et al., (2017).

As variáveis retiradas do modelo estrutural proposto para a amostra portuguesa foram apresentadas na Tabela 37.

Tabela 37-Variáveis retiradas do modelo estrutural proposto para a amostra portuguesa Constructo (Variável latente) Indicador (Variável observada) Qtde de casos Média Desvio Padrão Rodada de exclusão e carga fatorial Valores de Autopromoção POD2 358 3.564 1.025 1ª rodada / 0.598 POD1 358 3.243 1.160 2ª rodada / 0.664 Valores de Abertura à

Mudança AUTD2 358 4.486 0.684 3ª rodada / 0.618

Orientação Religiosa ORE5 358 1.575 0.905 4ª rodada / 0.522 ORE6 358 1.698 0.959 5ª rodada / 0.559 ORE4 358 1.782 0.956 6ª rodada / 0.598 ORI6 358 3.087 1.325 7ª rodada / -0.457 ORI8 358 2.791 1.300 8ª rodada / -0.132 ORI2 358 3.042 1.432 9ª rodada / 0.388 Atitude Favorável ao

Empreendedorismo ATE1 358 4.254 0.777 10ª rodada / 0.564 Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Todas as dez variáveis foram retiradas do modelo proposto por apresentarem cargas externas inferiores a 0,700. As duas primeiras variáveis retiradas do modelo foram POD2 “É importante para ela ter o respeito dos outros. Ela deseja que as pessoas façam o que ela diz” e POD 1 “Ser rica é importante para ela. Ela quer ter muito dinheiro e possuir coisas caras.” e referem-se ao constructo Valores de Autopromoção.

Na terceira rodada, a variável AUTD2 “É importante para ela tomar suas próprias decisões sobre o que faz. Ela gosta de ser livre para planejar e escolher suas atividades.”, referente ao constructo Valores de Abertura à Mudança, foi excluída por apresentar carga externa inferior a 0,700.

Nas seis rodadas posteriores foram retiradas do modelo estrutural as seguintes varáveis referentes ao constructo Orientação Religiosa: ORE5 “Vou à Igreja (templo/centro espírita ou equivalente), principalmente, para estar com os meus amigos.”, ORE6 “Vou à Igreja (templo/centro espírita ou equivalente), principalmente, porque me agrada encontrar pessoas que eu conheço.”, ORE4 “Vou à Igreja (templo/centro espírita ou equivalente) porque me ajuda a fazer amigos.”, ORI6 “Apesar de ser religioso não deixo que isso influencie na

minha vida cotidiana.”, ORI8 “Apesar de acreditar na minha religião, há outras coisas mais importantes na vida.” e ORI2 “Não tem grande importância aquilo em que acredito, desde que eu seja bom.”.

Na décima rodada, exclui-se do modelo a variável ATE1 “Para mim, ser um empreendedor traz mais vantagens do que desvantagens.”, do constructo Atitude Favorável ao Empreendedorismo, também por apresentar carga externa estatisticamente não significante.

Após a exclusão dos 10 itens supramencionados, procedeu-se à terceira etapa, que consiste na estimação do modelo estrutural, a partir das 32 variáveis que apresentaram cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,700, conforme figura 19.

Figura 19 - Modelo estrutural proposto para a amostra portuguesa

Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Apresentam-se na Tabela 38, os constructos, as cargas e os valores das médias, dos desvios padrão, mínimo e máximo de cada variável.

Tabela 38 - Variáveis que compõem o modelo estrutural da amostra portuguesa Constructo (Variável Latente) Indicador (Variável Observada) Qtde de casos Carga externa Média Desvio- padrão Min Máx Orientação Religiosa ORE_1 358 0.896 2.475 1.437 1.000 5.000

Constructo (Variável Latente) Indicador (Variável Observada) Qtde de casos Carga externa Média Desvio- padrão Min Máx ORE_2 358 0.890 2.760 1.384 1.000 5.000 ORE_3 358 0.898 2.751 1.379 1.000 5.000 ORI_1 358 0.730 2.422 1.214 1.000 5.000 ORI_3 358 0.829 2.575 1.326 1.000 5.000 ORI_4 358 0.877 2.603 1.339 1.000 5.000 ORI_5 358 0.861 2.388 1.274 1.000 5.000 ORI_7 358 0.736 1.911 1.097 1.000 5.000 Valores de Abertura à mudança AUTD_1 358 0.838 3.874 0.821 1.000 5.000 ESTM_1 358 0.748 3.559 0.972 1.000 5.000 ESTM_2 358 0.745 3.930 0.880 2.000 5.000 Valores de Autopromoção REAL_1 358 0.864 3.637 0.929 1.000 5.000 REAL_2 358 0.926 4.034 0.918 1.000 5.000 Atitude Favorável ao Empreendedorismo ATE_2 358 0.823 4.173 0.824 1.000 5.000 ATE_3 358 0.827 4.360 0.895 1.000 5.000 ATE_4 358 0.899 4.106 0.884 1.000 5.000 ATE_5 358 0.845 3.500 0.977 1.000 5.000 Normas Subjetivas NSE_1 358 0.889 4.480 0.757 1.000 5.000 NSE_2 358 0.782 4.374 0.912 1.000 5.000 NSE_3 358 0.808 4.137 0.888 1.000 5.000 Controle Percebido CPE_1 358 0.806 2.844 1.005 1.000 5.000 CPE_2 358 0.708 3.304 1.059 1.000 5.000 CPE_3 358 0.765 3.156 0.996 1.000 5.000 CPE_4 358 0.734 2.570 1.005 1.000 5.000 CPE_5 358 0.719 2.508 1.030 1.000 5.000 CPE_6 358 0.794 3.008 0.929 1.000 5.000 Intenção Empreendedora IEL_1 358 0.700 2.947 1.151 1.000 5.000 IEL_2 358 0.808 3.246 1.127 1.000 5.000 IEL_3 358 0.825 3.693 1.109 1.000 5.000 IEL_4 358 0.873 3.405 1.055 1.000 5.000 IEL_5 358 0.805 3.489 1.207 1.000 5.000 IEL_6 358 0.887 3.427 1.153 1.000 5.000 Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Em seguida, procedeu-se à etapa de avaliação do modelo de mensuração que engloba a análise da validade convergente (por meio da variância média extraída - AVE), da confiabilidade composta (avaliação da consistência interna) e da confiabilidade do indicador individual, conforme evidenciado na Tabela 39.

Tabela 39- Indicadores de ajuste, validade convergente e confiabilidade para a amostra portuguesa Constructo (Variável Latente) Variância Média Extraída (AVE) Confiabilidade

composta Alfa de Cronbach R quadrado Atitude Favorável ao

Constructo (Variável Latente)

Variância Média Extraída (AVE)

Confiabilidade

composta Alfa de Cronbach R quadrado

Controle Percebido 0.570 0.888 0.853 7,40% Intenção Empreendedora 0.670 0.924 0.900 70,10% Normas Subjetivas 0.685 0.867 0.769 0,20% Orientação Religiosa 0.709 0.951 0.941 Valores de Abertura à mudança 0.605 0.821 0.688 2,60% Valores de Autopromoção 0.802 0.890 0.758 4,00%

Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Verifica-se, portanto, que o modelo possui validade convergente, uma vez que as AVE’s dos constructos atendem aos critérios de Fornell e Larcker (HENSELER, RINGLE; SINKOVICS, 2009), pois apresentaram valores superiores a 0,50 (AVE > 0,5). Em relação à avaliação da consistência interna, os valores da CC são superiores a 0,70, e os valores de AC acima de 0,60 possibilitam inferir que existe consistência interna expressiva para mensurar os constructos investigados (HAIR et al., 2016).

O valor de R quadrado de 0,7010 para intenção empreendedora indica que aproximadamente 70,10% da variância do constructo é explicada pelos constructos antecedentes identificados no modelo, enquanto o R quadrado da Atitude Favorável ao Empreendedorismo ( R quadrado = 10,20%), do Controle Percebido do Empreendedorismo ( R quadrado = 7,40%) das Normas Subjetivas de Reconhecimento ao Empreendedorismo (R quadrado = 0,20%), dos Valores de Abertura à mudança (R quadrado = 2,60%) e dos Valores de Autopromoção (R quadrado = 4,0%) indicam um pequeno efeito explicativo (COHEN, 1988; FAUL et al, 2007) nas relações causais com a Intenção Empreendedora.

A quarta etapa envolve a avaliação da validade discriminante do modelo estrutural utilizando três abordagens: a das cargas cruzadas, a do critério de Fornell e Larcker e do HTMT (HAIR JR et al., 2017).

A primeira abordagem utilizada para avaliar a validade discriminante dos indicadores foi a abordagem das cargas cruzadas, ao considerar que o valor da carga externa de um indicador deve ser superior ao valor de qualquer uma de suas cargas cruzadas em outras relações com outros constructos. A Tabela 40 expõe os valores das cargas cruzadas dos indicadores nos constructos, a partir do qual verificou-se que as cargas externas de todas as

variáveis observadas foram superiores as suas cargas cruzadas com os demais constructos, indicando a validade discriminante.

Tabela 40 - Matriz das cargas cruzadas da amostra portuguesa Indicadores Orientação Religiosa Valores Abertura mudança Valores Autopromoção Atitude Favorável Normas Subjetivas Controle Percebido Intenção Empreendedora ORE_1 0.896 0.135 0.197 0.200 0.052 0.184 0.225 ORE_2 0.890 0.162 0.180 0.215 0.064 0.198 0.274 ORE_3 0.898 0.150 0.261 0.219 0.081 0.220 0.268 ORI_1 0.731 0.150 0.066 0.145 0.080 0.111 0.128 ORI_3 0.828 0.200 0.177 0.151 -0.005 0.178 0.212 ORI_4 0.877 0.111 0.136 0.170 0.022 0.216 0.228 ORI_5 0.861 0.125 0.157 0.152 0.010 0.215 0.235 ORI_7 0.736 0.047 0.112 0.118 -0.004 0.195 0.161 AUTD_1 0.181 0.838 0.144 0.373 0.184 0.254 0.323 ESTM_1 0.068 0.748 0.146 0.246 0.195 0.211 0.237 ESTM_2 0.105 0.745 0.180 0.229 0.126 0.199 0.194 REAL_1 0.133 0.195 0.864 0.217 0.062 0.234 0.228 REAL_2 0.216 0.162 0.926 0.285 0.132 0.245 0.278 ATE_2 0.187 0.396 0.233 0.823 0.248 0.432 0.549 ATE_3 0.164 0.280 0.227 0.827 0.155 0.392 0.657 ATE_4 0.181 0.296 0.275 0.899 0.257 0.483 0.637 ATE_5 0.175 0.324 0.231 0.845 0.197 0.563 0.690 NSE_1 0.065 0.198 0.087 0.225 0.891 0.113 0.211 NSE_2 0.090 0.148 0.057 0.180 0.788 0.132 0.173 NSE_3 -0.036 0.193 0.135 0.217 0.801 0.149 0.196 CPE_1 0.160 0.238 0.224 0.435 0.144 0.806 0.594 CPE_2 0.217 0.338 0.306 0.685 0.204 0.708 0.711 CPE_3 0.144 0.184 0.163 0.365 0.104 0.765 0.522 CPE_4 0.146 0.146 0.125 0.194 0.004 0.734 0.381 CPE_5 0.159 0.054 0.106 0.210 0.024 0.719 0.373 CPE_6 0.178 0.232 0.195 0.392 0.142 0.794 0.518 IEL_1 0.188 0.117 0.212 0.411 0.146 0.653 0.700 IEL_2 0.231 0.312 0.240 0.724 0.193 0.600 0.808 IEL_3 0.288 0.313 0.255 0.643 0.219 0.541 0.825 IEL_4 0.212 0.313 0.207 0.656 0.214 0.534 0.873 IEL_5 0.189 0.307 0.246 0.581 0.189 0.517 0.805 IEL_6 0.184 0.270 0.237 0.634 0.187 0.590 0.887

Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Aplicou-se o critério de Fornell-Larcker, como segunda abordagem para avaliar a validade discriminante, por meio da comparação da raiz quadrada dos valores da AVE com as correlações das variáveis latentes, que pode ser visualizada por meio da Tabela 41.

O valor encontrado da AVE para a variável latente Atitude Favorável ao Empreendedorismo foi de 0,721, que tem como raiz quadrada o valor de 0,849. Considerando

que os valores quadráticos das AVE’s dos construtos latentes foram superiores aos valores das correlações infere-se que o modelo apresenta validade discriminante.

Tabela 41 – Matriz de correlações das variáveis latentes para a amostra portuguesa

Variáveis Latentes 1* 2 3 4 5 6 7 1* - Atitude Favorável ao Empreendedorismo 0.849 2 - Controle Percebido 0.553 0.755 3 - Intenção Empreendedora 0.749 0.720 0.819 4 - Normas Subjetivas 0.251 0.158 0.235 0.828 5 - Orientação Religiosa 0.208 0.228 0.264 0.046 0.842 6 - Valores de Abertura à mudança 0.379 0.288 0.335 0.218 0.163 0.778 7 - Valores de Autopromoção 0.284 0.267 0.285 0.114 0.200 0.196 0.896 AVE 0.721 0.570 0.670 0.685 0.709 0.605 0.802

Nota*: Os números indicados no cabeçalho da tabela representam as variáveis latentes indicadas na coluna respectiva (1 – Atitude..., 2 – Controle Percebido...)

Nota**: Os valores da diagonal principal representam a raiz quadrada da AVE. Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

A terceira abordagem utilizada para avaliar a validade discriminante foi a Heterotrait-Monotrait Ratio (HTMT) que trata da correlação entre dois constructos. Apresenta-se, na Tabela 42, a matriz HTMT Ratio para os constructos da amostra portuguesa. Os valores de HTMT Ratio são inferiores ao valor 0,90, sendo que o valor que correlaciona a Intenção Empreendedora e a Atitude Favorável ao Empreendedorismo é o que mais se aproxima do valor limite recomendado pela literatura, o que ocorreu, também, na amostra brasileira.

Tabela 42 - Matriz HTMT Ratio para a amostra portuguesa

Variáveis Latentes 1* 2 3 4 5 6 7 1* - Atitude Favorável ao Empreendedorismo 2 - Controle Percebido 0.578 3 - Intenção Empreendedora 0.838 0.778 4 - Normas Subjetivas 0.307 0.176 0.281 5 - Orientação Religiosa 0.225 0.244 0.279 0.089

Variáveis Latentes 1* 2 3 4 5 6 7 6 - Valores de Abertura

à mudança 0.469 0.334 0.405 0.294 0.186

7 - Valores de

AutoPromoção 0.344 0.305 0.342 0.140 0.219 0.282 Nota*: Os números indicados no cabeçalho da tabela representam as variáveis latentes indicadas na coluna respectiva (1 – Atitude..., 2 – Controle Percebido...)

Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Ademais, foram calculados os valores de HTMT para o intervalo de confiança de 95%, para testar a hipótese se HTMT <1, com a finalidade de inferir se o modelo estrutural possui validade discriminante (HENSELER, RINGLE; SARSTEDT, 2015).

As colunas rotuladas 2,5% e 97,5% expõem os limites inferior e superior do intervalo de confiança de 95% (Tabela 43), os quais todos os valores apresentados são inferiores a 1,00, ratificando a validade discriminante do modelo. Portanto, após análise das três abordagens, conclui-se que o modelo estrutural proposto tem validade discriminante.

Tabela 43 - Intervalos de confiança do HTMT da amostra portuguesa Amostra original (O) Média da amostra (M) Intervalo de Confiança 2.5% 97.5% Valores de Abertura à mudança -> Orientação

Religiosa 0.186 0.196 0.104 0.307

Valores de Autopromoção -> Orientação

Religiosa 0.219 0.223 0.124 0.329

Valores de Autopromoção -> Valores de

Abertura à mudança 0.282 0.284 0.144 0.421

Orientação Religiosa -> Atitude Favorável ao

Empreendedorismo 0.225 0.226 0.120 0.334

Valores de Abertura à mudança -> Atitude

Favorável ao Empreendedorismo 0.469 0.470 0.318 0.604

Valores de Autopromoção -> Atitude Favorável

ao Empreendedorismo 0.344 0.343 0.210 0.470

Normas Subjetivas -> Atitude Favorável ao

Empreendedorismo 0.307 0.311 0.179 0.448

Controle Percebido -> Atitude Favorável ao

Empreendedorismo 0.578 0.578 0.489 0.658

Intenção Empreendedora -> Atitude Favorável

ao Empreendedorismo 0.838 0.838 0.794 0.879

Orientação Religiosa -> Normas Subjetivas 0.089 0.115 0.066 0.182 Valores de Abertura à mudança -> Normas

Subjetivas 0.294 0.298 0.153 0.450

Valores de Autopromoção -> Normas Subjetivas 0.140 0.159 0.066 0.284 Orientação Religiosa -> Controle Percebido 0.244 0.245 0.135 0.356 Valores de Abertura à mudança -> Controle

Amostra original (O) Média da amostra (M) Intervalo de Confiança 2.5% 97.5% Valores de Autopromoção -> Controle Percebido 0.305 0.307 0.184 0.433 Normas Subjetivas -> Controle Percebido 0.176 0.199 0.102 0.326 Intenção Empreendedora -> Controle Percebido 0.778 0.778 0.722 0.830 Orientação Religiosa -> Intenção

Empreendedora 0.279 0.279 0.174 0.385

Valores de Abertura à mudança -> Intenção

Empreendedora 0.405 0.407 0.285 0.524

Valores de Autopromoção -> Intenção

Empreendedora 0.342 0.343 0.218 0.465

Normas Subjetivas -> Intenção Empreendedora 0.281 0.284 0.143 0.425 Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

A quinta etapa compreendeu a realização do Teste t de Student e a obtenção dos Coeficientes do Caminho. Quanto à avaliação do modelo estrutural e ao teste de hipóteses, observou-se a significância das relações no modelo, ao nível de significância de 5%.

Ao analisar os caminhos estruturais em relação a orientação religiosa, verificou-se quatro relações estatisticamente significantes, posto que a variável Orientação Religiosa influenciou os Valores de Autopromoção ( = 0.200 e p value = 0.000 ), os Valores de Abertura à Mudança ( = 0.163 e p value = 0.002), a Atitude Favorável ao Empreendedorismo ( ( = 0.197 e p value = 0.000) e o Controle Percebido do Empreendedorismo ( =0.221 e p value = 0.000).

Verificou-se, também, relação estatisticamente significante entre a Atitude Favorável ao Empreendedorismo e a Intenção Empreendedora ( = 0.483 e p value = 0.000). O Controle Percebido do Empreendedorismo, também, exerceu uma influência positiva com a variável Intenção Empreendedora, porém com menor intensidade ( = 0.426 e p value = 0.000). Dessa forma, depreende-se que apenas as variáveis observadas Atitude Favorável ao Empreendedorismo e Controle Percebido do Empreendedorismo exerceram influência sobre a Intenção Empreendedora.

As Normas Subjetivas de Reconhecimento ao Empreendedorismo exerceram influência na Atitude Favorável ao Empreendedorismo ( = 0.242 e p value = 0.000) e no Controle Percebido do Empreendedorismo ( = 0.148 e p value = 0.000).

A análise do modelo revelou caminhos significantes entre alguns construtos. Na tabela 44 são apresentados os valores para os coeficientes estruturais, t value, p value,

considerando o relacionamento entre todas as variáveis do modelo e os coeficientes de regressão padronizados.

Tabela 44 - Indicadores estruturais finais da amostra portuguesa Relação Estrutural Coeficiente

estrutural T Value P Value Valor Observado Orientação Religiosa ->

Valores de Autopromoção 0.200 4.147 0.000 Houve influência Orientação Religiosa ->

Valores de Abertura à mudança

0.163 3.165 0.002 Houve influência

Orientação Religiosa ->

Atitude Empreendedora 0.197 4.097 0.000 Houve influência Orientação Religiosa ->

Normas Subjetivas 0.046 0.824 0.410

Não houve influência Orientação Religiosa ->

Controle Percebido 0.221 4.294 0.000 Houve influência Orientação Religiosa -> Intenção Empreendedora 0.061 1.953 0.051 Não houve influência Valores de Autopromoção -> Intenção Empreendedora 0.016 0.476 0.634 Não houve influência Valores de Abertura à mudança -> Intenção Empreendedora 0.007 0.225 0.822 Não houve influência Atitude Empreendedora ->

Intenção Empreendedora 0.483 13.629 0.000 Houve influência Normas Subjetivas ->

Intenção Empreendedora 0.040 1.289 0.197

Não houve influência Normas Subjetivas -> Atitude

Empreendedora 0.242 4.440 0.000 Houve influência

Normas Subjetivas ->

Controle Percebido 0.148 2.380 0.017 Houve influência Controle Percebido ->

Intenção Empreendedora 0.426 12.680 0.000 Houve influência Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).

Por meio do modelo estrutural para a amostra portuguesa, obtiveram-se as seguintes conclusões:

a) A relação entre os constructos orientação religiosa e valores de autopromoção foi suportada (t value >1,96 e p value < 0,05), no entanto, a influência é positiva ( = 0.200).

b) A influência positiva da orientação religiosa nos valores de abertura à mudança, também, foi suportada (t value >1,96 e p value < 0,05),

c) A orientação religiosa exerceu influência positiva sobre a atitude favorável ao empreendedorismo (t value >1,96, p value < 0,05 e = 0.197).

d) A relação entre os constructos orientação religiosa e normas subjetivas de reconhecimento ao empreendedorismo não foi suportada (t value <1,96 e p value > 0,05).

e) A orientação religiosa influenciou positivamente o controle percebido do empreendedorismo (t value >1,96, p-value < 0,05 e = 0.221).

f) A relação entre os constructos orientação religiosa e intenção empreendedora não foi suportada (t value <1,96 e p value > 0,05).

g) As relações entre os constructos valores de autopromoção e valores de abertura à mudança e intenção empreendedora não foram confirmadas (t value <1,96 e p value > 0,05).

h) A atitude favorável ao empreendedorismo teve influência positiva na intenção empreendedora de estudantes universitários (t value >1,96, p value < 0,05 e = 0.483).

i) A relação entre os constructos: normas subjetivas e intenção empreendedora de estudantes universitários não foi suportada (t value <1,96 e p value > 0,05)

j) As normas subjetivas exerceram influência positiva sobre a atitude favorável ao empreendedorismo (t value >1,96, p value <0,05 e = 0.242) e o controle percebido do empreendedorismo (t value >1,96, p value <0,05 e = 0.148). k) A relação entre os constructos controle percebido do empreendedorismo e intenção empreendedora foi confirmada (t value >1,96, p value <0,05 e = 0.426) Os achados do modelo estrutural da amostra portuguesa evidenciaram que a orientação religiosa influenciou, positivamente, os valores pessoais de autopromoção e de abertura à mudança, apesar de se esperar uma influência negativa a partir dos resultados apresentados pela literatura. Tais resultados não foram verificados na amostra brasileira, evidenciando que os contextos culturais influenciam tanto na motivação religiosa quanto nos valores pessoais.

Assim como no contexto brasileiro, a orientação religiosa influenciou a atitude favorável ao empreendedorismo e o controle percebido do empreendedorismo dos estudantes universitários portugueses, mas com maior intensidade. Logo, verificou-se a importância da motivação religiosa intrínseca e extrínseca, indicando que quanto maior a orientação religiosa maior a atitude favorável ao empreendedorismo e o controle percebido do empreendedorismo

Devido ao diferente poder de explicação do constructo orientação religiosa nas amostras brasileira e portuguesa, depreende-se que as formas intrínseca e extrínseca da tradição religiosa vivenciada pelos estudantes da amostra brasileira e portuguesa são distintas,

devido ao pluralismo religioso e cultural, embora a matriz religiosa brasileira seja oriunda da matriz portuguesa.

No que concerne aos valores pessoais, não foi verifica influência dos valores de autropromoção e de abertura à mudança na intenção empreendedora dos estudantes universitários portugueses. Depreende-se que tais valores não motivam os estudantes portugueses a tencionar a carreira empreendedora, contrapondo os achados da amostra brasileira, em que os valores de abertura à mudança dos estudantes universitários os motivam para o empreendedorismo.

Em relação aos antecedentes motivacionais à intenção empreendedora, as mesmas relações foram verificadas em ambas as amostras, mas com intensidades diferentes. A atitude favorável ao empreendedorismo influenciou positivamente a intenção empreendedora dos estudantes universitários portugueses, com menor intensidade que na amostra brasileira. O controle percebido do empreendedorismo influenciou positivamente a intenção empreendedora dos estudantes portugueses, com maior intensidade quando comparados aos estudantes que compõem a amostra brasileira. Infere-se que os estudantes portugueses têm maior percepção quanto às suas competências empreendedoras que os estudantes brasileiros, e quanto maior o reconhecimento de habilidades e competências maior a intenção empreendedora dos estudantes universitários portugueses.

As normas subjetivas de reconhecimento do empreendedorismo influenciaram a atitude favorável ao empreendedorismo e o controle percebido do empreendedorismo dos estudantes universitários portugueses, porém com menor intensidade, ao comparados com a amostra brasileira. Ratifica-se o efeito indireto de tal constructo na intenção empreendedora, devido à influência dos referentes sociais influencia nos demais antecedentes motivacionais à intenção empreendedora.

A etapa seguinte refere-se à análise da relevância preditiva do modelo, verificada por meio do indicador de Stone-Geisser (Q²) e do tamanho do efeito do modelo. Por meio da Tabela 45, observou-se que os valores de Q² foram maiores que zero para todos os constructos, e que a variável mais explicada no modelo foi a Intenção Empreendedora (Q² = 0.433). Em relação ao tamanho do efeito (f²), os constructos

Os constructos Orientação Religiosa (f² =0.600), Atitude Favorável ao empreendedorismo (f²= 0.503), Controle Percebido do Empreendedorismo (f² =0.393), Normas Subjetivas de Reconhecimento ao Empreendedorismo (f² =0.361), e Valores de Autopromoção (f² =0.351) apresentaram maior poder de explicação no modelo (f² >0.035), e consequentemente, grande efeito sobre a intenção empreendedora. Enquanto o constructo

Valores de Abertura à mudança (f² =0.237) apresentou efeitos médios (0,15≤ f ² ≤ 0,35) sobre a intenção empreendedora

Tabela 45 - Indicadores da validade preditiva (Q²) e do tamanho do efeito (f²) da amostra portuguesa

Constructo (Variável Latente) CV RED (Q²) CV COM (f²)

Atitude Favorável ao Empreendedorismo 0.068 0.503

Controle Percebido 0.035 0.393

Intenção Empreendedora 0.433 0.518

Normas Subjetivas 0.001 0.361

Orientação Religiosa 0.600

Valores de Abertura à mudança 0.011 0.237

Valores de Autopromoção 0.029 0.351

Fonte: Elaborada pela autora com SmartPLS (2019).