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Modelo de Kolmogorov e Duplishcheva (1992) – “Velocity Perturbation Method”

6. Métodos de avaliação da força de arrasto hidrodinâmico em nadadores

6.3 Desenvolvimento de vários métodos de avaliação da força de arrasto hidrodinâmico ativo

6.3.5 Modelo de Kolmogorov e Duplishcheva (1992) – “Velocity Perturbation Method”

Kolmogorov & Duplishcheva (1992) estabeleceram outro método para determinar a força de arrasto hidrodinâmico durante o nado efetivo. A este novo método chamaram-lhe “Velocity Perturbation Method” (VPM) – método de perturbação da velocidade (Toussaint & Truijens, 2005) sendo também conhecido como “method of small perturbations” – método das pequenas perturbações.

Figura 30: Representação do corpo hidrodinâmico usado no VPM. 1-Porção flutuante; 2-linha de água; 3- orifício de enchimento; 4-suporte do cilindro; 5-locais de ancoragem do cabo; 6-cilindro hidrodinâmico (adaptado de Vilas-Boas et al., 2001).

Nesta abordagem, os sujeitos nadavam um percurso de 30 m completo duas vezes à máxima velocidade. O primeiro percurso era realizado livremente, sem qualquer corpo hidrodinâmico complementar acoplado e no segundo, tinha por base a acoplagem ao nadador de um corpo que produzia um arrasto adicional conhecido (figura 30), sendo comparadas as situações com e sem corpo hidrodinâmico rebocado. Para ambos os percursos, a velocidade média era calculada.

Partindo do princípio de que em ambos os percursos a potência mecânica para ultrapassar a força de arrasto hidrodinâmico é máxima e constante, a força de arrasto hidrodinâmico pode ser determinada tendo em conta a diferença na velocidade de nado.

Ao contrário das técnicas de interpolação e do MAD-system que exigiam procedimentos experimentais complicados e dispendiosos, o método da perturbação da velocidade apenas requer o uso de um corpo hidrodinâmico e de um cronómetro para avaliar a força de arrasto hidrodinâmico ativo. Para além disso, esta abordagem pode ser aplicada para calcular a força de arrasto hidrodinâmico ativo nas quatro técnicas de nado. Os outros métodos apenas permitem ser aplicados à técnica de nado “Crol” (p.e. MAD-system,

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Hollander et al., 1986) apresentando o nadador algumas limitações de nado, uma vez que os MI não eram tidos em conta, encontrando-se suspensos por um pull-buoy (Marinho et al., 2010a).

Por conseguinte, o método de perturbação da velocidade parece representar um procedimento simples mas fiável para avaliar a força de arrasto hidrodinâmico ativo em jovens nadadores.

Toussaint, Ross & Kolmogorov (2004) avaliaram as diferenças na força de arrasto hidrodinâmico ativo medido com o MAD-system (Hollander et al., 1986) e o método de perturbação da velocidade (Kolmogorov & Duplishcheva, 1992) e relataram que a principal razão para a diferença na força de arrasto hidrodinâmico ativo foi devida a uma desigual potência mecânica no nado “livre” relativamente ao nado com o corpo hidrodinâmico acoplado no método de perturbação da velocidade.

Uma comparação dos dois métodos descritos anteriormente sugere que os resultados de arrasto são idênticos desde que o pressuposto de potência mecânica igual seja respeitado no método de VPM (Toussaint et al., 2004).

Exemplo de estudos utilizando o método de perturbação da velocidade (VPM)

Marinho et al. (2010a) realizaram um estudo recorrendo ao “VPM” para determinar se 8 semanas de treino poderiam afetar a força de arrasto hidrodinâmico ativo em jovens nadadores.

A força de arrasto hidrodinâmico ativo foi calculada de acordo com os procedimentos do método de perturbação da velocidade, aplicado apenas na técnica de Crol, sendo avaliada a velocidade de nado durante 13m (entre os 11 e os 24m desde a partida).

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Figura 31: Representação esquemática do método de perturbação da velocidade (adaptado de Marinho et al., 2010a).

Nas figuras seguintes (32, 33 e 34) é possível constatar os valores da velocidade de nado, força de arrasto hidrodinâmico e coeficiente de arrasto para a totalidade da amostra, bem como, para raparigas e rapazes em ambos os momentos (no início e após 8 semanas de treino).

Figura 32: Valores médios e desvio padrão da velocidade de nado para a totalidade da amostra, raparigas e rapazes em ambos os percursos (adaptado de Marinho et al., 2010a).

Figura 33: Valores médios e desvio padrão da força de arrasto hidrodinâmico para a totalidade da amostra, raparigas e rapazes em ambos os percursos (adaptado de Marinho et al., 2010a).

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Figura 34: Valores médios e desvio padrão do coeficiente de arrasto para a totalidade da amostra, raparigas e rapazes em ambos os percursos (adaptado de Marinho et al., 2010a).

Contudo, não foram registadas diferenças significativas. A velocidade de nado aumentou entre os dois momentos, correspondendo a um aumento de 1.53 ±0.07% para a totalidade da amostra e a média da força de arrasto hidrodinâmico ativo (força de arrasto hidrodinâmico e coeficiente de arrasto) diminuiu quer nos rapazes, quer nas raparigas mas, essas diferenças corresponderam a apenas um decréscimo de 5.34 ±0.46% e 8.82 ±0.83% para a totalidade da amostra, considerando respetivamente a força de arrasto hidrodinâmico e o coeficiente de arrasto.

Mais, não foram registadas diferenças significativas entre rapazes e raparigas em ambos os momentos contudo, as raparigas tendem a apresentar valores de força de arrasto hidrodinâmico ativo inferiores (p> 0.05), bem como, velocidades de nado também menores (1º momento: 0.15 ±0.06 m.s-1 de diferença; 2º momento: 0.13 ±0.05 m.s-1; p <0.05).

Num estudo realizado por Ribeiro et al. (2008), com o propósito de estabelecer relações entre o coeficiente de arrasto passivo e ativo e a performance de nado nas 4 técnicas, recorreram ao método de perturbação da velocidade e concluíram que o CDa foi

significativamente mais elevado nos homens nas técnicas de Crol e Costas do que nas mulheres, em contrapartida não foram observadas diferenças no CDp entre géneros.

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Figura 35: Valores médios e desvio padrão do CDa e CDp nas quatro técnicas de nado (p≤ 0.05) (adaptado de

Ribeiro et al., 2008).

Foi também descoberto que o CDa na técnica de Bruços foi significativamente mais

elevado do que nas outras três técnicas. Não foi verificada nenhuma relação significativa entre o CDa das diferentes técnicas e a performance de nado. Todavia, na técnica de Costas,

uma correlação significativa e positiva (r=0.81, p≤0.05) foi verificada entre o CDp e a

performance de nado.

As diferenças no CDa entre géneros observadas nas técnicas de Crol e Costas parecem

não ser devidas às diferenças no tamanho e/ou composição corporal (não se verificaram diferenças no CDp entre géneros) mas sim, resultado dos distintos níveis da habilidade técnica

de nado.

O elevado valor relativo do CDa obtido na técnica de bruços reflete a menor qualidade

da posição hidrodinâmica inerente a esta técnica. A falta de correlações significativas entre o CDa das quatro técnicas e a performance de nado parecem indicar que CDa não é um fator

influenciador decisivo no nado à máxima velocidade. A correlação significativa entre o CDp e

a performance na técnica de nado poderia ser explicada pelo fato dos mais largos e robustos nadadores, com elevados valores de CDp, serem aqueles que atingiram velocidades mais

elevadas, devido a uma maior capacidade propulsiva e não à forma hidrodinâmica do corpo.