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2 FUNDAMENTOS DA TEORIA ECONÔMICA EM PROCESSOS DE ESCOLHA

4.3 Resultados econométricos: Modelo não-linear probit

4.3.1 Modelo de Preferência revelada

A teoria da preferência revelada explica que é possível descobrir as preferências do consumidor a partir da observação de seu comportamento real e pressupõe que o consumidor é capaz de comparar, pelo grau de desejabilidade, cestas alternativas de bens e determinar a ordem de preferência entre elas. Com a aplicação desta teoria é possível determinar a importância relativa que os consumidores dão aos atributos e à utilidade associada aos mesmos.

Com o objetivo de mensurar a Preferência Revelada optou-se por estimar o modelo conforme metodologia utilizando todos os atributos propostos no questionário. A inclusão dos atributos considerados na pesquisa em uma mesma regressão resulta em:

O resultado sugere que os atributos Informação(Inf), Renda(Rd), Expectativa de Rendimento(Exp), Prazo(Pz) e Idade(Id) e possuem relação positiva com a probabilidade do investidor adotar uma postura agressiva frente às decisões de investimentos. O atributo que mais impacta na probabilidade de propensão ao risco, ou seja, aquele com o maior coeficiente estimado, é o nível de informação, na seqüência tem-se o nível de renda, as expectativas de rendimento, o prazo considerado na aplicação dos recursos e a variável de menor impacto positivo é a Idade(Id) com um coeficiente de apenas 0,02.

Quanto à variável com sinal negativo, os resultados obtidos sugerem uma relação inversa da probabilidade de propensão ao risco em relação ao nível de escolaridade (Form). Desta forma os indivíduos participantes da pesquisa que indicam possuir maiores índices em termos de nível de escolaridade, revelam como preferidos, ativos que representam baixos níveis de risco.

A análise do nível de renda como uma das variáveis de maior impacto na probabilidade de propensão ao risco é condizente com a teoria do prêmio de risco onde a aversão absoluta ao risco reduz à medida que aumenta a renda.

A teoria da utilidade esperada explica que ao observar um agente que possui uma curva de utilidade de riqueza esperada de comportamento convexo, ou seja, um indivíduo propenso ao risco, aumentos na riqueza implicam em aumentos cada vez maiores na utilidade. Para o agente avesso ao risco, este possui uma curva de utilidade de riqueza esperada de comportamento côncavo, e aumentos na riqueza implicam em aumentos cada vez maiores na utilidade. Ao associar os resultados obtidos quanto à variável renda (uma proxy da riqueza) com tal teoria também se constatou que à medida que aumenta a renda aumenta a probabilidade de o indivíduo comporta-se como investidor propenso ao risco. Porém, aumentos na renda implicam em aumentos na utilidade marginal deste investidor em taxas decrescentes.

5 CONCLUSÕES

O objetivo desta monografia foi verificar quais características ou atributos que promovem impacto, e em que medida, na probabilidade de os agentes comportarem-se como investidores propensos ao risco.

A identificação de fatores que explicam a alocação de ativos dos investidores na economia é importante para as instituições financeiras, pois são utilizados como referência no momento de fazer a melhor orientação de investimento ao cliente considerando aspectos não apenas como rentabilidade do tipo de aplicação oferecida, mas as características inerentes ao investidor que determinam o seu perfil de risco, ou seja, qual o nível de risco que o mesmo deseja assumir na escolha dos ativos que irão compor seu portfólio de investimentos. A correta identificação do perfil de risco do investidor evita que os bancos indiquem produtos inadequados aos seus clientes apenas para cumprir as metas de captações.

A relação positiva obtida na estimação do modelo geral propõe que agentes com mais idade, maior nível de renda, que permanecem com seus recursos aplicados por um maior espaço de tempo, que demonstram interesse por um maior número de informações relacionadas ao mercado e possuem maiores expectativas de rendimento revelam como preferidos ativos com elevado nível de risco no processo de escolha para compor sua carteira de investimentos.

O atributo de impacto negativo na probabilidade de propensão ao risco, o nível de escolaridade, sugere que indivíduos com maiores níveis neste atributo revelam como preferidos ativos com menores níveis de risco.

Em geral estudos sobre o tema apontam para uma relação negativa entre idade e probabilidade de propensão ao risco, esta não foi a constatada nos resultados da presente pesquisa. O fato pode ser explicado pela maior experiência adquirida à medida que aumenta a idade e assim o agente sente-se com mais confiança para adotar uma postura mais agressiva ao investir no mercado de capitais.

O nível de informação, uma das variáveis explicativas do modelo, também apresentou relação positiva. Tal resultado pose ser justificado pela necessidade de elevado nível de informação quando o indivíduo investe em ativos de maior risco.

A relação positiva apresentada quanto à variável renda, nos modelos de probabilidade linear e não linear (probit) é coerente com estudos que argumentam que um indivíduo ao possuir maior renda permite-se mais facilmente incorrer em perdas em seus investimentos.

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