• Nenhum resultado encontrado

1. Moldura Concetual e Modelos Atuais de Intervenção do Serviço Social nos CSP

1.3. Modelos de Intervenção Sistémica nos CSP

1.3.4. Modelo de Quatro Sistemas

Pincus e Minaham (cit. por Campanini,A.1991) defendem que as pessoas dependem de sistemas no seu meio social, por isso o SS deve atuar nesses sistemas.

38 Estes dois autores referem 3 tipos de sistemas em que as pessoas estão inseridas, como os informais ou naturais (família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho); formais (grupos comunitários, associações e sindicatos); societais (hospitais, escolas e empresas).

O Assistente Social procura quais são as interações dos seus clientes com estes sistemas que estão a causar problemas, considerando-se deste modo que não são nem a pessoa nem o meio a causa dos problemas, o que é necessário mudar é a interação entre eles.

Pincus e Minaham procuram uma alternativa à ideia de que os Assistentes Sociais se especializam numa só dimensão do sistema: o indivíduo, o grupo ou a comunidade. Por isso, também referem o seu modelo como integrado, ou seja o assistente social deve intervir em todos os níveis do sistema de forma integrada.

Sendo assim incluem-se nas ideias do movimento de reconceptualização, iniciado na América Latina nos anos 70 do século passado que propunham um método único para o SS chamado método integrado o qual abarca todas as dimensões, individual, de grupo e a comunitária.

Estes autores referem ainda os quatro sistemas sobre os quais se baseia a prática dos Assistentes Sociais:

 O sistema agente de mudança constituído pelas organizações e pelos assistentes sociais que nelas trabalham;

 O sistema do cliente, constituído pelas pessoas, famílias, grupos e comunidades que procuram ajuda e se envolvem com o sistema agente de mudança;

 O sistema - alvo, constituído pelas pessoas, ou grupos, ou instituições que o assistente social vai tentar mudar ou influenciar para atingir os seus objetivos;

 O sistema de ação, constituído por pessoas, grupos e instituições com quem o assistente social trabalha em conjunto para atingir os objetivos.

A relação com estes sistemas pode ser de colaboração quando o objetivo é comum, de negociação quando é necessário chegar a um acordo para uma estratégia e de conflito quando os objetivos e estratégias são opostos.

A metodologia utlizada neste modelo desenvolve-se nas seguintes fases:  Avaliar problemas definir objetivos e estratégias:

 Recolher informação, por observação direta ou outros métodos;  Estabelecer relações com o sistema-cliente;

39  Influenciar os sistemas de ação no sentido da mudança.

A teoria dos sistemas esteve na base de um desenvolvimento importante ao SS foi a problemática das redes sociais. Para alguns autores a rede social era:

“ a soma de todas as relações que um indivíduo percebe como significativas, ou define como diferenciadas da massa anónima da sociedade” (Sluzki,1996:42).

Este também contribui com a elaboração de um instrumento para a análise das redes sociais chamado mapa de rede.

O Assistente Social procura desenvolver os laços de interdependência entre os membros da rede primária (família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho) que podem contribuir para diminuir o isolamento das pessoas com diferentes patologias, melhorar as suas competências sociais e prestar-lhes apoio e suporte social a fim de evitar situações de risco.

Para concluir, diria que, de acordo com a visão sistémica, tanto as redes primárias, como as secundárias têm as suas próprias regras de interação e de comunicação, e a tarefa do assistente social é fazer a ligação entre elas, nomeadamente, a tradução entre linguagens diferentes, abrir canais de comunicação e de partilha de informação, facilitar a expressão das necessidades das redes primárias e a adequação das respostas das redes secundárias.

As redes secundárias informais, incluem grupos de utentes, de auto-ajuda, associações de pais, organizações de solidariedade social, grupos recreativos ou culturais, tem um papel cada vez mais relevante no desenvolvimento na participação dos cidadãos na construção da comunidade na defesa dos seus direitos e na procura de soluções para os seus problemas.

O Assistente Social tem que ser visto como um parceiro facilitador de recursos, fazer advocacia em favor das pessoas que têm menos poder de abrir caminhos para uma cidadania ativa, ele não pode ser visto como que estando fora do sistema mas sim como um dos seus elementos catalisadores do processo de mudança.

Quando este tenta utilizar a Teoria Sistémica na análise de determinadas situações, deve procurar um quadro de compreensão ao nível dos processos de intervenção que passam obrigatoriamente pela existência de:

Interação, porque toda a relação implica uma resposta (retroação), que influencia o comportamento do sujeito, por isso para compreender a pessoa esta tem que estar em inter- relação com o meio. A causa dos problemas está na interação com o seu meio ou seu contexto familiar e social;

40

Contexto familiar, profissional e social na génese e na resolução dos problemas exige

uma perspetiva global que o serviço social tem que adotar, tanto no diagnostico como na intervenção;

Mudança, um dos pilares da intervenção que pode ser de tipo 1 que é quando se

eliminam os sintomas (os problemas), sem mudar a estrutura relacional, e de tipo 2 que é quando se transforma a estrutura do sistema para atingir um novo equilíbrio, que permita fazer face a novas situações;

Equilíbrio dinâmico que tem que existir entre a homeostase e transformação, entre

estabilidade e mudança. A estabilidade nos sistemas19 humanos é necessária para que se mantenha a sua coesão e continuidade;

É importante a definição da estrutura da família, relativamente aos conceitos de subsistemas, alianças, coligações, regras e papeis familiares só assim é possível a análise da situação de famílias e grupos;

É imprescindível a localização da família e/ou grupo na sua fase do Ciclo Vital, e avaliar a sua evolução no ciclo de vida em fases ou estádios, os quais cada um tem as suas regras próprias e separadas por momentos de crise que operam a transição entre as diferentes fases. Só assim é possível compreender o desenvolvimento das pessoas, das famílias e grupos, tendo em conta a passagem do tempo;

 Nos momentos de mudança em que se alteram as regras relacionais e a organização do sistema (a pessoa, a família, o grupo, a comunidade) pose surgir uma crise;

Comunicação disfuncional, quando a mensagem recebida difere da mensagem

enviada pela existência de perturbações no processo de transmissão da informação, por confusão, contradição, paradoxo ou desqualificação. A comunicação disfuncional é um fator importante da dinâmica relacional, quer das famílias, quer das organizações ou da comunidade.

As vantagens da utilização da abordagem sistémica pelos AS na área da saúde, são significativas porque permite uma visão global da realidade bem como trousse conceitos que

19 Sistema: Um sistema pode ser definido como um conjunto complexo de elementos organizados em subsistemas delimitados por

fronteiras, entre os quais é trocada energia e informação, de acordo com as regras de funcionamento da sua estrutura, que se move em direção a finalidades e está em constante evolução. Um sistema fechado não permite o contacto com o exterior através das fronteiras, mas este modelo não é adequado às ciências humanas. Só os sistemas abertos, que estão em permanente troca de energia e informação com o seu meio e contexto, permitem explicar a realidade social”. (Fazenda, 2008:122)

41 permitiram aprofundar e enriquecer essa perspetiva abrangente que já era usual no serviço social.

“Não quer dizer que o Serviço Social se deva transformar numa intervenção terapêutica ou que os Assistentes Sociais devam todos fazer Terapia Familiar”, (Fazenda,2008:125).

Todos concordamos quando dizemos que pensar de forma sistémica implica um novo mapa mental que alarga o campo de análise dos problemas aos diversos níveis, individual, familiar e social bem como as inter-relações entre eles.

42

CAPÍTULO IV

43

Documentos relacionados