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5. MODELO DE GESTÃO DA RSC: O CASO DA COELBA

5.3 O MODELO DE RSC DA COELBA

O Modelo de Gestão da RSC da COELBA tem como base conceitual os princípios do Instituto Ethos, e é estruturado a partir do Balanced Scorecard e do Mapa de

Processos da empresa. Este modelo baseia-se na premissa de que os impactos socioambientais da empresa ocorrem como conseqüência das suas atividades. Inicialmente, o modelo identifica as atividades dos processos com os maiores impactos socioambientais e, posteriormente, define indicadores e ações para gestão desses impactos. Esses impactos são classificados segundo as frentes de atuação do Programa Energia para Crescer: público interno, fornecedores, meio ambiente, sociedade e clientes (Quadro 3). Cada um dos itens de classificação representa a natureza dos impactos socioambientais gerados pelas atividades da empresa. Os itens de classificação também são desdobrados em aspectos específicos.

Quadro 3 - Classificação dos impactos socioambientais avaliados pela COELBA. Fonte: Dados da pesquisa

O modelo de RSC da COELBA contempla o desenvolvimento de ações agrupadas em cinco etapas (Figura 8), que são: i) priorização dos processos; ii) definição dos indicadores de gestão; iii) adequação dos documentos normativos; iv) adequação dos orçamentos de custeio e de investimento; v) gerenciamento dos impactos socioambientais.

ETAPA 1 – Priorização dos Processos: Um trabalho de responsabilidade social,

pela sua própria natureza, normalmente está sujeito a limitações de recursos e, por conta disto, a primeira etapa do modelo identifica os processos mais críticos para efeito de gestão dos impactos socioambientais. Essa etapa compreende três atividades: DEFINIR MECANISMOS PARA COLETA DASINFORMAÇÕES IDENTIFICAR DESPESAS/ INVEST A SEREM GERENCIADOS IMPLEMENTAR OS MECANISMOS PARA COLETA DASINFORMAÇÕES IMPLEMENTAR SISTEMÁTICA PARA GESTÃO

DOS IMPACTOS DEFINIR SISTEMÁTICA PARA GESTÃO DOS IMPACTOS GERENCIAR OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ETAPA 5 ETAPA 4 PRIORIZAR OS PROCESSOS, SEGUNDO Nº DE IMPACTOS ALTOS MAPEAR OS IMPACTOS DE TODOS OS PROCESSOS SELECIONAR O PROCESSO A SER ESTUDADO ESTUDAR OS MAIORES IMPACTOS DO PROCESSO DEFINIR UMA LISTA BÁSICA DE INDICADORES SELECIONAR OS INDICADORES PARA O PROCESSO EM ESTUDO ANALISAR ADEQUAÇÃO DOS DOCUMENTOS NORMATIVOS IDENTIFICAR OS DOCUMENTOS NORMATIVOS ADEQUAR OS DOCUMENTOS NORMATIVOS ETAPA 1 ETAPA 3 ETAPA 2

Figura 8 - Fluxograma do Modelo de RSC da COELBA. Fonte: Dados da pesquisa

1. Mapear os impactos dos Processos: Os processos organizacionais são analisados e classificados de acordo com a intensidade do impacto causado por suas atividades nas frentes de atuação do Programa de RSC: nenhum tipo de impacto, baixo impacto (b) e alto impacto (A). Os impactos socioambientais gerados pelas atividades dos processos também são classificados em função de sua natureza, conforme referências descritas no Quadro 3, como por exemplo: Qualidade de Vida (QV), Informações (IF), Cultura (CT) etc. O Quadro 4 apresenta um dos processos da Coelba submetido a esse procedimento.

Quadro 4 - Exemplo de Mapeamento dos Processos da COELBA. Fonte: dados da pesquisa

2. Ordenar os Processos: Os processos são ordenados segundo a quantidade de impactos gerados por suas atividades. Aqueles processos que apresentam altos impactos são ordenados em uma escala classificatória, conforme Gráfico 1. No gráfico, o eixo das abscissas é representado pelos processos da empresa (SR01, GS01, etc.) e o eixo das ordenadas pela quantidade de impactos socioambientais identificados nesses processos.

3. Selecionar os Processos Prioritários: Nesta etapa é utilizada uma “Matriz de Seleção” (Quadro 5), para possibilitar a priorização dos processos. A lógica dessa Matriz é que os processos podem ser priorizados segundo o número de impactos altos (passo anterior) e pelo o número de estratégias que ocorrem através dos processos:

Número de Impactos Altos: um grande número de impactos altos das atividades do processo sobre os aspectos socioambientais está relacionado à eficiência de gestão, já que a gestão desse processo implicará no controle de um grande número de impactos.

Nº. de Estratégias Impactadas: quanto maior o número de Estratégias Organizacionais impactadas pelo processo em questão, maior a importância e a abrangência dos benefícios advindos de melhorias da gestão do processo. Para isto, a Coelba dispõe de uma Matriz de Relacionamento entre Estratégias Organizacionais e Processos Organizacionais.

Gráfico 1 - Ordenamento dos Processos da COELBA segundo o número de altos impactos socioambientais.

Quadro 5 - Exemplo de utilização da Matriz de Seleção. Fonte: Dados da pesquisa

Como resultado, ao final das atividades estabelecidas na Etapa 1, os seguintes processos foram priorizados: GS01- Efetuar a Gestão Estratégica; VR01- Planejar, Ampliar e Melhorar a Rede; SR01- Operar, Gerenciar Incidências e Manter a Rede; SM04- Realizar Novas Ligações e GS07- Gerenciar Empreiteiras.

ETAPA 2 – Definição dos Indicadores de Gestão: Essa etapa define, para cada

uma das atividades dos processos organizacionais, indicadores que permitem gerenciar seus respectivos impactos socioambientais. Essa fase compreende em três atividades a seguir:

1. Definir lista de indicadores: O objetivo é selecionar indicadores de desempenho existentes e que possam ser utilizados para a gestão dos impactos socioambientais mapeados. Essa seleção é realizada a partir dos indicadores existentes no Balanço Social e Ambiental, no Questionário ETHOS e no Balanced Scorecard. A partir desta seleção, os principais indicadores são correlacionados às categorias de impactos socioambientais mostrados no Quadro 1. O Quadro 6 mostra uma parte da lista de indicadores identificados e correlacionados seguindo a metodologia descrita.

Alto = 3 ptos Médio = 2 ptos Baixo = 1 pto SR01 GS01 VR01 GS02 SM01 Nº de Impactos "Altos" sobre aspectos de responsabilidade socioambiental >=40 >=20 <20 3 3 3 2 2 Nº de Estratégias (BSC) impactadas pelo processo >=5 Estrat >=3 Estrat < 3 Estrat 2 3 3 2 1 Pontuação Total (para

Priorização) Somatório 5 6 6 4 3

CRITÉRIOS PARA PRIORIZAÇÃO

2. Estudar os maiores impactos socioambientais do processo: Nessa atividade se identifica a natureza do controle a ser implementado para a gestão dos impactos socioambientais gerados pelo processo. Nessa etapa são considerados apenas os impactos mapeados e sinalizados como de alta intensidade. A Figura 9 apresenta o exemplo de um processo da COELBA submetido a esse procedimento.

Figura 9 - Impactos Socioambientais das atividades do Processo VR01. Fonte: dados da pesquisa

3. Selecionar os indicadores para gestão dos impactos socioambientais do

processo: Para os impactos estudados de cada atividade, são definidos Quadro 6 - Parte da lista básica de indicadores.

indicadores de gestão, a partir da lista básica de indicadores dos processos. No final desta etapa, obtêm-se uma relação dos indicadores a serem controlados e os processos (e atividades) que devem ser gerenciados para identificação de oportunidades de melhorias, do ponto de vista socioambiental. No Quadro 7 podem ser visualizados alguns indicadores selecionados para esse fim (Resultados da Pesquisa de Clima, Custo de Poda de Árvore, etc.) e os processos da Coelba aos quais estão vinculados (Processo GS01, Processo Vr01, etc.).

ETAPA 3 – Adequação dos Documentos Normativos: Esta etapa inclui a revisão

dos documentos normativos relativos às atividades dos processos organizacionais. A Coelba dispõe de um sistema informatizado para gestão dos documentos normativos (Sistema para Gestão de Normativos-SGN) que disponibiliza os documentos por tema, por área, por processos e atividades. Nessa etapa é avaliada a necessidade de ajustes nos procedimentos operacionais relacionados aos processos prioritários (Etapa 1 - atividade 3), com o propósito de mitigar os impactos socioambientais identificados. Esta etapa está dividida em três atividades: identificação dos documentos normativos, análise da adequação dos documentos normativos e adequação dos documentos normativos.

Quadro 7 - Parte da lista de indicadores socioambientais dos processos Fonte: Dados da pesquisa

Atividades da terceira Etapa:

1. Identificar os documentos normativos: identifica os documentos normativos relativos às atividades dos processos organizacionais, iniciando pelos processos prioritários – atividades com alto impacto socioambiental.

2. Analisar adequação dos documentos normativos: avalia se os documentos normativos existentes consideram ações de prevenção/correção dos respectivos impactos socioambientais.

3. Adequar os documentos normativos: ajusta os documentos normativos que não estejam adequados para a gestão dos impactos socioambientais.

ETAPA 4 – Adequação dos Orçamentos de Custeio e de Investimento: O

objetivo desta etapa é inserir, nos orçamentos de custeio e de investimento, mecanismos que permitam extração automática de informações relativas aos valores despendidos com responsabilidade socioambiental. A etapa é composta por três atividades conforme abaixo demonstrado.

Atividades da quarta Etapa:

1. Identificar as despesas e os investimentos a serem gerenciados: identifica as despesas e investimentos considerados no Balanço Social e Ambiental, e/ou no Questionário ETHOS e/ou no Balanced Scorecard.

2. Definir mecanismos para coleta das informações: verifica quais informações de custeio e investimento já são disponibilizadas e, para as demais, define mecanismo específico para coleta das informações. Cada uma das informações identificadas na atividade anterior é analisada, e são definidos instrumentos para as respectivas coletas de informações, conforme Quadro 8. Nesse quadro,

podemos identificar cada um dos tipos de despesas e investimentos vinculados às atividades/processos com impacto socioambiental (Base de Cálculo). Também podem ser identificadas as fontes dessas informações financeiras (Solução).

3. Implementar mecanismos para coleta das informações: para a implantação dos mecanismos definidos na etapa anterior, avalia-se a necessidade de adequação da estrutura orçamentária disponibilizada no sistema de informações corporativas. Quando se justifica a introdução de alterações nessa estrutura, implementam-se os mecanismos de coleta de dados, efetuando-se os testes necessários. Nesse sentido, a Coelba inseriu na estrutura de orçamentária disponibilizada pelo seu sistema de informações corporativas, mecanismos conhecidos como Ordens Estatísticas que lhe permitem ter acesso aos dispêndios realizados especificamente nas atividades que resultam em impactos socioambientais.

ETAPA 5 – Gerenciamento dos Impactos Socioambientais: Essa etapa tem como

objetivo sistematizar a gestão dos impactos socioambientais. Para tanto, todos os indicadores de controle definidos nas etapas anteriores são configurados em fichas

Quadro 8 - Exemplo de mecanismos de coleta de informações. Fonte: Dados da pesquisa

específicas (vide Figura 10). Esses documentos apresentam a definição dos indicadores, os processos organizacionais a que estão vinculados, suas métricas, periodicidades, unidades e responsáveis por suas apurações. Para facilitar a visualização e análise dessas informações, os indicadores ainda são agrupados e organizados segundo os itens e aspectos de classificação dos impactos de responsabilidade social adotados pela COELBA (descritos no Quadro 3), de forma a se constituir uma planilha com indicadores estratégicos para o tratamento de impactos socioambientais pela empresa. Em função dos resultados alcançados, os desempenhos desses indicadores podem ser classificados em cinco níveis diferentes: Excelente, Muito Bom, Bom, Suficiente ou Insuficiente. Estas informações podem ser acompanhadas pela empresa de maneira detalhada ou através de um relatório gerencial denominado como “Ficha Resumo” (Figura 11).

Figura 10 - Exemplo de Ficha de Descrição dos Indicadores. Fonte: dados da pesquisa

O gerenciamento dos impactos socioambientais também

de auditoria interna da empresa, com o objetivo de assegurar a melhoria contínua e a perpetuidade do modelo

este enfoque teve início no

2011, a COELBA desenvolveu um aplicativo computacional para o gerenciamento dos indicadores de impactos socioambientais identificados através do modelo estudado.

Uma análise detalhada dos resultados desse trabalho permite identificar oportunidades de melhorias relacionadas

abordado no capítulo 4, este trabalho não possui o objetivo de identificar as razões que levaram a empresa a escolher o Instituto Ethos como referência

desenvolvimento do seu modelo de ge notório o fato da empresa não ter

Brasil e no exterior. Com base nesta constatação, é apresentado nesta pesquisa, possui uma visão

elaborados pelo Instituto Ethos, não necessariamente

Figura 11 - Exemplo de Ficha Resumo dos Indicadores de RS Fonte: dados da pesquisa

O gerenciamento dos impactos socioambientais também é monitorado pelos ciclos de auditoria interna da empresa, com o objetivo de assegurar a melhoria contínua e do modelo desenvolvido. O primeiro ciclo de auditoria interna com este enfoque teve início no 1º trimestre de 2011. Além disso, em N

a COELBA desenvolveu um aplicativo computacional para o gerenciamento de impactos socioambientais identificados através do modelo

Uma análise detalhada dos resultados desse trabalho permite identificar ades de melhorias relacionadas com o modelo apresentado

abordado no capítulo 4, este trabalho não possui o objetivo de identificar as razões que levaram a empresa a escolher o Instituto Ethos como referência

desenvolvimento do seu modelo de gestão de impactos socioambientais

o fato da empresa não ter buscado outras referências de práticas de RSC Com base nesta constatação, é possível concluir que

apresentado nesta pesquisa, possui uma visão muito influenciada pelos conceitos elaborados pelo Instituto Ethos, não necessariamente representando

Exemplo de Ficha Resumo dos Indicadores de RS – Público Interno. Fonte: dados da pesquisa

monitorado pelos ciclos de auditoria interna da empresa, com o objetivo de assegurar a melhoria contínua e . O primeiro ciclo de auditoria interna com Além disso, em Novembro de a COELBA desenvolveu um aplicativo computacional para o gerenciamento de impactos socioambientais identificados através do modelo

Uma análise detalhada dos resultados desse trabalho permite identificar com o modelo apresentado. Como abordado no capítulo 4, este trabalho não possui o objetivo de identificar as razões que levaram a empresa a escolher o Instituto Ethos como referência para o stão de impactos socioambientais, porém é de práticas de RSC no possível concluir que o modelo muito influenciada pelos conceitos representando todos os

anseios da sociedade. Além disso, o próprio Instituto ETHOS já iniciou em 2011 uma nova etapa de revisão de seus indicadores, denominado de indicadores da 3ª Geração, que atualiza os Indicadores Ethos em convergência com as Diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) e a Norma ABNT NBR ISO 26000. Esta nova revisão conceitual ainda não foi incorporada no modelo estudado, se tornando, uma importante oportunidade de melhoria para o futuro.

Outro ponto de atenção de destaque é a subjetividade utilizada pela COELBA para classificar a intensidade dos impactos socioambientais. Conforme descrito na atividade 1 (Mapear os impactos dos Processos) da Etapa I (Priorização dos Processos), os impactos são classificados entre Alto e Baixo como forma de diagnosticar o nível de prioridade do processo estudado. A classificação da intensidade destes impactos é realizada com base na experiência dos colaboradores da área operacional, que não utilizam qualquer parâmetro científico para esta medição. Neste caso, o desenvolvimento de um método para classificar a intensidade dos impactos socioambientais com base em parâmetros quantitativos e/ou acadêmicos se constitui em uma excelente oportunidade de melhoria ao modelo estudado.

Apesar das oportunidades de melhoria destacadas acima, vale ressaltar o caráter inovador do modelo estudado, principalmente por conseguir incorporar conceitos vinculados ao tema de RSC na gestão de seus processos. Como abordado no Item 1.3 (Justificativas), os diversos trabalhos acadêmicos que abordam este tema apresentam os conceitos de responsabilidade social, porém ainda sem foco na definição das atitudes a serem adotadas para ser socialmente responsável e na materialização da responsabilidade social corporativa. Com base nesta constatação, o modelo pesquisado passa a ser uma referência de caso prático com relação ao tema desta pesquisa. Além disso, vale ressaltar o mecanismo de controle do modelo em questão, que abrange desde a normatização de todas as atividades críticas da empresa até o processo de acompanhamento através do seu ciclo de auditoria interna. A vinculação das normas corporativas com o processo de auditoria da empresa assegura a perpetuidade do modelo apresentado.

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