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1.1.5 Adsorção

1.1.5.2 Modelos cinéticos de adsorção

A “cinética de adsorção é expressa como a taxa de remoção do adsorvato na fase fluida em função do tempo”.139 Em princípio, a cinética de adsorção pode ser governada por alguns processos:

 Transferência de massa externa: transferência de moléculas de adsorvato da fase fluida para superfície externa do adsorvente;

 Difusão no poro: difusão de moléculas de adsorvato presentes no fluido para o interior dos poros do adsorvente;

 Difusão na superfície: após a penetração do fluido no poro, ocorre a difusão das moléculas de adsorvente ao longo da superfície do poro.139

Tais etapas estão ilustradas na Figura 13, a seguir:

Figura 13: Etapas da cinética de adsorção. Fonte: do Nascimento et al (2014)139

Alguns fatores afetam a velocidade de adsorção, dentre os quais destacam-se: temperatura, pH, força iônica, concentração inicial do adsorvato, agitação, tamanho das partículas e distribuição do tamanho dos poros.139 Vários modelos cinéticos são utilizados para investigar o mecanismo que controla o processo de adsorção, entretanto os modelos

32 empregados com maior frequência são os de pseudo primeira ordem e de pseudo segunda ordem.152

1.1.5.2.1 Modelo cinético de pseudo primeira ordem

Uma análise simples da cinética de adsorção, realizada pela equação de Lagergren153, o modelo cinético de pseudo primeira ordem, define a taxa de adsorção em função da capacidade de adsorção, como observado na Eq. (13).

𝑑𝑞𝑡

𝑑𝑡 = 𝑘1(𝑞𝑒− 𝑞𝑡) Eq. (13)

onde k1 é constante cinética de velocidade de adsorção de pseudo primeira ordem (min-1), qe e

qt (mmol/g) são as quantidades adsorvidas no equilíbrio e no tempo t, respectivamente. Quando resolvemos e reorganizamos a Eq. (13) usando as condições de contorno de qt = 0 em t = 0 e qt = qt em t = t, obtém-se a Eq. (14):

𝑞𝑡 = 𝑞𝑒(1 − 𝑒𝑥𝑝−𝑘1𝑡) Eq. (14)

1.1.5.2.2 Modelo cinético de pseudo segunda ordem

Ho e McKay154 descreveram um processo cinético de adsorção de íons metálicos divalentes em turfa, em que a ligação química entre íons metálicos divalentes e grupos funcionais polares na superfície da turfa é responsável pela capacidade de troca catiônica da turfa.155 No modelo cinético de pseudo segunda ordem (PSO) a quantidade de íons metálicos divalentes adsorvidos na superfície do adsorvente em um tempo t e no equilíbrio (te) é representado como se segue de acordo com a Eq. (15).156

𝑑𝑞𝑡

𝑑𝑡 = 𝑘2(𝑞𝑒− 𝑞𝑡)

2 Eq. (15)

onde a força motriz do processo de adsorção, (qe - qt), é proporcional a fração disponível dos sítios ativos de adsorção e k2 é a constante cinética de velocidade de adsorção de pseudo segunda ordem (g/(mmol min)).

Quando resolvemos e reorganizamos a Eq. (15) usando as condições de contorno de qt = 0 em t = 0 e qt = qt em t = t, obtém-se a Eq. (16):

𝑞

𝑡

=

𝑘2𝑞𝑒

2𝑡

1+ 𝑘2𝑞𝑒𝑡 Eq. (16)

1.1.5.2.3 Modelo de Elovich

A equação de Elovich tem sido aplicada no processo adsortivo de uma variedade de espécies químicas em meio líquido e foi inicialmente desenvolvida para o estudo cinético de adsorção química de um gás na superfície de um suporte sólido.139 A forma não linear da equação de Elovich é dada pela Eq. (17):

33 𝑞𝑡 = 𝛽1𝑙𝑛(1 + 𝛼𝛽𝑡) Eq. (17) onde α é a velocidade inicial de adsorção (mg/g min), β é a constante de dessorção (mg/g), qt é a quantidade de soluto adsorvido por quantidade de adsorvente (mg/g) utilizado em um tempo

t.

A Eq. (17) foi obtida por meio da integração da Equação diferencial (18) a seguir: 𝑑𝑞𝑡

𝑑𝑡 = 𝛼𝑒

−𝛽𝑞𝑡 Eq. (18)

1.1.5.2.4 Modelo de Weber e Morris (difusão intrapartícula)

Modelo cinético proposto por Weber e Morris que considera que a difusão intrapartícula é o fator que determina a velocidade de adsorção157 e a taxa de adsorção varia de acordo com a raiz quadrada do tempo, como observado na Eq. (19):

𝑞𝑡 = 𝐾𝑑√𝑡 + 𝐶 Eq. (19) onde qt é a quantidade de adsorvato adsorvida na fase sólida (mg/g) em um tempo t (min); Kd é o coeficiente de difusão intrapartícula (mg/(g.min0,5)) e C é a interceção, ou seja, uma constante que pode estar relacionada com o espessura da camada limite (mg/g).

Construindo um gráfico de qt contra t1/2, deve-se obter uma reta, onde Kd é a inclinação da reta e o valor de C é o ponto de interceção. O modelo intrapartícula não leva em consideração parâmetros como porosidade e raio da partícula e não considera o comportamento cinético nos tempos iniciais do processo, ou seja, nas proximidades de t = 0. Em geral, a literatura relata que o processo pode apresentar mais de um estágio, representados por um gráfico multilinear para o processo adsortivo. A primeira fase (inicial) envolve a adsorção rápida e instantânea, a segunda fase envolve a etapa de adsorção lenta controlada por difusão intrapartícula e a terceira e última fase envolve a difusão dos adsorvatos lentamente a partir dos poros maiores aos microporos do adsorvente. Esta etapa também marca a fase de equilíbrio. A taxa de adsorção na segunda etapa de difusão intrapartícula depende da concentração de adsorvato, temperatura e densidade de sítios ativos na superfície do adsorvente.158, 159 Logo, o processo envolve vários segmentos de retas em que cada uma delas corresponde a uma etapa do processo de adsorção. Se o primeiro segmento de reta possuir coeficiente linear igual a zero, então a difusão intraporo (difusão nos poros do adsorvente) é o processo de adsorção dominante, e, se o coeficiente linear for diferente de zero então o processo dominante pode ser uma difusão intrafilme (difusão dos adsorvatos através do filme que recobre o adsorvente). O equilíbrio é alcançado quando qt não muda mais com o passar do tempo, ou seja, já se alcançou o equilíbrio, sendo o resultado, portanto, uma linha horizontal em relação ao eixo do tempo (abscissa). 139

34

1.1.5.2.5 Modelo de difusão de Boyd

Boyd et al. (1947)160 desenvolveram modelos teóricos para cinéticas de adsorção por troca iônica. E este modelo é usado principalmente para determinar a etapa limitante do processo.161 Os resultados podem ser tratados de acordo com a Eq. (20):

𝐹 = 𝑞𝑡 𝑞𝑒= 1 − ( 6 𝜋2) ∑ 1 𝑛2 𝑒𝑥𝑝(−𝜋2𝐵𝑡) ∞ 𝑛=1 Eq. (20) onde qe é a quantidade de adsorvato adsorvido em um tempo infinito (mg/g), qt é a quantidade de adsorvato adsorvido em um tempo t (min) e Bt é uma função matemática de F.

O valor de Bt pode ser calculado de duas formas, dependendo do valor da função F, e é determinado por meio do uso das Eqs. (21) e (22), a seguir:

Para F > 0,85 .: 𝐵𝑡 = − 𝑙𝑛𝜋2 6 – 𝑙𝑛 (1 − 𝐹(𝑡)) Eq. (21) Para F < 0,85 .: 𝐵𝑡 = (√𝜋 − √𝜋 − 𝜋2𝐹(𝑡) 3 ) 2 Eq. (22)

Para cada valor de F, tem-se um valor para Bt. Ao traçar os valores de Bt contra t, obtem- se o gráfico de Boyd. Caso esse gráfico seja uma reta que passe pela origem, conclui-se que a difusão intraporo é a etapa limitante na cinética de adsorção para a faixa de tempo especificada. A inclinação deste gráfico é a constante B (constante de Boyd) que está relacionada com o coeficiente de difusão Di139, 161, como mostra a Equação (23).

𝐵 = 𝜋2𝐷𝑖

𝑅2 Eq. (23)

onde Di é o coeficiente de difusão (m2/min), R é o raio médio das partículas de adsorvente (m) e B é a constante de Boyd.