• Nenhum resultado encontrado

INSTRUÇÃO DE TRABALHO Lavar/Aplicar Primer na entressola

4.4 Modelos Culturais

Antropologistas tornaram popular a idéia de que todas as culturas têm os mesmos problemas, sendo que o que os difere é a maneira como os mesmos são abordados. Baseado nisto e com o intuito de identificar as diferenças culturais que podem influenciar em como os indivíduos tomam decisão, Hofstede (1997) realizou um estudo com trabalhadores da IBM de 50 países diferentes, e a partir dele, desenvolveu o Modelo Cultural.

O Modelo Cultural, segundo Hofstede op.cit, compreende cinco dimensões culturais independentes:

Î Desigualdade social: está relacionado a maneira como o poder está dividido na

sociedade. Em se tratando de informação, esta dimensão, segundo o autor, atua da seguinte forma: sociedades com maiores desigualdade respondem mais a

informações com imagens de autoridades, enquanto que, na cultura contrária, respondem mais de acordo com a sua própria razão.

Î Individualismo x coletivismo: relaciona-se ao grau de integralização dos indivíduos

em grupos. Na sociedade mais individualista o indivíduo preocupa-se apenas com ele próprio com sua família imediata (pais, filhos, maridos e esposas). Já na sociedade coletivista, o indivíduo desde o nascimento é integrado em um grupo, cuja extensão excede a família imediata, a quem dedica total e inquestionável lealdade durante toda a vida. No que concerne a informação, por exemplo, segundo o autor, os indivíduos de culturas mais individualistas tendem a ler mais do que os da coletivista;

Î Masculino x feminino: refere-se a distribuição de papel entre os gêneros na

sociedade. Tal diferença decorre dos diversos comportamentos e características de cada gênero, dentre os quais pode-se mencionar o caráter mais competitivo do homem, e a maior constância das características e valores das mulheres nas diferentes sociedades. Indivíduos pertencentes a culturas masculinas interessam-se mais por dados e fatos, enquanto que os da cultura feminina têm interesse em conhecer as histórias por trás dos fatos.

Î Comportamento de incerteza: refere-se ao comportamento do indivíduo (mais ou

menos confiante) diante de situações incertas, inesperadas. Os menos confiantes preferem informações claras e diretas;

Î Orientações longa ou curta duração: valores associados a sociedades de

orientações longa são perseverança e economia, enquanto que no segundo caso tem- se o respeito pela tradição e obrigações.

Tal modelo foi desenvolvido tendo em mente as diferenças entre nações e, por esta razão, não deverá ser abordado na íntegra (as cinco dimensões) neste trabalho, sendo elas aqui utilizadas adaptadas a culturas de regiões do mesmo país. Dessa maneira, não é possível por exemplo, determinar a diferença do sistema humano-mensagem visual de um nação masculina, e sim as diferenças desse sistema entre homens de uma região e de outra.

Dessa maneira, merecem destaque nessa pesquisas os seguintes fatores relacionados: (i) gênero, (ii) idade, (iii) conhecimento técnico, (iv) língua e (v) habilidade de leitura, como apresentado a seguir.

Gênero

Estudos realizados por Godfrey e Allender apud Soares & Bucich (2000) e Laughery e Brelsford (1994) demonstram que as mulheres são mais predispostas a ler as informações de segurança do produto que os homens.

Idade

Um exemplo é o descrito por Laughery e Brelsford (1994) que mostra que adultos de idade mais avançadas apresentarem maior dificuldade que os jovens com as informações, quando a mesma é apresentada em formato que combina imagens e palavras, do que só informações verbais. Os primeiros tendem também a prestar maior atenção às informações do que os segundo.

Conhecimento técnico

Inclui a informação de fato e o processo de compreensão. As advertências (warnings) devem ser desenvolvidas levando-se em consideração as habilidades do indivíduo com menor nível de conhecimento. Aqui também, está inserido a questão levantada por Cushman e Rosenberg (1991), que se refere a particular atenção que deve ser dada para evitar-se o uso jargões técnicos que limita a universalidade da informação.

Língua

Segundo Ferreira (2002), as línguas de países distintos, bem como as diferentes formas de expressão devem ser consideradas para o desenvolvimento de um sinalização eficaz e eficiente. Em virtude disto, autores como Barbosa Filho (2001), Laughery e Brelsford (1994), Spinillo (2000) entre outros, destacam a importância do uso de ilustrações.

Habilidade de leitura

O grau de analfabetismo e as habilidades visuais, de acordo com Hofstede (1997), são fatores influenciadores no sistema homem-mensagem-visual. Como ainda não foi possível acabar com o analfabetismo, é preciso desenvolver as sinalizações levando o mesmo em consideração.

Pode-se perceber, portanto que Teorias Culturais e outras teorias usadas para descrever, explicar ou predizer saídas relevantes para a percepção do risco podem ser causadas ou

influenciadas pela etnia, gênero, religião ou nacionalidade, como vem sido debatido. As crenças e opiniões de pesquisadores nesta área como Essuman-Johnson, Frascara, Hofstede, Smith-Jackson, Spinillo, Wolgater entre outros, podem distinguir em significado e complexidade mas, em geral, convergem em três pontos: (i) percepção do risco atitude e julgamento são influenciados pelo repertório, (ii) a cultura influência em como se vê o mundo e em nossas experiências futuras e (iii) sistemas são artefatos que refletem as culturas para quem desenha e desenvolve sistemas (Smith-Jackson, 2003). Tais pontos refletem um híbrido de métodos para extrair fatores relacionados a cultura para o desenvolvimento do design de produtos e sistemas que se preocupam com atributos culturais referentes a percepção do risco.

Os métodos mais comumente utilizados para avaliação da cultura e da informação serão apresentados no próximo capítulo, bem como aqueles que serão utilizados para o desenvolvimento da parte analítica deste estudo.

5

5

MMÉÉTTOODDOOSSPPAARRAAAANNÁÁLLIISSEEDDEEDDEESSIIGGNNEEUUSSAABBIILLIIDDAADDEEDDAA

I

INNFFOORRMMAAÇÇÃÃOO

Estudos em comunicação pictórica (e.g. Fuglesang,1973; Dwyer & Parkhust, 1982; Goldsmith, 1984) comprovam que: (i) aspectos relacionados a representação da mensagem visual podem influenciar sua compreensão e (ii) características dos documentos e do usuário, no caso o leitor da informação (e.g. Spinillo, 2000 e Wright, 1999), são relevantes para o sucesso da comunicação. Portanto, para analisar a eficácia e eficiência da sinalização, faz-se necessário levar-se em consideração não só os aspectos físicos e psicológicos dos indivíduos aos quais a sinalização se destina, mas também os aspectos referentes à sua cultura, ao ambiente onde a sinalização se encontra e às características estruturais da mesma.

O presente capítulo apresenta os diversos métodos de análise e o design da usabilidade das mensagens visuais presentes na literatura analisando suas características, a metodologia utilizada para o estudo e a análise das caraterísticas do indivíduo, da mensagem visual e da interação dos mesmos.