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MODELOS DE ANÁLISE DE MATURIDADE PARA A ENGENHARIA

3 MATURIDADE

3.4 MODELOS DE ANÁLISE DE MATURIDADE PARA A ENGENHARIA

Os modelos de avaliação de maturidade surgiram e se difundiram graças ao

Capability Maturity Model – CMM (SANTOS; MARTINS, 2008a), desenvolvido para

empresas do ramo de softwares pela Carnegie Mellon’s Software Engineering Institute, que obteve grande aceitação pelas indústrias. Desde o desenvolvimento do CMM, diversas opções de modelos para análise de maturidade foram criados.

Há modelos de avaliação exclusivos para indústrias manufatureiras, como o próprio CMM; também existem aqueles exclusivos para a construção civil, como o Structured Process Improvement for Construction Enterprises – SPICE (JEONG et

al., 2006); e aqueles que se aplicam a ambas, como é o caso do VEREDICT

(HARON et al., 2010), Project Management Process Maturity (PM)² Model (KWAK; IBBS, 2002), Organizational Project Management Maturity Model – OPM3 (PROJECT..., 2003), Project Management Maturity Model – PMMM (KERZNER, 2001), Modelo Brasileiro de Maturidade em Gerenciamento de Projetos – MMGP, modelo nacional proposto por Prado e Archibald (2010), entre outros.

Apesar da grande variedade, os modelos exemplificados acima se dedicam a analisar a maturidade das empresas em relação a abordagens que não a engenharia simultânea. O VEREDICT, por exemplo, avalia o preparo de uma organização em relação à adoção do e-commerce e suas ferramentas. Com isso, filtrando as ferramentas para aquelas que trabalham com a maturidade da ES, chegamos a um pequeno grupo que será descrito em maior detalhe nos itens abaixo.

3.4.1 Para a Indústria Manufatureira

A grande parte das ferramentas para análise de maturidade são desenvolvidas para a indústria manufatureira. Essa tendência segue a lógica de que primeiramente as inovações tecnológicas e teorias são implantadas nesta indústria, para só depois alcançar a construção civil. Consequentemente, a maioria das ferramentas

disponíveis para avaliação da ES não são exclusivas para o setor da construção civil.

3.4.1.1 RACE

RACE é a sigla para Readiness Assessment in Concurrent Engineering, é um modelo de avaliação criado pela WVU’s Concurrent Engineering Research Center, e tem por objetivo ser uma ferramenta mais geral, podendo ser usada para avaliar diferentes tipos de empresas. O modelo é dividido em dois grandes componentes: processos organizacionais, subdividido em dez elementos críticos, e tecnologia da informação, subdividida em seis. Para cada elemento um grupo de critérios é atribuído e esses devem ser averiguados. Nessa avaliação são envolvidas várias pessoas de diferentes áreas e níveis hierárquicos da empresa, com uma participação média de 30 indivíduos (de GRAAF; SOL, 1994). De acordo com esse modelo, a maturidade é avaliada com base em cinco estágios em relação ao componente processo, e em três níveis quanto ao componente tecnologia, conforme gráfico 6 (KARANDKAR et al., 1993). Esses estágios são crescentes e avançam de acordo com a maturidade da empresa e com a velocidade que ela incorpora as práticas da ES.

Gráfico 6 – Modelo de avaliação RACE

3.4.1.2 PMO-RACE

Trata-se de uma junção de dois tipos de análise do RACE, com o PMO – Process Model Organization. Foi desenvolvido pela University of Twente and Eindhoven University of Technology (Netherlands). A proposta deste método é juntar o que há de melhor no sistema do RACE, com o da avaliação do PMO, que é boa para identificar gargalos e problemas-chave no ciclo do processo de desenvolvimento de produto. Entretanto, da mesma forma que o RACE, esse não é um processo voltado inteiramente para a construção civil.

3.4.1.3 PRODEVO

Este modelo de avaliação é sueco, criado no Swedish Institute for Systems Development. Possui muitas similaridades com o RACE, o que levou essa avaliação a receber o nome de “RACE estendido”. Assim como as demais metodologias apresentadas, essa também não foi criada com o intuito de atender exclusivamente a construção civil.

3.4.2 Para a Construção Civil

A indústria da construção civil possui uma série de peculiaridades que a distinguem das demais, dentre as quais podemos citar: os seus produtos, que são complexos e únicos; a participação de um grande número de intervenientes em todas as etapas de produção; a produção em pequena escala; o local de produção, o canteiro de obra, que coloca indústrias a céu aberto no meio de centros urbanos (KOSKELA, 1992; FABRÍCIO, 2002).

Pesquisas como a de Vaidyanathan; Howell (2007) analisam várias avaliações de maturidade e chegam à conclusão de que, apesar de conceptualmente semelhante, as análises quando adaptadas a uma indústria em particular representam suas particularidades, criando um instrumento mais preciso para as análises, além de permitir que as ações a serem implementadas sejam melhor direcionadas para aquelas empresas pesquisadas melhorarem seu nível de maturidade.

Então, é importante que um modelo de avaliação de maturidade da ES para a construção civil leve em consideração suas peculiaridades, exigindo uma avaliação específica. Isso restringe consideravelmente o número de modelos disponíveis, onde ganha destaque a proposta do modelo BEACON, criado por Khalfan.

3.4.2.1 BEACON

Em sua dissertação, Khalfan (2001) analisa cada uma das ferramentas/metodologias disponíveis para avaliação de maturidade passíveis de serem usadas na construção civil e chega à conclusão que nenhuma delas é adequada à realidade dessa indústria, pois não consideram suas particularidades. Dessa forma, ele propõe uma nova metodologia denominada de BEACON – Benchmarking and Readiness Assessment for Concurrent Engineering in Construction. Esse modelo foi criado com base na realidade da indústria de construção inglesa, na Universidade de Loughborough. O modelo foi desenvolvido a partir do CERAM Construct Model, que por sua vez se baseou no RACE. O BEACON está dividido em quatro elementos chaves: processos, pessoas, projeto (aqui no sentido mais amplo) e tecnologia, que por sua vez são divididos em fatores críticos, possuindo uma série de perguntas para cada fator, totalizando 173 perguntas de múltipla escolha. Ele possui cinco níveis de maturidade, que são, em ordem crescente: ad-hoc, repetitivo, caracterizado, gerenciado e otimizado (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Modelo de avaliação BEACON

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