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4 METODOLOGIA DA PESQUISA

4.3 ESTRUTURAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASO

4.3.1 Entrevistas

4.3.1.2 Segunda Entrevista

A segunda entrevista é o que pode ser considerado, de fato, como a avaliação de maturidade. São as respostas aos questionamentos e indagações feitos nessa etapa que possibilitarão a geração de dados para avaliação numérica e categorização da maturidade da empresa em um determinado nível.

Neste segundo dia, o respondente já sabe do que se trata a pesquisa, uma vez que havia passado pela primeira entrevista, onde uma breve explicação dos dois momentos foi dada. Ainda assim, a pesquisadora no início de cada entrevista esclarecia o que ia se passar nesse segundo momento. Juntamente com o já citado glossário, as entrevistas foram conduzidas com a ajuda de outra ferramenta, um formulário (APÊNDICE B – Formulário Avaliação de Maturidade ES).

Esse formulário foi fruto da extensa análise bibliográfica realizada. Em um primeiro momento a revisão sobre engenharia simultânea permitiu identificar os cinco elementos principais do processo de empreendimento simultâneo (ver item 2.3.2). Com esse conhecimento, optou-se por estruturar a avaliação de maturidade da ES em cinco grupos, cada um deles correspondendo a um elemento, ficando da seguinte maneira: (a) Antecipação de Fases e Decisões; (b) Simultaneidade das Atividades; (c) Multidisciplinaridade; (d) Integração dos Intervenientes; e (e) Busca e Inserção da Qualidade. Além de uma última seção, (f) Engenharia Simultânea. Essa divisão permite a clara identificação de quais elementos precisam ser melhorados para que a ES se desenvolva em cada empresa.

O estado da arte sobre engenharia simultânea, combinado com o de maturidade, definiu as questões a serem usadas na avaliação e o formato em que deveriam ser apresentadas. O formulário elaborado para esta etapa teve um caráter estritamente fechado, a exceção da sua última pergunta (seção f), sendo constituído por afirmativas sobre a realidade da empresa e seus processos. Assim, a cada elemento foi atribuído um número n de afirmações que o caracterizassem, conforme observado na tabela 1, que eram respondidas em cima de cinco alternativas:

• Sempre; • Geralmente; • Às vezes; • Raramente; e • Nunca.

Tabela 1 – Número de perguntas por elementos*

Antecipação de fases e decisões (a) Simultaneidade das atividades (b) Multidisciplinaridade (c) Integração dos intervenientes (d) Busca e inserção da qualidade (e) Nº de perguntas por elementos 17 9 11 16 26

*Nota: Ver APÊNDICE B Fonte: arquivo pessoal

O uso dessas cinco alternativas de estimação (sempre, geralmente, às vezes, raramente e nunca) seguiu as orientações de Gil (2010) e Marconi e Lakatos (2002), conjuntamente com aquilo observado na revisão, que apontavam a facilidade de uso e de mensuração proporcionada por esse tipo de resposta. Não foi inclusa a

alternativa “não sei”, para evitar respostas evasivas por parte dos entrevistados. Para cada uma das alternativas foi atribuído um valor, sendo o maior valor àquele correspondente a resposta mais favorável ao uso da ES, dessa forma as perguntas foram elaboradas de modo que a opção de maior nota corresponda à situação ideal para o desenvolvimento da ES. Um exemplo do exposto encontra-se na tabela 2.

Tabela 2 – Exemplo de afirmações com escala de respostas*

Questões Sempre Geralmente Às vezes Raramente Nunca

4a

Os intervenientes participam do empreendimento desde a etapa de

iniciação/estudos preliminares, fazendo comentários e sugestões

(5) (4) (3) (2) (1)

7d

O acompanhamento da obra pelos projetistas é uma atividade ocasional, que só acontece quando

há necessidade de alguma alteração/modificação nos projetos

(1) (2) (3) (4) (5)

(X) = Valor atribuído a cada resposta para cálculo posterior do pesquisador *Nota: Ver APÊNDICE B

Fonte: arquivo pessoal

Para cada questão o entrevistado deve escolher apenas uma dentre as cinco alternativas de gradação, que melhor representa aquilo executado no dia a dia da pela empresa em relação ao item questionado. Para melhor compreensão, a tabela 3 mostra a forma de preenchimento do formulário, tomando como exemplo as respostas das mesmas questões da tabela 2 dadas pela empresa C, com as respectivas pontuações obtidas em cada uma das questões.

Tabela 3 – Respostas questões 4a e 7d empresa C, com respectiva pontuação

Questões Sempre Geralmente Às vezes Raramente Nunca

4a

Os intervenientes participam do empreendimento desde a etapa de

iniciação/estudos preliminares, fazendo comentários e sugestões

X (5)

7d

O acompanhamento da obra pelos projetistas é uma atividade ocasional, que só acontece quando

há necessidade de alguma alteração/modificação nos projetos

X (2)

Fonte: arquivo pessoal

Além das questões fechadas, o formulário possui, na seção f – engenharia simultânea, sua única pergunta aberta. Essa seção é a última a ser aplicada e é constituída apenas por duas questões, uma questão dicotômica de sim e não, onde se pergunta se o respondente sabe o que é ES. E uma questão aberta dependente, ou seja, que só será respondida no caso do entrevistado responder afirmativamente

a primeira questão. A proposta dessa seção é identificar se as empresas conhecem a abordagem simultânea e se esse conhecimento representa algum ganho nos resultados obtidos na avaliação.

Cabe ainda destacar que nas entrevistas foram usadas duas versões do formulário, uma para o entrevistado e outra para o entrevistador. Essa foi uma conclusão do estudo de caso piloto, onde a falta de um documento para o entrevistado acompanhar aquilo lido pela pesquisadora foi citado como um problema, pois dificultava a lembrança da pergunta e a manutenção do foco. A diferença de versão é justificada, pois o formulário do respondente é mais simplificado; nele as seções são identificadas apenas com letras, ao invés de serem intituladas, evitando induções, e algumas perguntas são resumidas e sem exemplos, de forma a serem menos cansativas. Já o formulário do entrevistador possui perguntas mais completas e com exemplos, de forma a padronizar as informações passadas em caso de dúvidas.

Apesar do caráter fechado do formulário, a versão do entrevistador possui ainda um campo adicional denominado “comentários”, que permitiu a coleta de verbalizações quando os entrevistados apontavam necessidade ou faziam algum comentário. A inclusão desse item teve por objetivo assegurar que problemas mais específicos e soluções já adotadas pelas empresas pudessem ser registrados e compartilhados, enriquecendo a pesquisa. Essas diferenças entre as versões do formulário têm, na verdade, o intuito de preservar a veracidade das informações dadas, evitando “contaminar” o respondente com dados que pudessem levá-lo a alterar suas respostas.

Quanto ao caso da construtora que trabalha com empreendimentos industriais (Empresa J), convém destacar que, como algumas afirmações da avaliação não atendiam às suas características levantadas, foram feitas adaptações pela entrevistadora, de forma que aquilo exposto se adequasse à realidade da empresa, ao mesmo tempo em que mantinha o objetivo inicial da pergunta. E para alguns itens, no caso àqueles relativos a marketing e vendas, que não se aplicam a uma empresa industrial, eles foram retirados e desconsiderados na avaliação.

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