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2.2 Estilos de Aprendizagem

2.2.1 Modelos

Na literatura sobre estilos de aprendizagem são encontrados vários modelos de estilos de aprendizagem, que visam apresentar diferentes formas de se aprender, de receber e pro- cessar a informação para gerar conhecimento. Um dos modelos mais conhecidos é o Tipo Psicológico de Jung, que teve maior desenvolvimento com Isabel Myers e Katheryn Briggs através do Indicador de Tipos de Myers-Briggs (MBTI : Myers-Briggs Type Indicator) [19, 46]. Outros modelos que têm sido aplicados em várias pesquisas junto a estudantes, são o modelo de Kolb[12, 72] e o Modelo de Felder- Soloman[22,28, 15, 46].

No entanto, antes ressalta-se que apesar dos modelos de estilos de aprendizagem serem recursos utilizados em vários trabalhos, Felder[28] lembra que eles não são universalmente aceitos.

Indicador de Tipos de Myers-Briggs

Katherine Briggs e Isabel Myers, criaram, na década de 1940, o MBTI , um instru- mento elaborado na forma de um questionário, para identificar os tipos psicológicos, sendo considerado um dos primeiros instrumentos desenvolvidos e utilizados para identificar os tipos psicológicos[19].

Myers e Briggs estudaram a teoria dos tipos psicológicos de Carl Jung. Por esta teoria, a personalidade está estruturada pelas quatro preferências do uso das funções de percepção e de julgamento. Este modelo classifica os estudantes de acordo com suas preferências em escalas derivadas da teoria dos tipos psicológicos. Os estudantes podem ser: extrovertidos (E) ou introvertidos (I); sensoriais (S) ou intuitivos (N); pensadores (T) ou empáticos (F); julgadores (J) ou perceptivos (P)1. Myers e Briggs incluíram uma nova

dimensão que foi denominada como atitude ou estilo adotado em relação ao exterior por meio da Percepção ou do Julgamento[73].

• E - I : Extroversão(voltado para o mundo exterior, focado no mundo das pessoas e necessita de estímulos externos ) e Introversão(voltado para o mundo interior, idéia e necessita de tempo para expressar-se);

• S - N : Sensação(prático, orientado a detalhes, focado em fatos e procedimentos) e Intuição(imaginativo, orientado a conceitos, focado em possibilidades e significa- dos);

• T - F : Pensamento (disciplina, ansioso, tende a fazer decisões baseado na lógica

e regras) e Sentimento(compreensivo, tende a fazer decisões baseadas em valores e na avaliação subjetiva);

• J - P : Julgamento(estilo de vida planejado, organizado, bem controlado, rígido e

intolerante com a ambiguidade) e Percepção(flexível, espontâneo, preferindo pro- postas e opções abertas, aceita facilmente mudanças e novas experiências);

Segundo Melo[19] a definição de um tipo está na combinação de quatro letras, uma de cada dimensão, resultando em 16 possíveis associações. Cada um dos 16 tipos está relacionado a certas características comportamentais únicas.

O MBTI é atualmente utilizado para auto-conhecimento e auto-desenvolvimento, de- senvolvimento e exploração de carreiras, aconselhamento sobre relacionamentos, acon- selhamento acadêmico, desenvolvimento organizacional, formação de equipes, solução de problemas, treinamento gerencial, desenvolvimento educacional e profissional[46].

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Modelo de Aprendizagem Experimental de Kolb

O modelo de Kolb[72] é baseado em trabalhos sobre desenvolvimento do conhecimento e pensamento. Segundo este modelo, processo de aprendizagem é realizado através de um ciclo, como mostrado na Figura 2.2, passando por quatro etapas: Experimentação Con- creta(EC), Observação Reflexiva(OR), Conceitualização Abstrata(CA) e Experimentação Ativa(EA).

Figura 2.2: Ciclo de aprendizagem no Modelo de Kolb.

Neste ciclo de aprendizagem duas dimensões distintas de aprendizagem foram identi- ficadas: Percepção e Processamento. Percepção refere-se à forma como a pessoa percebe a informação, podendo ser esta através da experimentação concreta(tocar, ver e ouvir) ou através da Experimentação abstrata(Conceitos mentais ou visuais). Nesta dimensão tem- se a oposição entre o concreto e o abstrato. Processamento diz respeito à forma como a pessoa processa a informação, onde umas pessoas processam melhor a informação através da experimentação ativa(fazendo) e outras através da observação reflexiva(pensando). Ação versus Reflexão é o sistema oposto nesta dimensão[53].

Na combinação destas duas dimensões foram identificadas quatro categorias de estilos de aprendizagem, onde cada um dos estilos foi caracterizado por uma questão preferencial: 1) Por quê?, 2) O que?, 3) Como? e 4) O que acontece se? [28]. Os estilos são apresentados a seguir:

• Tipo 1 - Divergente : é o estudante que responde bem a explanações de como

o material do curso relaciona-se a suas experiências, interesses e com sua carreira futura. Pergunta típica é "Por quê". Prefere aprender pela experiência concreta e observação reflexiva(EC - OR).

• Tipo 2 - Assimilador : é o estudante que responde bem a informação apresen- tada de forma organizada e lógica e beneficia-se, caso tenham tempo para refletir.

Pergunta típica é "O que?". Prefere aprender pela observação reflexiva e conceitu- alização abstrata(OR - CA).

• Tipo 3 - Convergente : é o estudante que responde muito bem quando tem a

oportunidade de trabalhar ativamente em atividades bem definidas e aprender em ambientes que proporciona utilizar a estratégia "tentativa e erro"de forma segura. Pergunta típica é "Como?". Prefere aprender através da Conceitualização abstrata e Experiência Concreta(CA - EA).

• Tipo 4 - Acomodador : é o estudante que gosta de aplicar o material do curso na

solução de problemas reais de novas situações. A pergunta típica é "O que acontece se?". O estudante com este estilo prefere aprendizagem baseada na experimentação ativa e na experiência concreta (EA - EC), fazendo coisas e enfrentando desafios. O estudante prefere perceber e processar a informação de acordo com o estilo, definido por Kolb como, dominante. No entanto, Kolb apud Terry[72] ressalta em seu trabalho a importância de desenvolver no estudante estilos que não sejam dominantes.

Com o objetivo de alcançar todos os outros estilos não dominantes, o professor deve explicar a relevância de cada tópico novo (Tipo 1 - Divergente), apresentar a informação básica e métodos relacionados com o tópico (Tipo 2 - Assimilador), propiciar oportu- nidades práticas (Tipo 3 - Convergente) e encorajar a exploração de aplicações (Tipo 4 - Acomodador). Portanto, o termo "aprendizagem cíclica", baseada neste modelo descreve bem esta forma de ensinar[53, 72].

Para determinar os estilos de aprendizagem segundo este modelo, foi desenvolvido um instrumento de medida, denominado Inventário de Estilos de Aprendizagem (LSI - Learning Style Inventory), cuja primeira versão é de 1976 e constava de nove itens. Em 1985, foi apresentada uma segunda versão com 12 itens. Cada item é composto de quatro opções que deverá receber um valor crescente em uma classificação de um a quatro, segundo a maior e menor identificação pessoal com cada opção. A partir dos valores atribuídos, são obtidas as pontuações que determinam o estilo de aprendizagem[12].

Segundo Terry[72] é possível classificar atividades instrucionais, pertencentes aos níveis cognitivos da Taxionomia de Bloom, que seriam mais propícias a serem trabalhadas em cada estilo de aprendizagem do Modelo Kolb.

Para isto, Terry classificou que tipos de atividades de ensino são mais adequadas a cada estilo de aprendizagem do modelo de Kolb. Por exemplo, simulações e histórias são adequadas a estudantes com o estilo de aprendizagem Divergente e, com isto, relacionou os estilos de aprendizagem aos níveis cognitivo da taxionomia de Bloom. Diante disto, torna-se possível escolher atividades instrucionais de acordo com o estilo de aprendizagem do estudante.

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