• Nenhum resultado encontrado

A ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I) são peças fundamentais para o crescimento, a competitividade e o desenvolvimento das empresas, indústrias, regiões e nações. Têm importância crucial no estilo de desenvolvimento das regiões e na maneira como este afeta o presente e afetará o futuro na qualidade de vida das pessoas, segundo Viotti apud Viotti & Macedo (2003).

Estes indicadores podem contribuir para a criação e a solução de problemas humanos e ambientais. Influenciam a educação, a informação, a cultura, os costumes e a saúde. Têm papel

essencial nos desígnios da política e da segurança pública. Desta forma, a busca da compreensão e do monitoramento dos processos da produção, difusão e uso do conhecimento científico, tecnologia e inovações, como também, os fatores que os influenciam e de suas conseqüências, é uma tarefa que se impõe, precisando da existência e do entendimento dos sistemas de indicadores de CT&I.

O desenvolvimento de indicadores de CT&I exige a definição de variáveis a serem mensuradas e, ao mesmo tempo, que sejam essenciais à explicação e/ou à descrição dos principais fenômenos relacionados à ciência, tecnologia e inovação. Como também, a relação de cada um deles com a sociedade, a economia e o meio ambiente. É relevante conhecer os modelos de inovação para entender a natureza dos processos de produção, difusão e uso da Ciência, tecnologia e Inovação. Serão mostrado a seguir alguns modelos criados por Viotti & Macedo (2003):

1.10.1 Modelo Linear de Inovação

Modelo representado abaixo foi pioneiro e influenciou a própria criação dos primeiros indicadores de CT&I.

Figura 04 – Modelo Linear de Inovação Fonte: Viotti & Macedo (2003, p.55) Instituições/ Laboratórios de pesquisa

(Oferta de tecnologias) Empresas

(Demanda de tecnologia) Pesquisa Básica Aplicada Experimental Pesquisa Desenvolvimento Produção Comercialização

É normalmente associado à idéia de que existiria uma relação mais ou menos direta entre as quantidades e qualidades dos insumos utilizados em P&D e os resultados destes em termos de inovação tecnológica e desempenho econômico. Esse processo ocorreria em etapas iguais e seqüenciadas. O modelo linear assume que as universidades desenvolvem a pesquisa básica, da qual são transferidos os resultados da indústria, que procede ao desenvolvimento conduzindo à inovação.

Na economia convencional, a tecnologia é percebida como uma forma de mercadoria mais ou menos similar às demais mercadorias. As inovações também seriam produzidas em um tipo de processo de produção linear, no qual o principal insumo é o investimento em P&D e o resultado, o produto, apareceria em termos de tecnologia ou inovação. Esse produto dos laboratórios de pesquisa seria, então, destinado à comercialização, como, por exemplo, colocado nas prateleiras dos supermercados de informática, onde poderia ser adquirido pelas empresas. As empresas após escolherem as tecnologias do seu interesse, as colocariam em uso sem muita dificuldade. Algumas organizações – centros de pesquisa independentes seriam responsáveis pela produção e oferta de tecnologias ou inovações e as empresas seriam responsáveis por sua demanda, de acordo com Viotti & Macedo (2003).

Este modelo obteve críticas dos estudiosos de fenômeno de inovação dos próprios países industrializados. A crítica concentrava-se “na sua compreensão do processo de inovação como um fenômeno compartimentalizado e seqüencial, no qual a empresa desempenha basicamente o papel de uma simples usuária da tecnologia” (VIOTTI, 2001 apud VIOTTI & MACEDO, 2003, p.57).

1.10.2 Modelo Elo de Cadeia

O modelo elo de cadeia (chain-linked model) foi desenvolvido por Kline e Rosenberg (1986) e está representado na figura abaixo:

Figura 05 – Modelo Elo de Cadeia (Um Modelo Interativo do Processo de Inovação)

Fonte: Technology and the economy – The key relationships (OECD, 1992, fig 1, p.25). Adaptado com pequenas modificações, de Kline e Rosenberg (1986, p.289) apud Viotti e Macedo (2003, p.58)

Símbolos usados nas setas das caixas de baixo:

E= Cadeia central de inovação; f= Elos de realimentação;

R=Realimentação particularmente importante.

Conexões verticais:

C-P: Conexão de conhecimento para pesquisa e via de retorno. Quando o problema é resolvido no nódulo C, a conexão 3 para P

não é ativada. O retorno da pesquisa (conexão 4) é problemático, por isso ela é representada em linhas pontilhadas.

D: Conexão direta dos problemas na invenção e no projeto de e para a pesquisa.

I: Contribuição da indústria para a pesquisa científica via instrumentos, máquinas-ferramenta e métodos tecnológicos.

F: Apoio financeiro de firmas à pesquisa em ciências subjacentes à área de produtos para ganhar informações diretamente ou pelo

monitoramento dos trabalhos de terceiros. As informações obtidas podem ser aplicadas em qualquer ao longo da cadeia.

E 2 P E 1 2 1 1 2 f f f f Pesquisa 3 3 3 P P Estoque de conhecimentos Científicos e Tecnológicos Mercado Potencial Invenção e/ou concepção de projeto básico Projeto detalhado e teste Reprojeto e produção Distribuição e comercializa ção c 4 c 4 c 4 I F E E D R

Este modelo, segundo Viotti (2001) apud Viotti &Macedo (2003), enfatiza a criação de que a inovação é resultado de um processo de interação entre a oportunidade de mercado e a base de conhecimentos e capacitação da empresa. Está envolvida em inúmeros subprocessos, os quais não mostram uma progressão claramente definida, e os seus resultados têm um alto índice de incerteza.

É normal a ocorrência de interações ou realimentações entre diversos subprocessos e o próprio retorno às fases anteriores de desenvolvimento para aperfeiçoamento ou para solução de problemas surgidos ao longo do processo de inovação.

A efetiva integração entre os vários subprocessos, principalmente entre as fases de comercialização e de invenção e projeto, é vista como um dos pontos determinantes do sucesso no processo de inovação de acordo com Viotti (2001).

A empresa está posicionada no centro do processo de inovação e a pesquisa não é vista como a fonte das idéias inventivas, mas uma forma de resolver problemas aparecidos em alguma das fases do desenvolvimento da inovação.

“A pesquisa é uma atividade adjunta ao processo de inovação e não uma precondição para esse. Muitas atividades de pesquisa vão ser motivadas por problemas ou idéias inovativas que surgiram na comercialização, na produção, etc. Fora da esfera da pesquisa stricto sensu.” (VIOTTI, 2001 apud VIOTTI&MACEDO, 2003,p.59)

Quando problemas aparecem no processo de inovação, a empresa recorre à sua base de conhecimentos e capacitações. Quando essa se mostra incapaz de resolvê-los, recorre à pesquisa, que, quando bem sucedida, estende aquela base.

Para Smith (1998, p.15 apud Viotti, 2003, p.59), o modelo elo de cadeia enfatiza três aspectos básicos da inovação:

• A inovação não é um processo sequencial, mas envolve, sim, muitas

interações e realimentações;

• A inovação envolve insumos multifacetados;

• A inovação não depende de processos de invenção e tais processos tendem a

ser realizados para a solução de problemas durante o processo de inovação, em vez de para iniciá-lo.

Esta maneira de entender o processo de inovação é fundamental tanto para a política e estratégia tecnológica quanto para a forma de monitoramento do processo de inovação. A nova percepção do processo de inovação, mostrada através deste modelo, traz para o foco a empresa e sua base de conhecimentos e capacitações. Desta forma, as políticas inspiradas por este modelo enfatizam o apoio ao fortalecimento da capacitação tecnológica das firmas e de suas parcerias com as instituições de pesquisa.

1.10.3 Modelo Sistêmico de Inovação

Para Viotti & Macedo (2003), a abordagem de sistemas nacionais de inovação demonstra que a análise dos processos de produção, difusão e uso de CT&I deve considerar como importante a influência simultânea de fatores organizacionais, institucionais e econômicos.

O modelo sistêmico de inovação caracteriza-se pelo fato de mostrar que as empresas não inovam isoladamente, mas geralmente o fazem em um sistema de relações diretas e indiretas com outras empresas, a infra-estrutura de pesquisa pública e particular, as instituições de ensino e pesquisa, a economia nacional e internacional, as leis normativas e um conjunto de outras organizações.

Figura 06 – Modelo Sistêmico de Inovação Fonte: Viotti & Macedo (2003, p.61)

Para o autor, há um crescimento no processo de internacionalização das economias como também um crescimento das influências internacionais nos processo de inovação de cada país. “Esses dois fenômenos, ainda que não estejam contribuindo de maneira significativa para o fim das desigualdades dos espaços nacionais de desenvolvimento científico e tecnológico, não

diminuem, contudo, a importância da análise do processo de inovação nos âmbitos nacionais” (VIOTTI & MACEDO, 2003, p.60).

Os investimentos internacionais em atividades de P&D ou na constituição de empresas de alta tecnologia são geridos por percepções sobre os pontos fortes e fracos dos vários sistemas nacionais de inovação.

O diagnóstico e os propósitos de políticas associadas à abordagem sistêmica mostram e enfatizam novos aspectos do processo de inovação das políticas voltadas para a promoção, em especial, em relação à compreensão do processo de mudança técnica associado à economia convencional, segundo Viotti (2001) apud Viotti & Macedo (2003).

No próximo capítulo será vista a relação da inovação com o mercado, mostrando o conceito de tecnologia, característica de um processo inovador e a interação com o mercado consumidor.

2DIMENSÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA