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Fonte: The City Fixbrasil (2012)

3.3 MODO BRS BUS RAPID SERVICE (ÔNIBUS DE SERVIÇO RÁPIDO)

A priorização do transporte público nos diferentes modos de transporte se mostra como uma ferramenta de grande valor na evolução do transporte tradicional (AYURE, 2014).

Segundo Brasil (2017d) a prioridade ao transporte coletivo pode ser dada através de faixas exclusivas, que são importantes para separar a circulação dos ônibus dos demais veículos em tráfego misto e, assim, garantir maior confiabilidade a operação, Figura 20.

Figura 20- BRS Recife

Fonte: Jornal do Comercio (2011)

O Green Nation (2012) define o BRS como sendo composto por:  corredor mais simples, sem segregação da via;

 faixas exclusivas para ônibus, com controle de acesso dos demais veículos por câmeras;

 pagamento dentro do ônibus;

 otimização da oferta por meio da redução da frota de ônibus no eixo do BRS;  aumento da ocupação dos ônibus;

 escalonamento dos pontos de paradas; e  ônibus tamanho padrão.

Highway Capacity Manual (HCM) (2000) cita algumas medidas de prioridade adicionais a este sistema de faixas exclusivas:

queu by-pass, medida de tráfego que fornece una faixa prioritária para ônibus, principalmente nas interseções;

queue jump, faixa lateral à direita na interseção prioritária para ônibus;

curb extensions, é uma extensão da calçada onde geralmente há um acostamento destinado para o estacionamento na via com a finalidade de servir como ponto de parada dos ônibus sem entrar na zona do estacionamento;

bording island, separar faixas no mesmo sentido, onde a faixa da esquerda tem problemas de trânsito e atividade significativa de estacionamento e assim o transporte público pode circular pela faixa da direita;

 restrição no estacionamento;  realocação dos pontos de ônibus;  exceção em giros proibidos; e,

 faixas exclusivas para ônibus, entre outras.

Segundo Vuchic (2005), a intervenção física necessária para a priorização do transporte público é, para o caso do BRS, a separação parcial do fluxo de tráfego, e para Dos Reis et al. (2014, p. 87), o BRS é a forma de buscar “alternativas para priorizar o transporte deste tipo de veículo, visando garantir o atendimento de maiores demandas com alto nível de satisfação, além de reduzir conflitos com o fluxo de automóveis nas vias”.

Um dos fatores que levou à implantação dos corredores de BRS, de acordo com Ayure (2014, p. 04), foi a “interação dos ônibus com os veículos privados nas grandes cidades, produzindo alterações relevantes na mobilidade, gerando problemas de congestionamento e tráfego, assim como deficiência no nível de serviço”, em uma situação que ficou agravada em função da política pública de facilitar a aquisição do transporte individual e com isto aumentar os índices de motorização.

A NTU (2013) lista os objetivos da implantação de faixas exclusivas para os ônibus:  garantir prioridade no sistema viário ao transporte coletivo;

 aumentar a velocidade operacional dos ônibus;  diminuir o tempo do passageiro dentro do veículo;  impactar positivamente nos deslocamentos individuais;  permitir maior fluidez na circulação viária para os ônibus;

 disponibilizar informação aos usuários, monitoramento e reeducação;  racionalizar a operação com a otimização da frota;

 aumentar a produtividade do transporte público sobre pneus;

 reduzir os custos do transporte público e, consequentemente, contribuir para a modicidade tarifária;

 facilitar a integração com os outros modos de transporte; e,  compartilhar os espaços da cidade de forma justa e racional.

A Fetranspor (2013) afirma que entre as opções de priorização ao transporte público, pode ser elencado o BRS (Bus Rapid Service) - ou Serviço Rápido de Ônibus, que tem como objetivo priorizar e racionalizar o transporte público por ônibus. A implantação do BRS é uma opção eficaz e de baixo custo, para aprimorar a mobilidade urbana. Pode ser introduzido rapidamente, por não serem necessárias grandes intervenções viárias nem desapropriações. Isto facilita a decisão política do poder público em abrir espaço para o transporte público diante do carro (Figura 21).

Figura 21- Corredor de BRS - Rio de Janeiro

Fonte: Jornal Orla Sul (2018)

Outros autores têm conceitos complementares para a priorização do transporte público por ônibus. Entre eles, Leite et al. (2014) definem que a implantação de faixas exclusivas ou preferenciais para ônibus em eixos importantes da cidade são recomendadas junto com a reorganização das linhas que passam por essas vias. E acrescentam que “somente com a melhoria significativa da oferta dos transportes públicos coletivos e sua priorização,

principalmente em relação aos veículos particulares, será possível chegar a uma situação confortável de mobilidade sustentável” (p. 05).

Além da implementação da infraestrutura, também são necessárias as mudanças operacionais, pois, para garantir a redução do tempo de viagem, além de faixas preferenciais, os corredores BRS devem incluir a racionalização das linhas de ônibus e o escalonamento dos pontos de parada (ou seja, as linhas só podem parar em pontos específicos ao longo do corredor). Outro item fundamental para o sucesso de um BRS é a informação aos usuários, por ser importante o entendimento do sistema pela população - afinal, trata-se de um novo conceito, que altera de forma significativa o comportamento e a rotina das pessoas. Dentre as vantagens deste sistema, destacam-se a redução de custos urbanos (derivados de acidentes, poluição, tempo perdido etc.), e também o ganho de velocidade média comercial para os ônibus, que reduz o consumo de combustíveis e as emissões de poluentes, e a redução do tempo de viagem dos passageiros, que melhora a qualidade do serviço e, consequentemente, a vida da população (FETRANSPOR, 2013) (Figura 22).

Figura 22- Corredor de BRS, com duas faixas - Rio de Janeiro

Fonte: NTU (2013)

Em resumo, pode ser dito que para implantar o BRS é necessário (FETRANSPOR, 2013):

 definir a área de estudo impactada;

 analisar a oferta de linhas e a ocupação veicular;  racionalizar as linhas do corredor;

 escalonar os pontos de parada;

 disponibilizar informação aos usuários nos pontos de ônibus;  realizar treinamentos com operadores, motoristas e panfleteiros; e,  realizar forte campanha de marketing e comunicação à população.

O funcionamento deste sistema depende de um sistema de fiscalização que garanta a prioridade aos ônibus, como ilustra a Figura 23. Para Brasil (2008) o sistema BRS tem como características as vias segregadas em corredores isolados, porém com cobrança dentro do ônibus e a infraestrutura simples, com sinalização algumas vezes em postes ou abrigos e os veículos de tamanho padrão.

Figura 23- Fiscalização eletrônica de corredor BRS - Rio de Janeiro

Fonte: Litoralbus (2012)

Particularmente importante para a atração de passageiros é o fato de o BRS ter faixa de trânsito separada e permanente e, portanto, uma imagem muito mais forte do que o transporte por ônibus convencional. Umas das principais vantagens na implantação desse sistema de transporte é o baixo nível de investimento de infraestrutura e a rápida implantação.

Em outras palavras, o BRS pode ser considerado como um sistema intermediário entre o transporte de ônibus convencional e o BRT Bus Rapid Transit (Transporte Público Rápido por Ônibus) (FETRANSPOR, 2011).