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Fonte: The City Fixbrasil (2012)

3.4 MODO BRT BUS RAPID TRANSIT (TRANSPORTE RÁPIDO POR ÔNIBUS)

De acordo com Ayure (2014), esse sistema de transporte surgiu em 1974, na Cidade de Curitiba, Figura 24, na implantação do sistema de vias exclusivas “Ônibus Expressos - Ligeirinho”, no sistema de canaletas, quando ainda não se tinha adotado o nome atual de BRT, e em seguida foi aperfeiçoado em Bogotá, na Colômbia, Figura 25, e atualmente está sendo implantado em diferentes países, principalmente aqueles em desenvolvimento.

Figura 24- BRT de Curitiba, sistema de canaletas

Fonte: Banda B (2014)

Figura 25- Corredor de BRT – Bogotá Praça das Águas

Fonte: Violência Urbana Bogotá (2010)

Uma das principais razões que justificam esta expansão é devida ao fato de que o foco tradicional do planejamento de transportes tem sido o de melhorar a mobilidade dos veículos motorizados, medindo os benefícios como maior velocidade e economia de tempo de viagem (TIWARI; JAIN, 2012), principal objetivo dos BRTs.

Da mesma forma, Brasil (2008b, p. 01) coloca que o BRT está sendo implantado em várias cidades, por ser “um sistema de transporte de ônibus que proporciona mobilidade urbana rápida, confortável e com custo eficiente através da provisão de infraestrutura segregada com prioridade de passagem, operação rápida e frequente e excelência em marketing e serviço ao usuário”.

Vuchic (1981), de forma simples, diz que o BRT é um sistema de ônibus de alta capacidade que utiliza pista exclusiva como medida de prioridade.

Ayure (2014, p. 17) complementa a caracterização do BRT afirmando:

Sua operação sobre infraestrutura segregada, assim como a utilização de ônibus com padrões maiores que os convencionais. O que permite maior

quantidade de passageiros transportados. Além disso, possui a capacidade de ultrapassagem de outras linhas, o que leva à aparição de serviços expressos mistos com serviços paradores, refletindo no ganho de tempo de viagem e na maior quantidade de passageiros transportados.

Segundo Merkert; Mulley; Hakim (2017), os sistemas de BRT estão evoluindo de todas as formas e tamanhos, devido à urgência em proporcionar maior eficiência e valor para os recursos públicos do que alternativas mais onerosas, principalmente em países em desenvolvimento, e, por meio de suas pesquisas, concluíram que:

Os sistemas de BRT localizados em países em desenvolvimento ou países com alta densidades populacionais são bem-sucedidos na geração de maiores receitas por passageiros e unidade de insumo do que o outro modo de transporte de ônibus convencional. Melhores padrões de BRT e, portanto, maiores despesas de capital, ao mesmo tempo em que aumentando significativamente o investimento e a efetividade, porém não teria um impacto significativo nos rendimentos ou na relação custo-eficácia. Em contrapartida, a propriedade pública e o número de estações estão, em média, associados a resultados de maior custo efetivo (p. 75).

No entanto, Márquez; Pico; Cantillo (2018) colocam que existe uma crescente preocupação com alguns sistemas de transportes implantados em cidades de países em desenvolvimento, por estarem constantemente preocupados com a sustentabilidade financeira do sistema, porém ressaltam que “os sistemas BRTs resultam em impactos positivos devido à redução nos custos operacionais, tempo de viagem e acidentes de trânsito, bem como reduções nas emissões de poluentes atmosféricos” (p. 01).

Elmer e Leigland (2014) colocam sua visão sobre este sistema:

Um modo relativamente novo que combina a velocidade e a capacidade de um sistema de trilho leve com a flexibilidade e o baixo custo dos ônibus. […], em geral, um sistema BRT terá direitos de passagem dedicados ou outras técnicas de gerenciamento de tráfego (como o tratamento preferencial para ônibus em interseções sinalizadas) e paradas limitadas para aumentar a velocidade do ônibus. Além disso, os sistemas BRT terão um embarque mais rápido alcançado através do design do veículo, design da estação ou práticas de coleta de tarifas. O BRT é controverso (os oponentes insistem que um "ônibus ainda é um ônibus"), mas está recebendo muita fanfarra e apoio do governo federal e de muitos especialistas em transportes.

Vuchic (2005) resume as principais características deste sistema:  faixa reservada para o ônibus;

 alta taxa de ocupação dos veículos;

 a valorização do uso do solo, com a implantação do corredor;

 novo design dos veículos (articulado, piso baixo, janelas baixas etc.);  competitividade operacional;

 sistemas inteligentes – TI;

 motores com baixos níveis de poluição atmosférica e ruído;  transferências convenientes para outros sistemas ou linhas; e,

 cobrança de tarifa pré-paga, que minimiza os atrasos durante o embarque/desembarque (Figura 26).

Figura 26- Corredor BRT - Bogotá

Fonte: Logit (2018)

Por ser uma tecnologia relativamente nova, muitos pesquisadores estudam suas características e definem conceitos para o BRT, alguns dos quais serão aqui citados.

Levinson et al. (2003) e Wood (2015) têm conceitos semelhantes ao de Thomas (2001) sobre o sistema definindo o como um modo de transporte rápido que pode combinar a qualidade do transporte ferroviário e a flexibilidade dos ônibus, e Wright (2003) conceitua levando em consideração o aspecto econômico, em que define que o BRT é um transporte orientado ao cliente de alta qualidade. Brasil (2008b, p. 12) inclui o uso de faixas segregadas “baseado em

ônibus de alta qualidade que oferece mobilidade urbana rápida, confortável e econômica por meio do fornecimento de infraestrutura de direito de passagem segregada, operações rápidas e frequentes e excelência em marketing e atendimento ao cliente”, como ilustra a Figura 27.

Figura 27- Corredor de BRT - Recife-PE

Fonte: CTM (2017)

Do mesmo modo, González e Cerón (2014) definem que o sistema BRT é um sistema de transporte com base nas características funcionais do VLT, que se beneficia das vantagens econômicas e da flexibilidade do ônibus, prestando um serviço coletivo de transporte de forma confortável, rápida e funcional por um sistema rodoviário, tendo como consequência uma importante redução de custos em comparação com outras formas de serviços no mesmo nível, sendo a principal diferença, o fato de o BRT poder ofertar um transporte de alta qualidade a um custo muito menor.

Para Dos Reis et al. (2014, p. 86), o BRT:

[...] Se caracteriza por ser um transporte que apresenta a qualidade e a capacidade do transporte ferroviário, e a flexibilidade do sistema ônibus. Este tipo de sistema é considerado útil e de bom desempenho para uma velocidade operacional média maior que 25km/h. Esses sistemas possuem alta capacidades de transporte e um custo de construção bem menor que outros sistemas utilizados, sendo visto como uma alternativa viável para melhoria dos transportes coletivos.

Da mesma forma, para Currie e Delbosc (2011), os sistemas de BRT são uma opção cada vez mais popular internacionalmente, oferecendo a qualidade do sistema ferroviário, porém com serviço de ônibus por um custo muito mais baixo do que o do sistema de trilho. O sistema de BRT está sendo bem aceito em função dos bons resultados das variáveis explicativas que incluem o nível de serviço, a frequência, a velocidade, o espaçamento de paradas, a faixa exclusiva com a possibilidade de ultrapassagem, Figura 28, a acessibilidade ao veículo, o emprego e a densidade residencial, os níveis de propriedade do automóvel e a qualidade da infraestrutura do BRT.

Figura 28- Corredor BRT Transcarioca - Rio de Janeiro

Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro (2014)

Segundo Lindau (2012), o BRT tem como características “elevada flexibilidade e alto desempenho, aliados à rapidez e ao baixo custo de implantação, desta forma, tornou-se uma excelente solução para cidades que querem oferecer a seus cidadãos uma alternativa aos congestionamentos” (p. 01). E Lindau; Hidalgo; Lobo (2014) acrescentam que mesmo o BRT apresentando desempenho equivalente ao sistema ferroviário, ainda é visto como um modo de qualidade inferior aos sistemas ferroviários.

No Quadro 1 a seguir são apresentadas vantagens e desvantagens dos sistemas BRT chineses, baseados em levantamento de Deng; Ma; Wang (2013).

Quadro 1- Vantagens e desvantagens do BRT

VANTAGENS DESVANTAGENS

Custo de capital relativamente baixo: Em função de ter um custo de investimento baixo, torna acessível as cidades com orçamento limitado.

Percebido como não permanente. Potencial para autofinanciar a operação: Com

uma alta demanda reduzindo os custos operacionais tornando rentável a operação.

Ocupam o espaço rodoviário: sofrem oposição quando as faixas são retiradas do transporte privado

Tempo de construção curto: A implantação pode ser realizada em vias já existentes.

Imagem negativa dos ônibus: que operam em tráfego misto, com atrasos consideráveis.

Considerável flexibilidade: Capacidade de mudanças de acordo com as circunstâncias

Impacto negativo sobre o tecido urbano: ônibus de alta frequência tem aceitação negativa no tecido urbano.

Fonte: Deng et al. (2013)

De acordo com Lindau; Hidalgo; Lobo (2014), o planejamento e implantação dos sistemas BRTs enfrentam problemas, tais como:

 complexidade e falta de capacidade técnica;  falta de alinhamento entre os stakeholders;  promoção forte de modos concorrentes;

 percepção do BRT como um modo de menor qualidade;  viés tradicional para expansões de capacidade do veículo;  oposição de operadores de ônibus existentes; e,

 falta de participação da comunidade.

E as barreiras de implementação do BRT incluem também:  subestimar o esforço de implementação;

 descontinuidade em função dos ciclos políticos;

 falta de políticas nacionais de apoio ao desenvolvimento de BRT;  financiamento insuficiente para a implantação adequada; e,  urgência na inauguração.

De acordo com Vuchic (2005) e Ferraz e Torres (2004), os sistemas de BRT e de BRS materializam a exclusividade e preferência para os ônibus nas vias mais carregadas. Contudo, o BRS consiste apenas na segregação de faixas para a circulação de ônibus e a redução do número de paradas, enquanto o BRT incorpora estas medidas e avança ao criar uma via permanentemente segregada, altera a concepção das paradas, inclui sinalização semafórica e, em alguns caso, pode impor mudanças nos sentidos das vias de entorno em conjunto com a

redução no número de cruzamentos, além do uso de veículos maiores e de maior capacidade e da presença de sistemas de controle e Tecnologia da Informação (TI).