• Nenhum resultado encontrado

APÊNDICE C PONDERAÇÃO DOS CRITÉRIOS POR CADA GRUPO PELO MÉTODO DO BLOCO DE CARTAS

3 MODOS DE TRANSPORTES

Este capítulo tem como objetivo detalhar os cinco modos de transportes que fazem parte deste trabalho, auxiliando no entendimento de cada um e na escolha da melhor opção, que ajudará na alocação dos recursos em transportes públicos, na implantação de um corredor de transporte público de média ou grande capacidade, de acordo com suas características e levando em consideração os critérios indicados no capítulo anterior. Está divido em oito partes: na primeira etapa, é apresentado um breve detalhamento da tipologia e importância dos transportes públicos e da escolha do modo mais adequado, para cada situação, para implantação de infraestrutura. Na segunda fase é explicado o modo de transporte por ônibus convencional, suas características, vantagens e desvantagens. Nas terceira, quarta, quinta e sexta etapas, são explicados da mesma forma os modos BRS, BRT, VLT e metrô, respectivamente. Na sétima parte é realizada uma comparação entre os modos de transportes, mediante dados estatísticos, em função dos critérios selecionados anteriormente. Por último, é apresentada uma conclusão do capítulo.

Neste capítulo é desenvolvida uma metodologia analítica de avaliação e enquadramento dos cinco modos de transportes, levando em consideração o nível de complexidade e a capacidade do sistema, assim como a relação entre eles. A metodologia utilizada neste capítulo fundamenta-se na pesquisa bibliográfica que possibilitou o detalhamento da definição e a caracterização dos cinco tipos de sistemas de transportes de média e grande capacidade, assim como a identificação de variáveis e parâmetros de avaliação da estrutura desses sistemas.

O estudo está limitado a cinco modos de transporte, em função de serem os mais usuais e com uma vasta literatura e experiências locais, nacionais e internacionais.

3.1 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA DO MODO DE TRANSPORTE NA IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA

No momento da escolha do modo de transporte mais adequado para uma cidade/região, onde devem ser alocados os recursos públicos, é importante a compreensão de que “as pessoas viajam para ter acesso a emprego, educação, instalações de saúde, atividades recreativas e comerciais. As distâncias percorridas e a escolha do modo de viagem são ditadas pelo perfil

socioeconômico dos usuários e disponibilidade de escolha do modo” (TIWARI; JAIN, 2012, p. 88). Desta forma, devem ser implantados sistemas de transportes de boa qualidade, de acordo com suas características locais.

A capacidade de mobilidade ofertada pelo transporte é uma condicionante da participação no meio urbano, para promover a acessibilidade para a população (RÉMY; VOYÉ, 1997).

Vasconcellos (2001) ressalta este aspecto afirmando:

O transporte representa a necessidade de deslocamento de pessoas e mercadorias no espaço, entre uma origem e um destino, implicando uma relação fundamental entre demanda e oferta e nas tecnologias disponíveis para o atendimento das necessidades. Sendo assim, o transporte de passageiros trata de integrar os indivíduos no meio que eles vivem e permiti que haja acesso desses, as situações do cotidiano como trabalho, lazer e escola.

Dos Reis et al. (2014) afirmam que nas grandes cidades o sistema de transporte não é capaz de atender à demanda de forma adequada. As grandes cidades brasileiras não fogem a esta regra, pois os sistemas de transportes são ineficientes.

Diante desse quadro, Senna (2014) afirma com toda a propriedade que o processo de tomada de decisão para a utilização racional dos recursos na sociedade é de muito importante, pois muitas vezes são escassos. Contudo, o Ministério das Cidades ressalta que:

A escolha do tipo de tecnologia de transporte público de uma cidade pode ser um processo muito polêmico. Dados os vários interesses dos grupos envolvidos e a quantidade substancial de contratos em jogo com o setor privado, o processo fica bastante politizado. Entretanto, tomar a decisão dentro de uma estrutura de trabalho racional é a única maneira de assegurar que o usuário seja verdadeiramente atendido (BRASIL, 2008a).

Vuchic (2007), na mesma linha do Ministério das Cidades, adverte que o planejamento e construção do sistema de transporte público de uma cidade ou região geralmente representam um grande volume de investimento, devendo ser bem elaborado para evitar os desperdícios ou a não aplicação dos mesmos pela falta de opções mais adequadas, sendo muitas vezes, sujeitos a pressões de diferentes grupos interessados ou “lobbies”, e às vezes reflete diferentes filosofias políticas, havendo tendências a favor ou contra diferentes modos de transporte público.

Portanto, o modo de transporte mais adequado é o que mais bem atende às necessidades dos usuários, em determinado contexto, considerando as características locais, onde haja a escolha do modo de transporte mais apropriado. Neste trabalho, a escolha depende do grau de importância que os gestores e tomadores de decisão dão aos critérios. Os critérios escolhidos no capítulo 2 são os seguintes: custo do investimento para implantação, operação e de manutenção; viabilidade econômica e financeira do projeto; capacidade financeira do poder público; tempo de obra; capacidade adequada de transportar a demanda; tempo total da viagem; capacidade de atrair demanda; grau de interferência urbanística; volume de desapropriação; grau de poluição sonora e ambiental; e a adequabilidade tarifária à capacidade de pagamento da população.

3.2 MODO ÔNIBUS CONVENCIONAL

Em relação ao modo de transporte público por ônibus convencional, Dos Reis et al. (2014) definem que, mesmo o transporte coletivo por ônibus tendo sido pioneiro na mobilidade urbana, os ônibus continuam presentes em quase todas as cidades, circulando em sistemas abertos ou fechados. Desta forma, é importante uma análise deste modo de transporte, para que possam ser consideradas suas características que auxiliam no processo de escolha.

Para Mello (1981), os ônibus oferecem a vantagem da flexibilidade quanto a itinerários, podendo se adaptar mais facilmente às mudanças urbanas, além de ter custo de implantação bem mais baixo. Para tal, Mello (1981) cita que, por ter a facilidade de proporcionar um transporte porta a porta, o sistema de transporte público por ônibus convencional teve uma rápida difusão, principalmente nas cidades dos países em desenvolvimento, que tiveram sua urbanização acelerada após os grandes surtos de implantação de metrôs e bondes, porém, com a escassez de recursos para investimentos públicos, abandonaram estas soluções.

Brasil (2008b) coloca que o modo de ônibus convencional opera em sistemas que normalmente têm cobrança interna no veículo, paradas de ônibus nas calçadas, com infraestrutura bem simples, com sinalização muitas vezes em postes ou abrigos, com a qualidade do serviço não satisfatória, como se pode ver na Figura 16.

Figura 16- Parada de ônibus na Av. Agamenon Magalhães, Recife-PE

Fonte: Jornal do Comercio (2014)

Elmer e Leigland (2014) complementam as características desse modo: utiliza veículos de duas portas, para o embarque e desembarque; as tarifas geralmente são pagas no próprio veículo; acessibilidade universal, Figuras 17 e 18, os ônibus transportam entre 45 a 50 passageiros, podendo duplicar a capacidade se utilizarem veículos articulados e compartilharem a via com automóveis particulares.

Figura 17- Cobrança no interior do ônibus

Fonte: Gazeta do Povo (2017) Figura 18- Acessibilidade universal