Modos de fazer

As análises de discurso das publicações institucionais (notícias) dos cursos regulares ofertados pelos campi do IFPI surgiram a partir de uma padronização que estabelecem com objetivos muito bem definidos para apresentar e justificar as questões que foram selecionadas durante todo o processo de estruturação de um protocolo de análise. O protocolo foi concebido com os subsídios referentes às leituras da Análise do Discurso, principalmente, pelos autores Maingueneau (1997; 2008; 2015) e Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), que trouxeram grandes contribuições na construção de um modelo de conhecimento e reconhecimento do discurso institucional. A composição do ethos tem a ver com a construção da identidade do IFPI, por intermédio do discurso institucional que ocorre com as práticas discursivas nas publicações (notícias) veiculadas em seu portal noticioso, tendo o locutor como o responsável pela construção da imagem de si mesmo, estabelecendo, reconhecidamente, um ethos e uma cena de enunciação.

O discurso é tudo aquilo que se encontra na enunciação, já que a enunciação é entendida como a própria inserção no discurso e as práticas discursivas são compostas pelo conjunto de situações que envolvem os mundos verbais e naturais: linguagens verbais e não- verbais. “Contudo, é em torno das práticas verbais que o conceito de discurso ganhou maior força, mesmo contemplando outras situações que não exclusivamente verbais” (IASBECK, 2009, p. 17). E a construção da identidade do IFPI deve estar sempre centrada em um discurso que dê enfoque às suas atuações nas mais diversas atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão, e sem esquecer os vínculos com a missão, a visão e os valores institucionais.

[...] a questão do ethos está ligada à construção da identidade. Cada tomada da palavra implica, ao mesmo tempo, levar em conta representações que os parceiros fazem um do outro e a estratégia de fala de um locutor que orienta o discurso de forma a sugerir através dele certa identidade (MAINGUENEAU, 2008, p. 59-60).

Sabe-se que existem muitas formas de se fazer análise dos discursos sem esquecer que muitos são os procedimentos discursivos a serem utilizados e, diante disso, a investigação precisou ser realizada sob critérios e objetivos pré-estabelecidos, na hora das escolhas e dos recortes, para subsidiar uma correta avaliação na construção da identidade do IFPI, a partir das práticas discursivas de sua comunicação institucional. A definição do corpus está associada à escolha de métodos e a uma definição estratégica que pudesse ser facilmente

manipulada e reflexiva, onde o recorte teve seu direcionamento às técnicas de persuasão; às questões sócio-culturais do discurso institucional voltadas para o enunciador; e outros enfoques que fazem parte e que são responsáveis pela produção dos resultados de ethos.

Nas análises dos conteúdos das publicações (notícias) produzidas pela Dircom e veiculadas no portal eletrônico (noticioso) do IFPI, foi elaborado um protocolo de análise com componentes qualitativos voltados ao corpus, demonstrando as estratégias discursivas, a partir da análise do texto linguístico e dos componentes externos ao texto – não com o objetivo de se esgotar o discurso propriamente dito –, tendo sido divididos nos seguintes subtópicos: fase de diagnóstico, itens lexicais, encadeamento/técnicas argumentativas, destacabilidade e componentes externos ao texto linguístico.

2.3.1 Fase de diagnóstico

Esta fase compreende o trabalho que foi realizado no diagnóstico das publicações institucionais (notícias) produzidas pela Dircom e que foram veiculadas na página principal do portal do IFPI: tanto em seu sistema randômico/rotativo, “destaques”, “mais notícias”, como no link ”acesse a lista completa” que traz uma lista completa de todas as notícias publicadas e organizadas cronologicamente com seus respectivos títulos, imagem principal, data e hora de publicação. O diagnóstico teve seu início no dia 1º de julho de 2017, com a notícia “Parnaíba realiza Dia D das Edificações” e, seu término, no dia 1º de dezembro de 2017 com a notícia “Campus Valença inaugura Aviário Experimental”, perfazendo um total de seis meses de observações e levantamentos. A escolha da data de início deu-se por conta da disponibilidade de acesso que o novo portal passou a oferecer, nas consultas de suas notícias em seu acervo, através do link “acesse sua lista completa”.

O anexo desta pesquisa é composto pelo “Levantamento Demonstrativo das Publicações Institucionais produzidas pela Diretoria de Comunicação Social (Dircom) e que foram veiculadas no portal do IFPI” – 1º de junho a 1º dezembro de 2017, constando tudo em uma tabela todas as notícias do referido período. As notícias estão dispostas de forma cronológica, apresentando as especificações de cada uma em relação ao seu título, nome do curso, campus, data do evento e de divulgação, tanto no portal quanto no newsletter (Boletim Informativo) dos docentes e servidores do IFPI. Ao todo foram levantadas 68 notícias, onde

se fez o diagnóstico sobre a comunicação institucional do IFPI e a seleção dos textos mais relevantes para passar pelo processo sistêmico de análise.

Os Itens Lexicais, Encadeamento/Técnicas Argumentativas e a Destacabilidade fazem parte da análise que foi realizada nos componentes qualitativos e sempre voltada para os indícios textuais, que nos proporcionou compreender sobre o ethos e as cenas de enunciação da comunicação institucional do IFPI, trazendo os elementos que fazem parte do: ethos pré- discursivo, fiador e esquemas de estereotipização.

2.3.2 Itens lexicais

Trata-se de um conjunto de palavras que caracterizam o código linguageiro, posicionando o discurso, e que foram delimitados pelos substantivos, advérbios, adjetivos e verbos, por conta de definirem o discurso institucional: não só pela questão qualitativa, mas por conseguirem qualificar o discurso. O discurso institucional deve sempre revelar as palavras que retratem uma preocupação com o seu destinatário final, com quem de fato estará responsável por receber a mensagem. Iasbeck (2012, p. 28) descreve muito bem quem são os destinatários dos discursos realizados pelas organizações:

Trata-se apenas de uma constatação reformada e absolutamente necessária para que voltemos a maior parte de nossos esforços e de nossa atenção para esse “outro”, tão submetido aos caprichosos discursos estratégicos do “emissor” e tão valorizado nas atividades de comunicação. Ele não é apenas nosso público externo: pode ser o próprio empregado, o fornecedor, o acionista, o intermediário (ou “atravessador”), enfim, o consumidor. É ele quem recebe o discurso empresarial, lê e interpreta os textos que a organização produz; é ele, pois, o juiz da qualidade total e o dono inquestionável dos desejos (e das necessidades) que as ações de marketing pretendem satisfazer...totalmente.

2.3.3 Encadeamento/técnicas argumentativas

O conhecimento do ethos e das cenas de argumentação, no discurso institucional, dão- se principalmente pela utilização das marcas de pontuação, forma de construção e ordenação dos parágrafos. Maingueneau (1997, p. 161) fala sobre os enunciados e a importância que a semântica tem em relação aos outros, resultando em uma dependência entre si:

“um enunciado é composto de palavras para as quais não é possível fixar nenhum valor intrínseco estável (...), seu valor semântico não residiria, pois, em si mesmo, mas apenas nas relações que estabelece com outros enunciados, enunciados estes que ele está destinado admitir ou aqueles que são supostamente capazes de por ele serem admitidos”.

O discurso institucional utiliza-se das marcas de pontuação, da forma de construção e ordenação dos parágrafos para organizar as ideias na divulgação dos eventos científicos dos cursos ofertados pelos campi do IFPI, sem esquecer o entusiasmo, a emoção que é bem característica na construção do corpo do texto da notícia e com a intenção de conduzir o seu leitor até o término da publicação de forma bem peculiar: com empolgação.

2.3.4 Destacabilidade

A destacabilidade é um item a ser analisado no discurso institucional que é conhecido por fórmulas que surgem como pequenos enunciados e, de acordo com Maingueneau (2008, p. 75-76), são citações que podem ser tanto autônomas (interpretação literal entre dois locutores comuns) quanto de marcação de um posicionamento (em relação a algo específico e em oposição). São máximas ou expressões encontradas em títulos, intertítulos, legendas ou no final de frases e quase destacam mesmo não sendo conteúdos originais, mas devem trazer a percepção de serem inéditas e memoráveis.

As denominações da máxima heróica proposta por Maingueneau (2008, p. 77) são “Essas asserções generalizantes que enunciam um sentido completo; são curtas, bem estruturadas, de modo a impressionar, a serem facilmente memorizáveis e reutilizáveis. Elas devem, além disso, ser pronunciadas com o ethos enfático conveniente”. Uma outra expressão a ser observada, no contexto da destacabilidade, é a sobreasseveração, um fragmento destacado do texto, podendo ou não se sobressair, que acaba compondo um novo significado ou sentido para o discurso e tomando pra si um posicionamento que vai de encontro aos valores. “O sobreasseverador é alguém que se sobrepõe, que mostra o ethos de um homem autorizado” (MAINGUENEAU, 2008, p. 91), quer dizer, o enunciador demonstra os seus valores e fortifica a argumentação, a partir do momento que ocorrem as mudanças do conteúdo, das ideias do texto em uma proposição.

2.3.5 Componentes externos ao texto linguístico

As publicações institucionais do IFPI não apresentam elementos de mídia, como os arquivos de áudio e vídeo, e sim imagens, desenhos e ou fotos que possam revelar vocações, onde foram evidenciadas na amostra (levantamento quantitativo) e que serão discutidos a posteriori, detalhadamente: as análises foram divididas em imagens, desenhos e ou fotografias; e cores/cena predominante. E, para conhecermos mais sobre as estratégias e ferramentas da comunicação institucional do IFPI e, que são utilizadas pela Dircom, apresentaremos uma descrição sobre o seu portal institucional.