• Nenhum resultado encontrado

O processo de construção da identidade institucional do Instituto Federal de

No documento Download/Open (páginas 125-130)

5 A IDENTIDADE INSTITUCIONAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E

5.2 O processo de construção da identidade institucional do Instituto Federal de

As pessoas quando nascem passam, no mínimo, a adquirir uma identidade referente ao local em que nasceu, contudo, não será a única identidade a ser adquirida por elas – embora seja importante identificarmos com o local onde nascemos, a identidade relacionada à nacionalidade. A identidade nacional é “puramente política. [...] a escolha do indivíduo de pertencer a uma comunidade baseada na associação de indivíduos de opinião semelhante. A versão étnica, ao contrário, sustenta que [...] é puramente cultural. [...] é dada ao nascer; ela se impõe sobre o indivíduo” (BAUMAN, 2005, p. 66). A caracterização das identidades apresenta-se a partir da definição de dois tipos de comunidades, como as “de vida” e “de destino”, a primeira está relacionado aos membros de uma nação com nítidas relações entre si, já a segunda, são comunidades com membros que dispõem de ideias ou por uma gama de princípios.

[...] existe mais de uma ideia para evocar e manter unida a “comunidade fundida por ideias” a que se é exposto em nosso mundo de diversidades e policultural. É porque existem tantas dessas ideias e princípios em torno dos quais se desenvolvem essas “comunidades de indivíduos que acreditam” que é preciso comparar, fazer escolhas, fazê-las repetidamente, reconsiderar escolhas já feitas em outras ocasiões, tentar

conciliar demandas contraditórias e frequentemente incompatíveis (BAUMAN, 2005, p. 17).

Zygmunt Bauman, sociólogo nascido em família judia polonesa, foi bastante perseguido pelo nazismo e depois pelo Partido Comunista da Polônia, resultando na sua ida à Grã-Bretanha, em virtude de seu alistamento no Exército Vermelho para combater o nazismo e da participação no movimento Outubro Polonês que desafiou o então Partido Comunista. A perseguição sofrida acabou gerando um intelectual que se sentia deslocado, quer dizer, “um estrangeiro, um recém-chegado – não fazia muito tempo, um refugiado de outro país, um estranho” (BAUMAN, 2005, p. 15), comprometendo a sua identidade em relação à nacionalidade que lhe foi negada, de difícil acesso, e que é facilmente identificável com os milhares de refugiados produzidos ao redor do mundo, expulsos de seus países de origem por conta de questões como a política, religião e etnia. Bauman (2005, p. 54-55) faz uma analogia, em forma de metáfora, sobre o processo de construção da identidade com o jogo de quebra-cabeça, cuja biografia levará a um jogo incompleto, faltando muitas peças, levando a uma identidade desconhecida. A metáfora conta que o quebra-cabeça é comprado com a plena convicção de que está completo, sem faltar peça alguma na conclusão de sua imagem final, mas, caso contrário, poderá ser trocado por outro com as devidas especificações técnicas de fábrica ou solicitar a restituição do dinheiro empregado; já com a identidade, que também é formada por “muitas peças”, não se tem acesso antecipadamente à imagem a ser formada (como no jogo de quebra-cabeça) e muito menos a certeza de estar com todas as peças certas e necessárias. No jogo, o objetivo da criança é procurar unir todas as peças para montar em conformidade com a imagem já conhecida, ao passo que na identidade, o sujeito se encarregará de unir as peças de diversas imagens, às vezes podendo ocorrer conflitos e nunca chegará a um resultado uniforme, pois os objetivos estão nos meios que se possui.

A identidade vem passando por grandes transformações com o decorrer dos tempos e pelo menos três concepções do sujeito são identificadas ao longo da história da humanidade, como: iluminado, sociológico e pós-moderno. O sujeito iluminado apresentava-se em uma concepção com visão individualista, onde a pessoa já adquiria essa identidade ao nascer “um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação” (HALL, 2011, p. 11). O sujeito sociológico tem sua identidade formada e desenvolvida a partir da sua relação com as outras pessoas em um cenário de mundo bem moderno e complexo. “O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modifica num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e

as identidades que esses mundos oferecem” (HALL, 2011, p. 11-12). E o sujeito pós-moderno que não apresenta uma identidade fixa, única, e sim várias identidades, sendo ao mesmo tempo divergentes e apontando para vários caminhos ocasionando certos deslocamentos. “O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente” (HALL, 2011, p. 13), porque uma identidade completamente única e de consenso não existe e, definitivamente, é uma fantasia – as identidades que tanto povoaram e mantinham o mundo de forma constante, durante muito tempo, estão se esvaindo e dando lugar ao surgimento de novas identidades e relacionamentos.

O ambiente organizacional aponta abordagens com a temática da identidade para cada uma de suas perspectivas (pessoal, social, trabalho e organizacional), apresentando seus níveis, limites, aproximações e aplicações ao estudo sistematizado nas organizações. A tabela 20 traz uma síntese sobre as diferenças entre os níveis de estudo da identidade em relação ao objeto de estudo, meios de construção, período de ocorrência, espaços de construção e finalidades.

Tabela 20 – Distinções entre os níveis de estudo da identidade TIPOS DE IDENTIDADE

PESSOAL SOCIAL TRABALHO ORGANIZACIONAL

Objeto de estudo A construção do autoconceito ao longo da vida do indivíduo. A construção do autoconceito pela vinculação a grupos sociais. A construção do eu pela atividade que realiza e pelas pessoas com as quais tem contato no trabalho. A construção do conceito de si vinculado à organização na qual trabalha. Meios de construção Diversos relacionamentos sociais, em diferentes esferas, bem como desempenho de papeis. Interação a grupos sociais com finalidades diversas. Interação com a atividade e com as pessoas no trabalho.

Interação com uma instituição (com seus valores, objetivos, missão e práticas). Período de ocorrência Permanente, ocorrendo as fases da vida. Permanente na vida do indivíduo. Na juventude, na idade adulta até a aposentadoria. A partir da juventude, enquanto estiver vinculado a alguma instituição.

Espaços de construção

Múltiplos

relacionamentos papeis. Múltiplos grupos.

Múltiplas atividades e grupos profissionais.

Pode ocorrer em uma ou em múltiplas organizações. Finalidades Conformação do eu, em direção ao processo de individuação. Orientar e legitimar a ação, por meio do reconhecimento e da vinculação social.

Contribuir para a formação da identidade pessoal e atuar como fator motivacional.

Incorporar as

instituições no imaginário, de forma a orientar a ação nessas organizações.

Fonte: Machado (2003, p. 64) – adaptado do autor

Os tipos de identidade apresentados acima apresentam seus objetos de estudo voltados para a construção do autoconceito dos sujeitos e protagoniza a criação dessas identidades de forma uniforme. As identidades estão dispostas lado a lado para facilitar o entendimento de suas atuações, evidenciando as diferenças de suas abordagens e demonstrando as fases dos sujeitos (em suas diversas etapas) que acabam por exibir seus níveis com o foco na conformação do eu, bem como os seus múltiplos relacionamentos tão essenciais para o processo de conhecimento, cognição. De fato, os níveis apresentam características únicas durante todo o processo de delimitação da identidade, “há profunda complementaridade entre eles, resultando que a formação da identidade pessoal, por meio do grupo, do trabalho ou da organização envolve a todo o momento construção e desconstrução, pois o contexto social é dinâmico e complexo” (MACHADO, 2003, p. 64).

A identidade organizacional, também conhecida por institucional ou corporativa, é a verdadeira personalidade da organização e que exibe seus dois lados ou parâmetros, como: o objetivo, a partir de questionamentos sobre o que “de fato é” e “o que faz”; e o subjetivo, que surge do entendimento de seus públicos de interesse, como “o que é” e “o que faz a organização”. Ela é, verdadeiramente, a maneira como se apresenta para os seus públicos, cujo desenvolvimento se dá pela observação deles em relação às posturas, seus comportamentos e a conduta diante dos fatos que ocorrem no dia a dia; com os objetivos e metas de comunicação na hora de definir seus formatos, conteúdos e intenções na resolução dos problemas; pelo uso das estratégias e táticas de comunicação para a utilização e elaboração dos elementos visuais; e de suas manifestações em virtude das reações advindas

dos públicos externos, quer dizer, a forma como a organização reage à percepção de sua própria personalidade.

[...] a identidade corporativa consiste no que a organização efetivamente é: sua estrutura institucional fundadora, seu estatuto legal, o histórico do seu desenvolvimento ou de sua trajetória, seus diretores, seu local, o organograma de atividades, suas filiais, seu capital e seu patrimônio. E, também, no que ela faz: todas as atividades que movem o sistema relacional e produtivo, compreendendo técnicas e métodos usados, linhas de produtos ou serviços, estruturas de preços e características de distribuição, [...] (KUNSCH, 2003, p. 172).

A Diretoria de Comunicação Social (Dircom) – que “é a unidade organizacional de assessoramento subordinada à Reitoria, responsável pelas políticas de comunicação no que se refere à divulgação interna e externa das atividades institucionais do IFPI” (COMUNICAÇÃO, s.d.) – é composta, multi e interdisciplinarmente, por servidores públicos e profissionais das diversas áreas da comunicação. A Dircom vem se estruturando ao longo dos últimos cinco anos, adquirindo novos equipamentos e servidores públicos das mais diversas áreas da comunicação social, contribuindo assim com o processo de construção de sua identidade institucional, perante seus públicos, a partir do momento que passa a utilizar esses novos recursos (humanos e materiais) na formação de sua personalidade. O desenvolvimento da Dircom vai de encontro às práticas que ocorriam em um passado não muito distante no IFPI: antes existiam apenas “ações comunicacionais” que eram desenvolvidas de forma esporádica, e sem critérios, por servidores sem formação acadêmica na área da comunicação e, somente se verifica uma mudança de cenário, principalmente, a partir do “Edital de N° 21, de 12 de março de 2014”, do concurso público de provas destinado ao provimento de cargos pertencentes ao “Plano de Carreira dos Cargos Técnico- Administrativos em Educação (PCCTAE)” que contemplou com vagas para os cargos de programador visual e relações públicas.

Ainda sobre a identidade institucional, ela se mostra “relacionada com a maneira como uma empresa visa identificar e posicionar a si mesma e seus produtos. [...] a imagem é a maneira como o público vê a empresa e seus produtos” (KOTLER apud VÁSQUEZ, 2007, p. 209). A imagem institucional ou organizacional é justamente o que se passa na mente, no imaginário dos públicos de interesse, a respeito da percepção que tem sobre uma determinada organização e está relacionada ao seu comportamento como instituição pública ou privada e de todas as pessoas que fazem parte. Para Joan Costa (2011, p. 150, tradução nossa), a imagem que se forma na mente dos públicos faz parte de um processo psicológico com

atributos, engrandecedores e envolventes, como a própria organização em questão, embora nunca esteja acima do que realmente representa, nem mesmo em estado de conclusão plena e com suas modificações, pois a imagem é um processo contínuo, em formação.

No documento Download/Open (páginas 125-130)