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social passa a depender da propriedade ou da posse da terra, desenvolvendo-se ua sisteia adainistrativo e uca organização Bilitar estreitaeente ligados à situação patrisonial* (Daleo de Abreu Dallari, op cit.,

3.2. O Estado Modemo e a Soberania

3.3.0 monopólio jurisdicional

A J u r is d iç ã o se a f ir m a no co n te x to do E stad o M oderno

(e assim se mantém no E s t a d o Contemporâneo) como vun p o d e r

que, em ú ltim a i n s t â n c i a , a e l e com pete, por meio de vun aparato e s p e c i a l i z a d o . T rata- se do m onopólio e s t a t a l da J u r i s d i ç ã o , fenômeno t í p i c o da h i s t ó r i a p o l í t i c a m oderna, in e r e n t e à consagração da S o b e r a n ia . I s t o p o rq u e , send o o poder j u r i s d i c i o n a l um a t r ib u t o do po der p o l í t i c o (S o b e r a n i a ) , e uma v e z que a m onopolização d e s t e ú lt im o po r p a rte do E stad o Moderno advém de im p er ativ o s de ordem e

77 Co b o ben elucida Halter Ceneviva, “A soberania corresponde ao exercício efetivo de todos os poderes

inerentes à personalidade jurídica do Estado e ao exercício da autoridade, inpondo seu ordenasento jurídico sobre todo o território. Hão vale, pois, eu abstrato, nas é concretizável pela coerção e confiroável pela coisa julgada". Hanifesta-se assifi "objetivaiente pelo processo legislativo e pela aplicação da lei sen interferência de outro Estado, com independência de decidir tanto ao nível da Adsinistração quanto ao do Judiciário' (Direito constitucional, p. 31).

a u to rid a d e em fa c e d a d e s o r g a n iz a ç ã o da s o c ie d a d e m e d i e v a l , é ló g ic o d e d u z ir que o m onopó lio e s t a t a l da J u r i s d i ç ã o j u s t if i c a - s e n a e x a t a m e d ida em que o po der j u r i s d i c i o n a l c o n s t i t u i uma d as form as b á s i c a s de in s t a u r a ç ã o e m anutenção d e s s a ordem e d e s s a a u t o r i d a d e , i s t o é , uma forma b á s i c a de c o n tr o le s o c i a l e , a s s im , de obtenção da p a z s o c i a l ( p o i s se t r a t a de f a z e r o b s e r v a r , nos c a s o s c o n t r o v e r s o s , o d i r e i t o l e g is l a d o p e lo p r ó p r io E s t a d o ) . E s t e , ao nosso v e r , o fundamento h i s t ó r i c o - p o l í t i c o do m onopólio e s t a t a l da J u r i s d i ç ã o , o q u a l se v i n c u l a , cumpre o b s e r v a r , ao p r o c e s s o de formação do E s t a d o M oderno e , p o r t a n t o , ao c o n t e x t o h i s t ó r i c o d e s t e .

Por ou tro la d o - v a l e e s p e c u l a r - é m uito pouco prová vel q u e, a n t e s d i s s o , a J u r i s d i ç ã o (n o s e n t id o g e n é r ic o de in s t â n c ia de ju lg a m e n t o de q u e s tõ e s c i v i s e p e n a i s ) e s t iv e s s e e n f e i x a d a in t e g r a lm e n t e n as mãos de uma ú n i c a e n t id a d e g o v e r n a n t e , n a m ed ida em que o p r ó p r io m on opó lio do poder p o l í t i c o (S o b e r a n i a ) c o n fig u r a - s e como uma r e a l i d a d e r e s t r i t a aos ú lt im o s s é c u l o s .

Nos "E s t a d o s " da a n t i g u i d a d e , como se o b s e r v o u , i n e x i s t i a um p o der s u p e r i o r e fe t iv a m e n t e m o n í s t ic o , em f a c e da c u lt u r a t e o c r á t i c a e , num âmbito m ais p a r t i c u l a r , do domínio do p a t e r f a m i l i a s . A p r o p ó s it o d e s t e , por e x e m p lo ,

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m a r x is t a ) que o p a p e l j u r i s d i c i o n a l do " E s t a d o " , no i n í c i o , "perm anece r e s t r i t o à s o lu ç ã o dos c o n f l i t o s e n tre os membros da o l i g a r q u i a d o m inante. E s s e s ú lt im o s conservam suas funçO es j u d i c i á r i a s em se u s p r ó p r io s d o m ín io s . A ssim o é em Roma, onde o p a t e r fa jn iJ ia s mantém po r longo tempo o d i r e i t o de v id a e de morte sobre s e u s f i l h o s , seu s s e r v id o r e s e seus

c l i e n t e s " ^ .

Com r e s p e it o ao E s t a d o M e d ie v a l é m ais n itida m en te i n c o n t e s t á v e l a d iv is ã o m ú l t i p l a do poder j u r i s d i c i o n a l , como d e c o r r ê n c ia ó b v ia da p l u r a l i d a d e de " S o b e r a n i a s " . Neste p a r t i c u l a r , é s u f i c i e n t e r e v e r o que d is s e HELLER: "A p r ó p r ia j u r i s d i ç ã o [na Id a d e M é d i a ] , que estam os acostumados a c o n s id e r a r como a funçã o m a is p r i v a t i v a do poder e s t a t a l , p a s s a r a em grande p a r t e a ‘ mãos p r i v a d a s '. . . Os t r i b u n a i s das c o r t e s dos senhores t e r r i t o r i a i s , a j u s t i ç a i s e n t a do c l e r o , os t r i b u n a i s do povo, os t r i b u n a i s m u n ic ip a is e o t r ib u n a l r e a l d itam as su as s e n t e n ç a s com uma in d e p e n d ê n c ia quase a b s o l u t a u n s de o u tr o s e segundo a s suas p r ó p r ia s r e p r e s e n t a ç õ e s j u r í d i c a s “79.

78 Bernard Chantebóut, Do estado, uma tentativa de deseitificaçâo do universo político, p.33. Disse aliás Dalno de Abreu Dallari, a respeito da Soberania coso conceito base da idéia de Estado moderno, que no

Bundo antigo ‘as atribuições Buito específicas do Estado, quase que licitadas exclusivamente aos assuntos

ligados à segurança, nSo lhe davam condições para liaitar os poderes privados* (fleaentos de teoria geral

do estado, p. 164).

79 Hermann Heller, feoria do estado, p. 158/160. Ho mesmo sentido (especificafiente quanto ao Bundo

J á com a d errocada do s istem a f e u d a l e em d e c o r r ê n c ia do p r o c e s s o de m onopolização do p o der p o l í t i c o , segundo d e sc r e v e m o s, o Estado p a s s a d e f in it iv a m e n t e a se e n c a r re g a r d as m a t é r ia s r e la c io n a d a s com a a d m in is t r a ç ã o da J u s t i ç a (a lé m d a q u e l e s in e r e n t e s às fu n ç õ e s l e g i s l a t i v a e a d m i n i s t r a t i v a ) . Numa r e f e r ê n c i a ao c o n t e x t o h is tó r ic o - c u l t u r a l em que ocorreu a t r a n s iç ã o do E s t a d o F eu d a l p a ra o E s ta d o a b s o l u t o , sob o fenômeno da c o n c e n t ra ç ã o do poder na s mãos do p r í n c i p e como e p is ó d io c e n t r a l d e n tr o da formação das m o n arq u ia s m odernas, SALDANHA a lude - e a q u i é p e r t in e n t e i l u s t r a r - ao aparecim ento (como elem ento d e s s e p rocesso de c o n c e n t r a ç ã o ) "d e uma j u s t i ç a do R e i . 0 problem a tem re la ç ã o com o da u n i f i c a ç ã o do d i r e i t o , n a m e d ida em que surgiam c o r t e s de j u s t i ç a diretam en te l i g a d a s ao po der r e a l e reform ulavam - se as com p etências, crian do - se uma t e n d ê n c ia a s i s t e m a t i z a r o processo j u d i c i a l " ^ . 0 p r o c e s s o e s p e c í f i c o de " c o n q u i s t a do poder j u d i c i á r i o p e lo E s t a d o " f o i , a l i á s , o b je t o de in t e r e s s a n t e c o n sid e raçã o por CHANTEBOUT, o q u a l , após r e f e r i r as "t r ê s s é r i e s de u s u r p a ç õ e s " que "l h e a sse g u ra ra m a e x c lu s iv id a d e das fu n ç õ e s j u r i s d i c i o n a i s ” , propõe o s e g u in t e d e s fe c h o : "F in a lm e n t e , a p a r t i r do momento em que a d q u ir e o poder l e g i s l a t i v o , o E s t a d o e s t a b e le c e o p r i n c í p i o de que somente e le tem com p etência p a r a s a n c io n a r

80 Nelson Saldanha, 0 estado noderao e a separação de poderes, p. 14. A propósito, ver tanbén G.

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a s in f r a ç O e s à sua l e i , o que t r a z a r u ín a d e f i n i t i v a d a s j u r i s d i ç O e s t r a d i c i o n a i s , p ro g re ssiv am en te d e s p o ja d a s de to d a s as su a s com p etências na m edida em que o d i r e i t o l e g i s l a t i v o s u b s t i t u i o d i r e i t o co s tu m e iro . E s t a c o n q u is t a p r o g r e s s iv a por p a r t e do E stad o da e x c l u s i v id a d e em m a té r ia j u d i c i á r i a tem como c o n se q u ê n c ia a c o n q u is t a ipso f a c t o do m onopólio do poder de coerção"®1.

C o n fig u r a - s e , em t a l c o n te x t o , o m onopólio e s t a t a l da j u r i s d i ç ã o , e n t e n d id o como o d i r e i t o , ou p o d e r , e x c l u s iv o do E s t a d o d e , em últim a i n s t â n c i a , s o l u c io n a r j u r id ic a m e n t e os c o n f l i t o s da s o c ie d a d e , c u ja origem situa- se num co n tex to em

que o E s t a d o se a fir m a em sua condição de poder p o l í t i c o suprem o. Não o b s ta n t e o s é c u lo XX a p re s e n te uma c o n fig u r a ç ã o e s t a t a l (e s o c i a l ) b a s t a n t e d iv e r s a das ord ens p r e c e d e n t e s , a

8! Cf. Bernard Chantebout, op. cit., p. 31/34. Advirta-se apenas que para Chantebout ”Há Estado - no sentido largo do terno - quando existe rua diferenciação entre o poder social exercido pela oligarquia doninante e a função governaoental confiada a especialistas da ação política* (op. cit., p. 25). Outra descrição da adjudicação do poder jurisdicional pelo Estado vanos encontrar es Alexandre Gropalli, o qual, a após dedicar ub capítulo específico acerca das "fonas preestatais de justiça", condensa esse processo es três fases sucessivas: o arbitraaento voluntário, o arbitraaento obrigatório, e aquela ei que o Estado, finalaente, "avocou a funçSo da justiça e a exerce por intersédio de órgãos especiais" (cf.

Doutrina do estado, 81/83). Importa citar tanbéo Del Vecchio, que da eesua forna se ocupa dessa evolução

do "Estado" no sentido do monopólio da "Justiça", convindo transcrever o seguinte trecho: "A autoridade supergentilica [Estado], especialaente no inicio, esteve longe de ser onipotente, e deixou subBistir ainda as organizações e os poderes das gentes singulares. Só no terso de longo processasento, aquela

autoridade logrou adquirir certa estabilidade e iipor noroas precisas aos grupoB Benores, sobretudo avocando a si de modo exclusivo a administração da justiça. Podemos dizer que só então o Estado aparece real e coopletasente conBtituído, con todos os seus elementos essenciais" (cf. Teoria do estado, 46). Cuapre ressaltar que estes textos não se preocuparas ee oferecer referências históricas precisas, coso tambéa não se guiaras, ao menos neBte aspecto, por preocupações terfiinológicas acerca da expressão "Estado", a exenplo, aliás, do que ocorre c o b o s doutrinadores processuais quando tratas da evolução das

foraas de composição dos conflitos (ver, por exemplo, Antonio C. A. Cintra e outros, Teoria geral do processo, 24/27).

noção de S o b e r a n ia - e com e l a a concepção de que d eterm in a da s fu n çõ es são i n e r e n t e s e e x c l u s i v a s do E s ta d o - permaneceu v a l o r i z a d a e c o n sa g ra d a t a n t o c o n s t i t u c i o n a l como d o u t r in a r ia m e n t e , donde ter- se m a n tid o in t o c a d o , até h o j e , o m onopólio e s t a t a l da J u r i s d i ç ã o . É p r e c i s o assim v e r i f i c a r como o Estado tem se d e sin c u m b id o do e x e r c í c i o d e s t a fu n ç ã o , o que s i g n i f i c a a v e r ig u a r o r e s u l t a d o p r á t ic o de t a l concepção . É o que farem os no c a p í t u l o s e g u i n t e , relem brando que no c a p ít u lo que o r a f i n a l i z a m o s fomos g u ia d o s p e lo p r o p ó sit o ú n ic o de d e s c r e v e r uma s i t u a ç ã o , e a ss im procuram os dem onstrar b asicam e nte o que é a J u r i s d i ç ã o e s t a t a l e como e po rque s e chegou a t é e l a . Cumpre a g o ra v e r i f i c a r as c o n s e q u ê n c ia s d is s o p a r a , p o s t e r io r m e n t e , a p o n ta r - p o i s que os f a t o s m ostrarão que a r e s u l t a n t e não f o i p o s i t i v a - a v i a b i l i d a d e e a n e c e s s id a d e de uma n o v a concepção p a r a a J u r i s d i ç ã o em face de uma nova ordem p o l í t i c a .

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CAPÍTULO

n

- A CRISE DA JURISDIÇÃO

ESTATAL