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Mortalidade não Relacionada à Infecção pelo HIV/Aids – Etapa

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 Mortalidade não Relacionada à Infecção pelo HIV/Aids – Etapa

Além da análise da mortalidade tendo a aids como causa básica, empreendeu-se, de forma adicional, a análise da mortalidade não relacionada à infecção pelo HIV/aids em crianças com aids.

3.3.1 Desenho do estudo

O estudo, descritivo e analítico, de natureza populacional, baseou-se em banco de dados nacional de mortalidade.

3.3.2 Local do estudo

Essa etapa foi realizada com dados do Brasil.

3.3.3 População do estudo

O estudo envolveu crianças que evoluíram para óbito, tendo a infecção pelo HIV/aids como uma das causas de morte listadas em qualquer linha de causas de morte da DO (causas múltiplas) (Anexo 3 – DO completa e Figura 5 – DO com foco nas causas de óbito), e que foram registradas no SIM, no período de 1999 a 2007.

Figura 5 – Condições e causas de óbito na DO, com detalhamento das linhas de causas

(partes I e II)

Fonte: DO, MS – modificada.

Diferente da abordagem utilizada na análise da mortalidade por causas básicas no item 2.2, tomou-se como base o período de 1999 a 2007, considerando-se a disponibilidade da base de dados eletrônica do SIM no momento do estudo, bem como o fato de, a partir de 1999, ser possível acessar informações relativas às causas múltiplas de morte na DO.

As crianças que apresentavam como causas múltiplas de morte infecção pelo HIV ou aids constituíram o grupo com infecção pelo HIV/aids. Para controle, todas as demais crianças foram incluídas no grupo sem infecção pelo HIV/aids. Para a constituição dos dois grupos do estudo, foram utilizados os seguintes códigos da CID-10: B20 (doença pelo HIV resultando em doenças infecciosas e parasitárias), B21 (doença pelo HIV resultando em neoplasias malignas), B22 (doença pelo HIV resultando em outras doenças especificadas), B23 (doença pelo HIV resultando em outras condições), B24 (doença pelo HIV não especificada) e Z21 (estado de infecção assintomática pelo HIV).

3.3.4 Fonte de dados

A investigação foi baseada na análise das informações consolidadas que constavam nas DO. No Brasil, o MS instituiu em 1975 um modelo único de registro de óbitos. O modelo brasileiro de declaração (certidão) de óbito é o documento-base padronizado do SIM, um banco de dados eletrônico de âmbito nacional (Anexo 3). A responsabilidade pela emissão deste documento refere-se a ato profissional médico, de acordo com a legislação

brasileira. Os dados contidos nas DOs, após análise e consolidação, são utilizados estrategicamente no país, nos níveis local, regional e nacional 284; 285.

Desde 1976, o país tem as declarações de óbito padronizadas em todo o território com base em modelo internacional, e até 1999 eram compostas por duas partes: na Parte I – com três linhas (a, b, c) – o médico indica necessariamente por último a causa básica e, nas linhas acima, as complicações originadas por essa causa básica (causas chamadas consequenciais); na Parte 2, o médico registra outras condições patológicas que influenciaram negativamente, as chamadas causas contribuintes para a morte. Ainda em 1999, o MS alterou esse modelo, incluindo uma linha na Parte I (d) com uma recomendação da OMS (CID-10) (Anexo 3) 282. Essa mudança permitiu que a DO contivesse um maior número de diagnósticos possibilitando, assim, um preenchimento mais completo do documento, qualificando a informação obtida a partir dos campos sobre as causas da morte 284; 285.

Todas as partes da DO, exceto a causa básica (linha A) (Anexo 3) são definidas como causas associadas de morte. Por sua vez, define-se como causas múltiplas de morte aquelas referentes às causas básicas e às causas associadas.

A verificação dos campos da DO referentes à infecção pelo HIV/aids, no período de 1999 a 2007, foi conduzida no banco de dados eletrônico do SIM, de domínio público, sem identificadores pessoais, obtido diretamente a partir do site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), MS: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/sim/dados/cid10_indice.htm.

Após a obtenção de 243 diferentes arquivos correspondentes a cada uma das 27 unidades da federação, por cada ano do período considerado, procedeu-se à consolidação das bases. Neste momento, as informações referentes às causas de óbitos de cada unidade da federação eram padronizadas, e as variáveis não consideradas para a análise foram eliminadas. Após essa primeira etapa, procedeu-se à consolidação do banco de dados nacional, com posterior geração de variáveis secundárias na análise.

As estimativas populacionais das crianças no período de 1999 a 2007 para o Brasil foram obtidas a partir dos dados do IBGE, conforme descrito no item 3.2.

3.3.5 Análise estatística

Para a avaliação das causas de morte indicativas de eventos não relacionados à infecção pelo HIV/aids constituiu-se grupo que apresentava, em qualquer linha da DO, as

seguintes causas: neoplasias não-relacionadas ao HIV (C00 a C80, exceto C46 – sarcoma de Kaposi), diabetes mellitus (E10 a E14), doenças cardiovasculares (I00 a I99, exceto I46 – parada cardíaca), doenças do aparelho digestivo (K00 a K93), doenças do aparelho geniturinário (N00 a N99) e causas externas (S00 a Y98).

Em uma primeira etapa, os coeficientes de mortalidade por causas relacionadas e não relacionados à infecção pelo HIV/aids (causas múltiplas de morte) foram calculados, dividindo-se o número de óbitos em cada ano-calendário pela população de crianças, apresentado por 100 mil crianças.

A fim de analisar a consistência dos dados em relação às estatísticas nacionais, os dados relativos às causas múltiplas relacionadas à infecção pelo HIV/aids foram confrontados com os dados oficiais (baseados na causa básica do óbito) a partir da construção dos coeficientes de mortalidade.

Posteriormente, avaliaram-se as mudanças temporais das causas de morte não relacionadas à infecção pelo HIV/aids. A análise foi baseada em metodologia desenvolvida em estudo anterior em adultos e crianças 65, sendo ele o primeiro a relatar mudanças temporais nas causas de morte entre pessoas com HIV/aids na era HAART. Para tanto, estimou-se a razão de chances de mortalidade (Mortality Odds Ratio – MOR), focalizando-se a significância das tendências relativas da chance de morrer por essas causas e não o risco associado.

Em toda a análise, utilizou-se também o software STATA® (Versão 11.0).