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As motivações que levaram a investigar os processos de desenvolvimento rural sustentável que envolve a adoção pelos produtores rurais de uma nova proposta de agricultura não convencional- a ILPF -, bem como sua utilização como mitigadora dos impactos ambientais ocasionados pela agricultura e pecuária na região da Zona da Mata de mineira, estão ligadas às experiências oportunas vivenciadas, presenciando a realidade de produtores rurais inseridos na região.

Também pela inserção em 2008 até o momento, como servidor público, na época, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio

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As observações não participativas levaram em consideração os eventos e situações que puderam ser observados e registrados a distância, sem qualquer interferência do pesquisador, relacionados aos fenômenos naturais ou indivíduos pesquisados. Fonte: JUNG, 2009.

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Pomba, MG (CEFET-RP), pertencente à mesma região, cuja instituição abarca alguns cursos relacionados ao tema em discussão, como técnicos em Agropecuária e Florestas; e de graduação em Agroecologia e Zootecnia.

Essas experiências foram marcadas por depoimentos de filhos de agricultores que, ao frequentarem a referida instituição de ensino, repassaram a realidade precária vivida em suas regiões de origem. E ainda, devido a alguns eventos de extensão promovidos, principalmente pelos Setores de Agricultura e Zootecnia do CEFET-RP, onde nesses encontros o contato com o agricultor era mais frequente.

Com o plano de expansão da educação promovido pelo Governo do Presidente Lula, em 2009, o CEFET-RP passou a IF Sudeste MG, Campus Rio Pomba, ampliando, assim, sua capacidade de produção científica, tecnológica e de extensão para a sustentabilidade do setor agropecuário regional.

Por intermédio também da Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação (DPPG)4 do Campus de Rio Pomba foi que surgiu a oportunidade de iniciar um trabalho de investigação sobre as novas propostas de Agricultura Sustentável, pela aprovação do Programa Interinstitucional de Pós- Graduação (MINTER) da CAPES com a parceria do IF Sudeste MG juntamente com a UFV.

Na universidade onde os desafios foram maiores devido ao fato de a graduação em Zootecnia ter ocorrido na disseminação final das ideias da “Revolução Verde”, com muita influência na formação dos profissionais da época, poder retornar ao meio acadêmico alguns anos após, com novas perspectivas de avanços nas áreas da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e ter que reaprender os valores e conceitos apresentados no momento atual, foi um desafio.

Oportunizando esse momento, o despertar para o estudo sobre a ILPF também tem ganhado espaço por meio do documentário “O Vale”

4 A DPPG, órgão do Instituto Federal Campus Rio Pomba, que planeja, articula, coordena, fomenta e acompanha as atividades e políticas de pesquisa, integradas ao ensino e à extensão, também atua nas políticas de Pós-Graduação, visando à qualificação dos servidores e à oferta de cursos de Pós-Graduação, além de promover ações de intercâmbio com instituições e empresas na área de fomento à pesquisa, ciência e tecnologia. Fonte: INSTITUTO FEDERAL, 2010.

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(2000)5, de João Moreira Salles e Marcos Sá Correa, sobre a depreciação da natureza, principalmente as pastagens, no Vale do Paraíba do Sul. Fato semelhante ocorrido na Zona da Mata de Minas Gerais, presenciado em muitas propriedades, que para exemplificar podem ser visualizadas nas Figuras 1 e 2.

Esse quadro degradante, que segundo Paula (2006), com a implantação da cultura cafeeira desde o início do século XIX e estendido até a terceira década do século XX, foi gerando um processo de desmatamento que foi se intensificando e avançando para as encostas e topos de morro. Logo a seguir, com a introdução do gado leiteiro, com amplas áreas de pastagens substituindo as anteriores de café, agravou-se ainda mais o problema da degradação do pasto com o pisoteio dos animais em grande escala.

Figura 1 - Propriedade localizada no Município de Rio Pomba, MG – 2012.

Figura 2 - Área degradada (em foco) – 2012.

Por fim, houve também interesse sobre o tema devido ao conhecimento sobre o programa da ILPF difundido pela Emater em parceria com a UFV. Esta Instituição assumiu o comando dos experimentos voltados para as possíveis adequações dessa estratégia, mediante o perfil das propriedades rurais dos agricultores da preterida região. E aquela (Emater)

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Nota: “O Vale”, documentário que foi apresentado em uma das aulas de seminário do curso de Mestrado em Extensão Rural da UFV, no segundo semestre de 2011, expondo de forma impactante o quadro de degradação das pastagens naquela região.

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ficou responsável pela condução dos dias de campo realizados em diversos municípios, objetivando a divulgação e implantação do referido sistema.

Para tanto, uma abordagem da implantação da estratégia ILPF em pequenas propriedades da Microrregião de Viçosa foi oportuna para obtenção de informações necessárias para auxiliar na sua devida utilização, ou não, nas demais regiões que tenham o mesmo perfil de atuação no Cenário Agrícola Brasileiro.

De acordo com Romano (2010), tendo em vista a realidade dessa região, que hoje conta com a presença típica de agricultores de pequena produção, voltados para uma pecuária representativa em áreas de morro, cuja expansão das fronteiras agrícolas, no passado, avançou sobre a Mata Atlântica. Ainda, esse mesmo autor, corroborando Paula (2006), relatou o seguinte:

[...] promovendo o desmatamento e o consequente uso intensivo da terra, notadamente para exploração do café e da pecuária bovina. Essas atividades se valeram de práticas de manejo nem sempre compatíveis com as características do solo e do relevo das respectivas áreas (ROMANO, 2010, p.10).

Definindo a escolha pela Zona da Mata mineira, mais especificamente a Microrregião de Viçosa6, como palco dos estudos para elaboração deste trabalho, coube a esta pesquisa, então, descrever sobre os critérios adotados para selecionar os agricultores participantes das entrevistas.