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O documento Perfil de los Pueblos Indígenas de México, elaborado pela

Secretaria de Desarrollo Social (SEDESOL), aponta a existência de pelo

menos 60 organizações indígenas no país. A maior parte destas organizações constituiu-se em torno da luta pelo direito à terra e no âmbito de organizações

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“En este contexto de reforma constitucional algunos estados se delantaron a la reforma de la Constitución general. Así, en diciembre de 1988 y octubre de 1990, el estado de Chiapas modificó su Constitución para otorgar protección a 'la cultura, lenguas y dialectos (...) de las diferentes etnias.' Creó, además, un Consejo Indígena Estatal, como órgano de comunicación política que fue cuestionado por movimiento indígena como una representación espuria y oficialista. Oaxaca modificó su Constitución en octubre de 1990, Hidalgo en 1991, Durango, San Luis Potosí, Nayarit y Sonora en 1992 y Chihuahua en 1993, continuando este proceso en los años siguientes. Todas estas constituciones estatales tienen como marco de referencia al artículo 4º constitucional, hoy vigente.”BAZÀN, M. C. Reforma del Estado. Ob. cit., p. 163.

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Leitão (2000), ao analisar a situação dos Karajá (Brasil), aponta, além da criação de organizações indígenas, a participação no processo eleitoral e o surgimento das primeiras lideranças encarregadas de intermediar o contato com os não-índios, como é o caso do 'cacique de branco’, por exemplo. No que se refere a este assunto, Wolf (2001, 124-38) menciona a noção de brokers como de fundamental importância para a compreensão das relações estabelecidas entre grupos locais específicos e sociedades nacionais, por meio de agentes que atuam como mediadores culturais que poderão passar despercebidos, caso cada tipo de grupos ou sociedade sejam analisados de forma isolada. Em O Índio e

o Mundo dos Brancos, através do conceito de fricção interétnica, Cardoso de Oliveira (1994) também

chamava a atenção para a importância de considerar a relação, quase sempre conflituosa e assimétrica, estabelecida entre índios e brancos para uma adequada compreensão, não só da situação das sociedades indígenas, as também da sociedade brasileira na sua diversidade étnica e cultural.

camponesas mais abrangentes. De acordo com Bazán, na década de oitenta, ao lado da luta indígena pela recuperação de seus territórios e pela conquista do poder político aparece como um novo e importante fenômeno social, caracterizado pela proliferação de “organizações rurais que como produtores buscavam libertar-se do intermediarismo e ganhar autonomia frente ao Estado”, o que provoca o aparecimento de diversas organizações autônomas.132

Estas organizações constroem um discurso peculiar, a meio caminho entre as concepções nativas e o discurso genérico de indianidade produzido pelo Estado (expresso em leis, documentos e políticas oficiais) e respectivas sociedades majoritárias, possibilitando uma comunicabilidade interétnica.133

“Desde 1975 se presencia el surgimiento de organizaciones indígenas, fenômeno nuevo en el escenario político y social de México. Antes existían únicamente organizaciones de campesinos, donde lo indígena no estaba presente. En un comienzo sus demandas se orientaban a dotación de tierras y defensa de sus valores culturales. Con los años el contenido de sus demandas se amplio, como consecuencia de las políticas econômicas (...) del retiro de las instituciones gubernamentales que cumplían um papel de apoyo a los agricultores; de la liberalización de los precios del mercado y del retiro de los subsídios” (Sedesol [movimientos políticos], 2000, 1).

Os últimos vinte anos do século XX assistiram a consolidação de um movimento indígena a um só tempo efervescente e heterogeneo. Efervescente porque, além de militar nos níveis local, regional e nacional, este movimento trouxe para a discussão pública e, consequentemente, para a agenda política, questões até então deixados em segundo plano e que ganharam maior

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“Dentre este total de organizações pelo menos quatro são mencionadas como sendo organizações específicas de professores” (BAZÁN, 1999, 101). Ver Também: SEDESOL. Perfil de los Pueblos Indígenas (Movimentos políticos). México: Sedesol., 2000 (disponível no site/sítio http://www.sedesol.gob.mx/perfiles/nacional/09_movimientos.html, consultado em 2 de novembro de 2000).

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“Na complexificação do campo político indígena temos, portanto, uma luta simbólica entre organizações para imporem a definição de mundo social mais próximo de seus interesses específicos. Para garantir poder simbólico as organizações indígenas lutam para elaborar e impor uma representação do mundo social capaz de obter a adesão do maior número possíveis de aliados políticos no interior de seus grupos étnicos e, por outro lado, conquistar postos (de poder ou não) capazes de assegurar um poder sobre suas comunidades. O ato de todo o campo político tender a organizar-se em torno da oposição entre dois pólos (Bourdieu, 2000, 179) não deve fazer esquecer que as propriedades recorrentes das doutrinas ou dos grupos em oposição são invariantes que só se realizam na relação com um campo determinado e por meio dessa relação. Assim o campo político interétnico das políticas públicas passa a ser um fator preponderante na intensificação de oposições no interior do campo político indígena” (Souza, 2000, 67 e 68).

atenção a partir da eclosão dos conflitos de Chiapas protagonizados pelo

Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN). E heterogêneo, visto que

está conformado por diversas expressões, etnias, localidades e grupos de interesse.134

Tanto o “movimento indígena”, que se constituiu a partir dos anos 70, quanto as organizações não-governamentais indígenas, fortalecidas após meados da década de 80 do século passado, podem ser pensados e analisados, com o uso da noção de “movimentos sociais', conforme discutido por Dietz, isto é, como atores coletivos que possuem, ademais de certa permanência no tempo e no espaço, uma capacidade de mobilização que se fundamenta na elaboração de identidades específicas e em formas flexíveis de organização que terão como finalidade influenciar no desenvolvimento da sociedade e suas instituições.135

Os movimentos sociais desenvolvem uma estratégia dupla. Por um lado, procuram interlocução com o Estado e, por outro, com setores da sociedade e da opinião pública.

Os novos movimentos sociais têm como características inovadoras a autonomia em relação aos partidos políticos, a aglutinação de interesses em torno de temas emergentes, dentre os quais as lutas étnicas por reconhecimento, e o surgimento de novos atores políticos. Estes movimentos, mesmo estando dispersos, são aglutinados por um sistema complexo de redes que atuam como circuitos mediante os quais fluem mensagens e intercâmbios sociais (Gonzalez Caqueo, 2000, 27 e 28).

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“La lucha indígena contemporánea emerge en la década de los años 70 con la creación de Nechikolistli tlen Nauatlajtouaj Maseualtlamachtianej (Organización de Profesionistas Indígenas Nauas), A.C. (OPINAC) en 1973; el Congreso Indígena de Chiapas en 1974; el Congreso Nacional de Pueblos Indígenas en 1975; la Alianza Nacional de Profesionistas Indígenas Bilingües, A.C. (ANPIBAC) en 1977; y el Consejo de Pueblos Indígenas del Valle Matlatzinca del Estado de México en 1978. De manera particular, sobre el tema de educación, cabe destacar la realización del Primer Seminario Nacional de Educación Bilingüe Bicultural, organizado por la ANPIBAC en Oaxtepec, Morelos en 1979 (…)” (Hernández, 2003, 4).

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Para Dietz (1999b, 2 e 3), os “novos movimentos sociais” caracterizam-se por ter: “ una esctructura organizativa flexible, expresada mediante redes com escasa jerarquía y un rechazo abierto a liderazgos explícitos; la insistencia en la autonomía del movimiento frente a otros actores políticos, sobre todo frene al Estado y a los partidos políticos; la carencia de una ideología de transformación de la sociedad em su totalidad, como lo fuera el proyecto marxista; la consecuente limitación a temáticas específica que no abarcan un proyecto 'societal' global, sino que sólo se articula como un movimiento monotemático; una composición social heterogénea, 'multiclasista', con un fuerte componente de procedente de las clases medias, lo cual para algunos analistas plantea el problema de cómo identificar el 'sujeto histórico'; y, probablemente como consecuencia de dicha composición plural, una constante tematización de la identidad y la subjetividad” .

Assim, a revitalização étnica que surge a partir dos anos 70 do século XX, expressa o fato de que os grupos étnicos desde sua situação periférica têm construído identidades coletivas e desenvolvido processos de auto- identificação que os têm transformado em atores sociais, protagonistas de suas próprias histórias.

Na rede de relações que emerge entre os atores não-governamentais, governamentais e os destinatários de suas ações, as ONGs se tornam intermediários estratégicos entre os interesses dos destinatários (sua clientela) e os condicionantes governamentais. Estas organizações, ao articularem interesses e fazerem a provisão de serviços, tornam-se espaços interculturais, de encontro e de contato entre detentores dos cânones culturais e identidades étnicas heterogêneas.

Para a construção dos processos acima mencionados foram de fundamental importância agentes escolarizados que exerceram, por um lado, o papel de brokers, e de outro, o de novos líderes indígenas. A compreensão da forma como funcionam as instituições nacionais passa pelo estudo das relações que se estabelecem entre atores e grupos de distintos níveis da comunidade e da nação. O conceito de broker refere-se a um indivíduo, grupo ou instituição situado de maneira tal que tem o controle sobre recursos estratégicos ou facilita o acesso aos mesmos e cuja função é alcançar o reajuste e integração das redes de relações sociais que operam em distintos níveis (Wolf, 2001, 128-138). O broker é um ator cuja ação é por definição liminar, ou seja, desenvolve-se no interstício ou fronteira comum em que o Estado e a comunidade interagem, podendo mobilizar relações verticais (com o Estado) e horizontais (com a comunidade e outras organizações de cunho étnico ou não) (Cf. De La Pena, 1986).

Dentre os agentes escolarizados, os professores e promotores bilíngües desempenhariam o papel de agentes de mudança de seu próprio grupo com a intenção de integrá-lo à sociedade e à cultura dominantes. Analisando esta situação, Vargas trabalha com os conceitos de elite intelectual e inteligentsia

nativa, em que o primeiro constituído, principalmente, por professores e

promotores bilíngües, teria passado pela ação ressocializadora e educativa estatal, o que os levariam a ser portadores de uma consciência alienada e

transmissora da ideologia estatal e o segundo possuiria uma conduta crítica notavelmente maior que os primeiros, pois não estaria adscrito apenas ao aparato do Estado (Vargas, 1994, 14).

Os brokers _ pessoas (especialmente a intelligentsia indígena) e instituições_ passam a ter neste contexto importância central na luta pelo reconhecimento, haja vista que pressionam para a realização de reformas legislativas, criação de instituições, bem como para a implementação de programas e ações voltados para as populações indígenas.

Dentre as organizações indígenas mexicanas mais importantes estão o

Consejo Nacional de Pueblos Indígenas (CNPI), La Asociación Nacional de Profesores Bilingües (A. C), Movimiento Nacional Indígena de la Confederación Nacional Campesina (MNI-CNC), Asociación Mexicana de Profesionistas e

Intelectuales Indígenas (ACRAMPII), Confederación Nacional de Pueblos

Indígenas (CONAIN), Organización de Profesionistas Indígenas Nahuas

(OPINAC), Frente Revolucionario Indígena de San Felipe del Progreso (FRISFP),Consejo Supremo de la Raza Tarahumara (CSRT), Unión Nacional

de Organizaciones Regionales Campesinas Autónomas (UNORCA), Frente Independiente de Pueblos Indígenas (FIPI) e o Consejo Nacional Indígena

(CNI).136

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“En México, varias agencias de carácter internacional han estado interactuando con los pueblos indígenas y sus organizaciones, promoviendo el diálogo en el contexto latinoamericano o en el mundial. El Instituto Indigenista Interamericano (III) ha reunido y convocado durante casi 60 años a líderes intelectuales y profesionales indígenas para intercambiar experiencias y fijar posiciones. (...) Promovido por el BID, se creó, en 1992, el Fondo para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas de América Latina y el Caribe, cuya sede actual es La Paz, Bolivia. Algunas de las fundaciones nacionales y ONG's que apoyan a pueblos indígenas en Chiapas y Oaxaca son: CONVERGENCIA, Fundación Mexicana de Desarrollo Rural, ANADEGES, Fundación Miguel Alemán, CEMEFI, CAMPO, Fundación VAMOS, Fundación DEMOS, COMPARTAMOS. Todas estas ONG's han fijado posiciones sobre los temas: derechos humanos, manejo del ambiente, desarrollo productivo, salud, educación, etcétera. Las actividades que llevan a cabo son altamente significativas porque se localizan en espacios donde las instancias gubernamentales no tienen cobertura. Su acción, además de ser relevante en el mejoramiento del bienestar social de las comunidades, tiene una función de vigilancia y atención a los derechos humanos de los pueblos indígenas y a una participación política más amplia y que incluya a estas poblaciones” (Informação disponível no site/sítio http://cdi.gob.mx/ini/perfiles/nacional/09_movimientos.html, em 23 de fevereiro de 2007). A Red de Información Indígena disponibiliza um catálogo de organizações indígenas mexicanas e, também, de toda américa latina. Este catálogo pode ser encontrado no site/sítio site http://www.laneta.apc.org/rci/ (informação disponível em 23 de novembro de 2007).

Considerações Finais

A política da Nueva España procurou, por um lado, criar uma massa indiferenciada de “índios” subordinados e explorados e, por outro, fortalecer e manter as barreiras étnicas. Este processo de segregação acabou auxiliando a manutenção de elementos culturais, especialmente da língua indígena, bem como excluindo as comunidades e povos indígenas do núcleo da economia capitalista, o que fortaleceu inferioridade estrutural destas no interior da sociedade novohispana.

Após a independência, os indígenas passaram a gozar das liberdades e direitos dos demais setores da sociedade. Entretanto, leis e normas especiais os mantiveram em situação de inferioridade em relação à população não- indígena. A expansão da fronteira agropecuária e o desenvolvimento das relações capitalistas no campo despojaram diversos povos indígenas de seus territórios.

Durante o período de ouro do indigenismo integracionista (1917-1970), as ações educacionais tornaram-se instrumentos primordiais para a formação da nação mexicana. A educação fomentaria o progresso, o desenvolvimento econômico e uma nova concepção de nação e de homem.

O conhecimento acerca das características culturais, econômicas e políticas das populações regionais, fornecidos pela antropologia, especialmente pela “escola mexicana de antropologia”, asseguraria as condições para o “bom governo”, visto que auxiliaria o Estado a forjar uma nação homogênea.

Configura-se uma importante mudança ideológica na concepção do México acerca dele mesmo: o mestizo torna-se o ícone e a síntese perfeita e acabada do país. O projeto de mestizaje (“mexicanização”) promove medidas destinadas a integrar, ao estado-nação, os indígenas. Para tanto, o Estado construiu instituições e ideologias: a SEP e o indigenismo.

No período de 1917-1940 os governos pós-revolucionários iniciaram a reforma agrária e promoveram a ação educativa como formas de alcançar a unificação e o desenvolvimento nacional. A escola seria a instituição que, por meio da transformação social, promoveria o desenvolvimento e a unificação. A missão da SEP seria educar o povo com vistas a integrá-lo ao novo projeto de nação. A escola e o professor desempenharam importantes papeis como

agentes de homogeneização cultural e de construção de uma ideologia nacionalista baseada na mestiçagem.

O indígena foi visto, neste período, por um lado, como obstáculo ao progresso e, por outro, como detentor da herança pré-hispânica. O mestizo, por

sua vez, foi percebido pelo nacionalismo pós-revolucionário como portador por

excelência da mexicanidad.

A política indigenista, especialmente durante o mandato de Lázaro Cárdenas (1934-40), procurou, por meio da realização de congressos regionais e criação dos “conselhos supremos”, mobilizar os povos indígenas. O indigenismo foi produzido com a finalidade de mobilizar aquelas massas rurais que não tinham sido ainda corporativizadas pela Confederação Nacional

Camponesa (CNC) do Partido-Estado (PRI).

O INI, criado em 1948, teve por finalidade, canalizar e coordenar as ações dos órgãos e entidades do governo federal realizadas em regiões indígenas. O trabalho indigenista consistiria em identificar e classificar os “elementos culturais” de origem pré-hispânica como relevantes ou não para o projeto de construção nacional. Os elementos “negativos” deveriam ser substituídos por outros advindos da sociedade não-indígena (mestiza) e os “positivos” seriam valorizados como parte do patrimônio nacional. Todas estas mudanças foram promovidas pela articulação de ações educativas com a criação de infra-estrutura local de transportes e energia elétrica.

A realização do Primeiro Congresso Regional Indígena de Chiapas (1974) e, posteriormente, do Primeiro Congresso Nacional de Povos Indígenas (1975) sinalizam o aprofundamento da crise do indigenismo.

As organizações “semi-oficiais” (CNPI e ANPIBAC), lideradas, no mais das vezes, por promotores culturais e professores indígenas, enfatizavam de início reivindicações mais etnicistas ou indianistas, o que significava demandar a reformulação da política indigenista de forma que esta fosse protagonizada pelos próprios grupos étnicos. As organizações “independentes” (UCEZ, CNPA e FIPI) centraram suas demandas primordialmente nas questões relativas à propriedade das terras e na defesa dos recursos naturais da comunidade.

A partir de meados dos anos 1980, antropólogos críticos com boas relações com organizações indígenas, tornam-se dirigentes de instituições

públicas, o que possibilitou a institucionalização da educação bilíngüe-bicultural como método oficial das escolas primárias da SEP e a consolidação de uma nova “elite indígena”, constituída por meio de programas de formação acadêmica. Os profissionais egressos destes cursos de formação passaram a trabalhar em instituições públicas indigenistas e, nestas, participaram do planejamento e avaliação das ações de etnodesenvolvimento, bem como dos programas de formação de professores indígenas, consolidando, assim, a uma nova política indigenista.

Nas últimas décadas do século XX e nos primórdios do XXI, o Estado mexicano passou a empenhar-se, pelo menos no plano do discursivo, em promover a diversidade cultural como componente importante da concepção de nação, o que está refletido nos princípios constitucionais, legais e normativos do país. Como reflexo destas mudanças, o presidente Vicent Fox, extinguiu, em 2002, o INI, criando, em seu lugar, a Comisión Nacional de Desarrollo de

Capítulo IV

Reformas do Estado e Políticas Indigenistas

“Uma das questões centrais na reforma do Estado é o que fazer para aparelhar o Estado de modo a que assuma bons compromissos e, ao mesmo tempo, para impedi-lo de assumir maus compromissos” (Przeworeski, 1999, 51).

Generalidades

Este capítulo tratará das mudanças efetuadas no âmbito das “reformas do Estado” implementadas nos dois países (inclusive com suas peculiaridades) que levaram às reformas constitucionais, legais e institucionais, e que alteraram, profundamente, o papel do Estado nas duas sociedades, em especial em seu relacionamento com os povos e organizações indígenas.

Um dos aspectos da reforma do Estado que teve grandes impactos na política indigenista, além das mudanças constitucionais que reconheceram a pluralidade cultural e lingüística, foi a descentralização que trouxe à arena indigenista novos atores: as unidades subnacionais (Estados e municípios) e o terceiro setor, especialmente organizações indígenas e de apoio aos povos indígenas.

Neste novo contexto, algumas unidades subnacionais, atendendo às demandas do movimento indígena, criaram e/ou aperfeiçoaram instituições especificamente voltadas para coordenar e executar ações voltadas aos povos indígenas.

Serão analisados, portanto, não só reconhecimento da diversidade étnica a partir “de fora”, como no caso do indigenismo, mas também das políticas indianistas formuladas pelo movimento indígena. Neste caso, serão sublinhadas as inúmeras articulações existentes entre o Estado, ou seja, o indigenismo, e as lutas pelo reconhecimento promovidas pelos movimentos indígenas nos dois países.