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2.4 O Setor Externo e o Balanço de Pagamentos

2.4.1 Mudança de preços sobre a curva IS

O gráfico anterior mostra que uma elevação no nível de preços doméstico P, de P0 para P1, aumenta a poupança e as importações, fazendo com que a função s + t + m se desloque para baixo. O aumento nos preços também irá deslocar a função i + g + x para a direita, devido à redução das exportações. Como conseqüência, a curva IS se deslocará para a esquerda, em direção a I1S1.

Um aumento na taxa de câmbio terá o mesmo efeito sobre as exportações e importações que um aumento de preços, mas não afetará diretamente a poupança.

A conta de capital é introduzida na análise para verificarmos se a combinação r0, y0 corresponderá a um déficit ou superávit no Balanço de Pagamentos, onde devemos obter, no espaço r, y, a curva que nos dá o conjunto de pontos onde o superávit do Balanço de Pagamentos é igual a zero.

Os fluxos internacionais de capital resultam da compra e venda de ativos (títulos e moeda). As pessoas distribuem seus recursos entre ativos domésticos e estrangeiros, dependendo da taxa de juros que vigora no exterior e internamente.

A Equação do Balanço de Pagamentos

A equação do Balanço de Pagamentos agora pode ser reescrita subtraindo-se a saída líquida de capitais, F, das exportações líquidas menos as transferências de pagamentos. O saldo da conta de transações correntes, em termos nominais, é dado por

X – M = P . x(P,e) – Pf/e . m(y, P, e), (10) E o superávit do Balanço de Pagamentos, B, é obtido pela expressão:

B = P . x(P, e) - Pf/e . m(y, P, e) – F(r). (11) As transferências para o exterior são incluídas na função importação para que o superávit do Balanço de Pagamentos seja igual a zero, as exportações líquidas devem igualar a saída líquida de capital.

Para dado nível de taxa de juros externa, a saída líquida de capital, F, será uma função decrescente da taxa de juros doméstica,

F = F(r); F’<0.

Logo, quando a taxa de juros doméstica se eleva, a saída líquida de equilíbrio, derivada de aumentos de ativos às carteiras, diminui.

A inclinação da curva BP, definida no espaço r, y, ao longo da qual B = 0, é positiva, pois um aumento em y irá reduzir as exportações devido a um aumento das importações, que

exigirá um aumento em r, para que F seja reduzido, o que fará com que se obtenha um superávit igual a zero.

O equilíbrio interno e o superávit no Balanço de Pagamentos

O gráfico abaixo nos mostrará que podemos obter a curva BP igualando as exportações líquidas à saída de capital. Mantendo-se constantes o nível de preços externo e a taxa de câmbio, para um dado nível de preços interno, P0, as exportações líquidas aparecem como uma função decrescente de y, no quadrante sudeste do gráfico. No quadrante noroeste está representada a saída líquida de capitais que é apresentada como uma função decrescente da taxa de juros. Já no quadrante sudoeste temos a reta de 450 que representa a restrição de que as exportações líquidas devem igualar-se à saída líquida de capitais, B = 0.

Figura 18: O equilíbrio do balanço de pagamentos

Fonte: Branson, elaboração própria

O ponto r0, y0, nos mostra onde a taxa de juros iguala as exportações líquidas à saída líquida de capitais, em que B = 0. A união de todos os pontos que mantêm B = 0 constitui a curva B0P0, que representa o equilíbrio do Balanço de Pagamentos no plano r, y. O ponto A corresponde a um déficit no Balanço de Pagamentos, pois a taxa de juros é menor que r0, o que implica num fluxo de capital para fora do país superior as exportações líquidas correspondentes

ao nível de renda y0. Qualquer ponto r, y, acima da curva BP corresponde a um superávit no Balanço de Pagamentos.

Modelo: IS – LM – BP

O gráfico abaixo nos permite determinar se um dado ponto r, y, de equilíbrio interno corresponde a um déficit ou superávit no Balanço de Pagamentos, para isso a curva BP é sobreposta ao diagrama ISLM.

Figura 19: O déficit no balanço de pagamentos

Fonte: Branson, elaboração própria

Podemos observar que o ponto de equilíbrio r0, y0 está localizado abaixo da curva B0P0, de forma que ao nível de preços P0 o Balanço de Pagamentos apresenta um déficit. Ao nível de renda y0 a taxa de juros deverá se elevar até r1 para reduzir a saída líquida de capital o suficiente para eliminar o déficit.

Alterações de preços e o equilíbrio do Balanço de Pagamentos

A expressão CTC = X – M = P . x(P, e) – Pf/p . m(y, P, e), nos mostra como é dada a conta de transações correntes em termos nominais, essa expressão é ilustrada no quadrante sudoeste do gráfico abaixo:

Figura 20: O efeito dos preços sobre o equilíbrio do balanço de pagamentos

Fonte: Branson, elaboração própria

A elevação dos preços domésticos levará a um aumento nas importações, da mesma forma um aumento em P reduzirá as exportações em termos reais. Com isso, podemos observar que uma elevação de preços desloca a curva de exportações líquidas, no quadrante sudeste do gráfico acima, tendo como conseqüência um deslocamento da curva BP para a esquerda. Já que um aumento de preços reduz as exportações líquidas ao nível de renda y0, será necessário elevar a taxa de juros, de r0 para r1, a fim de diminuir a saída líquida de capital e eliminar o déficit no Balanço de Pagamentos.

O efeito de uma alteração na taxa de câmbio

De acordo com a expressão para as exportações líquidas

X – M = P . x(P, e) – Pf/p . m(y, P, e), (12) Observamos que uma valorização na taxa de câmbio irá reduzir o montante das exportações em termos reais, e aumentar o montante de importações em termos reais. Isto se dá porque para um dado nível de preços externo, Pf, a valorização na taxa de câmbio, e, reduz o preço das importações em moeda nacional, fazendo com que o montante de importações se

eleve. Uma valorização na taxa de câmbio, p, irá reduzir o montante de exportações líquidas, fazendo com que a BP se desloque para cima. Já uma desvalorização na taxa de câmbio fará com que os preços dos produtos externos fiquem relativamente mais caros que os nacionais, levando a um aumento nas exportações e diminuição nas importações, deslocando a curva BP para baixo.

O ajustamento do Balanço de Pagamentos e a curva LM

O gráfico abaixo nos mostra a situação de um superávit no Balanço de Pagamentos, em que o ponto de equilíbrio interno, ou seja, a intersecção da ISLM, r0, y0, encontra-se acima da curva BP. Neste ponto, ao nível de renda y0, a taxa de juros r0 é tão alta que as exportações líquidas excedem a saída de capital. Para que o superávit seja anulado será necessária uma redução na taxa de juros de r0 para r1.

Figura 21: O superávit no balanço de pagamentos

Fonte: Branson, elaboração própria

O ajustamento através da LM

À medida que a oferta de moeda se altera, a curva LM se deslocará, a fim de conter o aumento de reservas externas, se deslocará para a direita se houver um superávit no Balanço de Pagamentos, e para a esquerda se houver um déficit.

Figura 22: A política de ajustamento do balanço de pagamentos

Fonte: Branson, elaboração própria

Um deslocamento para a direita da curva LM é ocasionado pelo aumento na oferta de moeda, o que leva a um aumento na demanda e conseqüentemente a elevação dos preços. O aumento dos preços irá deslocar a curva IS para a esquerda devido ao efeito dos ativos sobre a função consumo e a redução das exportações líquidas, em termos reais.

Se a elevação de preços estiver expandindo o produto de equilíbrio ofertado, do lado da oferta, então o produto de equilíbrio interno, A, deverá estar se deslocando para a direita e para baixo. Ao mesmo tempo em que o superávit provoca, internamente, a expansão do produto e a elevação do nível de preços mediante o aumento em M, a curva BP também estará se deslocando para cima, devido à elevação dos preços. Com a curva IS se deslocando para a esquerda, temos o deslocamento também para a esquerda do ponto B, isto é, da intersecção das curvas IS e BP.

Com o ponto A de equilíbrio interno se deslocando para baixo ao longo da curva IS, e com a elevação do ponto B, a economia poderá está atingindo um novo ponto de equilíbrio interno e externo, no ponto r1, y1, que corresponde a intersecção das três curvas. Neste ponto o superávit do Balanço de Pagamentos se auto-liquida ao aumentar a oferta de moeda e o nível de preços da economia; conseqüentemente o nível de renda será maior que o inicial e a taxa de juros cairá, o que contribui para reduzir o superávit.

O Ajustamento da BP através da Taxa de Câmbio

Alterações na taxa de câmbio (e), podem, de forma mais imediata, eliminar déficits ou superávits na BP, deslocando esta, sem que o produto interno sofra alterações significantes. Uma valorização cambial irá aumentar o preço em moeda estrangeira das exportações e reduzir os preços domésticos das importações, sendo assim, essa valorização da taxa de câmbio irá ocasionar uma redução nas exportações líquidas e no excedente da balança de pagamentos, para qualquer combinação dada de taxa de juros e de renda. O país que se encontra numa posição deficitária poderá repor o seu equilíbrio geral através de uma desvalorização da sua moeda, ou seja, irá aumentar o saldo da balança de transações correntes e reduzir o déficit da balança de pagamentos, deslocando para baixo a reta da BP.

Os Efeitos da Política Monetária na Taxa de Câmbio

A figura abaixo nos mostra os efeitos de uma política monetária na taxa de câmbio. O ponto A representa o equilíbrio inicial, adimitindo-se uma elevação no estoque de moeda e deslocando a curva LM para direita, L1M1. O equilíbrio interno irá se deslocar para o ponto B e a taxa de câmbio também terá de ser alterada, para que a curva BP também se desloque para B1P1 que intercepta o novo ponto IS-LM de equilíbrio interno, o ponto B.

A força que implica na desvalorização cambial pode ser explicada pela seguinte análise: A política de expansão monetária pode ser feita através da redução da taxa de juros interna, o que implica uma elevação no fluxo de capital, F(r), aumentando a oferta de moeda nacional no mercado cambial e reduzindo o valor de equilíbrio da taxa de cambio (e). Também podemos observar que uma política monetária de elevação na renda, elevará as importações e conduzirá rapidamente a uma desvalorização cambial. Sendo assim, podemos constatar que uma política monetária expansionista conduzirá, rapidamente a uma desvalorização na taxa de câmbio flutuante (e), enquanto uma contração da política monetária levará a uma valorização cambial.

Figura 23: O ajustamento do balanço de pagamentos através do deslocamento da LM

Fonte: Branson, elaboração própria

Os efeitos de uma política fiscal, na economia com taxas de câmbio flutuantes, não são muito evidentes, visto que, um aumento nos gastos governamentais irá elevar as taxas de juros, reduzindo a saída de capitais e, também irá causar uma elevação na renda e nas importações.

Comparando as duas políticas, fiscal e monetária, sobre a taxa de câmbio, verificamos que alterações na política monetária têm seus efeitos mais evidentes e mais rápidos do que a política fiscal, que apresenta duplos efeitos.

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