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4. RESULTADOS

4.2 SÍNTESE DA CONJUNTURA MACROECONÔMICA: 2007 2009

4.2.2 Panorama Macroeconômico ano 2008

O ano de 2008 começou com a evolução do nível de atividade da economia mundial seguindo a trajetória traçada a partir do segundo semestre de 2007, período em que o desempenho favorável registrado nas principais economias maduras e emergentes passou a ser impactado, de forma mais relevante, pelos efeitos da crise no mercado subprime dos Estados Unidos.

As crescentes restrições no mercado de crédito provocaram, em 2008, uma reversão no ciclo de expansão econômica que ocorria desde o ano 2002. Com os índicos da crise evidenciados, os bancos centrais e o governo dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos da Europa implantaram, de forma coordenada, o propósito e a intensidade de ações destinadas a estabilizar seus sistemas financeiros e amenizar os efeitos da intensificação da crise sobre o nível de atividade.

Neste cenário, como mostra o boletim de conjuntura do Banco Central, o Copom decidiu interromper a trajetória restritiva adotada na condução da política monetária desde o início de 2008, período em que a evolução do cenário econômico mundial e a aceleração do aquecimento da economia doméstica justificavam a redução dos estímulos monetários introduzidos a partir do início de 2006. Sendo assim, após manter a taxa Selic inalterada nas duas primeiras reuniões do ano e elevá-la em 225 pontos base (p.b.) nas quatro reuniões seguintes, o Copom optou por interromper estes aumentos consecutivos e manteve a taxa Selic em 13,75% a.a. nas duas últimas reuniões do ano.

A adequada condução da política monetária favoreceu que a variação anual do IPCA, embora se situasse em patamar superior às obtidas nos dois anos anteriores, permanecesse no intervalo estipulado como meta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no âmbito do regime de metas para a inflação.

Repercutindo o desenvolvimento da economia mundial e o ajuste da política monetária aos movimentos representados, em um primeiro momento, pela perspectiva de desequilíbrio entre a oferta e a demanda interna e, posteriormente, pelo agravamento da crise nos mercados financeiros, o ritmo da atividade econômica registrou dois períodos distintos no decorrer de 2008. O primeiro, predominou nos três primeiros trimestres do ano, neste economia brasileira cresceu a taxas elevadas, sustentada por importantes expansões do consumo e do investimento

privados, passando a evidenciar, a seguir, os impactos do agravamento da crise financeira internacional tanto sobre os canais de crédito quanto sobre as expectativas dos agentes econômicos. Destaca-se que, nesse quadro de redução da atividade, o governo e o Banco Central do Brasil atuaram com várias medidas anticíclicas, como por exemplo, empréstimos em moeda estrangeira, para garantir as exportações e a liquidez no mercado; flexibilização da política monetária; incentivos fiscais, com redução de impostos e aumento dos gastos, em especial, dos investimentos em infra-estrutura; liberação de recursos para regularizar a liquidez do sistema financeiro nacional, incentivando o crescimento dos empréstimos.

No que diz respeito às medidas relacionadas à área fiscal, o governo federal anunciou, em dezembro, três medidas de redução de impostos, com impacto fiscal projetado para 2009 de R$ 8,4 bilhões. Foram criadas, neste sentido, duas alíquotas intermediárias, de 7,5% e 22,5%, na tabela do Imposto de Renda das Pessoas Físicas, representando renúncia fiscal de R$ 4,9 bilhões e redução de R$ 2,9 bilhões nas transferências para os Estados e Municípios, via fundos de participação. Também foram reduzidos o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre carros e caminhões novos, com vigência de 15.12.2008 até 31.1.2009, e a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos às pessoas físicas, de 3% para 1,5% a.a.

O Produto Interno Bruto (PIB), mesmo tendo uma redução de 3,6% no trimestre encerrado em dezembro, em relação ao finalizado em setembro, registrou alta de 5,1% no ano, o que reflete o dinamismo experimentado pela economia nos nove primeiros meses. Pela ótica da produção, o desempenho anual do PIB mostrou resultados positivos em todos os seus componentes, enquanto sob a ótica da demanda, repetindo o padrão iniciado em 2006, o dinamismo da demanda interna proporcionou impacto mais intenso do que o associado à contribuição negativa exercida pelo setor externo.

O crescimento da atividade econômica seguiu, portanto, sendo sustentado pela demanda interna, essa evolução foi consistente com a melhora das condições de crédito e com a continuidade da recuperação do emprego e da renda. A contribuição anual de 6,8 p.p. para o aumento do PIB esteve associada, em especial, ao crescimento de 13,8% registrado pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – maior taxa desde 1995. No âmbito do setor externo, as exportações recuaram 0,6% no ano e as importações cresceram 18,5%, determinando contribuição negativa de 2,3 p.p. para a variação do PIB no período. Mesmo reagindo com

defasagem ao ritmo de atividade, o mercado de trabalho, seguiu registrando trajetória favorável até o final de 2008, este fato fica expresso na taxa de desemprego de 6,8% observada em dezembro, menor patamar da série histórica iniciada em 2002. A taxa de desemprego média anual situou-se em 7,8%, ante 8,2% em 2007.

Durante cinco anos consecutivos as transações correntes, apresentaram resultados superavitários, em 2008 estas vieram a apresentar déficit. Os resultados positivos começaram a se reverter em meados de, evidenciando o impacto da trajetória de expansão recente da economia brasileira sobre as taxas de crescimento das importações, que se mantiveram em patamar significativamente superior ao das exportações, e o aumento nas remessas líquidas de serviços e rendas, principalmente as relativas a lucros e dividendos. A conta financeira do balanço de pagamentos tem seu desempenho traduzindo os expressivos ingressos líquidos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que atingiram volume recorde em 2008, contrastando com as saídas de capitais externos relacionadas a investimentos em portfólio, especialmente em ações; de empréstimos de curto prazo; e a redução na taxa de rolagem da dívida externa de médio e longo prazos, em todos os casos, concentradas no último trimestre do ano.

A atuação do Banco Central no mercado de câmbio foi traduzida pela reversão do cenário econômico internacional, com desdobramentos sobre o crédito externo. Nesse contexto, as intervenções de compras de dólar norte-americano no mercado spot, expressas em aquisições de US$ 78,6 bilhões, em 2007, e de US$ 18,7 bilhões, nos nove primeiros meses de 2008, reverteram-se para vendas à vista, que totalizaram US$ 11,1 bilhões de outubro a dezembro. As modalidades de linhas com recompra e de empréstimos em moeda estrangeira resultaram em vendas líquidas da moeda norte-americana de US$ 13 bilhões nos últimos quatro meses de 2008. Ressalta-se que, as reservas internacionais atingiram, ao final de 2008, US$ 193,8 bilhões no conceito caixa, elevando-se US$ 13,4 bilhões em relação ao ano anterior, este resultado foi obtido mesmo no cenário de deterioração dos mercados financeiros internacionais. Considerado o conceito liquidez internacional, que inclui o estoque de linhas com recompra e as operações de empréstimo em moedas estrangeiras, as reservas somaram US$ 206,8 bilhões, elevando-se US$ 26,5 bilhões no ano. Adicionalmente, os indicadores de endividamento externo, evidenciando a persistente melhora dos fundamentos macroeconômicos e a continuidade da consistência na condução das políticas monetária e fiscal internas, registraram, em dezembro de 2008, evolução favorável em relação a igual período de 2007, movimento

consistente com as trajetórias experimentadas pelas reservas internacionais, pelo serviço da dívida externa e pelo valor em dólares do PIB e das exportações.

Indicadores Macroeconômicos 2008

PIB

(%) Selic (%) IPCA (%) Câmbio R$/US$

Consumo adm. Pública (R$ Milhões) FBCF (R$ Milhões) Balança Comercial (US$ Milhões) Consumo Final (R$ Milhões) Reservas Internacionais US$ (Milhões) Índice Ibovespa (%) 5,10 13,65 5,90 2,26 584.408,41 548.756,58 24.745,81 2.337.822,61 200.222.89 -3,8475

Tabela 3: Indicadores Macroeconômicos Ano 2008

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados disponibilizados no IPEADATA

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