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Mudanças no sistema educacional municipal relativas ao ensino de nove anos

CAPÍTULO II CONTEXTO ESCOLAR

2.2 Mudanças no sistema educacional municipal relativas ao ensino de nove anos

Neste momento do texto, tenho a intenção de abordar a situação atual do sistema de educação no município em estudo, no qual a política educacional vem passando por mudanças para atender às exigências do MEC, pois este pretende matricular mais crianças nas escolas e proporcionar mais tempo de escolarização para os estudantes brasileiros. Dessa forma, foi estabelecida por lei a implantação de uma política de ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos. Conforme dados do MEC (2007), a implantação desta Lei3 exige tratamento político, administrativo e pedagógico, pois é necessário assegurar a todas as crianças tempo mais longo de convívio escolar, com maiores oportunidades de aprendizagem e objetivando tornar esse tempo de permanência na escola mais eficaz e prazeroso para a aprendizagem do aluno.

Diante desse momento de mudanças educacionais, é importante ressaltar o compromisso de todos nós, professores, gestores e demais profissionais de apoio à docência, de estarmos discutindo e refletindo sobre aspectos relacionados às diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de nove anos, no sentido de buscar uma melhor forma de atendimento a essa nova exigência da educação básica.

Algumas Leis fundamentam essa mudança, fazendo parte do processo histórico do sistema educacional:

 Acordo Punta del Leste e Santiago - Compromisso de estabelecer seis anos para o Ensino Fundamental até 1970.

 Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 - Obrigatoriedade do Ensino Fundamental de oito anos.

 Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a matrícula no Ensino Fundamental de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade.

 Lei nº 10. 172, de 9 de janeiro de 2001 - Aprova o Plano Nacional de Educação/PNE. O Ensino Fundamental de nove anos se torna meta progressiva da educação nacional.

 Lei nº 11. 114, de 16 de maio de 2005 – torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental.

 Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade, e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010 (MEC, 2007).

As etapas de ensino estão sendo modificadas quanto à faixa etária e tempo de duração: a educação infantil atende à faixa etária até cinco anos, em que a creche é para crianças até

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Lei Federal Nº11.274 de 2006 que determina a implementação, pelos Municípios, Estados e o Distrito Federal, até 2010, do ensino fundamental de nove anos.

três anos e a pré-escola para crianças de quatro e cinco anos. O Ensino Fundamental é constituído por Anos Iniciais com cinco anos de duração, sendo dos seis aos dez anos de idade e Anos Finais, de onze a quatorze anos de idade, com quatro anos de duração. Com isso, o ensino demanda providências para o atendimento de orientações pedagógicas que efetivem um padrão de qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Durante o período de transição entre as duas estruturas, é recomendado aos sistemas administrar uma proposta curricular que garanta as aprendizagens necessárias. Nesse sentido, é imprescindível assegurar aos profissionais envolvidos uma política de formação continuada, assim como repensar os espaços educativos, os materiais didáticos e os equipamentos para atender às crianças dessa nova faixa etária no ensino fundamental.

Essa nova proposta curricular traz importantes desafios, tensões e novas concepções, sendo preciso atender ao ensino em suas características, potencialidades e necessidades específicas. Trata-se da construção de uma proposta coerente com as especificidades de cada idade da criança, atendendo também às exigências de desenvolvimento da adolescência. Acredito que mudanças no sistema educacional são uma oportunidade para rever-se currículos, pensar conteúdos e práticas pedagógicas que vêm ocorrendo e, nesse caso, repensar as etapas do ensino fundamental, considerando uma nova estrutura de ensino que requer uma reorganização do trabalho docente.

Os desafios que são lançados devido à mudança para o ensino fundamental de nove anos geram discussões referentes à flexibilização curricular, as quais também se apresentam em relação à educação inclusiva. Em ambas as políticas há a urgência de considerarem-se os conteúdos e as práticas pedagógicas, visando à ludicidade nas ações educativas, o atendimento às necessidades dos alunos, o estabelecimento de estratégias diferenciadas de ensino, assim como o acompanhamento do processo individual dos alunos ao longo do ano letivo, questões referentes ao relatório descritivo dos mesmos.

Neste momento de transformações no campo da educação, carecemos de construir espaços dentro da escola para debater e pensar sobre propostas curriculares que atendam às necessidades das mudanças e, principalmente, as que dizem respeito à infância na escola. Consoante a isso, acredito ser importante enfatizar o papel de disciplinas especializadas atuando como mediadoras, no sentido de ser parte do coletivo curricular. Observar e analisar a atuação destas disciplinas no espaço escolar é de grande valia para identificarmos as possíveis contribuições no desenvolvimento do processo inclusivo. Nesse contexto, ressalto o trabalho desenvolvido na EF como saber escolar, disciplina especializada no currículo do ensino

fundamental, considerando que essas mudanças afetam o professores de EF, sua formação e seu espaço de atuação.

No âmbito municipal, o sistema educacional vem mobilizado-se e tem como meta efetivar a política do ensino de nove anos em todas as escolas do município até o ano de 2011. Neste sentido, a SME vem criando ações para instituir esta proposta na rede de ensino, realizando encontros e capacitações com os professores que estão atuando nas turmas do novo sistema. Essa Secretaria tem elaborado projetos, visando fornecer subsídios para planejamentos de ações conforme a faixa etária dos alunos, revendo conteúdos, atividades diversificadas, materiais pedagógicos, buscando garantir a alfabetização o letramento na perspectiva da ludicidade e do desenvolvimento global, principalmente no que diz respeito aos anos inicias, respeitando as características da infância e das crianças.