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Relembrando os hábitos e costumes populares, que talvez sejam o principal objeto de estudo na Carta a d’Alembert, vale observarmos ainda, a descrição feita pelo filósofo genebrino com relação aos modos de vida dos camponeses. Em tal descrição, Rousseau não economiza elogios a estes homens que talvez se aproxime daquilo que seria o homem natural apresentado por ele no Segundo Discurso. Na Carta a d’Alembert, Rousseau diz que teve a oportunidade de presenciar os acontecimentos diários desse povo que vivia de maneira muito diferente daquele das grandes cidades, já corrompidas como eram as cidades da França em sua época. Uma das vantagens desse homem do campo em relação ao homem da cidade era a isenção dos impostos, pois vivia segundo as leis da natureza:

Je me souviens d’avoir vu dans ma jeunesse aux environs de Neuchâtel un spectacle assez agréable et peut-être unique sur la terre. Une mantagne entière couverte d’habitations dont chacune fait le centre des terres qui en dépendent ; en sorte que ces maisons, à distances aussi égales que les fortunes des propriétaire, offrent à la fois aux nombreux habitants de cette montagne le recueillement de la retraite et les douceurs de la société. Ces heureux paysans, tous à leur aise, francs de tailles, d’impôts, de subdéléqués, de corvées, cultivent, avec tout le soin possible, des biens dont le produit est pour eux, et emploient le loisir que cette culture leur laisse à faire mille ouvrages de leurs

mains, et à mettre à profit le génie inventif que leur donna la Nature98.

Além dessa primeira vantagem, o homem do campo vivia para si mesmo, isso porque, este homem não estava preocupado em atender um mercado, tampouco quanto ganharia com a venda de tais mercadorias fruto de seu trabalho, sua única preocupação era cuidar de sua família que por sinal era numerosa, mas não a ponto de não caber em suas cabanas feitas pelos próprios trabalhadores da comunidade, não necessitando assim, de mão de obra de alguém de fora do povoado. Esse povo sabia ainda, aproveitar bem as estações do ano, o inverno, por exemplo, era para ele uma das mais alegres estações onde havia a possibilidade de toda a família estar reunida:

L’hiver surtout, temps où la hauteur des neiges leur ôte une communication facile, chacun renfermé bien chaudement, avec sa nombreuse famille, dans sa jolie et propre maison de bois, qu’il bâtie lui-même, s’occupe de mille travaux amusants, qui chassent l’ennui de son asile, et ajoutent à son bien-être. Jamais menuisie, serrurier, vitrier, tourneur de profession n’entra dans le pays ; tous le son pour eux-même, aucun ne l’est pour autrui ; dans la multitude de meubles commodes et même élegants qui composent leur ménage et parent leur logement, on n’en voit pas un qui n’ait été fait de la main du maître99.

Após apresentar a maneira de viver desse povo que não tem contato com a cidade grande, Rousseau imagina em que se transformaria a vida desses

98Rousseau, 2003, p, 111.

Lembro-me de ter visto em minha juventude, nas cercanias de Neuchâtel, um espetáculo bastante agradável e talvez único na terra. Toda uma montanha coberta de casas, cada uma das quais formando o centro das terras que a ela pertencem; de maneira que essas casas, a distâncias tão iguais quanto as riquezas dos proprietários, oferecem ao mesmo tempo aos numerosos habitantes dessa montanha o recolhimento do retiro e as doçuras da sociedade. Esses felizes camponeses, todos abastados, isentos de taxas, de impostos, de subdelegados, de corveias, cultivam, com todo o empenho possível, bens cujo produto vai para eles mesmos, e empregam o lazer que essa cultura lhes deixa em fazer mil trabalhos manuais e me aproveitar o gênio inventivo que a natureza lhes deu. Rousseau, 1993, p, 76.

99 Idem, p, 112.

No inverno, principalmente, tempo em que a altura das neves lhes impede uma comunicação fácil, cada um, fechado, bem aquecido, com a numerosa família em sua bonita e limpa casa de madeira construída por ele mesmo, trata de mil trabalhos divertidos que expulsam o tédio de seu abrigo e aumenta o bem-estar. Jamais um marceneiro, um serralheiro, um vidraceiro, um torneiro de profissão entrou na região; todos o são para si mesmo, ninguém o é para os outros; na infinidade de moveis cômodos e até elegantes que compõem seu lar e enfeitam seu abrigo, não se vê nenhum que não tenha sido feito pela mão do mestre

camponeses se fosse implantado um teatro de comedia idêntico ao proposto pelos filósofos para Genebra. Partindo da hipótese que haveria a corrupção desse povo, Rousseau crê acontecer o seguinte:

1. Haverá diminuição do trabalho, uma vez que, tanto os homens quanto as mulheres se viciariam pelos espetáculos.

2. Esse povo adquirirá uma despesa que antes não possuía, pois por barato que seja a entrada, esta deve ser paga.

3. Os camponeses terão que aumentar os preços de suas mercadorias, uma vez que, precisam de mais dinheiro para arcar com essa despesa adicional, enfraquecendo assim, a venda de seus suínos.

4. Como o inverno na região é rigoroso, será preciso abrir caminho sobre a neve ou ainda, iluminar as estradas obrigando o governo local a criar novos impostos.

5. O último prejuízo que segundo Rousseau ocorreria caso tal fato se consumasse seria a introdução do luxo. Esse último ponto destacado parece ser para Rousseau o mais grave de todos. Assim, vamos a ele.

Já se pode observar que, a principal contradição existente na proposta de D’Alembert de se instalar um teatro de comédia em Genebra, de acordo com Rousseau, parece ser a possibilidade deste teatro, cujo modelo é francês, ter o poder de afinar os hábitos e costumes do povo Genebrino. A dificuldade encontrada por Rousseau está na impossibilidade dos hábitos e costumes do povo Genebrino ser idênticos aos franceses. Tal objeção se pode ver em mais um exemplo dado por Rousseau de um povo que vive em harmonia com a natureza, pois habitam lugares afastados das grandes cidades. Em tal momento parece ficar claro a importância que deveria ser observada por D’Alembert quanto à questão das diferenças. Aqui, Rousseau chama a atenção neste ponto que, para ele parece ser de suma importância. Outro problema gravíssimo está na inversão das “verdades” existentes na cidade grande, pois se tem o reino do parecer em detrimento do ser, como é o caso de Paris, segundo Rousseau. Ora, se em Paris prevalece o reino do parecer, o povo do campo é mal visto, e esse mundo das aparências os vê como ociosos que não produzem nada:

Vejo que em Paris, onde tudo se julga pelas aparências, porque não se tem lazer de examinar nada, acredita-se pela impressão de ociosidade e de apatia que á primeira vista produz a maior parte das cidades do interior, que os seus habitantes, mergulham numa estúpida inatividade, só vegetam, ou se atormentam e brigam entre si. (Rousseau, 1993, p, 74).

É interessante observar a contradição existente neste ponto de vista da cidade grande, para Rousseau, ocorre justamente o oposto, são as grandes cidades que geram a indolência, uma vez que produzem monstros ociosos, por outro lado, os habitantes das pequenas cidades, só vivem para si mesmo, não sendo assim, submissos a ninguém.

Então, se na cidade grande prevalece a mascara da “verdade”, talvez, ninguém ouse aparecer como realmente é, mas como convém o momento. Rousseau fala dos hábitos e costumes das mulheres tanto dos camponeses, quanto dos demais habitantes desses lugares, aonde ainda não chegaram os modos corrompidos das grandes cidades. Em um primeiro momento, diz Rousseau, essas mulheres sairiam de suas casas, simplesmente para assistirem os espetáculos que fossem ali apresentados, mas, não demorariam a observarem nas outras, aquilo que elas próprias não eram nem possuíam despertando assim, o amor próprio que é o oposto do amor de si, até então existente em suas vidas. Tal acontecimento possibilita o desejo pelo luxo inseparável da vida dos habitantes da grande cidade. Esse novo desejo que passará a fazer parte da vida dessas mulheres, corromperá também os maridos que não resistirão à força esmagadora que possui o luxo:

Les femmes des Montagnons allant, d’abord pour voir, et ensuite pour être vues, voudront être parées ; elles voudron l’être avec distinction. A femme de M. Le Châtelain ne voudra pas se montrer au spectacle mise comme celle du maître d’école ; la femme du maître d’école s’efforcera de se mettre comme celle du châtelain. De là naîtra bientôt une émulation de parure qui ruinera les maris, les gagnera peut-être, et qui trouvera sans cesse mille nouveaux moyens d’éluder les leis somptuaire. Introduction du luxe [...] Ainsi quand il serait vrai que les spectacles ne sont pas mauvais en eux-même, on aurait toujours à chercher s’ils ne le deviendraient point à l’égard du peuple auquel on les destine100.

Recorremos a Luiz Roberto Salinas para mais essa questão. Segundo Salinas, a natureza para Rousseau é como Deus para Kant, ou seja, é a natureza que possibilita que o homem viva de maneira harmoniosa. Como estamos vendo, a passagem para a vida nas grandes cidades, ao contrário da vida natural, desfigura o homem e lhe desperta o desejo por coisas fantasmagóricas que o conduz para uma existência egoísta, o que não havia antes. Quem diz é Franklin de Matos, na apresentação do texto de Salinas:

Salinas insiste que a ideia de natureza, para Rousseau, como a de Deus para Kant é, sobretudo uma ideia reguladora, que orienta nossas observações, e à qual nossa finitude nunca poderá dar um conteúdo efetivo. Além disso, nem toda representação será capaz de tal apreensão, pois esta dependerá do grau de aproximação de cada um em relação à natureza. Segundo Salinas, neste momento Rousseau opera com a ideia de escala e procura medir, por seu intermédio, os graus de afastamentos e aproximação de cada forma expressiva em relação à ideia reguladora. O resultado é que a máxima aproximação estará no discurso “autentico”-“um circunlóquio, um rodeio em torno da obsura origem”, cujo modelo ideal é a

música-e o afastamento máximo, discurso “perverso”, que consiste em fazer da própria representação o valor supremo, substituindo a ordem dos valores naturais por uma ordem postiça e artificial. Essa figura extrema é a mathesis. (Salinas, 1997, p, 11).

Segundo a apresentação deFranklin de Matos, Salinas desta que a principal novidade existente na obra de Rousseau é a maneira como o filósofo enxerga a música, para Rousseau, aquele que escreve um texto, não faz nada além de copiar algo já existente no grande livro da natureza que, ao contrário daqueles escritos pelos homens, jamais mente. Assim, é através da música que se pode tocar aquilo existente no fundo dos corações:

Indo as mulheres dos montagnons, a principio para verem, depois para serem vistas, elas vão querer enfeitar-se, e vão querer enfeitar-se com distinção. A mulher do senhor Castelão não vai querer aparecer no teatro vestida como a do mestre-escola; a mulher do mestre-escola vai esforça-se para se vestir como a mulher do castelão. Logo nascerá daí uma competição de roupas que vai arruinar nos maridos, vai tomar conta deles também, e que sempre encontrará mil novos meios de escapar ás leis suntuárias. Introdução do luxo [...]. Assim, mesmo que fosse verdade que os espetáculos teatrais não são maus em si mesmos, teríamos ainda de procurar saber se não tornariam maus para o povo a que o destinam. Rousseau, 1993, pp, 78- 79.

Eis aí, conforme Salinas uma das maiores novidades da obra de Rousseau: a escolha da música como paradigma essencial. Eis aí também a explicação da singularidade e do paradoxo deste homem de letras “que faz do silêncio supremo ideal”, ao escrever, Rousseau sabe muito bem que para além de toda escrita há o indizível e a música e, por isso, o escritor, para ele, não é senão, “o copista de uma partitura ‘natural’, de um ‘livro’ da natureza, bem distinto dos ‘livros mentirosos’ dos homens e ditado pelo próprio Deus, escrito ‘no fundo’ do ‘coração’ do homem” 101.

Salinas talvez nos permita dizer que para Rousseau não é por intermédio da razão. Por exemplo, na matemática que se chega às profundezas dos seres humanos, mas é por meio das coisas que tocam direto os corações. Assim, o tribunal do cálculo dominante na época de Rousseau parece ficar em segundo lugar. Uma vez que, a sensibilidade é posta em alta. Segundo Salinas, para que o músico pinte alguma coisa, ele não necessita escutar, mas é impossível que aquele que pinte, represente algo que não veja antes. Assim, o pintor necessita de objetos empíricos enquanto que o músico pode pintar, por exemplo, o movimento, o silêncio, o repouso...

A música como paradigma. Não há como negar a originalidade, se nos lembrarmos de que o paradigma, neste terreno, tem sido a matemática. Seria possível assim, falar a propósito de Rousseau também em um “espírito da música” que, dado o seu peso central no “sistema”, afasta-o do rigor dominante? “uma das grandes vantagens do músico consiste em poder pintar coisas que não se pode ouvir, enquanto é impossível ao pintor representar aquelas que não se pode ver, e o maior prestígio de uma arte, que age somente pelo movimento, é poder formar até mesmo a imagem do repouso”. Notável particularidade da música que dela faz a rainha das artes102.

Salinas continua escrevendo sobre a questão musical em Rousseau e mostra porque a música, para Rousseau, é a rainha das artes. Esse poder que segundo Rousseau só a música possui, de agir tanto no silêncio, quanto no barulho, e andar, no movimento e no repouso, faz com que ela possa pintar características dos objetos que outras artes não podem. Assim, a música poderá, por exemplo, penetrar as paredes de uma prisão, movimentar as águas de um rio, pintar as belezas ou horrores de um deserto e penetrar, sem que passe pelo império da razão, as vontades, às vezes, encoberta de um

101 Idem, p, 11. 102 Idem, p, 85.

apaixonado coração. A música nesta descrição parece, que em harmonia com as coisas naturais, podendo talvez até melhorá-las, uma vez que, pode alegrar aquilo que às vezes se encontra parado na natureza. Salinas cita o ensaio de Rousseau, p, 177, que se pode conferir a seguir:

Ainda que toda a natureza esteja adormecida, aquele que a contempla não dorme; a arte do músico consiste em substituir a imagem insensível do objeto pela dos movimentos que sua presença excita no coração do contemplador. Não somente agitará o mar. Mas animará as chamas de um incêndio, fará correrem os riachos, cair a chuva e aumentará as torrentes, como também pintará o horror de um deserto tremendo, enegrecerá as paredes de uma prisão subterrânea, acalmará a tempestade, tornará o ar tranquilo e sereno e, lançará da orquestra, um novo frescor sobre os bosques103.

Já foi visto acima no momento em que Rousseau cita Platão, que a

República, além de ser importante do ponto de vista político, ela deve ser vista

também, como um belo tratado sobre a educação que até então, não fora superado. Mas, na República, Platão convida os poetas a se retirarem. Em um aparente comentário deste ponto, Salinas diz que, se Rousseau houvesse escrito uma República, ao contrário de Platão, os expulsos seriam os filósofos.

“Antiplatonismo, por conseguinte. Não poderíamos até dizer que, em vez dos “músicos”, Rousseau baniria da sua República ideal, ao contrário de Platão, justamente os “filósofos”, caso houvesse alguém a ser expulso”? (Salinas,

1997, p, 85).

Continuando ainda na companhia de Salinas, vale ressaltar uma importante nota da obra “Paradoxo do Espetáculo”, onde o autor diz que esse

modelo de teatro criticado por Rousseau é uma espécie de “missa dos filósofos”. É por meio desses espetáculos que eles apresentam suas ideias

dogmáticas tão prejudiciais ao gênero humano. Segundo Salinas neste momento os filósofos são concorrentes da Igreja que por sua vez, também possui uma pretensão “narcisista”:

O teatro, a comédia Francesa, é a “missa”, a cerimônia religiosa dos philosophes. É por meio dele que eles tentam ganhar os espíritos, fazendo concorrência a Igreja. Ora, é contra os dois

partidos que Rousseau combate simultaneamente. E contra, justamente, aquilo que neles é comum, a sua pretensão “narcisista” à hegemonia e à universalidade, sua visceral intolerância e seu insuportável dogmatismo, cujos disfarces- especialmente no caso do partido filosófico não são capazes de esconder104.

Eis aí, um dos pontos que talvez, fizesse com que Rousseau expulsasse os filósofos de sua República, caso houvesse escrito uma. Por relembrarmos essa questão narcisista tão comentada por Rousseau em suas obras, vale lembrarmos que Rousseau compôs uma comédie intitulada “Narcisse ou l’Amant de lui-même”. Em tal peça, Rousseau mostra como o homem na

sociedade é enganado pelas aparências, mas que aparentam ser verdadeiras105.

No prefácio de Narciso, Rousseau reafirma o já dito no Primeiro Discurso. Uma das afirmações é que se pode dizer que as ciências e as artes são más por si mesmo. Se a ciência é mal por natureza, ela não pode contribuir na educação de um povo, pois entre aqueles tidos como ignorantes talvez encontremos virtudes que não há entre os letrados (tidos como pessoas virtuosas).

La science n’est bonne à rien, et ne fit jamais que du mal, car elle est mauvaise par sa nature. Elle n’est pas moins inséparable du vice que l’ignorance de la vertu. Tous les peuples lettrés on toujours été corrompus ; en un mot, il n’y a de vices que parmi les savants, ni d’homme vertueux que celui qui ne sait rien106.

Outro ponto interessante que vale a pena destacar aqui é o ataque que Rousseau faz aos falsos filósofos. Para Rousseau, muitos filósofos de sua época e também entre aqueles da época de Platão e Sócrates, como é o caso de Protágoras, fundaram doutrinas opostas aquelas de seus antecessores e esqueceram os ensinamentos desses verdadeiros mestres que sempre estavam preocupados com questões relacionadas a virtudes e o bem estar de todos:

Les premiers philosophes se firent une grande réputation en enseignant aux hommes la pratique de leurs devoirs et les

104 Nota sete, da pagina 148. 1997. 105

Repetimos a frase usada por Rousseau de Horacio: “somos enganados pela aparência do justo”. Ver Jean Starobinski, 2012, p, 38.

principes de la virtu. Mais bientôt ces préceptes étant devenus communs, il fallut se distingue en frayant des routes contraires. Telle est l’origine des systèmes absurdes des Leucippe, des Diogènes, des Pyrrhon, des Protagore, des Lucrèce. Les Hobbes, les Mandeville et mille autres ont affecté de se distinguer de même parmi nous107[...].

Todas essas inversões, adquiridas pelos homens ao longo da história fez com que eles se transformassem em “homens efeminados”. Essa moleza é criticada por Rousseau desde o Primeiro Discurso. Tal delicadeza adquirida, segundo Rousseau faz com que o homem perca suas qualidades naturais tão valorizadas, por exemplo, pelos Espartanos que, sempre aparecem como contraponto ao povo degenerado. Entre esses homens que já nascem efeminados, se encontram os homens de letras. Para Rousseau este perfil delicado, não só amolece o corpo, mais ainda, a alma. Esse “novo homem”, delicado, amante das letras e das artes, que trabalha sem que esteja exposto ao sol nem a chuva, são aqueles homens de gabinetes (escritórios):

Le goût des lettres, de la philosophie et des beaux-arts amollit les corps et les âmes. Le travail du cabinet rend les hommes délicats, affaiblit leur tempérament, et l’âme garde difficilement sa viguer quand le corps a perdu la sienne. L’étude use la machine, épuise les esprits, détruit la force, énerve le courage108[...]

Rousseau diz que os escritores de sua época têm algo em comum, todos escrevem sobre política, artes, e, luxo. Todos falam sobre essas coisas de interesse pessoal. Tal interesse coloca todos os homens em dependência mútua, o que não havia no estado de natureza. Assim, parece que o objetivo

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