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Parte I – OS MUSEUS COMO ESPAÇOS SOCIAIS

2. Abel Salazar e a Casa-Museu

2.2. A Casa-Museu Abel Salazar: História, missão e colecções

2.2.1. O museu

O conceito de Casa-Museu encontra-se entre «o conceito casa que tem um sentido privado, pessoal, de refúgio e intimidade, ao qual se junta o conceito museu com toda a sua carga e dimensão pública. Um museu é criado para receber pessoas, transmitir

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conhecimentos e interagir com o público, a que se associa a função de conservar, estudar e divulgar as colecções. No âmbito das casas-museu, a própria casa é, também, uma importante e imponente peça do museu a preservar e estudar».125

A história da Casa-Museu Abel Salazar divide-se essencialmente em três fases, onde três instituições diferentes estiveram a dirigi-la: a primeira, logo a seguir à morte de Abel Salazar em 1947, até 1965; a segunda de 1965 a 1976; e a terceira fase, pós 1976. O primeiro período, logo após a morte de Abel Salazar (em 29 de Dezembro de 1946), surgiu quando um grupo de amigos126 e admiradores, não quiseram que a sua Obra, essencialmente artística, caísse no esquecimento.

Para a Luísa Garcia Fernandes, o nascimento da Casa-Museu Abel Salazar

«deve-se à acção de um grupo de intelectuais que tocados com a morte de Abel Salazar em 29 de Dezembro de 1946, logo no dia 1 de Janeiro de 1947 lançam a ideia da Fundação, como a melhor homenagem que se poderia prestar a Abel Salazar e, no dizer dos signatários, corporizar o sentimento que a sua morte e o sentido humano da sua obra causaram em todo o povo português, pois no seu funeral incorporaram-se portugueses de todas as condições, numa verdadeira consagração nacional.»127

Com intuito de afirmação e de chamar a atenção à importância da mesma, a Fundação surgiu perante o país com uma consistente comissão de honra, com personalidades de grande projecção nacional.128 Os seus principais objectivos consistiam na concessão de Bolsas de Estudo a investigadores e artistas portugueses e estrangeiros; na procura de organizar e manter um laboratório, no qual poderiam laborar os bolseiros e investigadores admitidos; no mesmo seguimento, pretendia constituir-se um ateliê para ser usufruído por bolseiros e outros artistas que nele fossem admitidos; a constituição de uma Biblioteca e um Museu. No conjunto, supunha-se que seria o Instituto Abel Salazar, onde deveriam funcionar cursos no laboratório, no ateliê e na biblioteca, de ciências, arte e literatura. Deveria, ainda,

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PONTE, António. Casas-museu em Portugal – teorias e práticas, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 2007, Porto. In http://antonioponte.files.wordpress.com/2008/05/microsoft-word- texto.pdf . Acedido em: 25/07/2011.

126 Entre eles: Alberto Saavedra, Neves Real, Ruy Luís Gomes, António Maximiano Silva, Afonso de Castro, Corino de Andrade, etc.

127 BARBOSA, Maria Luísa G. Fernandes. Casa-Museu Abel Salazar Nota Histórica, in "Matesinus- Revista de Arqueologia, História e Património de Matosinhos" - n.º 1/2, 1955/96, pp.54.

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Como a Dr.ª Adelaide Estrada, António Lelo, Dr. Alberto Saavedra, Dr. Corino de Andrade, Dr. António Ramos de Almeida, Dr. Armando Bacelar, Dr. Santos Silva, Eng. António Ricca, Dr. Alexandre Babo, pintor Júlio Pomar, Dr. Luís Neves Real, Afonso de Castro, Dr. Armando Castro, Dr. António de Barros Machado, Dr. Rui Luís Gomes.

ser publicada a obra completa de Abel Salazar, a já publicada bem como a inédita, e a espalhada por artigos de jornais e revistas; a obra publicada sobre Abel Salazar, assim como estudos sobre o mesmo, sendo necessário organizar equipas especializadas para esse projecto; deveria ser inventariada a obra deixada pelo Mestre, e adquirir, sempre que possível, obras artísticas da sua autoria. Durante o 2.º período, a CMAS foi tutelada pela Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1965 a 1976, período em que a casa se encontra fechada ao público para obras de recuperação, construção da casa do guarda e de um pavilhão destinado a exposições temporárias, que só terminam em 1974. Em 1976, a Fundação Calouste Gulbenkian doou a CMAS à Universidade do Porto que tutela hoje o museu com o apoio da Associação Divulgadora do Museu Abel Salazar (ADMAS)129.

2.2.1.1. Missão e objectivos

O museu tem como missão estudar, documentar, conservar e divulgar as colecções do museu, assim como apoiar e colaborar no estudo das obras particulares, de Abel Salazar. O acesso regular ao público promove a democratização da cultura, da pessoa e o desenvolvimento da sociedade.130

Os seus objectivos são:

a) Promover a investigação, o estudo e a divulgação da obra131 literária, artística e científica de Abel Salazar;

b) Diversificar os públicos do museu;

c) Estabelecer parcerias com outras instituições, tendo em vista o estudo, a divulgação, promoção e a fruição do património do museu.132

O museu disponibiliza-se ainda a colaborar na salvaguarda, estudo e divulgação de colecções pertencentes a particulares, e/ou outras instituições.

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Mais informação sobre ADMAS em http://cmas.up.pt/index.php?id=146 . 130

Regulamento da Casa-Museu Abel Salazar. 131 Nos seus mais variados temas de interesse. 132

2.2.1.2. Equipa

A equipa da Casa-Museu Abel Salazar é francamente reduzida, constituída por três técnicos superiores - dos quais apenas um se encontra efectivo à Universidade do Porto, um técnico superior com contrato a termo e um técnico superior em regime de prestação de serviços - e dois técnicos auxiliares de manutenção.133

O museu tem contado ainda com o apoio de voluntários que auxiliam no bom funcionamento do museu, onde é valorizada a frequência e integração na equipa. No momento, o museu possui o apoio de quatro voluntários assíduos que comparecem no museu entre uma a duas vezes por semana. O voluntariado poderá ser realizado nas seguintes áreas: acompanhamento de visitas, informatização de espólio (artístico, documental, biblioteca), apoio ao Serviço Educativo, apoio à divulgação da Casa-Museu, colaboração na organização das diversas actividades desenvolvidas pelo museu.134

No documento Arte e ciência na Casa-Museu Abel Salazar (páginas 56-59)