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MATERIAIS E MÉTODOS

MVC DISTRIBUIÇÃO INTENSIDADE MVC DISTRIBUIÇÃO INTENSIDADE

1 Assoalho M 60 T2N0M0 0 Ausente Ausente 22.2 Difusa Intensa

2 Assoalho F 68 T3N0M0 53.6 Difusa Intensa 10.8 Difusa Fraca

3 Assoalho M 65 T2N0M0 0 Ausente Ausente 16.8 Difusa Intensa

4 Assoalho M 59 T2N0M0 43.2 Difusa Intensa 21 Difusa Intensa

5 Assoalho M 54 T2N1M0 10.2 Difusa Fraca 19.8 Difusa Intensa

6 Assoalho F 90 T4N0M0 9 Difusa Fraca 29.6 Difusa Intensa

7 Assoalho F 82 T2N0M0 3.2 Focal Fraca 24.6 Difusa Intensa

8 Assoalho M 60 T4N1M0 0 Ausente Ausente 7.6 Focal Fraca

9 Assoalho M 49 T2N1M0 17.2 Focal Intensa 13 Difusa Intensa

10 Assoalho F 78 T4N0M0 32.2 Difusa Fraca 9.8 Difusa Fraca

11 Retromolar M 48 T2N0M0 0 Ausente Ausente 7 Difusa Fraca

12 Retromolar M 68 T4N0M0 7 Difusa Fraca 5.6 Difusa Intensa

13 Retromolar F 74 T2N0M0 0 Ausente Ausente 5.8 Difusa Fraca

14 Retromolar F 78 T2N0M0 0 Ausente Ausente 3.6 Difusa Fraca

15 Retromolar M 49 T2N0M0 0 Ausente Ausente 3 Difusa Fraca

16 Retromolar F 84 T1N0M0 0 Ausente Ausente 21.2 Difusa Intensa

17 Retromolar F 87 T4N0M0 0 Ausente Ausente 3.4 Difusa Fraca

18 Retromolar M 68 T2N0M0 10.8 Focal Intensa 1.2 Focal Fraca

19 Retromolar F 72 T4N0M0 1 Focal Fraca 9.2 Difusa Fraca

20 Retromolar M 31 T1N0M0 13.2 Difusa Intensa 14.2 Difusa Fraca

21 Língua F 75 T2N0M0 27.6 Focal Intensa 27.6 Difusa Fraca

22 Língua M 64 T2N1M0 0.6 Focal Fraca 5 Focal Fraca

23 Língua F 87 T3N1M0 0 Ausente Ausente 13.4 Focal Fraca

24 Língua F 55 T1N0M0 13.8 Difusa Intensa 15.2 Difusa Fraca

25 Língua F 73 T4N1M0 10.2 Difusa Fraca 13.8 Difusa Fraca

26 Língua F 61 T1N0M0 16.6 Difusa Intensa 0 Ausente Ausente

27 Língua M 51 T2N0M0 12.6 Difusa Fraca 9 Difusa Fraca

28 Língua M 51 T2N0M0 18.2 Difusa Fraca 12 Difusa Fraca

29 Língua M 46 T1N0M0 2.4 Focal Fraca 14.6 Difusa Fraca

30 Língua F 56 T2N0M0 0 Ausente Ausente 6 Focal Fraca

Figura 4. Carcinoma epidermóide exibindo proliferação de ilhas e cordões de células epiteliais malignas dentro do tecido conjuntivo. Evidencia-se produção de pérolas de ceratina (H/E – 100x).

Figura 5. Granuloma piogênico exibindo proliferação de vasos sanguíneos em meio a um tecido conjuntivo com intenso infiltrado inflamatório. Evidencia-se extensa área de ulceração e necrose superficial (H/E – 100x).

Figura 6. Granuloma piogênico. Expressão imunoistoquímica para o CD105 nas células endoteliais. Distribuição difusa (SABC – 100x).

Figura 7. Granuloma piogênico. Expressão imunoistoquímica para o FvW nas células endoteliais. Distribuição focal (SABC – 100x).

Figura 8. Granuloma piogênico. Expressão imunoistoquímica para o CD105 nas células endoteliais. Marcação intensa (SABC – 400x).

Figura 9. Granuloma piogênico. Expressão imunoistoquímica para o FvW nas células endoteliais. Marcação intensa (SABC – 400x).

Figura 10. Granuloma piogênico. Expressão imunoistoquímica para o FvW nas células endoteliais. Marcação fraca (SABC – 400x).

Figura 11. Carcinoma epidermóide. Expressão imunoistoquímica para o FvW nas células endoteliais. Marcação fraca (SABC – 400x).

Figura 12. Carcinoma epidermóide. Expressão imunoistoquímica para o CD105 nas células endoteliais. Marcação intensa (SABC – 400x).

Figura 13. Carcinoma epidermóide. Expressão imunoistoquímica para o CD105 nas células endoteliais. Marcação fraca (SABC – 400x).

6 DISCUSSÃO

O termo angiogênese é empregado no sentido de definir a produção de vasos capilares a partir de outros pré-existentes, ou seja, a neoformação vascular. Por ser fundamental em um grande número de processos patológicos e fisiológicos, incluindo o crescimento e desenvolvimento tumoral, inflamação e reparo tecidual, pesquisas vêm sendo desenvolvidas no sentido de aumentar ou acelerar a angiogênese, diminuí-la ou mesmo quantificá-la (COHEN JR. et al, 2002; FOX, 1997; RAVI et al, 1998; SEDIVY et al, 2003). Pelo fato de a neoformação vascular oferecer um aporte nutricional para as células tumorais e estabelecer condições favoráveis para a disseminação metastática, alguns estudos têm procurado dar ênfase à relação entre a angiogênese e a carcinogênese (FOLKMAN, 1995; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; RAVI et al, 1998; SCHIMMING et al, 2004). Entretanto, o processo da angiogênese ainda precisa ser melhor estudado no que concerne à sua relação com o crescimento neoplásico, com futuras aplicabilidades no diagnóstico e terapêutica.

A alteração no equilíbrio entre fatores reguladores positivos (exemplo: VEGF e FGF) e negativos (exemplo: angiostatina e endostatina) do crescimento vascular desencadeia o fenótipo angiogênico. Este pode ser estimulado pela progressão de uma célula normal para tumoral, aumentando a expressão de fatores pró- angiogênicos, e pela hipóxia, que também tem um papel fundamental para a liberação destes fatores vaso-ativos e supressão dos inibidores (COHEN JR. et al, 2002; FOLKMAN, 1995; HANAHAN; FOLKMAN, 1996; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; KYZAS; AGNANTIS; STEFANOU, 2006).

A quantificação de vasos sanguíneos em seções histológicas pode ser utilizada com fins diagnósticos e prognósticos em diversas lesões, incluindo as de cabeça e pescoço (FREITAS et al, 2005; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007; VERMEULEN et al, 2002). Entretanto, de acordo com Schor et al (1998) e Vermeulen et al (2002) esta quantificação pode ser influenciada por vários fatores incluindo o tipo de fixador, o pré-tratamento dos espécimes antes da marcação, o método de quantificação e o anticorpo selecionado. Schor et al (1998) ainda afirma que o pré-tratamento das seções histológicas, antes da marcação, é a variável que

mais exerce influência na contagem dos vasos. Isto foi verificado ao utilizar duas diferentes metodologias (digestão enzimática ou aquecimento), para o pré- tratamento dos espécimes teciduais, o que resultou em índices angiogênicos diferentes, colocando em questão tais resultados. Nosso estudo preconizou apenas a utilização da tripsina 0,4% para as seções com o FvW no pré-tratamento dos espécimes teciduais avaliados.

Somando-se a isso, a relação inter-observador também é de fundamental importância para a coleta dos resultados, necessitando uma calibração prévia para que estejam treinados o suficiente e não produzam viés estatístico, não interferindo assim na reprodutibilidade da técnica, além de padronizar a análise dos dados, tornando o procedimento com mínima variabilidade e boa reprodutibilidade, afirmações concordantes com os estudos de Duff et al (2003) e Souza, Freitas e Miranda (2007). Segundo estes mesmos autores, é válido destacar que se faz necessário a padronização de um protocolo para a determinação da angiogênese, pois variações na metodologia poderiam ocasionar falhas na análise dos resultados, na técnica de coloração e na obtenção do índice angiogênico.

Como verificado na literatura pertinente, a mensuração da angiogênese pode ser obtida através de inúmeras metodologias (MVC, MVD, MVV), empregando-se anticorpos com afinidade por epítopos específicos da célula endotelial, como o CD31, CD34, FvW, CD105 ou VEGF (HARRIS, 2002; MAEDA et al, 1995; PAZOUKI et al, 1997; WEIDNER et al, 1991). Em nosso trabalho optamos pela MVC por se tratar de uma técnica efetiva e que se adequa à nossa proposta de estudo, além de ter valor prognóstico em tumores de cabeça e pescoço (FREITAS et al, 2005; MAEDA et al, 1995; VERMEULEN et al, 2002) e ter sido previamente aprovada e utilizada em pesquisas anteriores realizadas no Programa de Pós-graduação em Patologia Oral da UFRN (FREITAS et al, 2005; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

O carcinoma epidermóide oral é o responsável por cerca de 90 a 95% dos casos de câncer oral (CHOI et al, 2006; HARDISSON, 2003) e, por isso, ele tem sido alvo de inúmeras investigações, correlacionando-o com a angiogênese (CHUANG et al, 2006; MACLUSKEY et al, 2000; NAGATSUKA et al, 2005; PAZOUKI et al, 1997;

SCHIMMING et al, 2004; WILLIAMS et al, 1994). Nossa pesquisa avaliou a expressão imunoistoquímica de marcadores angiogênicos no carcinoma epidermóide oral, comparando-o com a verificada no granuloma piogênico, visto que esta última lesão também apresenta um índice angiogênico elevado.

Em relação aos achados morfológicos do nosso estudo, verificados nos casos de carcinoma epidermóide oral, todos estão em consonância com as características histopatológicas descritas pelos autores Regezi e Sciubba (2000), Moore et al (2000), Dantas et al (2003) e Neville et al (2004), onde evidenciam-se células dispersas, ilhas ou cordões de células epiteliais escamosas malignas invadindo o tecido conjuntivo. Por vezes, encontra-se uma intensa resposta celular inflamatória, áreas de necrose, angiogênese e pérolas de ceratina.

As características histopatológicas do granuloma piogênico, grupo controle da nossa pesquisa, também estiveram concordantes com as citações de Regezi e Sciubba (2000) e Neville et al (2004), onde verifica-se uma proliferação endotelial associada à formação de inúmeros vasos sanguíneos, em meio a um infiltrado predominantemente crônico na porção mais profunda e do tipo misto em proximidade com a superfície ulcerada, por vezes, mostrando-se necrosada.

A terapia antiangiogênica representa uma das modalidades mais promissoras para o tratamento do câncer (DUFF et al, 2003). É a partir da descoberta de quais anticorpos melhor marcam os vasos sanguíneos, responsáveis pela irrigação da lesão, que esta terapia vem sendo empregada em pesquisas nos mais diversos tumores, na tentativa de regressão (LEE et al, 2006; LIN et al, 2007).

Conforme Souza, Freitas e Miranda (2007), o aumento da expectativa de vida do cidadão em decorrência do processo de urbanização e das ações de saúde pública vem contribuindo para uma redução da mortalidade prematura por doenças infecciosas e/ou parasitárias. Com um tempo maior de vida, as pessoas passam a ter um maior contato com substâncias carcinógenas, especialmente a radiação ultra- violeta, fumo e álcool, o que contribui, então, para o aumento da mortalidade por doenças crônico-degenerativas, como o câncer, inclusive o da cavidade oral. De acordo com a literatura, a faixa etária mais acometida pelo CEO está entre a 5ª e 8ª

décadas de vida (MACKENZIE et al, 2000; NAGLER et al, 2002), o que condiz com nossos achados onde o maior percentual (46,7%) correspondeu aos pacientes que tinham entre 51 a 70 anos. A média de idade correspondeu a 64,97 anos, estando também em semelhança com os resultados de Sawair et al (2003) de 64 anos e de Tromp et al (2005) de 62 anos. A mediana do nosso estudo foi de 64,50 anos, em proximidade com Dedivitis et al (2004), onde a mediana foi de 62 (TABELA 1 e Quadro 5).

Com relação à proporção homem-mulher, em nossa pesquisa a metade da amostra correspondeu a pacientes do sexo feminino e, a outra metade, ao masculino, discordando de alguns autores existentes na literatura como Dedivitis et al (2004) que ao avaliarem o perfil de pacientes portadores de CEO, evidenciaram uma proporção de homem-mulher de 3,35:1 e Tromp et al (2005) com aproximadamente duas vezes mais homens do que mulheres. Esta diferença entre os resultados pode refletir a variação entre o tamanho da amostra estudada (30 casos) e a dos estudos supracitados, onde as amostras foram de 68 e 134 casos, respectivamente (TABELA 1 e Quadro 5).

É válido ressaltar o aumento da incidência do câncer no sexo feminino pelo fato de as mulheres estarem adotando alguns costumes que antes eram mais preponderantes no sexo masculino, como por exemplo, o fumo e álcool (INCA, 2006; NEVILLE et al, 2004; O'REGAN et al, 2005; REGEZI; SCIUBBA, 2000).

Na Tabela 1 e no quadro 5, podemos verificar que a proporção, intencional, da localização anatômica do CEO encontrada foi de exatamente 1/3 (33,33%) considerando o assoalho bucal, região retromolar e língua. Foi nossa intenção padronizar as amostras por localização para tornar os resultados mais facilmente aplicáveis ao tratamento estatístico. No entanto, considerando o número de ocorrências, a literatura é enfática quando relata a existência de localizações mais acometidas: língua, lábio inferior e assoalho de boca. A localização anatômica é um parâmetro importante a ser considerado na determinação prognóstica desta patologia, bem como informações sobre os hábitos deletérios, como o fumo e álcool (DIB et al, 1994; GERVÁSIO et al, 2001; INCA, 2006; NEVILLE et al, 2004).

Para os casos intra-orais, o sítio mais acometido é a língua, sendo a borda lateral posterior a região mais afetada (NEVILLE et al, 2004; O'CHAROENRAT et al, 2003; REGEZI; SCIUBBA, 2000). Além disso, segundo Neville et al (2004), esta é a localização anatômica mais freqüente de lesões agressivas, sendo que em nosso estudo, encontramos uma maior vascularização na região de assoalho bucal, região anatomicamente bem vascularizada. No entanto, a língua, região que se tem um pior prognóstico do CEO e, em condições anatomicamente normais, se apresenta também altamente vascularizada, se apresentou como a segunda região com maior marcação dos vasos. A expressão do FvW foi mais evidente do que a do CD105 (TABELA 8 e Quadro 5).

O carcinoma epidermóide em língua, em geral apresenta evolução mais rápida, com capacidade de emitir metástases mais precocemente (NEVILLE et al, 2004). Segundo Dvorak et al (1995), a neoangiogênese contribui para a metástase porque os novos vasos tumorais formados recentemente têm uma membrana basal menor e pouca substância do complexo juncional, o que resulta num aumento da permeabilidade, facilitando a saída das células tumorais em direção à circulação. Sendo assim, o assoalho bucal, de acordo com nossa pesquisa (TABELA 8), seria a região de maior preocupação, tendo em vista os achados da MVC tanto para o CD105 como para o FvW, e não a língua como relatado por alguns autores (NEVILLE et al, 2004; O'CHAROENRAT et al, 2003).

Segundo Harrison et al (2003) e O’Charoenrat (2003), a língua apresenta grande predisposição para produzir metástase em linfonodos regionais. Nossa pesquisa levou em consideração o estadiamento clínico pelo sistema TNM, onde teoricamente quanto maior a classificação do T, N e/ou M, mais agressivo é o tumor e pior é o prognóstico. Dos 10 casos de língua, 3 tinham linfonodos positivos, isto é, metástase regional. O assoalho bucal também apresentou três casos de linfonodos positivos. Destes, somente dois tinham T maior que 2, sendo um T3 e outro T4 (Quadro 5).

Dos 10 casos de língua, seis eram do sexo feminino e 4 do masculino, contradizendo achados de O´Charoenrat et al (2003), onde o sexo masculino foi o mais acometido. Segundo os autores, a faixa etária mais atingida foi de 46 a 87 anos

de idade, sendo a média de 61,9 anos. Nossos resultados (média foi de 60 anos) estão em consonância com os achados deste autor (Quadro 5).

Conforme tabela 6, o sexo feminino, quando avaliamos a imunomarcação pelos anticorpos ora estudados no CEO, foi o que apresentou maior contagem microvascular, porém sem diferença estatisticamente significante. Isso poderia sugerir que a angiogênese, assim como em outras lesões, por exemplo no granuloma piogênico “gravídico”, lesão altamente vascularizada, pode ser influenciada pelos hormônios femininos (ROSE et al, 2002), porém, nós não acreditamos na influência hormonal como co-fator no desenvolvimento tumoral do CEO. A literatura mundial é enfática ao relatar que o sexo masculino é o mais acometido, apesar de nosso resultado não ter sido concordante com tais relatos. Em sendo o sexo masculino o mais acometido por tal entidade, a influência hormonal não atua como um co-fator.

Em um estudo com uma amostra de 120 pacientes com carcinoma epidermóide oral, feito por Costa et al (2002), foi encontrado que 53 casos ou 44,17% tinham o tamanho da lesão com T1 e T2, e 67 casos ou 55,83% apresentavam T3 e T4. A maioria (60%) da nossa amostra foi classificada como estadiamento clínico T1 e T2, vinte por cento tinham estadiamento clínico T3 e T4 e 20% restantes com estadiamento N+, independente de qualquer classificação do tamanho do tumor (T). Isto pode refletir uma maior conscientização da população com relação ao auto-exame de boca, fazendo com que os pacientes que apresentem alterações na normalidade das estruturas anatômicas da boca procurem um serviço especializado o mais precocemente possível (TABELA 2 e Quadro 5).

Não há um consenso na designação do marcador imunoistoquímico que melhor oferece resultados na avaliação da angiogênese. Salvesen et al (2003), Dales et al (2004b), Schimming et al (2004), Martone et al (2005), Kyzas, Agnantis e Stefanou (2006), Taskiran et al (2006), Chuang et al (2006), Soares et al (2007), Nikiteas et al (2007) e Netto et al (2008) afirmam que o CD105 é um excelente imunomarcador para a angiogênese. No entanto, pesquisadores como Williams et al (1994), Macluskey et al (2000), Freitas et al (2005) e Souza, Freitas e Miranda (2007) recomendam para análise da vascularização o FvW.

Existem poucos relatos sobre a imunomarcação em vasos linfáticos (KYZAS; AGNANTIS; STEFANOU, 2006). Pesquisadores, como Horak et al (1992), recomendaram o anticorpo FvW para a demonstração de endotélio linfático, outros, porém, como Lee, De Lillis e Wolfe (1986) e Ordonez et al (1987), recomendaram a sua aplicação na marcação de vasos sanguíneos, chamando a atenção para a imunoreatividade deste em vasos linfáticos ser fraca ou, na maioria das vezes, ausente. Como não existe um consenso, possivelmente, em nossa pesquisa, existiram alguns vasos linfáticos imunomarcados, porém de pouca significância na avaliação da angiogênese, visto que estudamos lesões que apresentam uma maior produção de vasos sanguíneos. Evidenciamos, também, que na marcação do CD105, alguns macrófagos espumosos esporádicos apresentavam a coloração acastanhada (DUFF et al, 2003; LIORCA et al, 2007), todavia, analisamos criteriosamente a morfologia destas células inflamatórias para diferenciá-las dos vasos sanguíneos.

No nosso trabalho a maior quantidade de células endoteliais foi marcada no granuloma piogênico, quando comparado ao carcinoma epidermóide oral, com ambos os anticorpos, fato este comprovado pelas médias e medianas, que revelaram diferença estatisticamente significante (p < 0,05). O CD105 se mostrou com melhor positividade para o granuloma piogênico. Porém, para o carcinoma epidermóide, o FvW foi o que apresentou maior marcação. Isso pode sugerir que nos espécimes de granuloma piogênico estudados havia uma maior neoformação vascular do que nos espécimes de carcinoma epidermóide, visto que de acordo com a Dakocytomation (2003b) e Kumar, Wang e Bernabeu (1996), o CD105 é um excelente marcador de vasos neoformados, estando associado à angiogênese (TABELA 11 e Quadros 4 e 5).

Além disso, na análise qualitativa da angiogênese pelo CD105 no CEO, dos 30 casos analisados, onze (36,7%) não apresentaram imunomarcação, e pelo FvW, apenas um (3,3%) caso teve a marcação ausente (TABELA 9 e Quadros 4 e 5). No granuloma piogênico, dos 10 casos, somente na avaliação do CD105 houve marcação ausente, em apenas dois casos (20%). Nossa sugestão de que o FvW seria o marcador mais apropriado para avaliação da angiogênese no CEO está em

concordância com resultados de estudos anteriores (FREITAS et al, 2005; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

A nossa pesquisa, diferentemente de alguns estudos publicados, como por exemplo o de Salvesen (2003), onde a expressão do CD105 foi avaliada e comparada também com o FvW, porém em carcinoma endometrial, não encontrou a mesma correlação positiva entre o índice angiogênico e o prognóstico do CEO. Eles verificaram que a MVD foi significativamente associada com a proliferação tumoral e com o prognóstico do carcinoma endometrial, indicando que se tratava do melhor marcador angiogênico neste tipo de tumor, quando comparado com a avaliação da MVD do FvW. Em nossa pesquisa, as médias da MVC do CD105 para os casos de T1 a T2, T3 a T4 e N+ foram respectivamente 8.97, 17.13 e 6.36 vasos imunomarcados. Isto pode sugerir que, com relação ao tamanho do tumor (T), há, de fato, um aumento do número de vasos quando se aumenta o T. No entanto, quando verificamos um N+, a média da MVC foi a menor (6.36 Portanto, o CD105 não seria um predictor independente de uma pobre sobrevida, haja vista que quanto maior o N (metástase regional) e o M (metástase a distância), pior o prognóstico e a sobrevida (TABELA 7).

Nosso trabalho também não teve a mesma conclusão que Taskiran et al (2006), Nikiteas et al (2007), Dales et al (2004b) e Harris (2002), onde o valor prognóstico do CD105 nos mais diversos tumores indicava uma pobre sobrevida.

Em pesquisa com melanoma, a sobrevida dos pacientes não se correlacionou com o grau de marcação do CD105 (DAWN; MACKIE, 2001). Ao contrário de outros estudos, um trabalho com carcinoma de célula renal humana, mostrou que pacientes que apresentaram uma alta expressão da marcação pelo CD105 tiveram um prognóstico mais favorável do que aqueles com tumores de baixa expressão (SANDLUND et al, 2006). Se formos relacionar a sobrevida dos pacientes com relação à metástase regional (N+), nosso trabalho também mostrou baixa expressão da marcação pelo CD105 em pacientes com N+. No entanto, quando falamos em tamanho de tumor (T), teríamos um pior prognóstico (T3 e T4) se associando a uma maior expressão. Isto pode ser justificado pela pequena amostra por nós estudada, além de termos inserido nesta amostra uma região não muito vascularizada, a região

retromolar, quando comparada à outras áreas (assoalho bucal e língua). A região retromolar, por não ser uma localização tão representativa de acometimento do câncer bucal, geralmente não é incluída nas pesquisas. Frequentemente se verifica na literatura estudos de carcinoma epidermóide em língua, lábio e assoalho (TABELA 7).

Conforme cita a Dakocytomation (2003a), nós encontramos, também, uma reatividade granular, em nível do citoplasma da células endoteliais perivasculares, marcadas positivamente pelo FvW. Segundo Kumar, Abbas e Fausto (2005) isto está relacionado às organelas de armazenamento, chamadas corpos de Weibel- Palade que são responsáveis por armazenar o FvW nas células endoteliais, únicas células que apresentam estas organelas. A marcação do FvW, em nossa pesquisa, deu-se de forma mais fraca quando comparada à intensidade de marcação do anticorpo CD105, também em nível de citoplasma das células endoteliais perivasculares (MARTONE et al, 2005; NETTO et al, 2008; SOARES et al, 2007). Isso pode nos levar a pensar que as células endoteliais quando na angiogênese, expressam mais endoglina do que o FvW. E, com relação à quantidade de vasos marcados, por ambos os anticorpos, onde o FvW foi superior ao CD105, pode-se sugerir que a endoglina seja expressa em vasos neoformados e o FvW tanto está expresso em vasos neoformados como em vasos antigos (Figuras 8 a 13 e TABELA 11).

Nossos resultados mostraram um percentual maior de distribuição difusa e uma intensidade fraca, de ambos os marcadores, em meio à região onde se verificava os ninhos e cordões proliferação epitelial do CEO. A intensidade fraca foi mais marcante com o FvW do que com o CD105. É válido ressaltar que a marcação intensa do FvW ainda era mais suave do que a marcação intensa do CD105, fato este argumentado no parágrafo anterior. Para autores como Souza, Freitas e Miranda (2007), o FvW é o anticorpo de eleição para avaliação da angiogênese (TABELAS 3 e 4).

Avaliando imunoistoquimicamente granulomas piogênicos e hemangiomas, Freitas et al (2005), utilizou o CD31 e o FvW para mensurar a atividade angiogênica. A marcação do FvW se apresentou mais efetiva e homogênea do que o CD 31 na

identificação de células endoteliais dos espécimes avaliados. Nosso estudo também apresentou melhor marcação com o FvW nos granulomas piogênicos do que o CD105. E, quando se avaliou o CEO, o FvW, mais uma vez, se apresentou com um índice angiogênico maior (TABELA 11).

Portanto, este estudo sugere que o CD105, ao contrário da imunomarcação de outros tipos de tumores malignos, pode não estar correlacionado com o prognóstico e agressividade do CEO, no entanto, FvW se mostrou ser um anticorpo com maior marcação nesta lesão. Nossos achados sugerem que a localização anatômica exerce influência na vascularização, tendo em vista que o assoalho bucal se apresentou com maior marcação angiogênica. E, a expressão imunoistoquímica

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