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não é praticamente utilizada para os exercícios atléticos do

No documento As Cidades Romanas - Pierre Grimal (páginas 41-45)

passado. Somenteaí sepratica o passeio,ojogo de bola,e

sobretudo,oprazersemprerenovadodaconversa.

Quanto

à zonadebanho das mulheressó dispõede uma áreadescoberta,

eventualmente ajardinada.

O «banho dos

homens»

é maiscompleto. Jáapresentaas quatro partes essenciais de qualquer edifício termal: um

apodyterium, amplo vestiárioemque osbanhistas tiravame

colocavam as suas roupas, uma sala fria, ofrigidariunv, a

seguirumasalamorna,otepidarium’,e porfimumaestufa, o

caldarium. Cada qual passava de uma sala para a outra de acordocomumritoobrigatório.Oplano dastermasdePom¬

peiosmostraque o apodyteriumabriasimultaneamentepara ofrigidariumeparaotepidarium:eraportantopossívelentrar

directamente na sala fria para as primeiras abluções que

consistiam em deitar-se numa cuba

em

que ocupava quase a

totalidade da sala, ou então entrar primeiro na sala morna onde o corpo se habituava gradualmente a suportar uma temperaturaelevada. Passados algunsmomentos,obanhista

passava paraocaldariumondeoCalorprovocavauma suda¬

ção abundante. Aí estavam colocadasuma bacia contendo águamornaeumabanheiraemque.sepodia imergir completa¬ mente.De seguida,retomandocmsentido inversoocaminho

percorrido,erapossívelvoltaraofrigidariumparaumúltimo

banho frio.Nastermasmais complexaseluxuosas construídas

durante aépoca imperial,outras salas serviam paraasmas¬

sagens,asunções de óleo,etinham-semultiplicado assalas

de conversa e asgaleriasdestinadasapasseios. Éoquesevê

por exemplo bem claramente numa das maiores termas de Timgad(chamadas TermasdoNorte) emque seencontram umaordenaçãoe uma simetria que visivelmenteseasseme¬ lhamcom oedifíciodasmaismagníficastermasde Roma, as de Caracala oudeDiocleciano (fig.22). Aolado do calda¬

rium,em queasbacias mantinhamumcalorhúmido, encon¬ tram-seestufassecas,designadas porlaconicum(ou«banhos

laconianos») em que a temperatura podia atingir um grau

muito elevado. Piscina

I

P. 1R

pSl

'.Caldarium

_,

1 >JCaldarium laconicum ÍCaldariumQÿconicum)

Tepidarj

lepidariurm ÍTepidarium) Zonas de estar e passeio Zonas de Frigidarium passeio Vestíbulo Piscina

I

Fig.22.

-

Asgrandes Termas do NoneemTimgad

í

?ÿ 82

83

* I

ASCIDADES

ROMANAS

OS

MONUMENTOS

URBANOS TÍPICOS

o seuprimeiro aqueduto, que foi designadode

Agua

Apiana

(Aqua Appia). Ébastanteprovávelqueos engenheirosroma¬ nos tenham imitado então osprocessosutilizadosnascidades

gregasouhelenizadas daItália meridional.Estes aindaeram bastantesimples:oaqueduto

limitava:se

aser umcanalem

alvenaria, assentando no solo ou enterrado, e que seguia o declive natural doterrenoacusto deintermináveis sinuosi-

dades.Éassim que, muito embora tivesse asuanascentea cercadesetemilhas de Roma,aAppia tinhaumcomprimento

efectivode11 milhas(ouseja16,500km),esópercorria 88

m)por cimado solo, emcimade muros desustentaçãooude

arcos,eaindaéverosímelqueaspartessuperioresconstituam

umaadição muitoposterioraotempodasuaconstrução. Esta técnica rudimentar traziaumaconsequênciagrave. Desdea nascença,o aqueduto perdia altitude muito rapidamente

água chegava àcidadeàmaneiradeumaribeirasubterrânea,

qualquer «pressão», correndo simplesmente paradentro da baciadeuma fonte.Eraimpossívélconceber umadistri¬ buição sob pressão para as casasparticulares. A água erao

bemcomum.Cadaqual aia buscar àfontemaispróxima.A

caldaria, o do banhodos

homens

e odo

banho

dasmulheres

(fig.21).

Cada cidade romana dispunhade um grande número de

termas, além dos banhos

instalados

pelos particulares

casasmais luxuosas. Assim,emTimgad,havianada menos

doquedoze edifícios termais, numacidadequecomcerteza

não deviacontar commaisde 15.000habitantes.ETimgad nãoénenhuma excepção. A

exploração

ainda

imcompleta

da

colóniade Banasa,naMauritânia Tingitana, provaque

pequena cidade do actualMarrocos, bastante modesta,não

tinha a esterespeitonada ainvejar às termas de Timgad,a

nãoser,talvez,ariquezaeoluxodasuadecoração. Équ vida quotidianadosRomanos,tantohabitantesdas províncias comohabitantesda capital,astermasocupamumpapelconsi¬

derável. Énas termas que pelas 4horasda tarde,

terminado odia “oficial” se vaicalmamente esperarahora do jantar. Faz-seumpoucodeexercício, relaxa-se sobas mãos

do massagista, conversa-se, petiscam-se algumasguloseimas

fornecidaspor vendedores ambulantes.Étambémaí quese promovem os encontros de negócio ou de amizade, como

anteriormentenoForum. Jásedisse quenotempodo Império

as termaseram oscafése osclubes das cidadesromanas.

nas

esta

e na

uma vez ea

sem

água excedente, oexcesso que transbordava dafonte,perdia- -se nosesgotosou eràvendidaàs tinturarias, àslavandariase

proprietários

debanhos privados medianteumataxa.Esta

era aorganizaçãoaotempodasguerraspúnicas. Nessa época,

ainda não existiam as termas e a necessidade de água era

mínima. Até meados do século II a.C., só dois aquedutos

umaaduçãonaribeira Anio que desembocanoTibreaalguma distânciaamontante de Roma. Após aquedade Cartago,quandoRomasetornou

verdadeiramenteuma.capitalmediterrânica, a suapopulação cresceu de formaconsideráveletomou-senecessário acrescen- terceiroaqueduto: foiaMareia, oprimeiro aqueduto

«moderno» deRoma,quetrouxe àcidadeáguaproveniente dasnascentesdaregiãosabina,uma;águapuraàqualestava ligadaumaespéciede veneração.Simultaneamente,começou

um novo hábito: aspersonagens importantes recebiamuma

concessão deáguagratuita

em

recompensa de serviços

emi-

aos

bastavamparaassatisfazer:aAppia,e Em cada cidade, o grande número de termas tornava

necessária a instalação de condutas de água abundantes e seguras.Nãohánenhumapovoação romana quenãotenha tido, por pequenaque fosse,o seuaqueduto.Durante muito

tempo, mesmo em Roma, consideraram-se suficientes os

poços, fáceisdefurarnochão húmido dosterrenosbaixos,e

ascisternasnascolinas,dasquaisforamachadosnumerosos

restos.Masjáapartirdofim doséculo IVantesdanossa era (em 312),Appius Claudius,omesmo censor que construiua

ViaAppiaentreRomaeaCampânia, equipouacidadecom

tarum

i!

i

OSMONUMENTOS URBANOS TÍPICOS

ASCIDADES ROMANAS \

:

nentes prestados ao Estado. Desta forma, pouco a pouco, parte importante da água trazida pelos aquedutos foi derivada a favor das casas particulares. Foi então que se

tomounecessárioinstalarasmãès-de-águaapartir dasquais ligadasascanalizaçõesprivadas. Roma passou

suaredesubterrâneacomprolongamentosatodos os

bairros.

Simultaneamente,aartedas aduçõesprogredia.

Descobriran

-se

e começaram a ser aplicados

sistematicamente

-

os «sifões»,ouseja acolocação sobrepressãode umaparteda canalização paraatravessarumvaleevitandoassimoincon¬

veniente dos meandros

intermináveis.

Apesar de inúmeras resistências, das quais algumas eram tingidas de pretextos

religiosos

-

a águaatingiuâCapitolino e as outras colinas.

Foram abandonadas, atulhadas ou tapadas as cisternas do

Palatino. Durante muitos séculos, Romapassou a ficar de¬

pendentedosseusaquedutos.

Quando

no início do Império os banhos privados se

multiplicaram,e tambémas concessões aosparticulares,foi

necessário aumentar o volume das aduções. É ao talento

administrativo

de Agripá,amigoe

pósteriormente

genrode

Augusto, que cabe a honra de ler organizado o corpo dos

encarregadosdas fontes públicas(inicialmenterecrutado por

entre os escravos eos libertosda suaprópriacasa)e de ter posto emordem a rede deaquedutos até aí

mediocremente

administradapeloscensoresepelosedis. Agripa,quetambém

foi o primeiro a instalarno Campo de Marte umconjunto

termaljunto de uma palestra,aumentou o débito dos aque¬ dutos existentes,modernizou-oscomacriaçãodesifõespara

suprimiras sinuosidades demasiadolongas,com amultipli¬ caçãode percursos por cima do solo, apoiadosemmuros de sustentação e sobre,arcadas. Além disso, Agripa construiu dois aquedutos completamentenovos: oprimeiro,chamado

a Virgem (Aqua Virgo porque, segundo se diz, havia sido

uma jovem rapariga a indicaraos prospectoresasnascentes

destinadasaalimentá-lo),servia

essencialmente

as«termas»

deAgripacom a suagrandepiscinaao arlivre. O segundo,a AquaJulia,duplicoua rede da Mareia. Agripamultiplicou

asfontes e asmães-de-água,nomeadamentenosbairrosnovos, noEsquilino,emesmono Transtevero,namargemdireitado

rio.Regulamentouasdimensõesdas tubagensutilizadaspara

asderivações privadaseprocurou obterumaavaliação sufi¬ cientementeconcretadasquantidades distribuídasimpondo

pressão bemdefinida(alguns centímetrosdeágua)

pontosdetomada.Era assim queosencarregadosdasfontes

públicas superavamaausênciademedidasvolumétricas.Mas damesma maneira como anteriormente, adistribuiçãonão sefazia«sobpressão».Os antigosnão conheceram nadade

comparável aos nossos «repuxos» e aos nossos «pontos de

água» nos andares. Osincêndios,frequentesemRoma como

emtodasasgrandesaglomeraçõesromanas,tinham sobretudo

de ser combatidos fazendo adivisão do fogo e regando os

escombroscom a ajuda de fileiras emque aágua passa de

mão a mão.

Os maioresemais célebres dos aquedutosromanos,cujas arcadas ainda hoje«passampor cima»do campo deRoma, vindos dos MontesAlbinos,foramconstruídosentre47e52 d.C. pelosimperadores Cláudioe Nero. Afimdepoder servir

asregiões mais elevadas, eranecessáriomanterasaduçõesa

altitude tão elevadaquantopossívelepor estarazão a alturadoscanaiséainda de 32macimado solo à suachegada

a Roma.

Pode avaliar-se o volume total de água distribuída em

Roma durante vinteequatrohoras (porvolta do fim do século Id.C.) emcercade

992.200

m3,númeroconsiderável

admitindo que a população total da cidade rondava um milhão, oque éumaavaliação «forte». Boapartedesta massa

enormeeraconcedidaaosparticulares,àspequenas indústrias

(lavandariasepisoeiros),mas sobrava muito paraas fontes

públicas, que corriam noite e dia em todos os bairros, e

sobretudoparaas termas.A

abundância

das águascorrentes foi sempreumluxoromano: acidade modernanão perdeu essatradição.Masestaáguapermanentementecorrentetinha

tambémoutrafunção.Recolhidanosesgotos,servia paraos

drenar

e

para

arrastar

asimundices

em direcção ao grande

uma eruin ater a nos

!

i- uma

I

uma mesmo

.

OS

MONUMENTOSURBANÒS

TÍPICOS

AS

CIDADES ROMANAS

I

colector que era essa Cloaca Maxima e que tinha outrora

servido parasecaros pântanos doForum. Dissémoscomoa

Cloaca,incialmenteinstaladaacéuaberto,tinha sido coberta porumaabóboda porvoltadoprincípiodo século II a.C. O

que se vê agora,na sua saídasobre o Tibre, não émais do queumareconstruçãoquesedeveaAgripa.

Os aquedutos construídos para as cidades provinciais seguem os mesmos princípios dos da capital. Por vezes, a

sua magnificiência não tem nada a invejar a estes, como testemunha oPontduGard, aqueduto destinadoà colóniade

Ntmes, lançado aumaaltura demais de 50mpor cima do vale doGard.Não hácertezasobreadata dasuaconstrução:

semdúvida terá de serremontada ao séculoIda

Compõe-sedetrêsandaresde arcadassobrepostas,bastando

umsóarcodo andarinferiorparapassar porcima da ribeira, pelomenos em tempo normal(fig. 23).

Acolóniade Liãodispunhadequatroaquedutos dos quais

omaisrecente(semdúvida construídonotempodoimperador

Adriano, por volta de 130 d.C.) atinge75kms. Perto de Nar- bona,um aquedutoantigo ainda serpenteiaede longealonge

pelo meio das videiras acompanham-se os “respiradoiros”

destinados aevitar acolocaçãosobrepressãodas condutas.

I

:

*

*

Os primeiros anos de Roma tinham sido marcados por

grandenúmerodeguerraseduranteséculosacidadeencon-

trou-senomeio deumaItáliahostil. 0;'mesmoaconteceuem relação

_____

agrandenúmerodecidades

provinciais, particular-

às colónias fundadas com fins estratégicos. Estas condições deinsegurançaimpunham às cidadesa

necessidade

de serodearemdemuralhasejádesdebséculo VIa.C.Roma

dispunhade uma muralha

construídafem

pedra

-

pequenos blocos de tufo friável chamado capellaccio fornecido pelas pedreiras locais

-

de quesubsistem áindaalguns exemplos. DesdeaAntiguidade,estemuroé geralmentedesignado pelo nome

cercavaa mente

nossa era.

de «Muro Serviano». Provou-se recentemente que

povoaçãona suamaiorextônsão,queultrapassava

largamenteopomeriumequenomeadamenteincluiaomonte Aventino(verfig.6).Admite-se geralmente queestamuralha

chegava ao rio,junto ao Capitolinoÿe que umpouco mais

longe era

interrompida,

aolongodamargem,parasóvoltar a

recomeçar junto do Aventino.Na realidade,parecebastante

maisprovável queestaprimeira muralhativesse deixado fora delaaplanície doForum Boarium,assentassenas alturasdo

Palatinoe atravessasseovale do Grande Circo.Tantoquanto

possívelutilizavaasescarpas naturais,asfalésias do Capito- lino quecoroava,eas do

Quirinal.

Mas se olocal deRoma estava fechado, em direcção a norte, oeste e sul, por uma linha quaseininterrupta dealturas,entdirecçãoalesteoamplo

planalto doEsquilinonãoopunhanenhum obstáculo natural

ao invasor. Aí, foinecessário completar a muralha por um

talude(oagger) eum fossolargodecercade trintametrose de10metrosdefundo.

Este sistema defensivofoireforçadoao fim depoucotem¬

po,eno iníciodo século IV a.C.,

após

ainvasão gaulesa,a muralha de cappellàccio foi

duplicada

com outra muralha

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Fig. 23.

-

ApontedoGard

*

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