passado. Somenteaí sepratica o passeio,ojogo de bola,e
sobretudo,oprazersemprerenovadodaconversa.
Quanto
à zonadebanho das mulheressó dispõede uma áreadescoberta,eventualmente ajardinada.
O «banho dos
homens»
é maiscompleto. Jáapresentaas quatro partes essenciais de qualquer edifício termal: umapodyterium, amplo vestiárioemque osbanhistas tiravame
colocavam as suas roupas, uma sala fria, ofrigidariunv, a
seguirumasalamorna,otepidarium’,e porfimumaestufa, o
caldarium. Cada qual passava de uma sala para a outra de acordocomumritoobrigatório.Oplano dastermasdePom¬
peiosmostraque o apodyteriumabriasimultaneamentepara ofrigidariumeparaotepidarium:eraportantopossívelentrar
directamente na sala fria para as primeiras abluções que
consistiam em deitar-se numa cuba
em
que ocupava quase a
totalidade da sala, ou então entrar primeiro na sala morna onde o corpo se habituava gradualmente a suportar uma temperaturaelevada. Passados algunsmomentos,obanhista
passava paraocaldariumondeoCalorprovocavauma suda¬
ção abundante. Aí estavam colocadasuma bacia contendo águamornaeumabanheiraemque.sepodia imergir completa¬ mente.De seguida,retomandocmsentido inversoocaminho
percorrido,erapossívelvoltaraofrigidariumparaumúltimo
banho frio.Nastermasmais complexaseluxuosas construídas
durante aépoca imperial,outras salas serviam paraasmas¬
sagens,asunções de óleo,etinham-semultiplicado assalas
de conversa e asgaleriasdestinadasapasseios. Éoquesevê
por exemplo bem claramente numa das maiores termas de Timgad(chamadas TermasdoNorte) emque seencontram umaordenaçãoe uma simetria que visivelmenteseasseme¬ lhamcom oedifíciodasmaismagníficastermasde Roma, as de Caracala oudeDiocleciano (fig.22). Aolado do calda¬
rium,em queasbacias mantinhamumcalorhúmido, encon¬ tram-seestufassecas,designadas porlaconicum(ou«banhos
laconianos») em que a temperatura podia atingir um grau
muito elevado. Piscina
I
P. 1RpSl
'.Caldarium_,
1 >JCaldarium laconicum ÍCaldariumQÿconicum)Tepidarj
lepidariurm ÍTepidarium) Zonas de estar e passeio Zonas de Frigidarium passeio Vestíbulo PiscinaI
Fig.22.
-
Asgrandes Termas do NoneemTimgadí
?ÿ 82
83
* I
ASCIDADES
ROMANAS
OS
MONUMENTOS
URBANOS TÍPICOSo seuprimeiro aqueduto, que foi designadode
Agua
Apiana(Aqua Appia). Ébastanteprovávelqueos engenheirosroma¬ nos tenham imitado então osprocessosutilizadosnascidades
gregasouhelenizadas daItália meridional.Estes aindaeram bastantesimples:oaqueduto
limitava:se
aser umcanalemalvenaria, assentando no solo ou enterrado, e que seguia o declive natural doterrenoacusto deintermináveis sinuosi-
dades.Éassim que, muito embora tivesse asuanascentea cercadesetemilhas de Roma,aAppia tinhaumcomprimento
efectivode11 milhas(ouseja16,500km),esópercorria 88
m)por cimado solo, emcimade muros desustentaçãooude
arcos,eaindaéverosímelqueaspartessuperioresconstituam
umaadição muitoposterioraotempodasuaconstrução. Esta técnica rudimentar traziaumaconsequênciagrave. Desdea nascença,o aqueduto perdia altitude muito rapidamente
água chegava àcidadeàmaneiradeumaribeirasubterrânea,
qualquer «pressão», correndo simplesmente paradentro da baciadeuma fonte.Eraimpossívélconceber umadistri¬ buição sob pressão para as casasparticulares. A água erao
bemcomum.Cadaqual aia buscar àfontemaispróxima.A
caldaria, o do banhodos
homens
e odobanho
dasmulheres(fig.21).
Cada cidade romana dispunhade um grande número de
termas, além dos banhos
instalados
pelos particularescasasmais luxuosas. Assim,emTimgad,havianada menos
doquedoze edifícios termais, numacidadequecomcerteza
não deviacontar commaisde 15.000habitantes.ETimgad nãoénenhuma excepção. A
exploração
aindaimcompleta
dacolóniade Banasa,naMauritânia Tingitana, provaque
pequena cidade do actualMarrocos, bastante modesta,não
tinha a esterespeitonada ainvejar às termas de Timgad,a
nãoser,talvez,ariquezaeoluxodasuadecoração. Équ vida quotidianadosRomanos,tantohabitantesdas províncias comohabitantesda capital,astermasocupamumpapelconsi¬
derável. Énas termas que pelas 4horasda tarde,
terminado odia “oficial” se vaicalmamente esperarahora do jantar. Faz-seumpoucodeexercício, relaxa-se sobas mãos
do massagista, conversa-se, petiscam-se algumasguloseimas
fornecidaspor vendedores ambulantes.Étambémaí quese promovem os encontros de negócio ou de amizade, como
anteriormentenoForum. Jásedisse quenotempodo Império
as termaseram oscafése osclubes das cidadesromanas.
nas
esta
e na
uma vez ea
sem
água excedente, oexcesso que transbordava dafonte,perdia- -se nosesgotosou eràvendidaàs tinturarias, àslavandariase
proprietários
debanhos privados medianteumataxa.Estaera aorganizaçãoaotempodasguerraspúnicas. Nessa época,
ainda não existiam as termas e a necessidade de água era
mínima. Até meados do século II a.C., só dois aquedutos
umaaduçãonaribeira Anio que desembocanoTibreaalguma distânciaamontante de Roma. Após aquedade Cartago,quandoRomasetornou
verdadeiramenteuma.capitalmediterrânica, a suapopulação cresceu de formaconsideráveletomou-senecessário acrescen- terceiroaqueduto: foiaMareia, oprimeiro aqueduto
«moderno» deRoma,quetrouxe àcidadeáguaproveniente dasnascentesdaregiãosabina,uma;águapuraàqualestava ligadaumaespéciede veneração.Simultaneamente,começou
um novo hábito: aspersonagens importantes recebiamuma
concessão deáguagratuita
em
recompensa de serviçosemi-
aos
bastavamparaassatisfazer:aAppia,e Em cada cidade, o grande número de termas tornava
necessária a instalação de condutas de água abundantes e seguras.Nãohánenhumapovoação romana quenãotenha tido, por pequenaque fosse,o seuaqueduto.Durante muito
tempo, mesmo em Roma, consideraram-se suficientes os
poços, fáceisdefurarnochão húmido dosterrenosbaixos,e
ascisternasnascolinas,dasquaisforamachadosnumerosos
restos.Masjáapartirdofim doséculo IVantesdanossa era (em 312),Appius Claudius,omesmo censor que construiua
ViaAppiaentreRomaeaCampânia, equipouacidadecom
tarum
i!
i
OSMONUMENTOS URBANOS TÍPICOS
ASCIDADES ROMANAS \
:
nentes prestados ao Estado. Desta forma, pouco a pouco, parte importante da água trazida pelos aquedutos foi derivada a favor das casas particulares. Foi então que se
tomounecessárioinstalarasmãès-de-águaapartir dasquais ligadasascanalizaçõesprivadas. Roma passou
suaredesubterrâneacomprolongamentosatodos os
bairros.
Simultaneamente,aartedas aduçõesprogredia.
Descobriran
-se—
e começaram a ser aplicadossistematicamente
-
os «sifões»,ouseja acolocação sobrepressãode umaparteda canalização paraatravessarumvaleevitandoassimoincon¬veniente dos meandros
intermináveis.
Apesar de inúmeras resistências, das quais algumas eram tingidas de pretextosreligiosos
-
a águaatingiuâCapitolino e as outras colinas.Foram abandonadas, atulhadas ou tapadas as cisternas do
Palatino. Durante muitos séculos, Romapassou a ficar de¬
pendentedosseusaquedutos.
Quando
no início do Império os banhos privados semultiplicaram,e tambémas concessões aosparticulares,foi
necessário aumentar o volume das aduções. É ao talento
administrativo
de Agripá,amigoepósteriormente
genrodeAugusto, que cabe a honra de ler organizado o corpo dos
encarregadosdas fontes públicas(inicialmenterecrutado por
entre os escravos eos libertosda suaprópriacasa)e de ter posto emordem a rede deaquedutos até aí
mediocremente
administradapeloscensoresepelosedis. Agripa,quetambém
foi o primeiro a instalarno Campo de Marte umconjunto
termaljunto de uma palestra,aumentou o débito dos aque¬ dutos existentes,modernizou-oscomacriaçãodesifõespara
suprimiras sinuosidades demasiadolongas,com amultipli¬ caçãode percursos por cima do solo, apoiadosemmuros de sustentação e sobre,arcadas. Além disso, Agripa construiu dois aquedutos completamentenovos: oprimeiro,chamado
a Virgem (Aqua Virgo porque, segundo se diz, havia sido
uma jovem rapariga a indicaraos prospectoresasnascentes
destinadasaalimentá-lo),servia
essencialmente
as«termas»deAgripacom a suagrandepiscinaao arlivre. O segundo,a AquaJulia,duplicoua rede da Mareia. Agripamultiplicou
asfontes e asmães-de-água,nomeadamentenosbairrosnovos, noEsquilino,emesmono Transtevero,namargemdireitado
rio.Regulamentouasdimensõesdas tubagensutilizadaspara
asderivações privadaseprocurou obterumaavaliação sufi¬ cientementeconcretadasquantidades distribuídasimpondo
pressão bemdefinida(alguns centímetrosdeágua)
pontosdetomada.Era assim queosencarregadosdasfontes
públicas superavamaausênciademedidasvolumétricas.Mas damesma maneira como anteriormente, adistribuiçãonão sefazia«sobpressão».Os antigosnão conheceram nadade
comparável aos nossos «repuxos» e aos nossos «pontos de
água» nos andares. Osincêndios,frequentesemRoma como
emtodasasgrandesaglomeraçõesromanas,tinham sobretudo
de ser combatidos fazendo adivisão do fogo e regando os
escombroscom a ajuda de fileiras emque aágua passa de
mão a mão.
Os maioresemais célebres dos aquedutosromanos,cujas arcadas ainda hoje«passampor cima»do campo deRoma, vindos dos MontesAlbinos,foramconstruídosentre47e52 d.C. pelosimperadores Cláudioe Nero. Afimdepoder servir
asregiões mais elevadas, eranecessáriomanterasaduçõesa
altitude tão elevadaquantopossívelepor estarazão a alturadoscanaiséainda de 32macimado solo à suachegada
a Roma.
Pode avaliar-se o volume total de água distribuída em
Roma durante vinteequatrohoras (porvolta do fim do século Id.C.) emcercade
992.200
m3,númeroconsideráveladmitindo que a população total da cidade rondava um milhão, oque éumaavaliação «forte». Boapartedesta massa
enormeeraconcedidaaosparticulares,àspequenas indústrias
(lavandariasepisoeiros),mas sobrava muito paraas fontes
públicas, que corriam noite e dia em todos os bairros, e
sobretudoparaas termas.A
abundância
das águascorrentes foi sempreumluxoromano: acidade modernanão perdeu essatradição.Masestaáguapermanentementecorrentetinhatambémoutrafunção.Recolhidanosesgotos,servia paraos
drenar
epara
arrastarasimundices
em direcção ao grande
uma eruin ater a nos
!
i- umaI
uma mesmo.
OS
MONUMENTOSURBANÒS
TÍPICOSAS
CIDADES ROMANAS
I
colector que era essa Cloaca Maxima e que tinha outrora
servido parasecaros pântanos doForum. Dissémoscomoa
Cloaca,incialmenteinstaladaacéuaberto,tinha sido coberta porumaabóboda porvoltadoprincípiodo século II a.C. O
que se vê agora,na sua saídasobre o Tibre, não émais do queumareconstruçãoquesedeveaAgripa.
Os aquedutos construídos para as cidades provinciais seguem os mesmos princípios dos da capital. Por vezes, a
sua magnificiência não tem nada a invejar a estes, como testemunha oPontduGard, aqueduto destinadoà colóniade
Ntmes, lançado aumaaltura demais de 50mpor cima do vale doGard.Não hácertezasobreadata dasuaconstrução:
semdúvida terá de serremontada ao séculoIda
Compõe-sedetrêsandaresde arcadassobrepostas,bastando
umsóarcodo andarinferiorparapassar porcima da ribeira, pelomenos em tempo normal(fig. 23).
Acolóniade Liãodispunhadequatroaquedutos dos quais
omaisrecente(semdúvida construídonotempodoimperador
Adriano, por volta de 130 d.C.) atinge75kms. Perto de Nar- bona,um aquedutoantigo ainda serpenteiaede longealonge
pelo meio das videiras acompanham-se os “respiradoiros”
destinados aevitar acolocaçãosobrepressãodas condutas.
I
:
*
*
Os primeiros anos de Roma tinham sido marcados por
grandenúmerodeguerraseduranteséculosacidadeencon-
trou-senomeio deumaItáliahostil. 0;'mesmoaconteceuem relação
_____
agrandenúmerodecidadesprovinciais, particular-
às colónias fundadas com fins estratégicos. Estas condições deinsegurançaimpunham às cidadesa
necessidade
de serodearemdemuralhasejádesdebséculo VIa.C.Romadispunhade uma muralha
construídafem
pedra-
pequenos blocos de tufo friável chamado capellaccio fornecido pelas pedreiras locais-
de quesubsistem áindaalguns exemplos. DesdeaAntiguidade,estemuroé geralmentedesignado pelo nomecercavaa mente
nossa era.
de «Muro Serviano». Provou-se recentemente que
povoaçãona suamaiorextônsão,queultrapassava
largamenteopomeriumequenomeadamenteincluiaomonte Aventino(verfig.6).Admite-se geralmente queestamuralha
chegava ao rio,junto ao Capitolinoÿe que umpouco mais
longe era
interrompida,
aolongodamargem,parasóvoltar arecomeçar junto do Aventino.Na realidade,parecebastante
maisprovável queestaprimeira muralhativesse deixado fora delaaplanície doForum Boarium,assentassenas alturasdo
Palatinoe atravessasseovale do Grande Circo.Tantoquanto
possívelutilizavaasescarpas naturais,asfalésias do Capito- lino quecoroava,eas do
Quirinal.
Mas se olocal deRoma estava fechado, em direcção a norte, oeste e sul, por uma linha quaseininterrupta dealturas,entdirecçãoalesteoamploplanalto doEsquilinonãoopunhanenhum obstáculo natural
ao invasor. Aí, foinecessário completar a muralha por um
talude(oagger) eum fossolargodecercade trintametrose de10metrosdefundo.
Este sistema defensivofoireforçadoao fim depoucotem¬
po,eno iníciodo século IV a.C.,
após
ainvasão gaulesa,a muralha de cappellàccio foiduplicada
com outra muralhatí-'é
%
a
*&
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Fig. 23.