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Níveis de Sādhakas

No documento Luz Sobre o Prāṇāyāma (páginas 103-138)

1. Os sādhakas são divididos em três grupos principais de acordo com o progresso que eles alcançam na prática de prāṇāyāma, essas categorias são: inferior (adhama), cuja respiração é grosseira e irregular; mediano (madhyama), que é parcialmente suave, e superior (uttama), cuja a respiração é suave e fina. 2. Esses grupos são novamente subdivididos para mostrar as suas diferenças sutis. Os iniciantes são separados entre os mais inferiores dos ‘inferiores’ (adhamādhama), medianos entre os ‘inferiores’ (adhamamadhyana), e os melhores entre os ‘inferiores’ (adhamōttma). Os grupos ‘medianos’ (madhyama) e ‘superiores’ (uttama) são similarmente divididos. Porém a meta final de todo sādhaka é alcançar o melhor dos ‘superiores’ (uttamōttama).

3. Um iniciante no prāṇāyāma (adhama) usa a força física e lhe falta ritmo e estabilidade. O seu corpo e cérebro são rígidos, enquanto sua respiração é forçada, irregular e superficial. Um sādhaka mediano (madhyama) tem algum controle na arte de sentar-se e uma capacidade pulmonar superior do que a do iniciante. A ele falta a habilidade de manter uma postura constante ou respirar ritmicamente. A sua prática é moderada, ao passo que a de um sādhaka mais aperfeiçoado (uttama) é disciplinada; ele senta-se ereto e alerta. Os seus pulmões são capazes de sustentar o prāṇāyāma por um tempo maior. A sua respiração é rítmica, suave e sutil, enquanto seu corpo, mente e intelecto são estáveis. Ele está sempre pronto para ajustar a sua postura e para corrigir seus próprios erros.

4. Com muita frequência, o entendimento e a prática não caminham juntos. Um sādhaka pode ser mais capaz de entender, enquanto outro pode ter uma habilidade melhor na prática. Em cada caso, ele deve desenvolver uniformidade na habilidade e inteligência e usá-las harmoniosamente para uma melhor prática de prāṇāyāma.

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5. Patanjali menciona o papel importante interpretado no prāṇāyāma pelo local (deśa), tempo (kāla) e condição (saṁkhyā), sejam internas ou externas, para o sādhaka. Elas podem ser reguladas, alongadas ou tornadas sutis (Yoga Sūtras II, 50). Seu tórax é o local, sua idade é o tempo, e sua condição é o fluxo equilibrado, vagaroso, estável e uniforme da sua respiração.

6. O iniciante pode usar apenas o topo de seus pulmões, enquanto o praticante mediano preocupar-se-á com o seu diafragma ou umbigo e o perito com sua região pélvica. É necessário aprender a envolver todo o tórax quando se pratica prāṇāyāma.

7. O tempo representa a duração de cada inalação e exalação e condiciona o fluxo controlado e a sutileza da respiração.

8. A condição representa o número e a duração da inalação, retenção, exalação e segunda retenção. O sādhaka tem que determinar o número e a duração para cada dia e deve manter um cronograma regular. O fluxo suave e delicado da respiração em todo ciclo é a condição ideal (saṁkhyā).

9. O sādhaka pode completar um ciclo com a duração de dez segundos, outro de vinte e um terceiro de trinta. Ele pode praticar em três níveis, o puramente físico, usando o seu corpo como um instrumento, o emocional, utilizando apenas suas faculdades mentais ou o nível intelectual, controlando sua respiração com inteligência. Um iniciante pode alcançar a perfeição se o seu ciclo é bem curto mas suave e fino; por outro lado, um perito que se orgulha da duração de seu ciclo, que é grosseiro e irregular, é reduzido ao nível de um iniciante.

10. O sādhaka deve desenvolver estabilidade no corpo, manter sua mente e emoções em equilíbrio e seu intelecto sóbrio. Então ele está apto a observar o fluxo sutil da sua respiração e sentir sua absorção no interior de seu sistema. Seu corpo, respiração, mente, intelecto e si tornam-se um e perdem suas identidades individuais. O conhecível, o conhecedor e o conhecimento se tornam um. (Yoga Sūtra, I, 41.)

11. Um músico está perdido em seu êxtase enquanto mostra todas as sutilezas de rāga (nota musical, melodia e harmonia) na qual ele se especializou e

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experiencia consciência suprema. Ele pode ou não estar ciente que sua experiencia é compartilhada pela sua audiência. Essa é a busca do som (nādānusandhāna). Da mesma maneira o sādhaka está perdido em seu êxtase, porém a sua experiência do prāṇāyāma é puramente subjetiva. Apenas ele ouve ao som sutil e suave de sua própria respiração e desfruta do estado absoluto sem som de kumbhaka. Essa é a busca pelo Si (Ātmānusandhāna).

12. O influxo de ar (pūraka) é a absorção da energia cósmica; a inalação-retenção (antara kumbhaka) é a união do Si Universal com o si individual; a exalação (rechaka) é a submissão da energia individual, seguida por exalação-retenção (bāhya kumbhaka), na qual o indivíduo e o Si Universal fundem-se. Esse é o estado de nirvikalpa samādhi.

105 Capítulo 17

Bīja Prāṇāyāma

O que é Japa?

1. Apesar da alma ser livre da causa e efeito, alegria e angústia, ela é enredada pela atividade turbulenta da mente. O propósito do mantra japa é verificar e focar a mente perturbada em um ponto único e está relacionado com um pensamento único. Mantra é um hino védico ou verso musical, a sua repetição é japa ou uma oração. Isso deve ser feito com sinceridade, amor e devoção, que desenvolve o relacionamento entre os seres humanos e o Criador. Quando restrito entre uma e vinte e quatro sílabas ele se torna um mantra semente (bīja), a palavra chave que destranca a alma. O guru iluminado, que ganhou a graça de Deus, inicia e dá a palavra chave para seu śiṣya merecedor, que destranca a alma deste. Essa é a semente para o śiṣya estudar a si mesmo e iniciar-se em todos os aspectos da Yoga.

2. A mente toma a forma de seus pensamentos e é formada de tal maneira que os pensamentos bons tornam-na boa e os maus pensamentos tornam-na má. Japa (a repetição de um mantra) é usado para livrar a mente das conversas inúteis, ideias invejosas e dos contos de fadas, a fim de que a mente se volte para pensamentos em torno da alma e Deus. É o focar de uma mente oscilante e agitada em um único pensamento, ato ou sentimento.

3. Os mantras são dados para a expressão contínua, com razão, propósito e objeto. A repetição constante (japa) de um mantra com reflexão sobre seu significado (artha-bhāvana; artha = significado, bhāvana = reflexão) traz iluminação. Através dessa repetição e reflexão constantes, os pensamentos do sādhaka são agitados, purificados e clarificados. Ele vê a sua alma refletida no lago da sua mente.

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4. Esse japa transforma o sādhaka e transmuta o seu ego, desse modo tornando- o humilde. Ele atinge a quietude interna e se torna alguém que conquistou seus sentidos (jitēndriyan).

5. Durante a prática de prāṇāyāma, repita o mantra, mentalmente sincronizando o seu fluxo silencioso sem mover a boca ou a língua. Isso mantém a mente atenta e ajuda a aumentar a duração dos três processos da respiração – inalação, exalação e retenção. O fluxo da respiração e o crescimento da mente se tornam suaves e estáveis.

6. A prática de prāṇāyāma é de dois tipos: sabīja (com semente) e nirbīja (sem semente). Sabīja prāṇāyāma inclui a repetição de um mantra e é ensinado a quatro tipos de sādhakas, com variados estágios de desenvolvimento mental, mūḍha, kṣipta, vikṣipta e ekāgra (veja Cap. 2).

7. O mantra não deve ser repetido rapidamente a fim de completar um ciclo de prāṇāyāma. Ele deve ser rítmico, regulando o fluxo da respiração igualmente na inalação, exalação e retenção. Então os sentidos ficam em silêncio. Quando a perfeição é alcançada, o sādhaka se torna livre e puro sem o suporte do mantra. 8. Nirbīja prāṇāyāma é ensinado ao quinto tipo de sādhaka, àquele com o maior desenvolvimento mental, conhecido como niruddha. É realizado sem o suporte de um mantra, processo no qual o sādhaka respira, vive e experiencia o estado conhecido como ‘tu és isso’ (tattvam asi).

9. Sabīja, como uma semente, faz brotar pensamentos, ideias e visões, enquanto nirbīja, que é como uma semente assada não o faz. Sabīja tem um começo e um fim; tem uma estrutura, forma e conotações, como lâmpada e luz e luz e chama. Nirbīja não tem nenhuma condição, nem começo nem fim.

10. Sabīja prāṇāyāma volta a mente e o intelecto do sādhaka para o Senhor, a semente da onisciência e a fonte de todos os seres. A palavra que O expressa é a sílaba mística ĀUṀ (praṇava). O Senhor foi descrito por Patanjali como aquele que é intocado pelos ciclos de ação e reação, causa e efeito, aflição e prazer.

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11. Diz-se no Chāndogya-Upaniṣad que Prajāpati (o Criador) examinava os mundos criados por si. Disso surgiu os três Vēdas - Ṛg, Yajur e Sāma. A partir desses, quando analisados, surgiram as três sílabas: bhuḥ (terra), bhuvaḥ (atmosfera) e svaḥ (céu). A partir dessas, quando as ponderou, surgiu a sílaba ĀUṀ. Assim como as folhas são reunidas por um galho, da mesma maneira todo o discurso é reunido por ĀUṀ.

12. ĀUṀ expressa conceitos de onisciência e universalidade. Ele contém tudo que é auspicioso assim como formidável. É um símbolo de serenidade e de poder majestoso. ĀUṀ é o espírito eterno, a meta mais elevada. Quando as suas conotações são totalmente conhecidas, todos os anseios são realizados. É o meio mais certeiro de salvação e de ajuda suprema. Ele conota a plenitude da vida humana, pensamento, experiência e adoração. É o som imortal. Aqueles que entram e tomam refúgio nele se tornam imortais.

13. Os Upaniṣads mencionam várias tríades da alma, adoradas pelo uso triplo de ĀUṀ. No domínio do sexo elas simbolizam os sexos feminino, masculino e neutro, assim como seu criador, que está além dos sexos. Com poder e luz ĀUṀ simboliza o fogo, o vento e o sol, assim como o gerador dessas fontes de poder e luz. Na forma do Senhor, o símbolo é adorado como Brahmā, o criador, Viṣnu, o protetor e Rudrā, o destruidor, sintetizando as forças de toda a vida e matéria. Como tempo, ĀUṀ significa o passado, o presente e o futuro, juntamente com o Todo Poderoso, que está além do alcance do tempo. Como pensamento, representa a mente (manas), intelecto ou entendimento (buddhi), e o si ou ego (ahaṁkāra). A palavra ĀUṀ também representa os três estados (guṇās) da iluminação (sattva), atividade (rajas) e inércia (tamas), e também qualquer um que se tornou livre destes, um guṇātīta.

14. As três letras A, U e M, juntas com o ponto sobre o M, são os símbolos da busca humana pela verdade, juntamente com os três caminhos do conhecimento, ação e devoção e a evolução de uma grande alma que atingiu o equilíbrio da alma, cujo intelecto atingiu um estado de estabilidade – um sthitaprajña. Se uma pessoa segue o caminho da sabedoria (jñāna-mārga), seus desejos (ichhā), ações (kriyā) e erudição (vidyā) estarão todos sobre o seu controle. Se seguir o

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caminho da ação (karma-mārga), sofrerá austera penitência (tapas) para alcançar a sua meta na vida, auto-estudo (svādhyāya) e então dedicará os frutos de suas ações ao Senhor (Īśvara-praṇidhāna). Se seguir o caminho da devoção (bhakti-mārga), ela estará imersa no ouvir do nome do Senhor (Śravaṇa), meditando sobre os Seus atributos (Manana) e pensando em Sua glória (Nididhyāsana). O seu estado está além do sono (nidrā), sonho (svapna) ou vigília (jāgṛti), pois apesar de seu corpo estar em repouso como em um sono, sua mente está aparentemente em um sonho e seu intelecto está totalmente alerta; ela está no quarto estado transcendental, o turīyāvasthā.

15. Aquele que realizou os significados múltiplos de ĀUṀ se torna livre dos grilhões da vida. Seu corpo, respiração, sentidos, mente, intelecto e a sílaba ĀUṀ são fundidos.

16. ĀUṀ é a palavra que todos os Vēdas glorificam, e que todo auto-sacrifício expressa. É a meta de todos os estudos sagrados e o símbolo da vida sagrada. O fogo está latente na madeira seca e ele pode ser gerado pela fricção contínua. Da mesma maneira, a divindade latente no sādhaka é forçada a manifestar-se pela palavra ĀUṀ. Ao atritar a sua consciência inteligente contra a palavra sagrada ĀUṀ ele vê a divindade oculta no interior de si mesmo.

17. Pela meditação em ĀUṀ o sādhaka permanece estável, puro e leal e se torna grandioso. Como uma naja perde a sua antiga pele, ele também perde todo o mal. Ele encontra a paz do Espírito Supremo, onde não há medo, dissolução ou morte.

18. Dado que a palavra ĀUṀ detém tal poder supremo e majestoso a sua força deve ser atenuada adicionando o nome de uma deidade, fazendo a combinação em um mantra como um bīja para a prática de prāṇāyāma, como, por exemplo, as oito sílabas de ‘ĀUṀ NAMŌ NĀRĀYAṆĀYA’ ou cinco sílabas ‘ĀUṀ NAMAḤ ŚIVĀYA’ ou doze sílabas ‘ĀUṀ NAMŌ BHAGAVATE VĀSUDEVĀYA’ ou o GĀYATRI MANTRA com vinte e quatro sílabas.

109 Capítulo 18

Vṛtti Prāṇāyāma

1. Vṛtti quer dizer ação, movimento, um curso de conduta ou método.

2. Há dois tipos de vṛtti prāṇāyāmas: Samavṛtti e Viṣamavṛtti. É samavṛtti quando a duração de tempo de cada inalação, exalação e retenção da respiração é a mesma, e é viṣamavṛtti se a duração é alterada e variada.

SAMAVṚTTI PRĀṆĀYĀMA

3. Sama significa igual, idêntico ou da mesma maneira. No samavṛtti prāṇāyāma tenta-se atingir uniformidade na duração de todos os quatro processos de respiração, nomeadamente, inalação (pūraka), retenção (antara kumbhaka), exalação (rechaka) e retenção (bāhya kumbhaka). Se a duração do pūraka durar cinco ou dez segundos, ela deverá ser a mesma no rechaka e nos kumbhakas. 4. Comece samavṛtti prāṇāyāma obedecendo apenas a mesma duração da inalação (pūraka) e da exalação (rechaka).

5. Alcance uniformidade na duração do tempo, mantendo o ritmo perfeitamente suave de pūraka e rechaka.

6. Apenas então tente a retenção da respiração depois da inalação (antara kumbhaka). No início você não será capaz de manter a mesma duração de tempo da retenção interna quanto de pūraka e rechaka,

7. Comece a retenção interna gradualmente. No início a razão de tempo entre os três processos deve ser mantido em 1 : ¼ : 1. Aumente vagarosamente as proporções para 1 : ½ : 1. Quando esta estiver firmemente estabelecida, aumente para 1 : ¾ : 1. Quando esta tornar-se fácil, então aumente a proporção de antara kumbhaka até a razão 1 : 1 : 1.

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8. Não tente conter a respiração depois da exalação total (bāhya kumbhaka) até que você tenha alcançado essa razão.

9. Então comece a retenção externa (bāhya kumbhaka) gradualmente. No início, mantenha a razão de tempo para a inspiração, a retenção interna, a exalação e a retenção externa em 1 : 1 : 1 : ¼. Aumente vagarosamente as proporções para 1 : 1 : 1 : ½. Depois que esta estiver firmemente estabelecida, tente 1 : 1 : 1 : ¾ e, finalmente, aumente as proporções para alcançar a razão de 1 : 1 : 1 : 1.

10. Primeiro pratique a retenção interna (antara kumbhaka) separadamente, espaçando um antara entre três ou quatro ciclos de respiração normal. Repita o ciclo antara cinco ou seis vezes. Quando isso tornar-se fácil e confortável, diminua o espaçamento. Quando isso acontecer com facilidade, faça pūraka, antara kumbhaka e rechaka sem espaçamento.

11. Quando a razão uniforme de pūraka, antara kūmbhaka e rechaka é mantida com facilidade, introduza bāhya kumbhaka uma vez a cada três ou quatro ciclos. 12. Gradualmente diminua o número de ciclos sem bāhya kumbhaka. Então realize pūraka, antara kumbhaka, rechaka e bāhya kumbhaka sem espaçamentos.

VIṢAMAVṚTTI PRĀṆĀYĀMA

13. Viṣama significa irregular. Viṣamavṛtti prāṇāyāma é assim chamado porque a duração de pūraka, antara kumbhaka, rechaka e bāhya kumbhaka é variada. Isso conduz a um ritmo interrompido e a diferença na razão cria dificuldades e perigos para o pupilo, ao menos que ele seja dotado de nervos fortes e bons pulmões. 14. Primeiro começe com inalação, antara kumbhaka e exalação apenas na razão de 1 : 2 : 1. Aumente a razão gradualmente para 1 : 3 : 1, e então para 1 : 4 : 1. Então ajuste e adote a razão de 1 : 4 : 1¼; 1 : 4 : 1½; 1 : 4 : 1¾ e 1 : 4 : 2. Quando isso é dominado, e apenas então, adicione bāhya kumbhaka

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gradualmente na razão de 1 : 4 : 2 : ¼; 1 : 4 : 2 : ½; 1 : 4 : 2 : ¾; e 1 : 4 : 2 : 1. Essas quatro razões constituem um ciclo de viṣamavṛtti prāṇāyāma.

15. No começo o pupilo achará difícil manter o ritmo durante rechaka, bāhya kumbhaka e pūraka, pois ocorrerão arquejos. Porém tudo é facilitado com a longa e ininterrupta prática.

16. Em viṣamavṛtti prāṇāyāma a razão ideal é a seguinte: na inalação completa de cinco segundos a retenção (antara kumbhaka) durará vinte segundos, a exalação durará dez segundos e bāhya kumbhaka cinco segundos, a razão sendo de 1 : 4 : 2 : 1.

17. Quando isso for alcançado, inverta o processo. Inale por dez segundos, retenha por vinte segundos e exale por cinco segundos, a razão sendo de 2 : 4 : 1. Então adicione bāhya kumbhaka 2 : 4 : 1 : ¼, e gradualmente aumente a duração de bāhya kumbhaka para 2 : 4 : 1 : ½, 2 : 4 : 1 : ¾ e 2 : 4 : 1 : 1. 18. A duração de tempo pode ser variada. Por exemplo, se a inalação leva vinte segundos, a retenção dez segundos e a exalação cinco segundos, minimize bāhya kumbhaka para 2½ segundos, para assim manter a razão de 4 : 2 : 1 : ½. 19. A duração de tempo pode ser variado em viṣamavṛtti prāṇāyāma em diferentes razões, como, por exemplo, 1 : 2 : 4 : ½; 2 : 4 : ½ : 1; 4: ½ : 2 : 1; ½ : 1 : 4 : 2. As permutações e combinações em viṣamavṛtti prāṇāyāma são numerosas e nenhum mortal pode realizar todas as combinações possíveis em sua vida. Um exemplo de tais permutações e combinações é dado em nota nos prāṇāyāmas sūrya e chandra bhedana no Cap. 27.

Nota

20. O caminho de viṣamavṛtti prāṇāyāma é cheio de perigos. Portanto não o pratique a sós sem a supervisão pessoal de um guru experiente.

21. Devido às diferentes razões da inalação, inalação-retenção, exalação e exalação-retenção, todos os sistemas do corpo, especialmente os órgãos respiratórios, o coração e os nervos são sobrecarregados e tencionados. Isso

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pode causar tensão no cérebro e nos vasos sanguíneos, que pode, por seu turno, criar hipertensão, inquietação e irritação.

22. Essa advertência em relação a samavṛtti prāṇāyāma e a prática de kumbhaka se aplica com grande força a viṣamavṛtti prāṇāyāma. Lembre-se das palavras de Svātmārama em seu Haṭha Yoga Pradīpikā, que o prāṇa deve ser domado mais gradualmente que os leões, elefantes e tigres; caso contrário isso matará o praticante.

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Seção III

114 Capítulo 19

Ujjāyī Prāṇāyāma

O prefixo ‘uḍ’ significa para cima ou expandindo. Ele também transmite o sentido de preeminência e poder. ‘Jaya’ significa conquista ou sucesso, e, de outro ponto de vista, contenção. Em ujjāyī os pulmões estão totalmente expandidos, com o peito para fora como o de um poderoso conquistador.

Todos os estágios desse prāṇāyāma exceto os de retenção (kumbhaka) podem ser realizados a qualquer hora. Entretanto, se o coração sentir-se pesado, saciado ou dolorido, ou o diafragma enrijecer, e se você estiver agitado ou os batimentos cardíacos estiverem anormais, deite-se sobre duas pranchas de madeira colocas no chão, (cada uma com cerca de 30 centímetros quadrados e 3.5 centímetros de grossura) uma sobre a outra. Descanse às costas nas pranchas, com as suas nádegas abaixo delas e os braços alongados para baixo. (grav. 79 e 81). Você também pode deitar-se em uma almofada como na grav. 82. Mantenha o peso nas pernas para alcançar o conforto e o relaxamento, como mostrado na grav. 83. Duas almofadas podem ser utilizadas em vez das pranchas (grav. 84). Se as pernas não podem ser alongadas, por causa de enfermidade ou doença, dobre os joelhos e descanse a parte de baixo das pernas em uma almofada ou em uma banqueta (grav. 85 e 86).

Quando as costas está assim descansada, os músculos pélvicos iniciam a inalação. Isso alivia qualquer tensão e suaviza o diafragma. Os pulmões e os músculos respiratórios funcionam suavemente e a respiração se torna profunda. A prática deste prāṇāyāma traz um maravilhoso alívio aos pacientes com ventrículos dilatados e defeitos congênitos no coração. Ademais, ele diminui o medo que cerca os pacientes cardíacos que temem fazer o mínimo movimento a fim de não agravar as suas condições.

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1. Todos os estágios de todos os prāṇāyāmas começam com exalação (rechaka) e terminam com inalação (pūraka). Primeiro você precisa exalar qualquer corrente de ar que permanece nos pulmões, para então começar o prāṇāyāma. Não termine com exalação pois isso tenciona o coração, porém tome uma inalação normal no final de cada estágio do prāṇāyāma. Não use força.

2. As passagens do influxo e refluxo respiratório diferem na área do seio paranasal. Na inalação a respiração toca a superfície interior das passagens do seio paranasal na parte inferior (grav. 87). Na exalação ela toca a superfície externa no topo (grav. 88).

3. Todas as inalações são feitas com um som sibilante ‘ssss’ e todas as exalações com um ‘hhhh’ aspirado.

4. Quando se senta para o prāṇāyāma nos estágios iniciais, use um suporte como explicado no Cap. 11, parágrafo 30 (grav. 42 e 43).

5. Apesar de śavāsana ser sugerido no final de todo prāṇāyāma, se você quiser fazer mais de um estágio ou diferentes prāṇāyāmas em sucessão, śavāsana deve ser feito apenas no final da prática.

ESTÁGIO I

Este estágio preparatório treina a arte de se manter consciente das sensações nos pulmões; ele conduz à respiração uniforme.

Técnica

1. Estenda um cobertor, dobrado no sentido do comprimento, no chão. Sobre ele, na cabeça e exatamente alinhado com sua borda, coloque outro cobertor enrolado três ou quatro vezes a fim de que se adeque à nuca e ao tórax (grav. 89)

2. Deite-se de costas no cobertor, mantendo o corpo em uma linha reta. Não desmorone a caixa torácica. Feche os olhos e repouse silenciosamente por um

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minuto ou dois (grav. 50). Cubra os olhos com um pano macio para um relaxamento rápido dos músculos faciais. (grav. 90).

3. Respire normalmente. Conscientemente observe e sinta o fluxo da respiração do início ao fim.

4. Conforme você inspira, certifique-se que ambos os pulmões enchem igualmente. Sinta o tórax expandir para cima e para fora. Sincronize os dois movimentos.

5. Exale silenciosamente, esvaziando os pulmões igualmente de ambos os lados. Corrija se os pulmões moverem-se irregularmente.

6. Continue dessa forma por dez minutos, mantendo os olhos fechados do início

No documento Luz Sobre o Prāṇāyāma (páginas 103-138)