• Nenhum resultado encontrado

O GRAF. 6 apresenta essa mesma correlação entre NSE e número de estudantes, apresentando os dados por bairros. Na obtenção do número de estudantes per capita, o número de alunos foi dividido pela população do bairro dada pelo Censo Demográfico de 2010, a divisão da população por bairros foi calculada pela PBH.92 Quanto maior o NSE escolar do bairro, menor o número de alunos per capita. Isso evidencia as preferências dos pais e uma racionalidade econômica na escolha do ensino público. Pais com renda familiar mais baixa, mesmo que prefiram as escolas privadas, não possuem condições econômicas para matricularem seus filhos em tais escolas.93

Gráfico 6 - Relação entre NSE escolar do bairro e número de alunos 5º ano per capita

Fonte: Banco de dados geoprocessado (2010).

92

Informações disponíveis em:

http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=estatis ticaseindicadores&tax=26720&lang=pt_BR&pg=7742&taxp=0& (último acesso em 13/03/2013).

93 Na seção 6.4 abordaremos possíveis determinantes para as preferências dos pais. Uma ideia que se pode apontar

desde já, é que escolas privadas podem ser preferências não factíveis para famílias de baixa renda, pois estão fora da restrição orçamentária familiar. Além disso, entre escolas públicas não homogêneas, pais podem ter preferências distintas pelas escolas, tentando ao máximo conseguir matrículas em escolas consideradas de boa qualidade.

6.1.2. Divisão de Bairros

Ao contrário da divisão de regiões administrativas, regulada por lei e que pouco se altera com o passar dos anos, a divisão de bairros de Belo Horizonte é mais imprecisa, uma vez que diversas divisões já foram propostas e os nomes de bairros seguem uma dinâmica desregrada. Nomes e limites de alguns bairros mudam com o tempo e não há uma listagem oficial de bairros ou, na melhor das hipóteses, há mais de uma listagem oficial. Mesmo na PBH não há consenso sobre o número e os limites dos bairros da cidade, sendo que a própria prefeitura realiza diferentes listagens.94 Mesmo com tais dificuldades, ainda assim é possível contar com certa estabilidade e confiabilidade na informação disponibilizada, sendo necessários alguns cuidados para a compatibilização desta informação.

O banco de bairros utilizado está relacionado às etapas de geocodificação descritas no capítulo 5 e possui uma listagem de 487 bairros. Esse é um número bastante elevado de bairros, e há casos de pequenas vilas com menos de 1km², geralmente incrustadas em bairros maiores. A TAB. 15 apresenta o número de bairros pela compatibilização de endereços. Em 43 bairros não se conseguiu encontrar nenhum aluno de 5º ano, seja por informação incompleta dos endereços alunos, seja por erro de correspondência na etapa de georreferenciamento.

Tabela 15 - Presença de bairros no banco de dados

Descrição Número Porcentagem

Número de bairros para os quais não se obteve compatibilização.

43 9%

Número de bairros para os quais se obteve a compatibilização.

444 91%

Total 487 100%

Fonte: Banco de dados geoprocessado (2010).

Excetuando-se os 43 bairros para os quais não se encontrou nenhum estudante, a maior parte dos bairros de BH, 154, possui de 1 a 10 estudantes do 5º ano. Apenas oito bairros possuem mais de 200 estudantes. O GRAF. 7 apresenta esses dados.

Gráfico 7 - Gráfico de Barras do número de bairros por faixas do número de alunos

Fonte: Banco de dados geoprocessado (2010).

Como Belo Horizonte possui mais bairros do que escolas, os bairros sem escolas são comuns. No banco processado, há 300 pequenos bairros sem nenhuma escola (esse número de bairros sem escolas deve ser um pouco menor, é preciso lembrar que o banco aqui utilizado possui 86 escolas a menos que o total de BH. Perda ocorrida por conta do processo de compatibilização). Há 115 bairros com apenas uma escola, mas, por outro lado, há bairros, como o Serra, que possui 6 escolas (ver GRAF. 8).

Em geral, a maioria dos bairros que não possuem uma escola é vizinho de algum bairro que possui escola, sendo que a distância média percorrida pelos discentes para se chegar à escola é pouco maior do que 1,5 km (ver seção 6.2).

Outra maneira de ver a carência de escolas em bairros da capital mineira envolve observar a relação alunos por escolas. Este indicador é dado por Ik/Sk, em que Ik é o número total de

estudantes de 5º ano do bairro k e Sk é o número total de escolas públicas municipais e estaduais

para ser igual a zero, e no caso de bairros que não possuem escolas a convenção adotada foi pelo número total de alunos do bairro (Ik/1).95

Gráfico 8 - Frequência do número de Bairros por número de escolas

Fonte: Banco de dados geoprocessado (2010).

Pelo indicador proposto, as áreas mais claras no mapa 4 (amarelo claro e amarelo ouro) são aquelas melhor atendidas, o número de crianças de 5º ano do bairro não passa de 20 alunos para cada escola (assumindo-se o máximo de 45 alunos por série, isso seria o equivalente a uma única turma de 5º ano).

As áreas de cores escuras (laranja escuro e vermelho) demandam número maior de vagas. Realizou-se também um teste de I-Moran para detecção da correlação espacial, o valor do teste é significativamente diferente de zero (p-valor = 0,003) indicando correlação: bairros que demandam mais turmas apresentam correlação espacial positiva. 96

95 Outra possibilidade de representar essa estatística pode ser pela inversa: S

k/Ik. Como existe um número de alunos

maior que zero para quase todos os bairros, esse indicador requisitaria menor uso da convenção de divisão por zero. No entanto, o raciocínio é invertido, levando a uma interpretação inversa. Desse modo, optou-se pela forma direta, que fornece ideia do quantitativo de alunos demandantes por escola em cada bairro.

96

Uma observação que se aplica a todos os mapas de bairros da tese: bairros sem informação de alunos, caso como, por exemplo, o Belvedere, que não possuía nenhum aluno matriculado na 5º ano no Censo Escolar 2010, foram imputados pela média dos vizinhos adjacentes nas 8 direções cardeais, N, L, O, S, NE, NO, SO, SE. Esse