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96 40 83 83 48 350

Extensão ( metro linear) 1.253,00 638,00 1.140,00 1.280,00 848,00 5.159,00

Publicidade

placa fixa no passeio 27,80 15,62 6,00 9,80 15,70 74,92

placa móvel no passeio 7,26 12,10 3,90 19,30 0,80 43,36

placa luminosa no passeio 87,92 20,10 45,02 66,86 37,17 257,07

placa de localização de rua 2,40 9,72 2,40 3,60 3,36 21,48

placa fixa no meio-fio 4,80 6,00 4,80 15,60 9,60 40,80

pintura no muro 248,63 99,70 313,35 797,48 237,50 1.696,66

faixas, adesivos e letreiros 243,38 157,23 193,97 218,51 53,14 866,23

placa no recuo 222,26 121,01 142,90 116,72 78,20 681,09

placa no prédio 338,11 150,66 203,73 142,67 94,00 929,17

placa em estrutura metálica 245,10 204,00 261,60 90,70 91,50 892,90

tótem 48,60 47,82 117,10 65,15 52,20 330,87

outdoor 252,00 - 252,00 319,00 547,75 1.370,75

proteção de árvore 43,20 16,80 16,80 12,00 9,60 98,40

placa luminosa no canteiro 7,20 0,36 2,88 21,,96 14,04 24,48 Área total 1.778,66 861,12 1.566,45 1.877,39 1.244,56 7.328,18 FONTE: Levantamento feito durante os meses de Março e Abril de 2003 na Avenida Epitácio Pessoa.

A legislação de controle da publicidade de João Pessoa, contida no Código de Obras, apresenta alguns problemas a partir da forma como é apresentada e segundo o seu conteúdo – muitas vezes dúbio e em outros momentos indefinido. Dispõe o artigo 150:

“Os letreiros, placas e similares fixados ou pintados sobre os muros, paralelos à testada do lote ocuparão uma área até 30 % (trinta por cento) da extensão da testada ou de sua área total (PREFEI TURA MUNI CI PAL DE JOÃO PESSOA, Código de Posturas, 1995, p. 27)”.

Ao aplicar o artigo acima para qualquer lote existirão sempre duas formas distintas de calcular a área máxima permitida. A primeira – 30% da testada do lote não define a altura máxima – a segunda – 30% da área do lote não explicita a largura nem a altura da publicidade. Um lote padrão de 15,00 x 30,00 metros poderia utilizar 4,50 metros por uma altura indefinida, ou 135,00 m2 de área sem dimensões determinadas pela legislação. Essa lacuna normalmente é utilizada pela publicidade com o objetivo de ampliar as áreas de propaganda, pois a municipalidade não tem como se justificar.

Em outro momento, o artigo 153, que trata da publicidade em peças do mobiliário urbano, não define qualquer parâmetro, nem há legislação

complementar até essa data. Dessa forma, o espaço urbano fica à mercê de algumas soluções de propaganda que partem dos próprios publicitários. O material, provavelmente, é apresentado aos técnicos do município que estudam caso a caso sem uma legislação comum para servir de amparo. Na Avenida Epitácio Pessoa existem algumas peças publicitárias colocadas nas calçadas e nos canteiros centrais. São placas luminosas, proteção de árvores, placas colocadas no meio-fio e placas toponímicas. As publicidades colocadas inicialmente nas paradas de ônibus foram destruídas.

Figuras 151, 152 e 153- A placa luminosa (.80 x 1.50 m) ocupa um espaço considerável, tendo em vista a sua localização no canteiro central. A proteção das palmeiras imperiais (.40 x .40 m) é a peça publicitária – institucional neste caso – mais bem dimensionada e discreta. Já as placas de meio-fio (.80 x 1.20 m) interrompem o tráfego dos pedestres, muitas vezes prejudicam a visualização dos motoristas, além de estarem localizadas nas bordas das vias públicas, local inseguro por definição. FOTOS: Marco Antônio Coutinho.

O artigo 154 que disciplina a publicidade em outdoors, painéis e tabuletas, define o tamanho de 3,50 (altura) X 9,50 (comprimento) metros com moldura de .25 metros. No inciso I V a legislação coloca que o agrupamento máximo dessas peças é de três unidades ou vinte metros. Uma soma simples de 9,50 metros três vezes ultrapassa a determinação inicial dos vinte metros. O artigo 159 dispõe sobre anúncios em coberturas dos edifícios:

“Para instalação de anúncios em cobertura de edifício, esses não poderão ultrapassar o perímetro da edificação (PREFEI TURA MUNI CI PAL DE JOÃO PESSOA, Código de Posturas, 1995, p. 28)”.

Talvez pela quase inexistência desse tipo de publicidade é que surjam essas lacunas no disciplinamento. A falta de definição de altura para essa publicidade, a permissão condicionada à aprovação em conjunto com os órgãos de

controle do espaço aéreo, os cuidados com possíveis ofuscamentos e perda de privacidade nas edificações vizinhas, todos esses detalhes não são observados.

Figuras 154 e 155- A publicidade aplicada nas edificações fecha aberturas do edifício. Em outros momentos cria uma barreira em toda a extensão do lote, invadindo o espaço urbano sem parâmetros mais rígidos que privilegiem a paisagem natural e até mesmo a edificada. FOTOS: Marco Antônio Coutinho.

O destino primordial do material publicitário é o motorista que trafega na avenida. Dessa forma, a publicidade procura avançar o máximo possível em direção às faixas de rolamento. Como as calçadas da Epitácio Pessoa possuem cinco metros de largura, e o recuo frontal mínimo – para a grande maioria dos usos – é de seis metros, muitas das soluções publicitárias terminam por invadir o passeio público. O Código de Posturas, em seu artigo 147 mostra-se por demais generoso quanto à permissão da projeção horizontal dos anúncios sobre os passeios:

“Os letreiros luminosos, iluminados ou não iluminados, as placas e similares, instalados perpendicularmente à linha de fachada dos edifícios, terão as sua projeções horizontais limitadas ao máximo de 1,50 (um metro e cinquenta centímetros), não podendo, contudo ultrapassar a largura do respectivo passeio e devem ter a sua aresta inferior a uma altura mínima de 2,50 (dois metros e cinquenta centímetros) PREFEI TURA MUNI CI PAL DE JOÃO PESSOA, Código de Posturas, 1995, p. 27”.

Para os anúncios fixados paralelamente à fachada do prédio, o Código de Posturas limita em trinta centímetros a sua projeção máxima. É mantida a altura mínima de dois metros e cinquenta centímetros para a aresta inferior do anúncio. A altura máxima permitida para uma publicidade especial – outdoors e painéis, por exemplo – é de seis metros acima do nível do solo. Os outdoors não poderão ser instalados nos limites dos muros ou cercas, terão de obedecer aos recuos frontais.

Figuras 156 e 157- Placas irregulares – quer seja pela altura mínima que restringe o tráfego de pedestres, quer pelo avanço de sua projeção horizontal acima de 1,50 m. A legislação não contempla os casos de pintura especial em toda a edificação. Neste caso, à direita, a pintura imita a embalagem de um picolé da Nestlé. FOTOS: Marco Antônio Coutinho.

Figuras 158 e 159- Na tentativa de capturar o olhar dos motoristas, os proprietários burlam as leis instalando material acima da altura permitida, invadindo o passeio público e não respeitando recuos frontais para o caso de terrenos vazios. O distanciamento de seis metros entre conjuntos de outdoors também é esquecido. FOTOS: Marco Antônio Coutinho.

Figuras 160 e 161- A antiga residência utilizada pela Unimed mantinha uma discreta pintura onde era possível visualizar as linhas arquitetônicas da década de 1970. Com a Auto Escola Rainha da Paz, a edificação se reveste de pintura forte onde os elementos da composição perdem a importância, servindo apenas de superfície para a fixação das cores da empresa. FOTOS: Marco Antônio Coutinho.

No caso específico – a avenida Epitácio Pessoa – de uma forma geral apresenta pouco mais de sete mil metros quadrados com as mais diversas formas de

publicidade. Quase 1,5 m2 para cada metro de avenida – calculados a partir dos dados da planilha 16. Entretanto, o mais preocupante é a falta de conceituação da legislação. A fragilidade do seu texto já vem permitindo a introdução de elementos publicitários em completa irregularidade. Comparada com os planos de controle publicitários de Recife, Brasília e Curitiba, a legislação pessoense mostra-se bastante permissiva. É bem verdade que devido ao seu estado atual de desenvolvimento essas cidades – bem maiores que João Pessoa – já passaram por momentos em que suas legislações deveriam ser mais brandas. Também parece claro que o caminho adotado por Recife, Brasília e Curitiba sinalizam no sentido de um rigor maior no controle da publicidade em favor de valores maiores de identificação das suas culturas e do seu patrimônio.

A paisagem da avenida como um todo vive uma fase de mutação, onde boa parte das antigas edificações residenciais ganha novo uso comercial ou de prestação de serviços, recebendo “máscaras” publicitárias em suas fachadas. Emerge uma questão: será que em breve a paisagem da Avenida Epitácio Pessoa não deixará transparecer qualquer tipo de ação do tempo, de peculiaridade, dos fatos que aconteceram naquele lugar? Estará escondida por trás de elementos padronizados encontrados em qualquer lugar, em qualquer cidade?

Capítulo Cinco