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2.3 ! Estrutura e organização dos GPMF

N!SFLQ Shapiro!Wilk

Avaliação inicial Avaliação final

Utentes Familiares Utentes Familiares

Grupo Experimental N=6 P = 0.35 N=12 P = 0.91 N=5 P = 0.14 N=9 P = 0.05 Grupo de Controlo N=8 P = 0.40 N=9 P = 0.72 N=7 P = 0.03* N=8 P = 0.08

Em todo o caso, e conforme se pode observar no Quadro 9, ensaiou!se neste estudo a análise da distribuição das pontuações globais as pontuações de ambos os instrumentos (utentes e familiares) apresentaram distribuição normal, tanto na avaliação inicial como na avaliação final, com excepção do grupo de utentes (pessoas com esquizofrenia) do grupo controlo na avaliação final. Assim, e também devido ao reduzido tamanho das

amostras, optou!se pela utilização de testes não!paramétricos, tanto na comparação entre os grupos experimental e de controlo, como nos testes de hipóteses.

4.4.7 ! Percepção acerca da Qualidade de Vida

Muitos estudos nos últimos anos têm incluído a variável «qualidade de vida» associada à problemática das doenças crónicas, procurando integrar a experiência subjectiva da pessoa doente no processo de cuidados. No entanto, verifica!se uma grande diversidade de definições e instrumentos relacionados com o conceito, que tem sido utilizado como referindo!se a aspectos tão diversos como bem!estar social, funcionamento social e emocional, desempenho funcional, satisfação com a vida, apoio social, etc. Globalmente, e na opinião de Katschnig (2006), o termo referir!se!á genericamente ao conjunto dos aspectos não!médicos da doença, e não propriamente a uma variável específica e única, pelo que o conceito de Qualidade de Vida (Quality of Life – QOL) deve incluir sempre três aspectos: a satisfação subjectiva, o funcionamento social e as condições de vida e apoio social.

Esta situação verifica!se especialmente no que se refere à avaliação da qualidade de vida associada a doenças do foro mental e, tal como o descrito anteriormente para o caso da QLS (Quality of Life Scale), muitos autores consideram que a avaliação «subjectiva» por parte da pessoa doente deve ser enquadrada no contexto global da sua situação de vida e saúde, tendo em conta a psicopatologia, o funcionamento social e o seu meio sócio!económico, entre outros aspectos (Bowling, 1992; Bech et al., 1993; Bandeira et al., 2005). Além disso, considera!se também necessário analisar separadamente as diversas áreas da vida da pessoa, e ter igualmente em conta as variações temporais dos vários processos (Katschnig, 2006).

Procurou!se ter muitos desses aspectos em atenção na forma como atrás foi operacionalizada a variável «funcionamento social». Mas no que respeita à «qualidade de vida» propriamente dita, optou!se neste trabalho por utilizar um instrumento genérico de medida, segundo os critérios de McHorney (1999), e que fosse igualmente aplicável às pessoas com esquizofrenia e aos seus familiares, como é o caso da WHOQOL – BREF (World Health Organization – Quality of Life – versão abreviada.

É de notar que, na análise das características psicométricas da QLS!BR (Cardoso et al., 2003), os autores utilizaram a WHOQOL!BREF para avaliação da validade concomitante, mas não encontraram correlação significativa entre os dois instrumentos. E embora tenham atribuído os resultados às diferenças de formato, modo de avaliação e de população!alvo, outros autores têm vindo a demonstrar que tal falta de correlação se deverá provavelmente a diferenças mais fundamentais nos conceitos em análise em cada um dos instrumentos (Gourevitch et al, 2004; Eklund & Bäckström, 2005; Katsching, 2006).

Com efeito, Eklund & Bäckström (2005) consideram que os aspectos do self, da patologia e da satisfação com as diversas áreas da vida, precedem e determinam a percepção de Qualidade de Vida (QOL), e daí que a maioria das pesquisas indique não haver relação entre a satisfação da pessoa com determinada área da vida e as suas circunstâncias objectivas de vida. Assim, a QOL experienciada acaba sempre por depender de como as circunstâncias são percebidas e avaliadas pelo sujeito. Ainda assim, e tal como o já referido em relação a outras variáveis, é fundamental que os profissionais tenham em conta os padrões, as expectativas e as preocupações de cada pessoa, bem como a avaliação subjectiva que ela faz das suas necessidades, para que as intervenções em saúde possam ser, de facto, planeadas e implementadas de forma eficiente.

A WHOQOL!BREF (Anexo 8) é, então, um questionário de auto!preenchimento para avaliação da Qualidade de Vida, composto por 26 itens, distribuídos por 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Cada item é avaliado por referência à forma como a pessoa percepcionou a área em causa nas duas últimas semanas, numa escala de tipo Likert com 5 pontos, sendo que a conotação positiva ou negativa da pontuação varia conforme os itens. No entanto, os resultados de cada domínio, que resultam do cálculo da média dos itens respectivos, depois convertidos numa escala de 0 a 100, encontram!se dispostos em sentido positivo, sendo que as pontuações mais altas indicam percepção de melhor qualidade de vida (WHO, 1996).

O estudo das características psicométricas da versão portuguesa da escala (Vaz!Serra et al., 2006b) demonstrou uma elevada consistência interna em relação ao conjunto dos 26 itens (alfa de Cronbach de 0.92) e aos 4 domínios (físico – 0.87; psicológico – 0.84;

relações sociais – 0.64; ambiente – 0.78). Quanto à fidedignidade teste!reteste, os valores dos coeficientes de correlação nos vários domínios variaram entre 0.65 e 0.79. Além disso, verificou!se que os indivíduos pertencentes ao grupo de controlo apresentaram pontuações mais elevadas de qualidade de vida do que os indivíduos do grupo clínico, em todos os domínios do WHOQOL!BREF, com diferenças estatisticamente significativas o que, em termos de validade discriminante, indica que o instrumento tem uma boa capacidade para distinguir entre as pessoas doentes e as pessoas da população normal.

A utilização da versão portuguesa do WHOQOL!BREF no presente estudo foi obtida através da Prof. Doutora Cristina Canavarro (10/12/2006), na qualidade de membro do Centro Português da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Avaliação da Qualidade de Vida.

O questionário foi auto!preenchido pela maioria dos elementos das amostras, tanto no grupo de pessoas com esquizofrenia como no dos familiares. Apenas no caso de alguns dos familiares o preenchimento foi assistido pelo entrevistador (por dificuldades de visão por parte dos inquiridos), mas sempre com o cuidado de seguir as recomendações dos autores da versão portuguesa, a fim de serem asseguradas as condições necessárias para que as respostas não fossem, de alguma forma, influenciadas pelo entrevistador ou outrem.

Quadro 10 – Consistência interna da WHOQOL!Bref

WHOQOL!BREF