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Nas linhas de Bel-Ami, a representação do campo jornalístico francês do fim do século

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 152-167)

4. RECEPÇÕES SOCIAIS, PODER E POLÍTICA NO CAMPO JORNALÍSTICO

4.2 Nas linhas de Bel-Ami, a representação do campo jornalístico francês do fim do século

Em Bel-Ami, constatamos semelhanças entre a trajetória do protagonista Georges Duroy e a do próprio Guy de Maupassant, conforme evidenciado anteriormente. No romance, vemos também se desvelarem mecanismos do campo jornalístico descritos como realmente se apresentavam nos anos de 1880, período marcado pela rápida evolução social da burguesia e da classe média e por um significativo progresso da imprensa: “o período que se abre nos anos de 1880 marca o apogeu da imprensa francesa:”415

o número de jornais aumenta consideravelmente, passando de 3000 títulos, por exemplo, em 1884 a mais de 7000, em 1900 e a tiragem global, que era de 2,7 milhões de exemplares, em 1880, chega a atingir a marca de 9 milhões, às vésperas da guerra.416 Lucia Granja e Lise Andries reiteram:

Afastando-se de fato dos modelos retóricos e literários do século precedente, a imprensa do século XIX, diversifica-se em funão de seu público e, sobretudo, passa a dar mais importância ao evento e à atualidade: a imprensa predominantemente política e literária do início do XIX, destinada a um público limitado, tornou-se uma mídia de informação de grande tiragem [...]417

415 « Au regard des contemporains comme des historiens, la période qui s’ouvre dans les années 1880 marque

l’apogée de la presse française. » KALIFA et alii, 2011,p. 263.

416

Cf. Ibidem, p. 264.

417

GRANJA, Lúcia & ANDRIES, Lise (Orgs.). Literaturas e escritas da imprensa, Brasil/França, século XIX. São Paulo: Mercado de Letras, 2015, p. 17.

Dentre os marcos importantes dessa nova era, os especialistas Dominique Kalifa, Philippe Régnier, Marie-Ève Thérenty e Alain Vaillant destacam o surgimento de Bel-Ami, considerado o romance do jornalismo.418

Além do protagonista, outro personagem masculino representa este aspecto materialista e capitalista da sociedade parisiense dos anos de 1880: o Sr. Walter, diretor do jornal La Vie Française. Casado com a filha de um banqueiro, ele utilizou a imprensa e o cargo de deputado para se promover e figura em um dos polos presentes no romance, o jornal ligado ao mundo dos negócios. O outro polo, a política, se mistura cada vez mais com o jornal à medida que o romance se desenvolve. Estes dois polos do espaço social influenciam o comportamento dos personagens do romance; cada personagem ocupa um lugar no campo que se estende entre o jornal e a política.

Walter, judeu avarento e respeitado em seu meio, possui o sentido aguçado para os negócios: se ele contrai uma dívida, a sua solução é fazer com que seus credores esperem para forçar, assim, a redução da dívida.419 Tendo fundado seu jornal na Paris de 1880, La Vie Française abrange assuntos relacionados à política, à crítica artística, à literatura como já visto e também trata dos faits-divers:

Puis on s'était procuré, à bas prix, des critiques d'art, de peinture, de musique, de théâtre, un rédacteur criminaliste et un rédacteur hippique, parmi la grande tribu mercenaire des écrivains à tout faire. Deux femmes du monde, "Domino rose" et "Patte blanche", envoyaient des variétés mondaines, traitaient les questions de mode, de vie élégante, d'étiquette, de savoir-vivre, et commettaient des indiscrétions sur les grandes dames. Et La Vie Française "naviguait sur les fonds et bas-fonds", manoeuvrée par toutes ces mains différentes.420

Walter parece subordinar esses elementos ao que é, para ele, uma simples empresa comercial. Seus interesses são claros: enriquecer através de todos os meios existentes à sua volta. Os jornalistas do La Vie F rançaise procuravam, sobretudo, provocar os seus leitores, ávidos por novidades e fococas.

Se na ficção Walter se utiliza de seu jornal para lucrar na Bolsa, Forestier, revela que o proprietário do jornal Le Gaulois, Arthur Meyer, também o fez: “[...] Arthur Meyer, após ter

418

Cf. KALIFA et alii, 2011,p. 263.

419

Em uma conversa com Duroy, Saint-Potin fala do Sr. Walter, destacando os traços de avareza: « Le patron? Un vrai juif ! Et vous savez, les juifs on ne les changera jamais. Quelle race ! Et il cita des traits étonnants d'avarice, de cette avarice particulière aux fils d'Israël, des économies de dix centimes, des marchandages de cuisinière, des rabais honteux demandés et obtenus, toute une manière d'être d'usurier, de prêteur à gages. » MAUPASSANT, 1987, p. 242.

420Ibidem

comprado o Gaulois, se serviu de seu jornal para especula na Bolsa.”421 Enfim, Maupassant não deixa dúvidas, no romance, quanto à natureza do jornal que, quando evocado em Bel-Ami, aparece sempre relacionado ao seu diretor:

La Vie française était avant tout un journal d'argent, le patron étant un homme d'argent à qui la presse et la députation avaient servi de leviers. Se faisant de la bonhomie une arme, il avait toujours manœuvré sous un masque souriant de brave homme, mais il n'employait à ses besognes, quelles qu'elles fussent, que des gens qu'il avait tâtés, éprouvés, flairés, qu'il sentait retors, audacieux et souples.422

Na passagem acima, Maupassant nos fala da máscara de que se serve Walter para conseguir o que quer, outro elemento da illusio. O diretor do jornal encoraja toda e qualquer relação política ou não que lhe traga benefícios. Sobre esta questão do poder dos diretores de jornais, Bourdieu afirma:

Os diretores de jornais, frequentadores assíduos de todos os salões, íntimos dos dirigentes políticos, são personagens aduladas, que ninguém ousa desafiar, especialmente entre os escritores e os artistas que sabem que um artigo em La Presse ou Le Figaro cria uma reputação e abre um futuro.423

Se Walter se revela um elemento essencial no espaço social de Bel-Ami, existem outros personagens que representam importantes pontos de referência, delimitando a interseção de dois polos do campo, o jornalismo e a política. Já constatamos que Forestier é o intermediário através de quem Duroy se insere no jornalismo. No momento em que os dois se encontram, Forestier já está consolidado no jornalismo, colaborando com três jornais, mas dedicado, sobretudo à redação dos seus textos políticos para o La Vie F rançaise, propiciando- lhe a aquisição de múltiplos contatos no mundo da política, contatos repassados ao jovem Duroy. Apesar de apresentarem uma relevante distinção no que diz respeito ao status social, a experiência de ambos na Argélia os une. Já nas primeiras páginas do romance, Forestier acompanha Duroy nos escritórios do jornal e se dedica a ensinar-lhe o ofício de jornalista, ainda que de uma maneira indireta, pois redige seus textos sempre em casa. Em um determinado momento, Forestier pede ao colega Saint-Potin que leve Duroy a uma entrevista que ele deveria fazer com um chefe de Estado estrangeiro e então a “preguiça” do mundo do jornalismo se revela: Saint-Potin decide não fazer a entrevista e retomar um antigo artigo com tema similar. Nas palavras de Bourdieu, “falta-lhe o que os burgueses chamam de seriedade,

421 « […] Arthur Meyer, après avoir racheté

Le Gaulois, se servit de son journal pour trafiquer em Bourse. »

Idem.

422

MAUPASSANT, ibidem, p. 288.

423

essa aptidão para ser o que se é: forma social do princípio de identidade que é a única a poder fundar uma identidade social sem equívoco”.424

Ainda que Duroy admire, no início do romance, o amigo Forestier, o que se percebe é que, ao encontrar-se com Madeleine, Duroy se dá conta de que o jornalista não representa nenhuma alavanca importante para ele. O poder de Forestier se revela artificial face ao poder que detém “la bande à Walter”, os seis “députés interessés dans toutes les spéculations que lançait ou que soutenait le directeur”.425

Após a morte de Forestier, redator político principal do jornal, Duroy o substitui, assumindo as mesmas responsabilidades. Ao constatar o forte poder que detinham os políticos em relação ao jornal, Duroy passa a prestar atenção em Laroche-Mathieu, cuja personalidade se revela pouco interessante, mas que é tido com um respeitado membro da Câmara dos Deputados, já que representa a possibilidade de tornar-se futuro ministro. Se para Duroy, Laroche-Mathieu aparenta ser um dos homens mais influentes da Câmara, para o seu colega Norbert de Varenne, “tous ces gens-là, […] sont des médiocres, parce qu’ils ont l’esprit entre deux murs, – l’argent et la politique”.426

Aí está a essência do jornal de Walter que “navigu[e] sur les fonds de l’État et sur les bas-fonds de la politique”.427 Não surpreende, portanto, que ao longo do romance, política e jornalismo estejam cada vez mais interligados.

Dentre as acusações do autor em relação ao jornalismo, destaca-se a de fraudes e trapaças, que se observa no quinto capítulo, da segunda parte do romance, ao tratar da questão da dívida da Tunísia, país que se tornou, em maio de 1881, protetorado francês. Tratava-se de uma especulação financeira. Sob o Segundo Império, o bei da cidade de Tunes, capital da Tunísia, solicitou um empréstimo ao Banco Erlanger de uma quantia que não conseguiria restituir. Em 1868, então, a França lhe impôs a presença de uma comissão internacional encarregada de recolher os rendimentos tunisienses e de reparti-los como melhor conviesse às partes presentes. Um empréstimo foi então lançado sob a responsabilidade da comissão a fim de reduzir a dívida. Na verdade, Maupassant insere um acontecimento da atualidade trocando os países envolvidos: a Tunísia pelo Marrocos e a Itália pela Espanha. Ao lançar mão da questão do Marrocos (Tunísia, na verdade), Maupassant ilustra as relações de manipulação e conivências que o campo jornalístico mantém com o campo da política.

A imprensa se revela de maneira omnipresente no romance, exercendo um significativo poder sobre os personagens e a sociedade que os rodeia. O jornal vive e prospera 424 BOURDIEU, 1996b, p. 26. 425 Ibidem, p. 290. 426Ibidem , p. 298. 427 Ibidem , p. 289.

graças à relação entre o dinheiro e a política. A rubrica Echos do La Vie Française constitui a verdadeira essência do jornal, onde são polarizadas todas as curiosidades e alimentadas as conversas do dia a dia da cidade. Maupassant denuncia as práticas correntes do jornal repletas de injúrias e difamações que se resolvem, como já visto, através de duelos e de falsas campanhas, fazendo com que o jornal pareça uma extensão da esfera política. Denuncia também as falsas entrevistas, a facilidade em entrar para o jornalismo através de uma simples indicação, ainda que não se tenha talento para arte de escrever e a falta de comprometimento com a veracidade das informações veiculadas.

Quanto à descrição do mundo do jornalismo, como Maupassant colaborou regularmente com grandes jornais da época, publicando crônicas, contos, narrativas de viagem, e reportagens, e conhecia bem os mecanismos que permeavam o funcionamento das salas de redação, bem como a relação da imprensa com a política, este meio parece ter sido propício para o desenvolvimento da trajetória de seu personagem.

Mesmo se alguns elementos pertencentes à vida e ao comportamento do autor aparecem no romance, não se deve rotular a obra como sendo autobiográfica, mas como um instrumento através do qual Maupassant oferece ao seu leitor um personagem o mais próximo possível dos indivíduos e da realidade do seu tempo. Essa proximidade foi tamanha que mesmo em viagem na Itália Maupassant soube das fortes críticas que recebeu por descrever a imprensa de maneira pouco favorável, pode-se dizer. A crítica literária, em sua maioria, repreende o romance por conter uma visão corrompida da imprensa. Em junho de 1885, o crítico de teatro e jornalista francês Francisque Sarcey (1827-1899) escreve na Nouvelle Revue:

O que eu reprovaria no Sr. Guy de Maupassant é que, tendo decidido transportar seu Georges Duroy neste meio do jornalismo, que ele deve conhecer bem, ele não tenha se preocupado em reproduzir fielmente o seu aspecto verdadeiro. As salas de redação que ele retrata me pareceram pura fantasia; não são os nossos hábitos, nossos costumes, nem nossos modos de falar.428

No mesmo mês, Montjoyeux, pseudônimo de Jules Poignant, jornalista e colaborador do Gaulois, escreve:

O romance da moda é Bel-Ami. É preciso abordá-lo bravamente. Nunca o Sr. Guy de Maupassant obteve um sucesso mais rápido e mais completo... O Sr. Guy de Maupassant é um artista e seu romance, uma obra de arte. [...] Alguns delicados vão, provavelmente, achá-lo um pouco cru; resta saber se ele é verdadeiro. Aqui eu me recolho e respondo sinceramente: Eu não sei...

428

SARCEY, Francisque. Les Livres. Études et critiques littéraires. LA NOUVELLE REVUE, t. 34, juin 1885, p. 847-848. Disponível em [http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k35943j/f845.image] Acesso em 23 de fevereiro 2014.

Não posso acreditar que esteja ali todo o jornalismo. Balzac o tinha mostrado de maneira mais ampla para nós, apesar de seus pontos fracos. [...] Aqui nós nadamos alegremente em um mar de lama. [...] Que sociedade! Meu Deus! Que meio! Que mundo! [...] Ele tem muito talento, o Sr. Guy de Maupassant; mas seu Bel-Ami é bem repugnante e, mesmo que me achem conservador eu preferiria vê-lo escolher assuntos mais apropriados.429

Já Maxime Gaucher (1828-1888), crítico literário da Revue Bleue, publica em 23 de maio do mesmo ano:

É uma obra muito forte, muito poderosa, mas de uma verdade cruel e levemente repulsiva, o Bel-Ami do Sr. De Maupassant. Esse miserável vence com uma sorte tão constante e aceita o sucesso como uma coisa certa com uma serenidade tão imperturbável que se torna exasperante... E, no entanto, uma vez com esse livro azul nas mãos, eu não o larguei, mas eu li tudo de uma vez, não o devorando, mas o saboreando. O que vocês querem? É ao mesmo tempo irritante e requintado.430

Maupassant sentiu, portanto, a necessidade de se explicar e escreveu uma longa resposta ao redator-chefe do Gil Blas jornal em que o romance foi veiculado , que foi publicada em 7 de junho de 1885 e da qual reproduzimos aqui alguns fragmentos:

Au retour d'une très longue excursion qui m'a mis fort en retard avec le Gil Blas, je trouve à Rome une quantité de journaux dont les appréciations sur mon roman Bel-Ami me surprennent autant qu'elles m'affligent.

[…] Donc les journalistes, dont on peut dire comme on disait jadis des

poètes: Irritabile genus, supposent que j'ai voulu peindre la Presse contemporaine tout entière, et généraliser de telle sorte que tous les journaux fussent fondus dans La Vie française, et tous leurs rédacteurs dans les trois ou quatre personnages que j'ai mis en mouvement.[...] J'ai voulu simplement raconter la vie d'un aventurier pareil à tous ceux que nous coudoyons chaque jour dans Paris, et qu'on rencontre dans toutes les professions existantes. Est-il, en réalité, journaliste ? Non. Je le prends au moment où il va se faire écuyer dans un manège. Ce n'est donc pas la vocation qui l'a poussé. J'ai soin de dire qu'il ne sait rien, qu'il est simplement affamé d'argent et privé de conscience. Je montre dès les premières lignes qu'on a devant soi une graine de gredin, qui va pousser dans le terrain où elle tombera.

Ce terrain est un journal. Pourquoi ce choix, dira-ton ? Pourquoi ? Parce que ce milieu m'était plus favorable que tout autre pour montrer nettement les étapes de mon personnage ; et aussi parce que le journal mène à tout comme on l'a souvent répété. Dans une autre profession, il fallait des connaissances spéciales, des préparations plus longues. Les portes pour entrer sont plus fermées, celles pour sortir sont moins nombreuses.

La Presse est une sorte d'immense république qui s'étend de tous les côtés, où on trouve de tout, où on peut tout faire, où il est aussi facile d'être un fort

429

MONTJOYEUX, Bel-Ami. LE GAULOIS, le 2 juin 1885, p. 1. Disponível em [http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5254037/f1.image] Acesso em 20 de fevereiro de 2014.

430 « C’est une œuvre très forte, très puissante, mais d’une vérité cruelle et légèrement répulsive, le Bel-Ami

de M. de Maupassant… Ce misérable réussit avec une chance si constante et il accepte le succès comme chose due avec une si imperturbable sérénité que cela en devient exaspérant… Et cependant, une fois ce livre bleu entre les mains, je ne l’ai pas lâché, mais j’ai lu tout d’une haleine, non pas le dévorant, mais le savourant. Que voulez- vous ? Cela est à la fois irritant et exquis. » Citado por MONGLOND, op.cit., p. 202.

honnête homme que d'être un fripon. Donc, mon homme, entrant dans le journalisme, pouvait employer facilement les moyens spéciaux qu'il devait prendre pour parvenir.

Il n'a aucun talent. C'est par les femmes seules qu'il arrive.

Devient-il journaliste, au moins ? Non. Il traverse toutes les spécialités du journal sans s'arrêter, car il monte à la fortune sans s'attarder sur les marches. Il débute comme reporter, et il passe. Or, en général, dans la Presse, comme ailleurs, on se cantonne dans un coin, et les reporters, nés avec cette

vocation, restent souvent reporters toute leur vie. […] Or, il est bien évident

que mon aventurier marche vers la politique militante, vers la députation, vers une autre vie et d'autres événements. Et s'il est arrivé par la pratique, à une certaine souplesse de plume, il n'en devient pas pour cela un écrivain, ni un véritable journaliste.

C'est aux femmes qu'il devra son avenir. Le titre : Bel-Ami, ne l'indique-t-il pas assez ? Donc, devenu journaliste par hasard, par le hasard d'une rencontre, au moment où il allait se faire écuyer, il s'est servi de la Presse comme un voleur se sert d'une échelle. S'ensuit-il que d'honnêtes gens ne peuvent employer la même échelle ? Quelqu'un peut-il se reconnaître dans un seul de mes personnages ? Non.

- Peut-on affirmer même que j'aie songé à quelqu’un ? Non. – Car je n'ai visé personne.

J'ai décrit le journalisme interlope comme on décrit le monde interlope. Cela était-il donc interdit ?431

431

MAUPASSANT, Guy de. Aux critiques de Bel-Ami. Une réponse. GIL BLAS, juin 1885. Disponível no site [http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k75217605/f1.image] Acesso em 13 de maio de 2015.

Ilustração 14

Primeira página do periódico Gil Blas contendo a resposta de Maupassant às criticas ao seu romance Bel-Ami 432

432

Imagem disponível no site [http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k75217605/f1.image] Acesso em 13 de maio de 2015.

Maupassant, ao se explicar, afirma não ter desejado descrever a imprensa contemporânea inteira e sim contar a história de um “aventureiro” comum, com que se poderia esbarrar em qualquer outra profissão. O que não nega, todavia, que tenha descrito parte dessa imprensa. Se para os críticos o romance foi alvo de contestações, para o público a história sobre a trajetória de Duroy se revelou um grande sucesso: foram vinte e sete edições esgotadas em apenas quatro meses.433

433

5. CONCLUSÃO

Quase 123 anos se passaram da morte de Guy de Maupassant e o interesse em sua obra se revela crescente, como constatamos no início desta Tese, cuja principal motivação tem sua origem diretamente relacionada à pesquisa desenvolvida ainda durante o curso de Mestrado, em que tratamos da trajetória de Maupassant no campo literário francês da segunda metade do século XIX e de seus posicionamentos. Foi a partir dessa pesquisa que constatamos a forte presença de Maupassant na imprensa, sobretudo, a partir de 1880, com a publicação do conto Boule de Suif e optamos por ampliá-la, no Doutorado, trazendo novos aportes de leitura e reflexões acerca da constituição do campo literário e do campo jornalístico da França, daquele final de século e do cruzamento desses dois campos, visando configurar, a partir das constatações realizadas, a trajetória de Guy de Maupassant naquele período.

Assim sendo, no capítulo 2, intitulado Guy de Ma upassant no ca mpo literário francês do final do século XIX, a fim de darmos conta da trajetória de Maupassant no campo literário e da importância do jornalismo para a sua ascensão no campo, decidimos dividi-lo em quatro seções: na primeira, Infância e juventude: primeiros escritos literários, abordamos o início de sua educação literária, sempre sob os cuidados da mãe Laure e dos incentivos do mestre

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 152-167)

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