• Nenhum resultado encontrado

Os adjuvantes masculinos no processo de ascensão de Duroy

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 122-139)

3. BEL-AMI, UM ROMANCE DE COSTUMES E DE APRENDIZAGEM

3.2 Os adjuvantes masculinos no processo de ascensão de Duroy

Ainda que as mulheres se revelem fundamentais no processo de inserção de Duroy na alta sociedade, como vimos, alguns personagens masculinos atravessam a trajetória do protagonista ao longo do romance e, cada um à sua maneira, também contribui para o sucesso desse processo.

O primeiro personagem que Duroy encontra, casualmente, ainda no início do romance, como vimos, é o antigo amigo da época em que serviu o exército e que se tornou jornalista, Charles Forestier.

Não raro, observamos na obra de Maupassant a existência desses encontros inesperados a partir dos quais se iniciam diálogos importantes para o desenvolvimento da trama: eles podem ocorrer em uma estação, como em “Madame Baptiste” (1882), em um trem, como no conto “Un Duel” (1883) e mesmo durante um passeio, como ocorre em Bel- Ami, quando Duroy cruza com Forestier, na esquina da praça da Opéra. Ao inserir o diálogo entre os dois personagens, Maupassant lança mão da narrativa enquadrada – técnica recorrente em sua obra – como recurso para conseguir criar um maior efeito de versossimilhança. Forestier, tomando Duroy pelo braço durante uma caminhada (gesto já indicativo do inicio de uma conversa entre amigos), conta-lhe então dos problemas de saúde, das consultas médicas, do seu casamento e fala de sua profissão: “Je dirige la politique à La Vie F rançaise. Je fais le Sénat au Salut, et, de temps en temps, des chroniques littéraires pour La Planète. Voilà, j'ai fait mon chemin”.304 Na verdade, com o avançar do romance, o leitor

304Ibidem

descobre que quem escreve seus artigos é sua esposa, Madeleine Forestier, acima mencionada. Duroy, surpreso, constata as mudanças sofridas pelo amigo:

Il était bien changé, bien mûri. Il avait maintenant une allure, une tenue, un costume d'homme posé, sûr de lui, et un ventre d'homme qui dîne bien. Autrefois il était maigre, mince et souple, étourdi, casseur d'assiettes, tapageur et toujours en train. En trois ans Paris en avait fait quelqu'un de tout autre, de gros et de sérieux, avec quelques cheveux blancs sur les tempes, bien qu'il n'eût pas plus de vingt-sept ans.305

De acordo com o especialista Louis Forestier, assim como Maupassant e como muitos de seus personagens, o personagem de Forestier experimenta a sensação de um envelhecimento precoce relacionado à vida na cidade grande.306

Ao perguntar a Duroy o que faz em Paris, este lhe responde: “Je crève de faim, tout simplement. Une fois mon temps fini, j'ai voulu venir ici pour... pour faire fortune ou plutôt pour vivre à Paris; et voilà six mois que je suis employé aux bureaux du chemin de fer du Nord, à quinze cents francs par an, rien de plus”.307

Ao escutar de Forestier que era pouco o que recebia, ele retruca: “Je te crois. Mais comment veux-tu que je m'en tire? Je suis seul, je ne connais personne, je ne peux me recommander à personne”.308

Nessa pequena fala de Duroy, já constatamos a importância das redes de relações sociais no processo de aquisição tanto de capital econômico, como social e simbólico. O jornalista, então, olha para Duroy dos pés à cabeça e lhe diz: “Vois-tu, mon petit, tout dépend de l'aplomb, ici. Un homme un peu malin devient plus facilement ministre que chef de bureau. Il faut s'imposer et non pas demander. Mais comment diable n'as-tu pas trouvé mieux qu'une place d'employé au Nord ?”.309

Eis a primeira lição social que Duroy recebe: a de que para melhorar de vida é preciso se impor. Através do dialogo que se segue, podemos ainda depreender que, naquele momento, em 1880, no romance, o capital cultural parecia não se revelar tão importante:

Il [Forestier] se tut, réfléchit quelques secondes, puis demanda : "Es-tu bachelier ?

- Non. J'ai échoué deux fois.

- Ça ne fait rien, du moment que tu as poussé tes études jusqu'au bout. Si on parle de Cicéron ou de Tibère, tu sais à peu près ce que c’est ?

- Oui, à peu près.

- Bon, personne n'en sait davantage, à l'exception d'une vingtaine d'imbéciles qui ne sont pas fichus de se tirer d'affaire. Ça n'est pas difficile de passer pour fort, va ; le tout est de ne pas se faire pincer en flagrant délit d'ignorance. On manoeuvre, on esquive la difficulté, on tourne l'obstacle, et on colle les autres au moyen d'un

305

Idem.

306

Cf. Nota 4 referente à página 201, de Louis Forestier in MAUPASSANT, ibidem, p. 1350.

307 Idem. 308Ibidem, p. 201-202. 309Ibidem, p. 202.

dictionnaire. Tous les hommes sont bêtes comme des oies et ignorants comme des carpes."310

Duroy acompanha Forestier até o jornal e em seguida, em um bar, o jornalista oferece a Duroy a sua primeira grande oportunidade de colocar em prática seu plano de melhorar de vida: o convite para trabalhar no jornal. Surpreso, Duroy responde que “n’[a] jamais rien écrit” 311

mas aceita assim mesmo. Logo após esse primeiro convite, Forestier lança um outro: comparecer a um jantar na sua casa:

Alors, fais une chose, viens dîner chez moi demain ; j'ai cinq ou six personnes seulement, le patron, M. Walter, sa femme, Jacques Rival et Norbert de Varenne, que tu viens de voir, plus une amie de Mme Forestier. Est-ce entendu ?"

Duroy hésitait, rougissant, perplexe. Il murmura enfin : "C'est que... je n'ai pas de tenue convenable."

Forestier fut stupéfait : "Tu n'as pas d'habit? Bigre ! en voilà une chose indispensable pourtant. A Paris, vois-tu, il vaudrait mieux n'avoir pas de lit que pas d'habit."

Puis, tout à coup, fouillant dans la poche de son gilet, il en tira une pincée d'or, prit deux louis […]312

Pelas palavras de Forestier, Duroy recebe mais uma lição de arrivismo: a de que aaparência é fundamental para se causar boa impressão. É através desse primeiro jantar que Duroy consegue, como já visto, entrar em contato com as mulheres que o ajudam nesse objetivo e também com o diretor do jornal La Vie F rançaise, que o contrata, permitindo-lhe iniciar sua trajetória como jornalista. A partir de então, Duroy passa a ocupar um espaço social cujos polos são o jornal ligado aos negócios, a política e as mulheres.

Se Forestier o alerta para a possibilidade de ganhar dinheiro com o jornalismo, é ele também que chamará a atenção de Duroy quanto às vantagens que ele poderia obter a partir de sua relação com as mulheres: “– Dis donc, mon vieux, sais-tu que tu as vraiment du succès auprès des femmes? Il faut soigner ça. Ça peut te mener loin. Il se tut une seconde, puis reprit, avec ce ton rêveur des gens qui pensent tout haut : c’est encore par elles qu’on arrive le plus vite.313 Duroy aprende mais essa lição e o narrador nos revela o desejo do protagonista em encontrar uma mulher capaz de garantir-lhe o futuro : “Il savait d'ailleurs, par expérience, qu'elles éprouvaient pour lui, toutes, mondaines ou cabotines, un entraînement singulier, une sympathie instantanée, et il ressentait, de ne point connaître celles dont pourrait dépendre son avenir, une impatience de cheval entravé.”314

Na noite do jantar, portanto, Duroy começa seu jogo de sedução e já sai de lá, praticamente, empregado no La Vie Française.

310 Ibidem, p. 204. 311 Idem. 312 Ibidem, p. 204-205. 313Ibidem , p. 209. 314Ibidem , p. 250.

Curioso notar que com o início de seu trabalho no jornal, o tratamento de Forestier em relação a ele muda: Duroy já não é recebido de maneira tão calorosa como nos primeiros encontros, mas como um simples colega, como se Forestier quisesse determinar a distância que os separa na hierarquia do jornal, e até mesmo como uma pessoa inferior a ele: “Un jour même, dans un moment d'irritation nerveuse, et après une longue quinte d'étouffement, comme Duroy ne lui apportait point un renseignement demandé, il grogna: ‘Cristi, tu es plus bête que je n'aurais cru.’”315

A partir desse momento, Duroy decide que vai se vingar, seduzindo a esposa do jornalista:

L'autre faillit le gifler, mais il se contint et s'en alla en murmurant: Toi, je te rattraperai." Une pensée rapide lui traversa l'esprit, et il ajouta: "Je vas te faire cocu, mon vieux." Et il s'en alla en se frottant les mains, réjoui par ce projet. Il voulut, dès le jour suivant, en commencer l'exécution. Il fit à Mme Forestier une visite en éclaireur. 316

Apesar de, em uma primeira tentativa, a investida de Duroy sobre Madeleine não funcionar, já sabemos que mais adiante, no romance, após a morte de Forestier, momento em que Duroy se encontra presente, haverá o casamento entre eles. E Duroy passa então a substituí-lo tanto em suas funções no jornal, como em casa, enquanto marido de Madeleine. No jornal, como seus textos são muito parecidos com os que “escrevia” Forestier – sabemos que é Madeleine quem os ecreve; ele é, constantemente, chamado pelo nome de Forestier, deixando clara a insinuação de que também não é Duroy quem escreve os próprios textos.

A relação de Duroy com Forestier, ainda que amistosa e favorável ao jovem iniciante, já que recebe importantes primeiras lições do savoir-faire da alta sociedade e as primeiras grandes oportunidades de crescimento, é marcada por uma significativa rivalidade, pelo desejo de ser o outro e possuir o que é do outro. Esta rivalidade impulsiona Duroy em sua projeção social. Forestier representa, portanto, o principal adjuvante masculino na trajetória do protagonista.

Além de Forestier, outro adjuvante masculino importante é o Sr. Walter, “un petit gros monsieur, court et rond,[...]député, financier, homme d'argent et d'affaires, juif et méridional, directeur de La Vie Française”.317 O primeiro contato de Duroy com ele também ocorre durante o jantar na casa dos Forestier. Já sentados à mesa, durante o jantar, os convidados conversam sobre assuntos diversos e Duroy, sentindo-se ainda pouco à vontade naquela nova situação, “ayant peur de commettre quelque erreur dans le maniement conventionnel de la 315 Ibidem, p. 282. 316Idem. 317Ibidem , p. 214.

fourchette, de la cuiller ou des verres”,318 não ousa dar sua opinião sobre os assuntos tratados. Com o passar do tempo e após algumas taças de vinho,

[u]ne gaieté délicieuse entrait en lui; une gaieté chaude, qui lui montait du ventre à la tête, lui courait dans les membres, le pénétrait tout entier[…] Et une envie de parler lui venait, de se faire remarquer, d'être écouté, apprécié comme ces hommes dont on savourait les moindres expressions. 319

E quando o assunto da vez é a colonização da Argélia,320 Duroy, que tinha passado mais de dois anos na região, sente-se seguro para dar seu parecer, como já observado anteriormente. É nesse momento que Duroy atrai os olhares de todos à sua volta e consegue, de Walter, a oportunidade de escrever seu primeiro artigo, uma grande conquista para o jovem que acredita ter conquistado, nesse momento, seu lugar em meio às pessoas importantes ali presentes:

Il se sentait dans les membres une vigueur surhumaine, dans l'esprit une résolution invincible et une espérance infinie. Il était chez lui, maintenant, au milieu de ces gens ; il venait d'y prendre position, d'y conquérir sa place. Son

regard se posait sur les visages avec une assurance nouvelle […].321

O jantar termina e Duroy vai embora confiante, tanto que ao descer as escadas do prédio de Forestier e se deparar com o grande espelho do segundo andar, “il se regard[e] longuement, émerveillé d'être vraiment aussi joli garçon; puis il se sourit avec complaisance; puis, prenant congé de son image, il se salu[e] très bas, avec cérémonie, comme on salue les grands personnages.”322

No dia seguinte, como combinado, Duroy vai ao encontro de Walter, para entregar-lhe o artigo encomendado sobre a Argélia, escrito com a ajuda de Madeleine Forestier. Chegando ao jornal, Duroy espera por mais de vinte minutos para ser recebido por Walter que estava em uma conferência. Decide, então, procurar Forestier que o encaminha, rapidamente, para a sala do chefe e chegando lá, Duroy se surpreende ao perceber que não existia conferência nenhuma:

La conférence, qui durait depuis une heure, était une partie d'écarté avec quelques-uns de ces messieurs à chapeaux plats que Duroy avait remarqués la veille. M. Walter tenait les cartes et jouait avec une attention concentrée et des mouvements cauteleux, tandis que son adversaire abattait, relevait,

318Idem. 319

Ibidem, p. 215.

320

Nos meses de julho e agosto de 1881, o próprio Maupassant foi enviado à Argélia pelo Gaulois e pôde, a partir dessa viagem, descrever em diversas crônicas publicadas no jornal, no memo ano, a situação econômica e política da África do Norte. Dentre as crônicas, podemos citar, por exemplo, Lettres d'Afrique, publicada em 20 de julho, Le Feu en Kabylie , em 3 de septembro : (chronique, Le Gaulois) e Les grands chefs indigènes en Algérie, em 14 de setembro.

321Ibidem

, p. 218.

322Ibidem

maniait les légers cartons coloriés avec une souplesse, une adresse et une grâce de joueur exercé.323

Enquanto “ […] des hommes graves, décorés, importants, et des hommes négligés [...]”324

aguardam para serem recebidos, acreditando que negócios importantes acontecem no respeitado escritório do diretor do jornal, o que existe é um jogo de cartas. Além do jogo de cartas, há o bilboquê, que Forestier (um grande colecionador do objeto) e outros redatores do jornal jogam regularmente, evidenciando que nas horas de trabalho, os jornalistas jogam mais do que trabalham. E se não estão jogando, podem estar relaxando, como o cronista Jacques Rival, “étendu tout au long sur un divan, [...] les yeux fermés.325” Duroy, então, se dá conta de que o jornal é, na verdade, uma fachada, constatação mais tarde confirmada pelo personagem Thomas, apelidado pelos colegas do jornal de Saint-Potin [“Santo-Fofoca”], já que sabia de tudo que se passava no jornal e fora dele. Segundo Saint-Potin, o jornal foi fundado apenas para sustentar as operações de bolsa - “lavar dinheiro”- e as diversas empresas do patrão:

Son journal, qui est officieux, catholique, libéral, républicain, orléaniste,

tarte à la crème et boutique à treize, n’a été fondé que pour soutenir ses

opérations de bourse et ses entreprises de toute sorte. Pour ça il est très fort, et il gagne des millions au moyen de sociétés qui n’ont pas quatre sous de capital...326

Como se pode observar, o jornal representa poder e dinheiro para Walter, que não mede esforços para acumulá-los. Ao perceber isso, Duroy passa a enxergar em Walter um modelo a seguir e, assim como fizera com Forestier, passa a desejar o que lhe pertence: seduz a esposa, consegue sucessivas promoções no jornal e casa-se com sua filha, o que lhe rende um alto lucro financeiro, como vimos.

Mais adiante no romance, após a morte de Forestier, já casado com Madeleine e então chefe da rubrica Échos do jornal, Duroy é solicitado por Walter para escrever uma crônica “à sensation” sobre a situação do Marrocos. E ele, confiante, rapidamente, afirma que já sabe o que publicará:

"J'ai votre affaire. Je vous donne une étude sur la situation politique de toute notre colonie africaine, avec la Tunisie à gauche, l'Algérie au milieu, et le Maroc à droite, l'histoire des races qui peuplent ce grand territoire, et le récit d'une excursion sur la frontière marocaine jusqu'à la grande oasis de Figuig où aucun Européen n'a pénétré et qui est la cause du conflit actuel. Ça vous va-t-il?"

Le père Walter s'écria: "Admirable! Et quel titre? - De Tunis à Tanger! 323 Ibidem, p. 235. 324 Ibidem, p. 233. 325Ibidem , p. 235. 326 Ibidem , p. 242.

- Superbe."327

Para o leitor, parece que a confiança demonstrada por Duroy se justifica pela experiência de escrita que ele adquiriu como repórter somada à experiência de escrever na rubrica que chefia, nesse momento. No entanto, o narrador nos revela que, ao invés de escrever um novo texto, Duroy decide retomar o primeiro artigo que escreve para o jornal, acrescentando algumas novas informações e alterando o seu título:

Et Du Roy s'en alla fouiller dans la collection de La Vie Française pour retrouver son premier article : "Les Mémoires d'un chasseur d'Afrique", qui, débaptisé, retapé et modifié, ferait admirablement l'affaire, d'un bout à l'autre, puisqu'il y était question de politique coloniale, de la population algérienne et d'une excursion dans la province d'Oran.

En trois quarts d'heure, la chose fut refaite, rafistolée, mise au point, avec une saveur d'actualité et des louanges pour le nouveau cabinet.

Le directeur, ayant lu l'article, déclara :

"C'est parfait... parfait... parfait. Vous êtes un homme précieux. Tous mes compliments."328

Interessante notar que, como evidenciado no início da presente tese, o próprio Maupassant retrabalhava seus textos, acrescentando ou retirando informações e alterando o título para poder publicar em veículos de informação diferentes. Diferentemente de Maupassant, educado em sólidas bases literárias, apreciando tanto a leitura enquanto arte de escrever, Duroy, como ele mesmo revela a Foretier, não tem o hábito de escrever e revela grandes dificuldades ao ter que produzir seu primeiro artigo, por exemplo. Ao retrabalhar um texto já conhecido e apreciado pelos leitores e pelo diretor do jornal, Duroy economiza tempo e energia, exatamente como Saint-Potin o ensina, no início, revelando procedimentos comuns nas redações dos jornais:

"Vous êtes encore naïf, vous ! Alors vous croyez comme ça que je vais aller demander à ce Chinois et à cet Indien ce qu'ils pensent de l’Angleterre ? Comme si je ne le savais pas mieux qu'eux, ce qu'ils doivent penser pour les lecteurs de La Vie Française. J'en ai déjà interviewé cinq cents de ces Chinois, Persans, Hindous, Chiliens, Japonais et autres. Ils répondent tous la même chose, d'après moi. Je n'ai qu'à reprendre mon article sur le dernier venu et à le copier mot pour mot. Ce qui change, par exemple, c'est leur tête, leur nom, leurs titres, leur âge, leur suite. […] Voilà, mon cher, comment on s'y prend quand on est pratique."329

Até o final do romance, é possível perceber que Duroy, longe de ser um talentoso escritor, acaba, na verdade, conseguindo adivinhar o que Walter gostaria de ler em seu jornal, facilitando sua trajetória ascendente no jornalismo.

327 Ibidem, p.401-402. 328Ibidem , p.402. 329Ibidem , p. 244.

A partir das informações trazidas, constatamos a importância de Walter no desenvolvimento do romance, na progressão da trajetória de Duroy. Sem conhecer o diretor do La Vie Française, Duroy não teria a oportunidade de ser contratado, de começar uma trajetória no jornalismo. Walter acaba facilitando, ainda, a aproximação dele e de sua filha, que culmina em um casamento significativamente lucrativo, além de lhe propiciar status, um lugar de destaque na alta sociedade parisiense de final do século XIX, já que, como veremos mais adiante, Walter e sua esposa são responsáveis por prestigiados salões oferecidos a importantes jornalistas, artistas, deputados, etc.

Outro personagem masculino com quem Duroy cruza, ao longo de sua trajetória, é o conde de Vaudrec que, mesmo aparecendo poucas vezes no romance se comparado aos outros aqui mencionados, se revela importante em um determinado momento do processo de ascensão de Duroy.

Vaudrec aparece pela primeira vez, no terceiro capítulo da primeira parte do romance, de maneira discreta, justamente quando Duroy se encontra, à vontade, na casa dos Forestier, mais especificadamente, no gabinete de trabalho de Charles, após receber ajuda de Madeleine para a escrita do seu primeiro artigo:

Duroy ne pensait plus à partir ; il lui semblait qu'il allait rester toujours, qu'il était chez lui.

Mais la porte s'ouvrit sans bruit, et un grand monsieur s'avança, qu'on n'avait point annoncé.330

Parecendo desconfortável em um primeiro momento, Madeleine, então, apresenta o conde: “[l]e meilleur et le plus intime de nos amis, le comte de Vaudrec”.331

Imediatamente, Duroy se retira com uma estranha sensação de tristeza, de melancolia, sem explicação aparente. Fato é que :

[…] la figure sévère du comte de Vaudrec, un peu vieux déjà, avec des

cheveux gris, l'air tranquille et insolent d'un particulier très riche et sûr de lui, revenait sans cesse dans son souvenir. Et il s'aperçut que l'arrivée de cet

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 122-139)

Documentos relacionados