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Nasutitermes corniger (Isoptera: Termitidae), Cupins ou Térmites

260 C 1 Brazilian Journal of Medical and Biological Research

1- C islandica, Usnea

1.4 Os ácidos liquênicos, insetos e molusco utilizados nos bioensaios

1.4.5 Nasutitermes corniger (Isoptera: Termitidae), Cupins ou Térmites

Os cupins são insetos, também conhecidos como térmites, formigas brancas, formigas de asas, siriri, sarassará, siriluia e aleluia. Vivem em sociedades ou colônias (eussociais), em que a divisão de tarefas é bem distinta, realizada por grupos de indivíduos, denominados castas (Figura 39), representados por cupins ápteros ou alados que vivem em ninhos chamados cupinzeiros, termiteiros, aterroada ou itapecuim no Amazonas, munduru no Ceará e murundu, tacuri ou tacuru no Rio Grande do Sul (ZANETI, 2002).

Pertencem ao Filo Arthropoda, Classe Hexapoda e Ordem Isoptera, com cerca de 2.800 espécies são conhecidas. Alimentam-se de celulose ou substâncias ligno-celulósicas e para facilitar a digestão de compostos estão associados a micro-organisms simbiontes que habitam o intestino. Algumas espécies são consideradas pragas urbanas, outras em zonas florestais e agrícolas, tendo grande importância ecológica nos ecossistemas tropicais, onde funcionam como consumidores primários e decompositores. Como decompositores auxiliam na ciclagem dos nutrientes alocados nas plantas mortas, sendo também, responsáveis pela distribuição de vários nutrientes (HIGASHIE; ABE, 1997).

Na Ordem Isoptera são reconhecidas sete famílias entre elas a Termitidae bastante abundante em regiões Neotropicais do globo, sendo a mais rica e mais diversificada em termos ecológicos. A subfamília Nasutitermitinae esta incluída entre os representantes desta família, o qual pode se distinguir dois grupos: o de soldados “mandibulados” que apresentam simultaneamente mandíbulas e tubo frontal desenvolvidos e os “verdadeiros nasutos” cujo tubo frontal é de tamanho variável e as mandíbulas são bem reduzidas (GRASSÉ, 1986).

As famílias dos cupins podem ser agrupadas em três grupos: 1- xilófagos: que vivem no interior do tronco de árvores ou madeiras tratadas (móveis e mourões de cercas), não entrando em contato com o solo; 2- arborícolas: constroem ninhos em troncos de árvores ou em madeiras em decomposição, mas se comunicam com o solo através de galerias superficiais, de onde saem em busca de alimento. Além da madeira, também se alimentam de húmus; 3- humívoros: vivem em ninhos feitos no chão, pois se alimentam de húmus (ZANETI, 2002).

Todos os cupins, exceto os reprodutores, são tecnicamente imaturos, inclusive os soldados e as operários (Figura 40 A e B). A colônia é constituída de um par real (rei e a rainha) que são os reprodutores, e os operários e soldados (estéreis) (Figura 41). Os operários

Castas

Temporárias (alados e sexuados)

Permanentes

(ápteros sexuados e não sexuados) (Sexuados) (Sexuados) (Não sexuados)

Fêmeas (aleluias) Machos (aleluias) Rainha e Rei (função de reprodução) Ninfas de substituição (substituir a rainha e o rei caso morram) Operárias (coletam e transportam o alimento e constroem o ninho) Soldados (defendem a colônia e auxiliam os operários)

Figura 39 - Castas da colônia de cupins de acordo com a função na sociedade.

constituem a casta mais numerosa, são responsáveis por todo o trabalho da colônia, como a construção, reparo do ninho, coleta de alimento, alimentação dos indivíduos jovens de outras castas e cuidado com os jovens e com o par real. Os soldados são responsáveis pela defesa da colônia. Apresentam adaptações relacionadas à função. A defesa pode ser mecânica através de mandíbulas grandes e com diferentes formas ou química através de glândulas especiais, como a glândula frontal (THORNE, 1996).

Os térmites são considerados um grande problema nas plantações e nas construções. No ano de 1997, nos Estados Unidos eles causaram acima de 3 milhões de dólares em prejuízos nas madeiras de construções (LEWIS, 1997). No Brasil, os danos foram de 42.7% em 2002 (MILANO; FONTES, 2002). Portanto, diferentes métodos são empregados para o controle

A

B

Figura 40 - (A) soldado e (B) operário.

Fonte: http://www.pbase.com/gehyra/image/46041049/original. Acessado em 27.03.2011

Fonte: Hartke e Baer (2011)

Figura 41 - Ciclo de vida dos cupins.

Ovo Larva

Operário Soldado

Linhagem alada

e/ou o combate aos cupins, tais quais: físico, químico, biológico (nematóides, bactérias e fungos), métodos utilizando iscas, tratamento químico (inseticidas comerciais) e não químico da madeira (Figura 42).

Os métodos físicos consistem na utilização de barreiras tóxicas que incluem o uso de termicidas como o clorofenapir que é depositado no solo ao redor da estrutura infestada; existe ainda as barreiras físicas não tóxicas que são formadas por substâncias, como areia, cascalho ou metal que evitam ou previnem a penetração dos cupins. Outros métodos físicos utilizam o calor (55.1°C e 68.1°C), frio (nitrogênio líquido -20 F), eletricidade (~ 0,5 amp, 90, 000 V e 60.000 ciclos) (MYLES, 2005; UNEP/FAO/Global IPM, 2000).

Os métodos químicos incluem o uso de inseticidas comerciais, como bifentrin, clorofenapir, permetrina, espinosade entre outros. Porém o uso destes compostos depende de fatores, tais como: a toxicidade do químico, a formulação e o método de aplicação, assim como a arquitetura do cupinzeiro. Para os cupins subterrâneos geralmente se utilizam injeções no solo. A fumigação, que inclui a incorporação de gases tóxicos (dióxido de carbono, metil bromido, fosfino, sulforil fluorído), é utilizada dentro da estrutura na madeira seca. Este método, no entanto, traz o inconveniente de produzir odores desagradáveis (VERMA; SHARMA; PRASAD, 2009).

Fonte: Milano; Fontes (2002)

Inseticida comercial

Figura 42. Métodos de controle dos cupins

Tratamentos Cupim controle Armadilha Biológico Físico Bacteriano (Toxinas) Botânico (constituinte Bioativo) Fúngico (Micotoxinas) Barreiras

Tóxicas Não tóxicas Calor Elétrico Frio Microondas Nematódeos Entomopatogênico (Termiticida/Bactéria simbionte)

Os métodos biológicos surgiram em 1935, como alternativa para os métodos tradicionais, através do uso do ácido citronélico em blocos de celulose. Na seqüência, os óleos essenciais e os extratos vegetais como o neem e outros compostos, como antracenos, antronas, antraquinonas, xantonas, monoterpenóides, alcalóides, hidrocarbonetos e flavonóides foram e ainda são amplamente utilizados no combate aos cupins. Diferentes partes das plantas como as folhas, flores, frutos e raiz são utilizados para obtenção destes compostos. Entre os métodos biológicos são também de grande uso os nematóides, parasitas obrigatórios de insetos, alguns rizobactéras produtoras do gás cianeto e alguns espécies de fungos patogênicos (Beauveria bassiana) (RAINA et al., 2007).

Embora não se discuta a eficiência dos inseticidas químicos sintéticos, existe uma evidente preocupação com o uso abusivo tendo como conseqüência a interferência nos ecossistemas. Portanto, derivados de plantas, fungos entomopatogênicos, nematóides e algumas espécies de bactérias, surgem como fontes alternativas promissoras no combate as diferentes espécies de cupins.